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PROCESSO: TC - 03.938/07
Administração direta. PreFeitura
Municipal de BAYEUX. Termo de
Parceria. Irregularidade, aplicação de
multa e outrasprovidências.

!ACÓRDÃO APL - T C- ~~ 8 120081


RELATÓRIO
Cuidam os presentes autos de análise de termos de parceria firmados entre a
Prefeitura Municipal de BAYEUX e o Centro de Geração de Empregos - CEGEPO,
objetivando a operacionalização do Programa Geração de Emprego (PGE).
Em relatório preliminar, a Auditoria destacou que, durante o exercício de
2005, a Prefeitura Municipal realizou despesas em favor da CEGEPO na ordem de
R$490.204,16, sugerindo a imputação deste valor tendo em vista a ausência de prestação
de contas.
O representante do gestor responsável solicitou prorrogação de prazo para
apresentação de justificativas, ao argumento de que os documentos relacionados ao
termo de parceria foram apreendidos em face de ação movida pelo Ministério Público de
Pernambuco.
Em 30.06.08, a autoridade responsável encaminhou defesa acompanhada de
documentos referentes à prestação de contas dos recursos repassados.
A Unidade Técnica, fls. 1242/1248, ao analisar a documentação acostada,
concluiu pela existência das seguintes falhas:
1. Ausência da lei autorizadora para a contratação da OSCIP;
2. Ausência de lei local disciplinando a contratação de OSCIP;
3. Ausência de estudo de impacto orçamentário-financeiro, nos termos do
art. 16 e seguintes da LRF;
4. Ausência dos extratos referentes ao termo de parceria e ao termo aditivo;
5. Ausência do ato da criação da comissão de avaliação do art. 20 do Decreto
3.100/99;
6. Ausência de procedimento administrativo anterior ao estabelecimento do
termo de parceria;
7. Ausência do Edital de concurso com os requisitos mínimos do art. 25 do
Decreto 3.100/99;
8. Ausência de publicidade do aviso de licitação;
9. Ausência da lista com nomes e qualificação dos profissionais que
prestaram serviços à OSCIP e respectiva retribuição;
10. A Administração repassou para a OSCIP serviços permanentes da
administração municipal, caracterizando substituição de mão-de-obra e
devendo ser contabilizado entre as despesas de pessoal;
11. As atividades contratadas não devem ser substituídas pela atividade
exercida pela OSCIP, que apenas pode atuar em colaboração com o poder
público.

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TRIBUNAL
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DE CONTAS DO ESTADO
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Regularmente notificado das conclusões técnicas, o gestor solicitou nova
prorrogação de prazo para defesa, pleito indeferido pelo Relator.
Os autos não tramitaram perante o MPjTC e foram incluídos na pauta desta
sessão, com as notificações de praxe. É o Relatório.

VOTO DO RELATOR
Diversas impropriedades foram detectadas pela Unidade Técnica quando da análise da
formalização e execução do termo de parceria firmado entre a Prefeitura Municipal de Bayeux
e a CEGEPOno exercício de 2005.
No tocante à ausência de procedimento licitatório prévio, contudo, ouso discordar da
Unidade Técnica. Os termos de parceria, segundo a doutrina mais autorizada, têm natureza
jurídica similar a de convênio. Além disso, a lei federal que trata da matéria apenas faculta ao
gestor a realização de concurso de projetos, não havendo obrigatoriedade em sua realização.
Assim, a restrição quanto à ausência de procedimento licitatório prévio e as demais
irregularidades relacionadas ao certame não se sustentam em face da legislação e da doutrina
sobre o tema.
A transferência à OSCIP de todo o serviço público de índole social é prática vedada
pelo ordenamento pátrio. O espírito da lei nO 9790/99 é fomentar a cooperação de entidades
do chamado Terceiro Setor com o Poder Público, e não a substituição deste último por outros
agentes. No caso em exame, o objeto do termo de parceria foi a operacionalização do
Programa de Geração de Empregos (PGE), demonstrando a completa terceirização do
Programa, fato que merece registro e recomendações.
A ausência dos instrumentos legais necessários à viabilidade do termo de parceria,
bem assim as demais falhas não esclarecidas pelo gestor devem ensejar a irregularidade do
termo de parceria efetivado e a aplicação de multa, sem prejuízo das recomendações cabíveis.
A apresentação da prestação de contas dos recursos repassados foi apenas parcial,
conforme admite o próprio gestor em suas petições de defesa. Com efeito, a apreensão dos
documentos em decorrência de ação movida pelo Ministério Público de Pernambuco (fls. 27)
impossibilitou a remessa de toda a documentação de despesa, mas a autoridade responsável
encaminhou os documentos em seu poder (fls. 20/1238) e ajuizou ação ordinária no sentido
de reaver os documentos faltantes (fls. 1231/1238). Em face de tais circunstâncias entendo
que não cabe responsabilizar o Prefeito pela devolução de valores repassados.
Registre-se, por fim, que houve a formalização de termo aditivo ao termo de parceria
em exame (fls. 54/55), com a finalidade de prorrogar por mais um mês a validade do ajuste.
Assim, voto pela:
1. Irregularidade do termo de parceria analisado e do termo aditivo decorrente;
2. Aplicação da multa, no valor de R$ 2.805,10 ao Prefeito Municipal de Bayeux,
Sr. Josival Júnior de Souza, com fundamento no art. 56, II da LOTCE, assinando-
lhe o prazo de sessenta (60) dias, a contar da data da publicação do Acórdão, para
efetuar o recolhimento ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização
Orçamentária e Financeira Municipal, a que alude o art. 269 da Constituição do
Estado, a importância relativa à multa, cabendo ação a ser impetrada pela
Procuradoria Geral do Estado (PGE), em caso do não recolhimento voluntário,
devendo-se dar a intervenção do Ministério Público comum, na hipótese de
omissão da PGE,nos termos do § 4.....
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


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3. Determinação ao Prefeito Municipal de BAYEUXpara que, no prazo de 30 (trinta)


dias, proceda ao cancelamento do termo de parceria analisado nos autos acaso
ainda vigente;
4. Encaminhamento de cópia da decisão ao Ministério Público Comum para
conhecimento e acompanhamento da ação promovida pela Prefeitura Municipal de
Bayeux contra a OSCIP no tocante aos documentos de comprovação do restante
da despesa.

DECISÃO DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO TC-03.938j07, acordam os
MEMBROS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA (TCE-Pb), à maioria, na
sessão realizada nesta data, EM:
1. Julgar irregular o termo de parceria analisado e do termo aditivo
decorrente;
2. Aplicar multa, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil oitocentos e cinco reais e
dez centavos) ao Prefeito Municipal de BAYEUX, Sr. JOSIVAL JÚNIOR DE
SOUZA, com fundamento no art. 56, II da LOTCE, assinando-lhe o prazo de
sessenta (60) dias, a contar da data da publicação do Acórdão, para efetuar
o recolhimento ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização
Orçamentária e Financeira Municipal, a que alude o art. 269 da
Constituição do Estado, a importância relativa à multa, cabendo ação a ser
impetrada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), em caso do não
recolhimento voluntário, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público
comum, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da
Constituição Estadual;
3. Determinar ao Prefeito Municipal de BAYEUX para que, no prazo de 30
(trinta) dias, proceda ao cancelamento do termo de parceria analisado nos
autos acaso ainda vigente;
4. Encaminhar cópia da decisão ao Ministério Público Comum para
conhecimento e acompanhamento da ação promovida pela Prefeitura
Municipal de Bayeux contra a OSCIP no tocante aos documentos de
comprovação do restante da despesa.
Publique-se, intime-se, registre-se e cumpra-se.
sala das Sessões da 1a. "mara do TCE-Pb - Plenário Ministro João Agripino.
Joã A ss , 12 de novembro de 2008.

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ira Nominando Diniz - Relàtor

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