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Mapeamento bibliométrico de abordagens relevantes para

alinhamento de TI com áreas estratégicas – a importância de


modelagem preliminar

William Barbosa Vianna (UFSC) wpwilliam@hotmail.com

Edilson Giffhorn (UFSC) edilson.giffhorn@gmail.com

Sérgio João Limberger (UFSC) lssergio@gmail.com

Resumo: O objetivo desse artigo é evidenciar a importância da modelagem qualitativa


preceder os roteiros de mapeamento bibliométrico ao se buscar estabelecer o estado da arte
e o referencial teórico. Essa constatação partiu da necessidade de interrupção na aplicação
de um roteiro bibliométrico após a identificação da necessidade de consideração de
elementos subjetivos não previstos. O estudo refere-se ao alinhamento entre Tecnologia da
Informação (TI) e áreas estratégicas da organização. O resultado foi o evidenciamento da
necessidade maior aprofundamento sobre o para quem o modelo de alinhamento será
utilizado a partir de características especificas das abordagens a serem analisadas.
Palavras-chave: Metodologia Científica; Tecnologia da Informação (TI)

1. Introdução
A rápida evolução tecnológica vem exigindo investimentos crescentes na área da
Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC). Garantir que estes investimentos sejam
utilizados de forma eficiente e com eficácia para agregar valor à organização tem sido o
desafio dos gestores organizacionais e especialmente dos gestores da área de TI.
No entanto, a integração da área de TI com a área de negócios é um dos principais
gargalos quando se trata de avaliar os resultados desses investimentos em TI.
O papel da TI como arma estratégica competitiva necessita ser discutido e enfatizado,
principalmente pelas novas possibilidades de negócios que ela proporciona (Laurindo, 2000).
Em sua sétima pesquisa anual realizada e publicada no inicio de 2008, a revista virtual
Chief Information Officers (CIO, 2008), em consulta a 558 CIOs, destaca que para 82% dos
respondentes, o problema do alinhamento da TI com a área de negócios é a sua prioridade
numero um no ano de 2008.
Também em pesquisa realizada pelo grupo Gartner (2007) em 200 programas de
implantação de uma Arquitetura Corporativa, a vantagem almejada mais referenciada para a
organização é a de obter o alinhamento da TI com a área de negócios.
A integração é resultado de um processo amplo que necessita considerar variáveis no
campo técnico, social, cultural e ambiental e que assimile a TI em todas as áreas e processos
organizacionais de forma amigável.

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Embora na teoria, situar a pesquisa cientifica em relação ao estágio do referencial
teórico seja um consenso, na prática, poucos estudos situam-se claramente em relação ao
estado da arte de seu referencial teórico, demonstram qual processo e etapas foram utiliziadas,
limitando-se a eleger os autores ou publicações que justificam seus resultados, sem
contextualizar ou evidenciar claramente os critérios de suas escolhas.

Dessa forma, pergunta-se: como melhorar a identificação do potencial de


alinhamento de abordagens como PETI e AC, por meio do mapeamento bibliométrico?
Inicialmente traçou-se um roteiro para o mapeamento bibliométrico (palavras-chave +
banco de dados) do assunto a ser estudado, ou seja, a literatura e as aplicações para o
alinhamento entre TI e áreas estratégicas.
No entanto, no estudo descritivo de duas abordagens, a mais utilizada na prática e uma
das mais recentes e citadas, Planejamento Estratégico de TI (PETI) e Arquitetura Corporativa
(AC), respectivamente, surgiu um problema metodológico acerca da capacidade de um
modelo quantitativo (bibliometria) dar conta, per si, de fazer o levantamento do estado da arte
do assunto e favorecer o estabelecimento de um bom referencial teórico.
A análise das caracteristicas de uma dessas abordagens evidenciou a necessidade de
consideração de elementos contextualizados para avaliar o potencial de integração e
alinhamento a partir de critérios como os objetivos, as perspectivas decisórias e a
responsabilidade pela implantação da abordagem.
O resultado é a identificação da necessidade de maior modelagem qualitativa (aspectos
subjetivos), antes da utilização do mapeamento bibliométrico (aspectos quantitativos),
melhorando a identificação da relevância ou descarte da produção sobre o assunto. O
mapeamento bibliométrico foi deslocado para o final do estudo.

2. O referencial teórico em Tecnologia da Informação (TI)


A necessidade de adequada contextualizaçao do referencial teórico da pesquisa em TI
decorre do número crescente de publicações produzidas, aliada ao encurtamento do ciclo
tecnológico e de vida das inovações, e à rapidez nos processos de geração e difusão do
conhecimento científico, cujos ciclos de vida diminuem à medida que aumentam os meios
disponíveis e a democratização do acesso digital ao conhecimento.
Há mais de uma década, Kostoff (1996) já identificava, de maneira geral, a cifra de cinco
mil artigos sendo produzidos por dia de trabalho no mundo todo, além de mais mil
documentos de patentes.
Devido à rápida difusão e adoção de diferentes metodologias, surgiram, também variadas
abordagens para o alinhamento e a integração da TI a outras áreas da organização.
Dessa forma, as contribuições para o desenvolvimento desse tema exige categorização e
classificação das propostas teóricas segundo critérios pré-definidos e evidenciados.
Por um lado, no que se refere às propostas de alinhamento entre TI e outras áreas da
organização, têm-se o Planejamento Estratégico organizacional (PE) como o instrumento de
intervenção organizacional mais utilizado no mundo corporativo.
Por outro lado, estudos recentes sobre a Arquitetura Corporativa, parecem possuir
potencial maior de integração entre TI e área de negócios pela sua natureza holística, capaz de
promover para o desenho, desenvolvimento e implementação de sistemas integrados de
pessoas, materiais e equipamentos.
3. Importância do Alinhamento Estratégico da Tecnologia da Informação
É fundamental salientar que o alinhamento estratégico não é um evento ou um

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resultado isolado (AVISON et al., 2004; SLEDGIANOWSKI e LUFTMAN, 2005), mas um
processo contínuo de adaptação e de mudanças (HENDERSON e VENKATRAMAN, 1993,
AVISON et al., 2004), na busca de uma vantagem competitiva sustentada (HUANG et al.,
2005), com ênfase da gestão, através de processos de compartilhamento do conhecimento
entre a TI e a área de negócios da organização (KEARNS e SABHERWAL, 2007), na análise
da TI dentro da cadeia de valor (TALLON e KRAEMER, 2003) e na melhoria dos processos
internos (NDEDE-AMANDI, 2004).
Avison et al. (2004) destacam que o alinhamento ajuda as organizações em três
aspectos: na maximização do retorno dos investimentos de TI; na obtenção de uma vantagem
competitiva através da TI; e por permitir direção e flexibilidade para reagir diante das novas
oportunidades. Permite as organizações, além de alcançar à sinergia e o desenvolvimento dos
planos corporativos a busca do aumento da rentabilidade e da eficiência. Também permite
ampliar as competências essenciais, habilidades e uso da tecnologia na melhoria da eficiência
(PAPP, 1999; LUFTMAN e BRIER, 1999).
A integração das organizações com fornecedores, clientes e o mercado reportam para a
necessidade de alinhar a atuação interna e externa e este é requisito para eficiência na
aplicação de recursos de TI. Manter o necessário equilíbrio neste balanço nas duas atuações
(HENDERSON e VANKATRAMAN, 1993) é o primeiro nível no alinhamento, denominado
de ajuste estratégico. O segundo nível do alinhamento é o da TI com a área de negócios,
denominada de a integração funcional.
A literatura aborda a questão do alinhamento da área de TI com a organização em
estudos recorrentes, tais como os estudos que tratam de Planejamento Estratégico da
Tecnologia da Informação (PETI), e recentemente no enfoque da Arquitetura Corporativa
(AC). Um avanço na pesquisa e no desenvolvimento de modelos necessita estabelecer o
estado da arte e a contribuição das abordagens mais relevantes.
4. O Alinhamento a partir do Planejamento Estratégico da Tecnologia da Informação
(PETI)
O Planejamento Estratégico da Tecnologia da Informação (PETI) é uma sistemática
que visa aproximar e envolver a área de Tecnologia da Informação no âmbito do
planejamento estratégico organizacional.
Na busca da integração da área da TI com a organização ela é planejada em conjunto
com a estratégia de negócios. O PETI utiliza metodologias efetivas com etapas inteligentes e
uma implementação avaliada e operacionalização ativa (REZENDE, 2002).
Mas além de ser um recurso importante para dar suporte ao PE, a TI pode contribuir
com outras atividades adicionais, viabilizando ou facilitando a organização a desempenhar
seu papel estratégico. Ela agrega valor aos produtos e/ou serviços da organização, auxiliando
a promoção das suas inteligências competitiva e empresarial (LUFTMAN e BRIER, 1999) de
forma que a TI facilita a obtenção de uma vantagem competitiva para a organização
(WILKINSON, 2006).
A construção e o escopo do PETI, segundo Rezende (2002), é um processo dinâmico e
interativo para estruturar estratégica, tática e operacionalmente as informações
organizacionais. Envolve a TI e seus recursos (hardware, software, sistemas de
telecomunicações, gestão de dados e informações), os sistemas de informação (estratégicos,
gerenciais e operacionais), as pessoas envolvidas e a infra-estrutura necessária para o
atendimento de todas as decisões, ações e respectivos processos das organizações (KEARNS
e LEDERER, 1997; REZENDE, 2002).

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Dessa forma, a necessidade do planejamento da TI é fundamental e ajuda as
organizações na formulação de estratégias, atuando na configuração das atividades da cadeia
de valor, nas alianças estratégicas e integração do mercado (PORTER e MILLAR, 1985;
REZENDE, 2002) do atual e complexo contexto competitivo mercadológico.
Um modelo de alinhamento entre o PE e o PETI foi desenvolvido por Rezende e
Abreu (2002), apresentado na Figura 1, na qual estão destacados os recursos sustentadores do
alinhamento estratégico, que fornecem uma visão geral das atividades, variáveis e fatores que
facilitam o referido modelo de alinhamento. Neste modelo, o PETI fornece uma visão geral de
conceitos, modelos, métodos e ferramentas de TI necessários para facilitar a estratégia de
negócios e suportar as tomadas de decisão, as ações empresariais e os respectivos processos
da organização. Já o PE fornece uma visão geral de conceitos, modelos, métodos e
instrumentos de como fazer acontecer a estratégia de negócios empresariais (REZENDE e
ABREU, 2002)

Figura 1 – Modelo de integração do PETI ao PE


Fonte: Rezende e Abreu (2002)
Uma visão ampliada da integração, necessária entre as áreas de TI e de negócios é
proposta por Henderson e Venkatraman (1993). A busca por um modelo que permita avaliar
as modificações nas fronteiras da organização (VENKATRAMAN, 1994), conduziram a uma
nova abordagem que amplia a capacidade dos mecanismos tradicionais do PETI de funcionar
no contexto único do ajuste da TI às necessidades das organizações, definidas através da
subordinação única do planejamento da TI ao apoio e suporte à estratégia organizacional.
Estudos mais recentes, realizados por Byrd, Lewis e Bryan (2005) concluíram que
organizações que realizam esforços significativos no alinhamento estratégico possuem
maiores garantias no retorno do investimento realizado na área de TI. Defendem que o
investimento em TI e a performance da organização são dependentes do esforço no
alinhamento estratégico.
5. O Alinhamento a partir da Arquitetura Corporativa (AC)
As abordagens da Arquitetura Corporativa buscam incorporar os conhecimentos da
Engenharia de Sistemas e da Reengenharia de Processos (LILES et al., 1996) e promover
assim a re-configuração das organizações para melhor promoverem sua missão (TRIBOLET,
2005).
A Engenharia Organizacional, que abriga a abordagem da Arquitetura Corporativa, é
desenvolvida a partir dos seguintes princípios (LILES et al., 1996): uma organização
empresarial pode ser entendida como um sistema complexo; um sistema pode ser visto como
um sistema de processos de negócio; e a engenharia pode ser utilizada no processo de
transformação da empresa. Na base destes princípios são desenvolvidas técnicas para

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modelar, desenhar e implementar uma organização ou de aspectos desta.
A arquitetura é um conjunto de representações descritivas que são relevantes para
descrever algo que se pretende criar, e que se constituem na base para mudanças de uma
instância da coisa que você tenha criado (ZACHMAN, 2006). Ela é uma ferramenta de
princípios, linhas orientadoras, normas, modelos e estratégias que direcionam o desenho, a
construção e o desenvolvimento de sistemas de informação (ROOD, 1994), tecnologias da
informação, processos e modelos de negócio (CARDOSO, 2005) fornecendo suporte aos
processos de inovação e na melhoria da gestão (TRIBOLET, 2005).
A Arquitetura Corporativa define os componentes e as relações entre estes componentes
da organização. Estes são constituídos por Estratégia – as decisões sobre a organização e a
utilização dos recursos para atingir os objetivos; Pessoas – identifica o recurso humano,
habilidades e como utilizar estas habilidades; Estrutura organizacional – define a
organização hierárquica e geográfica; Funções – consiste nas tarefas e processos
organizacionais; Informação – o conhecimento e os dados utilizados pelas pessoas, processos
e tecnologias; Infra-estrutura – representada pelos equipamentos, maquinas, métodos e
ferramentas requeridas e necessárias para atingir os objetivos organizacionais (TARCISIUS,
2002)
A decomposição de um sistema (ambiente) complexo em partes menores gerenciáveis, a
descrição destas partes, a orquestração das interações entre estas partes constitui a chamada
arquitetura corporativa (ROOD, 1994; IYER E GOTTLIEB, 2004).
Para implementar a Arquitetura Corporativa um Framework foi proposto por Zachman
(1987), ampliado e detalhado em trabalho de Sowa e Zachman (1992) e é o referencial inicial
da Arquitetura Corporativa. Ainda considerado o melhor (FATOLAHI e SHAMS, 2006) e
dos mais utilizados (SESSIONS, 2007, SCHEKKERMAN, 2007).
O framework, segundo Zachman (1987), é uma estrutura lógica para a classificação e
organização das representações corporativas de uma empresa, significativas à administração
da empresa e ao desenvolvimento de sistemas de informação corporativos. Apresenta uma
abordagem interdisciplinar e com influência em outras áreas além da relacionada à tecnologia
da informação. O uso de um framework introduz um componente de eficiência nas ações
desenvolvidas. É necessário que tenhamos uma boa compreensão de como usá-lo, tanto na
engenharia como na administração da empresa (SESSIONS, 2007). Ele é baseado e
constituído de informações, normalmente isoladas na organização, mas com ferramentas e
idéias já consolidadas (FATOLAHI e SHAMS, 2006).
O Framework de Zachman apresenta duas dimensões, sendo que em uma das dimensões
estão representadas as diversas perspectivas de seis protagonistas distintos e independentes
que influenciam o artefato a ser desenvolvido ou construído.

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Figura 3 – Framework de Zachman para arquiteturas corporativas
Fonte: Zachman (1987)

Relacionando a visão dos protagonistas com os diferentes aspectos as duas dimensões


formam uma matriz que é o alicerce do framework de Zachman para arquiteturas

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corporativas, apresentado na Figura 3
No entanto, a Arquitetura Corporativa ainda está na sua infância (JONKERS et al.,
2006) e seu surgimento foi influenciado pelos trabalhos de Zachman (1987) e de Sowa e
Zachaman (1992), baseados na organização dos recursos de Sistemas de Informações e
Tecnologia da Informação presentes e utilizados em uma organização.
6 . Análise das características e potencial de Alinhamento do PETI e da AC
Trata-se, nesse ponto, de identificar qual das abordagens apresentadas (PETI e AC)
tem maior potencial de alinhamento a partir de suas características.

Quadro 1 – Abordagens de integração da TI

Característica PETI Arquitetura


Corporativa
Objetivos Planejar ações da TI. Desenvolver a visão.
Controle da área de TI. Integração do planejamento
Redução de custos. estratégico organizacional
Retorno do investimento. Promover a fusão da TI à
Padronização das organização
atividades.
Perspectivas TI Arquitetos
Responsabilidade Equipe de TI Organizacional
Elaboração Equipe de planejamento Colaboradores da organização
em TI.
Fonte: Elaborado pelos autores
O Quadro 1 permite um levantamento inicial de características relativas às
duas abordagens analisadas sendo que nos objetivos e na responsabilidade surge a questão do
“para quem” o alinhamento será desenvolvido.
Observa-se no que refere à responsabilidade de implantação a importância de
considerar questões subjetivas, pois na abordagem do PETI predominam os objetivos,
perspectivas e responsabilidade da equipe de TI. E na abordagem da AC observa-se uma
diluição e uma generalização que necessita maior aprofundamento em cada um dos autores e
aplicações já realizadas
Soma-se a essa observação preliminar a observação de Smaczny (2001) que
afirma que nenhum estudo relevante foi encontrado sobre a forma como organizações
realmente atingem o alinhamento.
Os modelos de alinhamento baseados no PETI parecem supor que as organizações
são construídas sobre princípios mecanicistas e que utilizam gestão estruturada, orientadas ao
planejamento e abordagens para os objetivos do negócio.
Por outro lado, as duas abordagens estudadas, não evidenciam adequadamente a
influencia ou a importância de fatores subjetivos na integração.
Essa relevância relaciona-se ao ponto de vista a partir do qual a integração se
propõe. Ou seja, arquitetos, auditores, executivos, stakeholders ou outros.
Considera-se dessa forma que, o critério “para quem” é que deve guiar as escolhas
teóricas das abordagens existentes, sua adaptação ou inovação, antes de um mapeamento
bibliométrico.
Se por um lado o PETI é o mais utilizado nas organizações, os problemas persistem e,
por outro lado a AC apresenta-se como uma tendência que propõe uma abordagem holística

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com maior potencial integrador.
Um mapeamento bibliométrico do assunto é importante nessa fase, após uma
definição da perspectiva ou do interesse de quem se busca a referida integração.
7. Modelagem qualitativa e Processo para Mapeamento Bibliométrico

Spinak (1998), define bibliometria como o estudo quantitativo das unidades físicas
publicadas, ou das unidades bibliográficas ou de seus substitutos. Rostaing (1997) também
define a bibliometria como a aplicação dos métodos estatísticos ou matemáticos sobre o
conjunto de referências bibliográficas. Tarapanoff (1995) define a bibliometria como o
estudo de aspectos quantitativos da produção, distribuição e uso da informação registrada, a
partir de modelos matemáticos, para o processo de tomada de decisão.
No entanto, padrões e modelos matemáticos para medir esses processos usando seus
resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisões podem gerar equivocos. Esse
tipo de mapeamento pode ser insuficiente principalmente por não enfocar questões relativas a
critérios de qualidade considerados nos trabalhos, pelo próprio aspecto escolhido para avaliar
– quantidade.
A freqüência de citações não garante a qualidade de um trabalho científico, podendo
significar, como afirma Spinak (1996), identificar apenas que o trabalho em questão poderia
ser apenas mais acessível que outros.
Dessa forma, há necessidade de, antes de se lançar ao mapeamento bibliométrico por
meio do uso de instrumentos matemáticos de busca, eleger e evidenciar cuidadosamente os
critérios de busca e o contexto do estudo, de forma coerente com os objetivos do pesquisador
e o objeto estudado. Ou seja, o que será considerado na avaliação da qualidade daquilo que
será selecionado e daquilo que será descartado.
Para Ensslin e Vianna (2008) as escolhas metodológicas em pesquisa implicam, em
certa medida, em risco necessário que necessita ser assumido e que é inerente ao
desenvolvimento cientifico. O evidenciamento dos valores e interesses e a justificativa de
determinadas escolhas metodológicas permitem maior alcance de cientificidade quando
favorece os questionamentos acerca das condições e limites de sua validade.
Ao tratar especificamente da cientificidade da pesquisa na área de engenharia de
produção, Ensslin e Vianna (2008) consideram que não pode mais prescindir de incorporar a
perspectiva da personalização dos contextos de trabalho e de produção.
Isso impõe limites à visão generalista dos problemas e passa a previlegiar a dimensão
subjetiva (inerente ao sujeito, logo, personalizada) no processo de delimitar e explicitar o que
é importante (objetivos, critérios, atributos) e o que não é importante no problema. (ROY,
1994; ENSSLIN; DUTRA; ENSSLIN, 2000).
É preciso considerar ainda que, a natureza dos problemas em engenharia de produção
é em sua origem, qualitativa. Dessa maneira, os autores identificaram a necessidade de uma
modelagem qualitativa inicial, relativa às abordagens PETI e AC a partir de características
como: objetivos, perspectivas utilizadas e responsabilidade pela implantação.
Definidas as palavras-chave ou associações que se pretende associadas nos títulos e
nos resumos, que necessitam ser lidos, pretende-se uma melhoria no levantamento
inicialmente buscado.
Para tanto, apresenta-se o Roteiro de Mapeamento Bibliométrico em quatro etapas

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retro-alimentáveis. A primeira consiste na seleção de periódicos alinhados ao contexto da
pesquisa. E o critério de busca são as palavras-chave.
Na segunda, cada periódico selecionado na etapa anterior será pesquisado para se
encontrar artigos com potencial contribuição à fundamentação teórica da pesquisa.
A terceira etapa consistiu na leitura dos resumos selecionados com vista a identificar
os artigos cujo conteúdo demonstrem considerar caracteristicas subjetivas nas abordagens de
alinhamento.
Como saídas têm-se os artigos que irão contribuir à fundamentação teórica
selecionados de uma forma estruturada e fundamentada.
A Figura 1 ilustra o processo que será utilizado para continuidade dessa investigação.

Figura 2 – Roteiro para a seleção de artigos

Fonte: Autores

A proposta de roteiro para o mapeamento bibliográfico que foi desenhada


inicialmente para busca foi deslocada para o final do artigo, como prospectiva, tendo em vista
a necessidade que surgiu de modelagem qualitativa e contextualização do assunto, conforme
foi arpesentado nas seções anteriores.

5. Considerações Finais
O objetivo inicial de estabelecer de avaliar o potencial da abordagem do PETI e AC
para o alinhamento entre TI e organização conduziu a uma questão inesperada que foi a
identificação da necessidade de considerar elementos subjetivos envolvidos nesse processo de

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alinhamento.
Para consideração desses elementos subjetivos, ou seja, “para quem” o alinhamento
será desenvolvido, um levantamento bibliométrico apresenta-se como insuficiente, por
valorizar sobremaneira aspectos quantitativos de busca, descartando perspectivas decisórias
fundamentais.
Conclui-se que não basta escolher uma ou várias abordagens de integração sem antes
compreender adicionalmente: quem são e a partir de qual decisor e de quais valores, interesses
e objetivos será construida a integração da TI com outras áreas, bem como se dará a
disseminaçâo dessa integração.
O levantamento de referencial teórico sobre alinhamento da área de TI, deverá
prosseguir com o levantamento de palavras-chave que associem a busca bibliométrica de
produção relevante ao contexto, do ponto de vista a partir do qual a integração se propõe:
arquitetos, auditores, executivos, stakeholders ou equipe de TI e partir de então, sucessivos
refinamentos e descartes serão realizados.
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