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Pio XII e quantos lhe teriam sucedido na sede romana com os nomes de
João XXIII e Paulo VI foram assim, com o enfurecer do conflito, quer
defensores das razões humanas e da justiça, quer testemunhas da caridade
de Cristo. Com uma pregação de paz que o Papa Pacelli não interrompeu
durante a guerra e nos anos seguintes: apoiando a opção da democracia,
rejeitando a atribuição de uma culpa colectiva ao povo alemão,
contrastando o totalitarismo soviético que impôs regimes ditatoriais a
muitos países e semeou novos males e apoiando sem incertezas a árdua
construção de um projecto unitário para a "velha Europa, que foi obra da fé
e do génio cristão" e que contudo não tinha sido capaz de ouvir a
radiomensagem pontifícia transmitida na tarde de 24 de Agosto de 1939.
Se de muitas formas os cristãos souberam dar contribuições importantes
para a reconstrução e a reconciliação, a Igreja de Roma fechou
simbolicamente a segunda guerra mundial com as eleições papais de Karol
Wojtyla que em 1989, cinquenta anos após o seu início, lhe dedicou uma
carta apostólica e de Joseph Ratzinger, precisamente a sessenta anos da
conclusão do conflito que os futuros João Paulo II e Bento XVI sofreram
em primeira pessoa, filhos de Nações então contrapostas. Sob o ponto de
vista histórico, a dúplice escolha do colégio dos cardeais demonstrou a
inconsistência de muitos prognósticos baseados em velhas convicções de
carácter político, segundo as quais as eleições de 1978 e, sobretudo, de
2005 teriam sido impossíveis. Em conclusão, a geopolítica da Igreja é
diversa. E isto porque, assumindo o passado, olha para o homem e para o
futuro com os olhos fixos numa promessa que não será desiludida.