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Alim. Nutr.

, Araraquara ISSN 0103-4235


v.18, n.3, p. 331-337, jul./set. 2007

EFEITOS DA RADIAÇÃO GAMA EM BANANA “NANICA”


(MUSA SP., GRUPO AAA) IRRADIADA NA FASE PRÉ-
CLIMATÉRICA*

Simone Faria SILVA**


Ana Paula DIONÍSIO***
Júlio Marcos Melges WALDER****

RESUMO: O presente trabalho verificou os efeitos da 9.5% do total mundial e, ainda, como seu maior consumi-
radiação gama sobre parâmetros físicos e químicos da ba- dor.5
nana “nanica”, analisando possíveis alterações do período A banana é cultivada em todos os estados brasilei-
de conservação e a possibilidade de irradiação comercial ros, embora seu plantio sofra restrições em virtude de fato-
visando à exportação. Os resultados demonstraram que as res climáticos, como temperatura e precipitação. Em 2005,
radiações não produziram efeito sobre o pH e acidez total. o Brasil produziu 6.703.400 t de banana, 1,8% a mais que
Porém, as bananas do grupo controle e aquelas que recebe- em 2004. O maior produtor é o estado de São Paulo com
ram dose de 0,75 kGy, apresentaram maior grau de matura- 17% da quantidade produzida no país.7
ção e as irradiadas com dose 0,30 kGy apresentaram maior Dentre as frutas frescas exportadas, a banana re-
firmeza. De acordo com os resultados da análise organo- presentou 24% em 2006.6 O principal país importador de
léptica, pode-se perceber que as bananas mais maduras, es- banana brasileira é a Argentina, seguida pelo Uruguai e em
pecialmente as do grupo controle, tiveram maior aceitação. terceiro lugar pelo Reino Unido, segundo dados de 2005
As bananas dos tratamentos 0,30 e 0,60 kGy tiveram me- do Ministério da Agricultura.1 As importações mundiais da
nores notas por apresentarem menor estádio de maturação. fruta se concentram na União Européia, Estados Unidos e
Sabendo-se que a irradiação em dose adequada e em frutos Japão.5
de boa qualidade traz benefícios ao armazenamento e ao De acordo com Manica,8 o mercado internacional é
processo de exportação, concluímos que a dose mais apro- dominado pelos cultivares do sub-grupo Cavendish (“Na-
priada para o controle da maturação da banana “nanica” é nica”, “Nanicão”, “Gros Michel”, etc).
a de 0,30 kGy. Embora a exportação brasileira seja muito pequena
(cerca de 3% da produção em 2005) segundo o Ministério
PALAVRAS-CHAVE: Banana; irradiação gama; conser- da Agricultura,1 acredita-se que o Brasil pode aumentar a
vação. sua participação no mercado internacional, considerando
as potencialidades do mercado europeu, japonês e norte-
americano.
INTRODUÇÃO
Como fruto climatérico, a banana apresenta um
A banana (Musa sp.) é consumida em sua quase to- período de amadurecimento ou uma vida de prateleira re-
talidade na forma in natura. Tem grande poder nutricional, lativamente curta, o que representa um sério problema de
possuindo grande quantidade de vitamina C, A, B1 e B2, alto conservação. Considerando que as bananas não suportam
teor de potássio, fósforo, pouco sódio e grande quantidade baixas temperaturas, o principal processo de conservação
de carboidratos. é o armazenamento em temperaturas não inferiores a 12 –
A banana, uma das frutas mais consumidas no mun- 13ºC, associado ou não a outros processos, como o uso de
do, é explorada na maioria dos países tropicais. O Brasil embalagens especiais (plástico), que representa um tipo de
se destaca como o segundo país produtor de bananas, com atmosfera modificada. Podem ser ainda utilizados o arma-
zenamento em atmosfera controlada e o uso de substâncias
inibidoras do amadurecimento.15

*Trabalho elaborado com apoio financeiro do CNPq pelas bolsas – PIBIC das duas primeiras autoras e bolsa produtividade (PQ) ao último
autor.
**Departamento de Agroindústria Alimentos e Nutrição – ESALQ – Universidade de São Paulo – USP – 13418-900 – Piracicaba – SP –
Brasil.
***Departamento de Ciência de Alimentos – Faculdade de Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP –
13083-862 – Campinas – SP – Brasil.
****Laboratório de Radioentomologia e Irradiação de Alimentos – Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA – Universidade de São
Paulo – USP –13416-000 – Piracicaba – SP – Brasil.

331
O aumento do período de conservação é de grande Efeitos da Radiação
importância, não somente para regularizar o consumo in-
terno, mas, sobretudo, visando à exportação, normalmente Surendranathan & Nair12 enumeram alguns pontos
realizada por via marítima, o que exige um tempo de trans- considerados importantes: a irradiação tem-se mostrado efi-
porte relativamente longo. ciente somente quando os frutos são irradiados na fase pré-
A conservação de alimentos por irradiação tem-se climatérica; o estado fisiológico dos frutos, considerando
mostrado como uma alternativa viável, com legislação variedade e maturidade, são os mais importantes critérios
aprovada em vários países, inclusive o Brasil. A irradiação na seleção das doses a serem aplicadas; doses maiores do
não origina nenhum produto tóxico e não acarreta proble- que as adequadas a cada variedade causam danos aos fru-
mas nutricionais e microbiológicos especiais, sendo reco- tos, manifestados pelo escurecimento da casca e rachaduras
mendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). dos frutos; a irradiação não afeta os constituintes mais im-
Entretanto, em se tratando de frutas e hortaliças, as portantes do ponto de vista nutricional e quando maduros
radiações podem provocar alterações nos alimentos irra- os frutos apresentam o flavor, a textura e a cor originais.
diados, como modificações nos componentes químicos e Os tratamentos visando o atraso no amadurecimento
nutricionais, nas características físicas e sensoriais e nas das diferentes cultivares de bananas, destinadas à exporta-
condições microbiológicas. ção, como armazenamento em baixas temperaturas, atmos-
Para Moy,9 o mecanismo de prolongamento da vida fera modificada, uso de etileno e irradiação, podem provo-
de prateleira por irradiação se dá pelo retardamento do car indesejáveis modificações fisiológicas, bioquímicas e
amadurecimento ou da senescência dos frutos. A eficácia físicas, as quais precisam ser devidamente estudadas.17
da irradiação depende de vários fatores, entre os quais a Portanto, o objetivo deste trabalho foi estudar os
dose de radiação, a taxa de dose, características dos produ- efeitos da radiação gama em banana cultivar Nanica (Musa
tos irradiados (variedades) e condições de armazenamento sp., AAA), irradiada em grau de maturidade verde e arma-
antes e após a irradiação. zenada em condições ambiente, visando a possibilidade de
irradiação comercial, principalmente para a exportação.
Maturação do Fruto

As bananas são frutas tipicamente climatéricas, as MATERIAL E MÉTODOS


quais apresentam, após a colheita, um período de matura-
ção caracterizado por uma taxa de produção de CO2 e um Para o experimento utilizou-se bananas cultivar
consumo de O2 , que diminuem lentamente (após a colhei- “Nanica” (Musa sp., Grupo AAA), colhidas especialmente
ta) até o chamado “mínimo climatérico.”13 Após este míni- para o experimento na região produtora de Piracicaba, SP.
mo inicia-se o processo de amadurecimento, acompanhado As pencas foram divididas em 18 buquês contendo
por um aumento rápido da taxa respiratória, a qual alcança 5 bananas cada um, sendo que para cada uma das doses
um valor máximo no chamado “pico climatérico”; depois foram usados 3 buquês. Os buquês foram mergulhados em
inicia-se a senescência, caracterizada por processos que uma solução de hipoclorito de sódio a 200 ppm.
conduzem à morte dos tecidos. O ponto ideal de consumo Em seguida, os buquês foram sorteados aleatoria-
da banana está situado no pico climatérico ou próximo des- mente e etiquetados de acordo com os 6 tratamentos (con-
te, e o tempo necessário para atingir este pico depende do trole, mais cinco doses de radiação).
grau de maturação do fruto na colheita e das condições de Os frutos foram irradiados na fonte de Cobalto-60
armazenamento. (GAMMABEAM-650) disponível no Centro de Energia
Nuclear na Agricultura – CENA / USP, Piracicaba /SP.
Surendranathan & Nair12 citam os seguintes proces-
As doses usadas foram de 0 – 0,15 – 0,30 – 0,45 –
sos bioquímicos envolvidos no amadurecimento da bana-
0,60 e 0,75 kGy. Após a irradiação, os buquês foram acon-
na: modificação da cor verde para amarela, como conse- dicionados em caixas de papelão e armazenados à tempe-
qüência da quebra da clorofila; quebra das moléculas de ratura ambiente por 32 dias (16 – 27ºC e umidade relativa
amido, hemicelulose e substâncias pécticas, levando ao do ar de 60 – 98%).
amolecimento dos tecidos; produção de etileno concomi- Foram realizadas inspeções diárias para controle de
tantemente com a elevação da taxa respiratória; conversão temperatura e umidade do ambiente, e para verificação de
do tanino não polimerizado em polimerizado, com dimi- anomalias externas. A cada período de sete dias até o ama-
nuição da adstringência do fruto; produção de substâncias durecimento dos frutos, foi analisada a perda de peso e cor
voláteis responsáveis pelo “flavor” dos frutos. Desses pro- da casca.
cessos, afirmam os autores, a quebra do amido representa A atribuição dos tratamentos às unidades experi-
um importante evento no processo de amadurecimento, por mentais foi de acordo com um delineamento inteiramen-
te casualizado. Os resultados obtidos foram submetidos à
fornecer a energia necessária à síntese de vários compos-
análise de variância (tratamento estatístico F), utilizando-
tos característicos de cada fruto, como substâncias voláteis,
se o nível de 5% de significância. Empregou-se o teste de
pigmentos, ácidos orgânicos, etc. Tukey para comparação das médias que diferiram quanto
ao nível de significância adotado.

332
Análise Físico-Química dez total titulável (ATT) foi determinada com NaOH 0,1N,
usando como indicador o valor 8,1 do pHmetro. Para cada
amostra foram feitos três doseamentos, utilizando-se a mé-
Perda de massa fresca dia expressa em porcentagem de ácido málico (equivalente
grama do ácido predominante: 67,06).
Para a pesagem dos buquês foi utilizada uma balan-
ça digital. Antes de receberem o tratamento com energia Análise sensorial
ionizante, as amostras foram pesadas, atribuindo-se o valor
de 100% para a primeira pesagem e expressando a outra Para a análise sensorial realizou-se um teste orga-
pesagem em relação à primeira. noléptico. Para o preparo deste teste, as bananas foram
descascadas, cortadas em rodelas semelhantes e colocadas
Cor externa em recipientes de plástico identificados aleatoriamente por
números de três dígitos para evitar que os provadores pu-
Para a determinação do grau de cor da casca foi
dessem ser influenciados. Foram usados 15 provadores não
utilizado o colorímetro MINOLTA CR (200b), que forne-
eram treinados. A avaliação das bananas foi feita utilizan-
ce valores de L*, a* e b*. Três medidas foram tiradas por
do-se a escala hedônica estruturada de sete pontos: (7) gos-
amostra, de forma aleatória, obtendo-se a média das três
tei muitíssimo, (6) gostei muito, (5) gostei ligeiramente, (4)
medições.
nem gostei nem desgostei, (3) desgostei ligeiramente, (2)
Firmeza desgostei muito, (1) desgostei muitíssimo.

Para a verificação da firmeza da polpa, as fru- Qualidade fitossanitária


tas foram submetidas ao penetrômetro digital FRUIT
Para a análise de qualidade fitossanitária foi usado
FIRMNESS TESTER com ponta chata de 8mm de diâme-
o método de escala de categorias na avaliação de sinais de
tro em Newtons. Para cada fruto foram feitas 3 penetrações,
doenças. A aferição destas características foi feita através de
utilizando-se a média dos 2 frutos de cada buquê.
notas relacionadas às escalas: 5 (excelente), 4 (bom – pou-
Acidez Total Titulável e pH cas marcas, mínima podridão, aceitável para a comerciali-
zação), 3 (razoável – amolecimento, aproveitável apenas
As polpas foram centrifugadas para análise do pH e para consumo doméstico), 2 (ruim – pouco aproveitável),
da acidez total titulável. O pH foi determinado através de 1 (péssimo – impossível de aproveitar), conforme realizado
um potenciômetro Methron Fluisan modelo E520. A aci- por Pimentel.10

0,75 19,6%

0,6 18,42%
dose (kGy)

0,45 18,82%

0,3 18,58%

0,15 19,19%

0 20,16%

17,5 18 18,5 19 19,5 20 20,5


porcentagem de perda de peso

FIGURA 1 – Porcentagem de perda de peso dos frutos de banana em função das doses de irradiação, num período de arma-
zenamento de 32 dias em condições ambiente (16 a 27ºC e UR de 60 a 98%).

333
RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão os valores médios de luminosi-
dade (L*), cor verde (a*) e cor amarela (b*), parâmetros
de coloração das bananas em três fases do armazenamento:
Parâmetros Físico-Químicos antes da irradiação, no décimo quarto e no trigésimo segun-
do dia após a irradiação.
As bananas, assim como as demais frutas, perdem
Considerando os resultados da Tabela 1, podemos
peso durante o amadurecimento e a taxa de perda é influen-
notar que os resultados de cor da casca não apresentaram
ciada pelas condições de armazenamento.
grandes variações entre os tratamentos. No entanto, os pa-
No presente experimento, os frutos apresentaram
râmetros de cor de casca do grupo controle apresentaram
diferenças significativas de perda de peso entre os trata-
índice de diferença significante no último período de leitu-
mentos. As bananas do grupo controle e do tratamento de
ra. Isso pode ser explicado pela grande quantidade de man-
dose 0.75 kGy apresentaram maiores perdas de peso. As
chas escuras presentes na casca que podem ter interferido
menores perdas foram verificadas nos tratamentos de doses
nos resultados. Contudo, pode-se considerar que todos os
0.60 e 0.30 kGy (Figura 1).
tratamentos apresentaram amadurecimento gradativo, sen-
A aparência é uma característica sensorial do ali-
do que no grupo controle os resultados foram mais acen-
mento, composta de cor, brilho, tamanho e forma, sendo
tuados.
mais marcante o impacto visual causado pela cor. A cor está
Trabalho realizado com banana ‘Prata’ irradiada
relacionada com a qualidade dos alimentos frescos e carac-
com as doses 0,00, 0,25 e 0,50 kGy, concluiu que a colora-
terizados, constituindo-se como o primeiro critério aplica-
ção e as características visuais dos frutos não foram afeta-
do para sua aceitação ou rejeição.3
das, aparentemente, pela irradiação.16

Tabela 1 – Valores médios dos parâmetros L*, a* e b* da cor externa das bananas, analisadas durante o período
de armazenamento.

0 dia 14 dias 32 dias


Doses
(kGy)
L* a* b* L* a* b* L* a* b*

0,00 53,86 aA -19,68 aA 34,96 aA 53,97 aA -13,49 aB 36,45 aA 43,47 bB 1,58 aC 24,68 bB

50,99
0,15 55,76 aA -19,10 aA 34,70 aA 53,65 aA -13,16 aB 34,91 aA 3,33 aC 33,23 aA
aAB

0,30 54,07 aA -19,12 aA 34,25 aA 51,60 aA -12,49 aB 33,62 aA 53,38 aA 0,83 aC 36,53 aA

0,45 55,44 aA -19,40 aA 34,87 aA 53,50 aA -12,50 aB 34,77 aA 52,12 aA 1,83 aC 33,95 aA

0,60 54,09 aA -17,82 aA 34,47 aA 53,12 aA -11,44 aB 34,72 aA 53,44 aA 3,46 aC 34,49 aA

0,75 53,28 aA -19,33 aA 34,13 aA 52,22 aA -10,94 aB 34,86 aA 50,25 aA 2,72 aC 32,94 aA

Diferentes letras, minúsculas na coluna ou maiúsculas nos tratamentos, são significativamente diferentes pelo teste de Tukey
(p < 0,05). Letras maiúsculas referem-se ao tempo e as minúsculas à dose.

334
As análises de pH, firmeza e acidez total titulável Tabela 3 – Médias dos resultados, referentes à avaliação
foram realizadas no trigésimo segundo dia após a irradia- sensorial das bananas tratadas com as diferentes doses de
ção, quando as bananas já estavam aptas para o consumo. radiação de acordo com a escala hedônica estruturada de 7
De acordo com os dados obtidos na Tabela 2, não houve pontos.
variação significativa nos valores de pH. No entanto, os re- Análise Sensorial
sultados de acidez total e firmeza da polpa apresentaram Dose (kGy) Média
diferenças significativas entre os tratamentos para uma va- 0,00 5,26a
riância de 5%. O tratamento que recebeu a dose de irradia- 0,15 5,00a
ção de 0.30 kGy obteve a maior firmeza. Observou-se que 0,30 4,46ab
as bananas do grupo controle apresentaram menor resulta- 0,45 4,20abc
do para a firmeza da polpa. Os tratamentos que obtiveram 0,60 2,93c
resultados de maior acidez total foram os que receberam 0,75 3,33bc
doses de 0,15 e 0,45 kGy. (1)
D.M.S. 1,39
D.M.S.: Diferença mínima significativa do teste de Tukey ao
(1)

nível de erro de 5%.


Tabela 2 – Determinações de pH, acidez total titulável e
firmeza das bananas de acordo com os tratamentos.
Doses ATT Firmeza De acordo com a análise dos valores da Tabela 3,
pH nota-se que houve diferença estatística significativa entre
(kGy) (ácido málico/100g) (N)
0,00 5.2a 0.49b 0.85b os tratamentos ao nível de 5% de significância. Observa-se
0,15 4.9a 0.65a 0.89b que o grupo controle apresentou a maior média e a média
0,30 4.8a 0.500b 1.40a mais baixa foi dada ao tratamento de dose 0,60 kGy, fato
justificado pelo estado imaturo das bananas para o consu-
0,45 5.0a 0.503ab 1.06ab
mo.
0,60 4.8a 0.48b 1.13ab
Através dos resultados obtidos na análise organolép-
0,75 4.8a 0.46b 1.03ab
tica, os índices 7 e 6 da escala hedônica foram dados com
D.M.S.(1) 0.671 0.151 0.453 maior freqüência ao grupo controle e ao tratamento de dose
Numa mesma coluna, médias com letra em comum não diferem 0,15 kGy, que se referem na escala a “gostei muitíssimo”
significativamente entre si (p<0,05). e “gostei muito” , respectivamente. Os tratamentos que ob-
D.M.S.: Diferença mínima significativa do teste de Tukey ao
(1) tiveram melhor avaliação foram aqueles que apresentavam
nível de erro de 5%. um estádio mais avançado de maturação.

Análise Fitossanitária
Estudos realizados com 3 variedades de bananas,
verificaram que após a exposição a doses de até 0,50 kGy, O aparecimento de fungos nas bananas do grupo
o efeito sobre a firmeza da polpa foi pequeno, embora as controle e no tratamento de dose 0,15 kGy foram observa-
variedades tenham apresentado graus diferentes de amole- dos. Pela Figura 2 observa-se que os resultados do grupo
controle e o tratamento de dose 0,15 kGy apresentaram mé-
cimento.14 Sreenivasan et al.11 observaram que houve um
dias aproximadas ao valor 3, uma vez que a maior parte das
amolecimento gradativo das bananas à medida que a dose
amostras estavam aceitáveis, ou seja, não estavam firmes e
aumentou de zero a 2,00 kGy, sendo as mesmas armazena- aproveitáveis apenas para o consumo. Com relação aos ou-
das a 24-29ºC e 75-80% de umidade relativa. tros tratamentos, a média apresentada foi próxima ao valor
Efeitos significativos das radiações sobre a acidez 4, o que indica que as bananas estavam em boas condições
de frutos irradiados não foram encontradas em bananas ir- fitossanitárias, com poucas manchas, mínima podridão e
radiadas com doses de até 0,50 kGy e armazenadas a 20ºC aceitável para a comercialização. Embora todas as amos-
e 50% de umidade relativa.2 tras de banana tenham recebido tratamento prévio com hi-
Bananas irradiadas com as doses 0,2 – 0,4 – 0,6 – poclorito e permanecidas sob a mesma condição ambiente,
0,8 kGy e armazenadas sem embalagem em temperatura a maior presença de fungos nas bananas dos tratamentos
ambiente, apresentaram valores mais elevados de acidez controle e 0,15 kGy, deve-se ao fato de estarem em fase
total titulável em comparação com as frutas não irradiadas avançada de amadurecimento o que favorece a proliferação
do patógeno.
e irradiadas com a dose de 1,0 kGy.4

Avaliação Organoléptica CONCLUSÃO


Os resultados da avaliação organoléptica apresenta- Em relação aos efeitos da radiação gama em banana
ram diferenças significativas. “nanica” (Musa sp.; grupo AAA), armazenada em condi-

335
5 4,66 4,66 4,66
4,33
4,5
4
escala de notas

3,33
3,5 3
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0,00 kGy 0,15 kGy 0,30 kGy 0,45 kGy 0,60 kGy 0,75 kGy
dose

FIGURA 2 – Média das notas para a avaliação fitossanitária levando-se em conta a quantidade de manchas e a possível
aceitação para a comercialização.

ções ambiente, os resultados do presente trabalho permi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


tem concluir que a dose mais apropriada para o controle da
maturação da banana “nanica” foi a de 0,30 kGy , trazendo 1. BRASIL Ministério da Agricultura, Pecuária e
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