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Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
Est a apontar para mim exclamava outra boneca, que era muito vaidosa. Para mim que ela est a apontar dizia a outra boneca, que no era menos vaidosa. Para mim... Reparem bem que para mim. No nada! Est a olhar e a apontar para mim. V-se logo. No est nada. Est. No est. Por coisas assim se zangavam as bonecas. E punham-se todas a chorar. Tinha de intervir o urso Ronrom, do alto da escada de veludo, que ocupava metade da montra: Caluda, meninas! No h sossego, no h respeito, no h disciplina nesta casa? Nem se pode dormir como deve ser. Meninas tolas, meninas sirigaitas, quem vos tirou o juzo? Elas embatucavam. Ouvia-se ento, l do fundo, uma zurradela do burro Trolor, que franzia o focinho e mostrava os dentes como se estivesse a rir-se. E logo a seguir ouvia-se uma lmpida gargalhada, que se prolongava em msica nos ouvidos das pessoas, se as pessoas tambm pudessem estar naquela montra, onde os brinquedos tm voz. Quem assim ria? Era a Marlia, a tal boneca que no chorava, mas muito ria. Pois era. Calculem que a menina loirinha, apesar do vidro da montra, ouviu o riso da Marlia. Ouviu e gostou. Gostou do riso e gostou da boneca. Queria aquela. So agora grandes amigas a Marlia e a Joana. Riem-se muito e se, s vezes, a Joana, por qualquer motivo, amua e 2
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comea a fazer beicinho, a Marlia ri-se para ela e a tristeza passa. Para rirem connosco e para nos soprarem as lgrimas que h amigos.
FIM
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