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PROCESSO- TC-4690/07

Publicado
I
no. D, O., .)E. Administração Direta Municipal. Prefeitura de São José de Espinharas.
Prestação de Contas Anual relativa ao exercício de 2006 - Emissão
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v de PARECER FAVORÁVEL. Através de Acórdão, em separado,
atendimento integral às exigências essenciais da LRF. Recomendações.
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Secretaria Tribunal Pleno

RELATÓRIO
Tratam os autos do presente processo da análise da Prestação de Contas do Município de São José de
Espinharas/PB, relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do Prefeito e Ordenador
de Despesas, Sr. Renê Trigueiro Caroca.
A Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal 1- DIAGM I, com base nos documentos insertos
nos autos, emitiu o relatório inicial de fls. 1340-1349, evidenciando os seguintes aspectos da gestão
municipal:
1. Sobre a gestão orçamentária, destaca-se:
a) o orçamento foi aprovado através da Lei Municipal n. o 291, de 25 de dezembro de 2005,
estimando a receita e fixando a despesa em R$ 8.135.589,00, como também autorizando
abertura de créditos adicionais em 40% da despesa fixada na LOA;
b) durante o exercício, foram abertos e utilizados créditos adicionais no montante de R$
1.509.277,52, todos com as devidas fontes de recursos;
c) a receita orçamentária efetivamente arrecadada no exercício totalizou o valor de R$
4.724.556,78, representado 58,07% da receita prevista no orçamento do valor previsto no
orçamento;
d) a despesa orçamentária realizada atingiu a soma de R$ 4.634.780,18, inferior em 43,03% do
valor previsto no orçamento;
e) o somatório da Receita de Impostos e das Transferências - RIT atingiu a soma de R$
3.497.442,99;
h) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de R$ 4.422.689,03.

2. No tocante aos demonstrativos apresentados:


a) o Balanço Orçamentário apresentou superávit equivalente a 1,90% da receita orçamentária
arrecadada;
b) o Balanço Financeiro registrou um saldo para o exercício seguinte, no valor de R$ 193.138,84;
c) o Balanço Patrimonial evidenciou superávit financeiro no valor de R$ 171.004,34;
d) a dívida municipal atingiu, ao final do exercício, a importância de R$ 3.162.096,29,
correspondendo a 63,93% da receita orçamentária total arrecadada.

3. Referente à estrutura da despesa, apresentou a seguinte composição:


a) o município realizou despesas com licitação no montante de R$ 1.350.561,71, correspondendo
ao montante de 29,14% da despesa orçamentária total;
b) as remunerações dos Vereadores foram analisadas junto com a Prestação de Contas da Mesa
da Câmara Municipal;
c) os gastos com obras e serviços de engenharia, no exercício, totalizaram R$ 210.126,50
correspondendo a 4,53% da Despesa Orçamentária Total (DOTR).

4. Quanto aos gastos condicionados:


a) a aplicação de recursos do FUNDEF na remuneração e valorização dos profissionais do
magistério (RVM) atingiu o montante de R$ 316.921,32 ou 63,42% das disponibilidades do
FUNDEF (limite mínimo=60%);
b) a aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE) alcançou o montante de R$
1.176.783,41 ou 33,65% da RIT (limite mínimo=25%);
c) o Município despendeu com saúde a importância de R$ 609.436,26 ou 17,43% da RIT;
d) as despesas com pessoal da municipalidade
51,94% da RCL (limite máximo=60%); ("~
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e) as despesas com pessoal do Poder Executivo alcançaram o montante de R$ 2.092.156,38 ou


47,31% da RCL (limite máximo=54%).

No exercício em análise, foram apresentados ao Tribunal de Contas os REO referentes aos 6 (seis)
bimestres, devidamente publicados, obedecendo ao art. 165, § 3°, da Constituição Federal, c/c art. 52
caput da LRF.
Foram apresentados a esta Corte os RGF referentes aos 2 (dois) semestres devidamente publicados,
obedecendo ao contido no artigo 55, § 2° da Lei Complementar n0101/00.
Tendo em vista que o Órgão de Instrução apontou irregularidades em seu relatório inicial, e atendendo
aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o Relator determinou a notificação do
Sro Renê Trigueiro Caroca, atual gestor do município, tendo este vindo aos autos e apresentado
documentos e esclarecimentos às fls. 1356-1538, devidamente examinados pela Auditoria (fls. 1540-
1544), concluindo pela permanência das seguintes irregularidades:
1. não atualização do tombamento dos bens móveis e imóveis pertencentes à Prefeitura Municipal.
2. ausência do controle de entrada dos medicamentos adquiridos.
3. falta de compromisso com a educação e com a administração de um modo geral, uma vez que
todos os secretários não residem no município.
4. funcionamento precário dos conselhos da educação.
5. não existência de controle da merenda escolar e outros materiais adquiridos na área da
educação.
6. os controles mensais e demonstrativos de consumo de combustíveis por veículos/maquinas
estão mal elaborados, com erros no valor dos consumos por veículos, em desacordo com a RN
TC nOOS/2005.
7. ausência física de enciclopédias e livros supostamente adquiridos à empresa Empral Pesquisas
Ltda, no valor total de R$ 3.960,00, constantes da nota fiscal n? 010112, despesa sem a
comprovação da sua efetiva liquidação.
8. não apresentação de cópias de cheques fornecidas pelo Banco do Brasil referentes às despesas
constantes das notas de empenhos 1272, 1271, 0229,1094, 0454, 1145, 1146, 0650, 0455 e
0585, no montante de R$ 63.365,22, comprovando o recebimento dos cheques por parte dos
respectivos credores.
Chamado a se manifestar, o Ministério Público emitiu o Parecer nO480/08 (fls. 1585-1591), da lavra do
Ilustre Procurador André Carlo Torres Pontes, pugnou no sentido de que esta Egrégia Corte:
a) DECLARE atendimento integral dos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LC
101/2000;
b) EMITA PARECER sugerindo à Câmara Municipal de São José de Espinharas a APROVAÇÃO
das contas de gestão geral relativas ao exercício de 2006;
c) JULGUE REGULARES as despesas ordenadas, com exceção daquelas relacionadas a obras e
serviços de engenharia - objeto de processos específicos;
d) RECOMENDE diligências no sentido de prevenir a repetição das falhas acusadas no exercício
de 2006.

O Relator fez incluir o feito na pauta desta sessão, notificando-se o interessado.

VOTO DO RELATOR
A grande maioria das irregularidades remanescentes, quais sejam: não atualização do tombamento dos
bens públicos, controle na entrada e saída de medicamentos e merenda escolar, bem como
inconsistências nos demonstrativos de consumo de combustível revelam à inexistência de um controle
interno capaz de promover, com eficácia e eficiência, a utilização dos bens e recursos públicos nos
termos do que preceitua os princípios que norteiam a administração pública.
A implantação de sistema de controle é um mandamento constitucional, tendo em vista que as funções
precípuas na Administração Pública compreendem um conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos
e procedimentos interligados, estabelecidos com vistas a assegurar que os objetivos das unidades e
entidades da administração pública sejam alcançados, de forma confiável e concreta, evidenciando
eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público.
Assim, faz-se mister recomendações no sentido de se implantar ou aperfeiçoar o sistema de controle
interno existente, de maneira que as deficiências aqui apontadas sejam afastadaZ(m exe Icíos

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Quanto ao funcionamento precário dos conselhos de educação, necessário se faz recomendação ao


atual gestor para proporcionar os meios indispensáveis para funcionamento dos referidos conselhos,
objetivando fortalecer o controle social exercido por membros da comunidade.
Em relação à irregularidade referente à falta de compromisso dos Secretários Municipais por não
residirem na sede do município, acompanho o entendimento Ministerial de que o comprometimento
destes agentes públicos não podem ser aferido pelo seu domicílio do agente. Ademais, milita em favor
do gestor, o fato de que as aplicações em Saúde (17,43%), MDE (33,65%) e FUNDEF (63,42%) foram
superiores aos mandamentos constitucionais.
Pertinente à ausência física de enciclopédias e livros e de cópias de cheques de despesas com obras
públicas, acosto-me ao entendimento do MPjTCE de que as provas trazidas aos autos pelo gestor são
suficientes para afastar a supracitada irregularidade.

Frente o exposto, entendo que as irregularidades apontadas não têm o condão de macular as contas
aqui apreciadas, entendimento este que guarda consonância com o Parecer Ministerial, motivos que me
levam a votar nos seguintes termos:
1. pelo atendimento integral às exigências essenciais da LRF;
2. pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das Contas do Prefeito do Município de São
José de Espinharas, s,-o Renê Trigueiro Caroca, referente ao exercício de 2006;
3. pela recomendação ao atual gestor do município no sentido de implantar ou aperfeiçoar o
sistema de controle interno existente, de maneira que as deficiências aqui apontadas sejam
afastadas em exercícios vindouros e garanta, de forma razoável, a economicidade, eficiência,
eficácia e qualidade na prestação de serviços públicos ofertados aos munícipes.

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO DO TCE - PB


Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO -TC-4690/07, os Membros do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA (TCE-Pb), à unanimidade, na sessão realizada nesta data,
decidem EMITIR E ENCAMINHAR ?o julgamento da Egrégia Câmara Municipal de São José de
Espinharas, este PARECER FAVORAVEL à aprovação da Prestação de Contas do Prefeito Municipal
de São José de Espinharas, Sro Renê Trigueiro Caroca, relativa ao exercício de 2006.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TCE-Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, (() L de 1) de 2008.

Conselheiro Fábio Túlio Fi/gueiras Nogueira


Relator

Conselheir J

Fui presente,
André Car/o Torres Pontes
Geral do Ministério Público junto ao TCE-Pb
em exercício

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