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a) Um texto não pode significar o que nunca significou. Na verdade seu significado real é exatamente o
que Deus quis que ele significasse quando foi escrito/falado pela primeira vez.
b) Depois de entender um texto (o que ele significou), devemos ouvir o que essa mesma Palavra
representa para nós hoje.
a) Nos primeiros séculos a interpretação era muito mística. Nenhum texto era considerado puramente
histórico, sempre havia algo de doutrinal, de profético, de filosófico e de místico (Clemente de
Alexandria – 150 a 215 a.d.)
b) Ênfase no significado simbólico dos detalhes (Orígenes – 185 a 254? a.d.).
c) Agostinho (354 a 430 a.d.) introduz alguns princípios importantes para a hermenêutica, tais como:
• O intérprete deve ser cristão autêntico;
• Deve-ser ter em alta conta o significado literal e histórico da Escritura;
• Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer, e não introduzir no texto o significado
que quiser;
• Se o significado de um texto for obscuro, ele não deve constituir matéria de fé ortodoxa; e a
passagem obscura deve dar lugar à passagem clara;
• Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isoladamente;
Entretanto, na prática, Agostinho supervalorizou a alegorização, contradizendo sua teoria;
d) Reforma Protestante
• Estudo do contexto, da gramática, das palavras e de passagens paralelas;
• “A Escritura interpreta a Escritura” dizia Calvino;
e) Pós-Reforma:
• Pietismo: Fim da controvérsia inútil e retorno à comunhão e às boas obras. Boa interpretação
histórico-gramatical. Pietistas mais recentes começaram a depender de uma “luz interior” ou
“unção” nas interpretações, levando, muitas vezes, a interpretações contraditórias.
• Racionalismo: A razão deveria julgar que partes da revelação seriam aceitáveis.
Um procedimento hermenêutico de seis passos (proposto por Virkler):
IMPORTANTE: Não há como automatizar a atividade hermenêutica. Estes passos servem apenas como um
guia inicial com questões a serem consideradas durante o estudo, visando minimizar a possibilidade de
interpretações equivocadas.
⇒ FIM DA REVISÃO
Visa compreendermos a definição das palavras (lexicologia) e sua relação com as outras (sintaxe) para que
entendamos melhor o sentido do texto.
• Exercício (sem consulta): Em Gálatas 5:1, ao dizer-nos “Permanecei, pois, firmes e não vos
submetais, de novo, a jugo de escravidão”, Paulo quis dizer que nós não deveríamos nos
submeter novamente:
• Na primeira praga sobre o Egito, Deus tornou as águas do Nilo em sangue de modo que os
animais morreram, as águas cheiravam mal e não podiam ser bebidas. Será que necessariamente
o rio se tornou em sangue (plasma sanguíneo, hemácias, plaquetas, etc.)? Não poderia o rio ter
suas águas transformadas em algo com características de sangue (o que não diminuiria a ação
sobrenatural de Deus)?
• Exercício: A palavra grega sa/rc [sarx] que traduzimos por “carne” aparece nos textos abaixo.
De acordo com cada versículo e os possíveis significados apresentados na coluna da direita,
numere a coluna da esquerda:
• Exercício (sem consulta): Vendo as definições e explicações dadas pelos próprios autores. Por
exemplo, que significa “perfeito” em “[...] a fim de que o homem de Deus seja perfeito [...]”
(2Tm.3:16-17)? 1
a. ( ) Sem pecado?
b. ( ) Incapaz de cometer uma falta grave?
c. ( ) Sem pecado numa área específica?
d. ( ) Nenhuma das anteriores
c. Paralelismo Sintético (de síntese): A segunda linha da estrofe completa, vai mais longe
que a idéia da primeira. Ex. (Sl. 14:2):
• Determinar se a palavra está sendo utilizada como parte de uma figura de linguagem.
o Exemplo: Ele tem os olhos maiores do que a barriga; Está chovendo pra cachorro.
o Figuras de linguagem ocorrem na bíblia e uma interpretação literal seria desastrosa. Por
exemplo, Apocalipse 7:1 fala de “anjos em pé nos quatro cantos da terra”. Ora, sabe-se
hoje que a terra não tem canto. E mesmo naquela época, quando muitos acreditavam
que a terra era achatada, ninguém havia chegado à “quina da terra”. Essa espressão
é uma figura de linguagem que apenas mostra que os anjos estavam agindo sobre
toda a terra.
o Virkler sugere o uso de um bom manual bíblico de figuras de linguagem;
1
Resposta: Paulo esclarece de imediato que se trata de ser perfeitamente habilitado para um viver piedoso
(“perfeitamente habilitado para toda boa obra”).
• Estudar passagens paralelas.
o Informações complementares podem tornar o entendimento mais claro;
o É importante distinguir paralelos verbais de paralelos reais:
a) Verbais: Utilizam palavras semelhantes, mas estão falando de coisas diferentes.
Ex.: O conceito de Palavra de Deus como “espada” difere entre Ef.6:17 e Hb.4:12.
• No primeiro a espada faz parte da “armadura de Deus” para a batalha
contra o mau (Jesus fez esse uso da Palavra contra Satanás);
• No segundo ela é penetrante, conhecendo todos os pensamentos e
propósitos do homem, diferenciando os que são verdadeiramente
obedientes dos que apenas aparentam ser.
f) Sintaxe
Trata do modo como os pensamentos são expressos por meio das formas gramaticais de uma certa
língua.
IMPORTANTE: Todo este estudo mais técnico deve fazer parte de qualquer exegese, mas apenas
como a preparação para a exposição. Ele não precisa aparecer necessariamente no produto final.
Nosso objetivo nas exposições é alimentar as pessoas, não impressioná-las.
Bibliografia
• VIRKLER, Henry A.. Hermenêutica Avançada: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São
Paulo. Editora Vida, 2001.
• FEE, Gordon D., STUART Douglas. Entendes o que lês?. Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova, 1986.
• BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. JUERP, 4ª Edição, 1988.
Hermenêutica I
Atividade Extra-Classe Nº 03
Nome: _______________________________________________________
1. Alguém que perdeu o emprego recentemente está indo fazer um exame de seleção para um emprego e tem
certeza que conseguirá passar no exame porque está escrito “tudo posso naquele que me fortalece”
(Fl.4:13). Você concorda com o uso do versículo neste contexto? Por que?
2. Em Mateus 5:22, Jesus diz que se alguém chamar um irmão de tolo estará sujeito ao fogo do inferno, mas
em Mateus 23:17-19 ele chama os fariseus de insensatos, que é o mesmo que tolos ou loucos. Como você
explica esta aparente contradição?
3. Um pregador brasileiro, muito conhecido e respeitado, certa vez disse que embora não saibamos o dia da
volta de Jesus, ela ocorrerá no início do terceiro milênio da era cristã. Ele utilizou a parábola do bom
samaritano (Lucas 10:25-37) para mostrar isso, com os seguintes argumentos:
a. O homem ferido caído na estrada tipifica (representa) a humanidade perdida nos seus pecados;
b. O bom samaritano tipifica Jesus, o salvador;
c. O bom samaritano (Jesus) veio, salvou o homem ferido (a humanidade), deixou 2 denários (salário
de dois dias de trabalho) e foi embora dizendo que voltaria e, se fosse o caso, pagaria algum
eventual gasto a mais;
d. Como o bom samaritano deixou 2 denários, conclui-se que ele voltaria após dois dias.
e. Como um denário é um salário de um dia, e um dia para o Senhor é como mil anos (2Pe.3:8), então
Jesus (o bom samaritano) voltará novamente aproximadamente dois mil anos depois da sua
primeira vinda.
Utilize sua hermenêutica para interpretar a Bíblia e verificar a validade dessa aplicação da parábola do bom
samaritano. Explique, citando os princípios hermenêuticos, por que você concorda ou não com esta
interpretação.