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Agora vamos ao Elenáro para termos a noção clara de quem envereda por falácias e
atropela raciocínios:
Como não o explicita, presumo que o colega parte do pressuposto que a avaliação de
professores é um acto tão banal (atente que está em causa a progressão, a carreira e a
reputação pública de um profissional, que não são propriamente coisas de somenos) que
qualquer o pode desempenhar, sem que seja necessário determinar, aferir e avaliar as
competências requeridas para o fazer (diga-me, seriamente, quando e como foi isto feito
e se concorda com a avaliação que foi efectuada).
Se não pensa assim, então, diga-me quais são as competências e os conhecimentos que
um avaliador de professores deve possuir.
Embora a Cristina já tenha dado alguns exemplos, eu poderia dar-lhe conta (em
privado) de inúmeros casos concretos de avaliadores que estão a sugerir, e alguns
mesmo a impor, aos colegas avaliados as suas metodologias, as suas concepções e as
suas práticas, a maioria das quais estão desactualizadas, são menos eficazes e
proficientes (as escolas e os alunos sabem-no) e, em alguns casos, são até incompetentes
em muitos domínios. Podia não ser assim, mas a realidade em muitas escolas é esta e
não adianta negá-lo. Mas, não tem que ser assim se os avaliadores forem obtidos, a
título de exemplo, por concurso público perante representantes do Conselho
Pedagógico, do Conselho Geral e da Direcção Executiva, tendo em conta a avaliação do
seu currículo, das suas formações, da sua experiência pedagógica e didáctica, bem como
do reconhecimento e autoridade que gozam junto dos pares. Olhe que isto é exequível e
não levanta problemas ou celeumas nas escolas, como coloca a lotaria actual.
Ao alimentar a ideia peregrina e basista de que está tudo no mesmo patamar, que todos
podem avaliar e que a avaliação pelos melhores (cuja experiência e autoridade seja
também reconhecida pelo Conselho Pedagógico e pela escola) é impraticável, então
aquilo que o colega defende é uma avaliação de faz de conta e é por isso que está tão
cómodo com este modelo.
A sua argumentação é que é falaciosa, pois assenta num indisfarçável logro conceptual e
numa fulanização injustificada, porque a minha pessoa não está aqui em discussão, pelo
que comete uma espécie de referência ad hominem abortada.
O seu logro conceptual está na redução (que não passa de uma compreensão amputada e
deslocada) das realidades substantivadas nos termos “formação”, “trabalho” e “práticas”
ao conceito de “melhores notas”. Esta sua argumentação não tem pés nem cabeça, pois
eu não me refiro a notas, mas a múltiplas competências e conhecimentos, adquiridos
através de formações superiores e especializadas, experiências pedagógicas (algumas de
supervisão pedagógica e orientações de estágios, por exemplo), experiências e
desempenhos docentes, qualidade e diversidade do trabalho desenvolvido e
reconhecido, práticas reconhecidamente ajustadas e consistentes (conceda-me que esta
panóplia de ferramentas e de saberes, os alunos com melhores notas ainda não
possuem). Mas, mesmo no quadro do seu argumento falacioso de recurso à comparação
com os alunos, quem é que acha que, ente os alunos, está em melhor posição para
hetero-avaliar os desempenhos dos colegas, os melhores ou os piores alunos? Como vê,
está completamente equivocado a propósito dos meus argumentos.
Sobre a fulanização, o colega tem informações sobre a minha pretensão em ser
avaliador? O colega não conhece a minha simplicidade e, sobretudo, a minha humildade
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intelectual, por temperamento e por formação. É que é exactamente por não me achar
capaz de avaliar, com competência, rigor e seriedade os meus colegas, que me permito o
cepticismo de me comparar a outros que estão exactamente na mesma plataforma de
não competência em que eu estou. Mas, na minha escola, também sei reconhecer os
colegas que têm essas competências. O ministério da Educação é que não sabe!
Já em relação à questão da “opinião pública”, deixe-me que lhe diga, com todo o
respeito, que a circunstância de ter visto um atropelo de raciocínio na minha explanação
apenas denota que não a compreendeu. Eu não afirmei que a opinião pública não é
importante (também não me subestime a esse ponto), o que eu disse e reafirmo é que
não é líquido que a maioria daquilo a que chama opinião pública (não opinião
publicada, embora mesmo aqui as coisas tenham mudado nos últimos tempos,
exactamente por força da nossa persistência e coerência – está a ver a ironia destas
coisas!) esteja contra os professores e ache que os “malandros” não querem é ser
avaliados. Acontece que, como mostrei no post anterior, a realidade mostra que as
pessoas têm sido mais sensíveis aos argumentos e à postura dos professores do que à
obstinação da ministra. Não acha? Pelos vistos, a sua convicção era exactamente a que
tinha Maria de Lurdes Rodrigues, mas que, como se constatou, era ilusória.
É a mesma ligeireza e dolo com que trata os meus argumentos que lhe serve também
para pôr em causa a robustez (ou não, pois o colega não conhece o meu trabalho para
afirmar que sim ou que não) da minha formação em psicologia e em psicologia cultural
(porventura até desconhecendo a matriz epistemológica e paradigmática desta área,
dada a inexistência de trabalhos e de formação neste domínio, em Portugal). A este
propósito, apenas lhe sugiro que em vez de juízos de valor epidérmicos (embora esteja
no seu direito tê-los e expressá-los) apresente as suas credenciais nestes domínios.
Julgar é fácil, fundamentar é que é lixado.
Um dia destes com mais tempo, também prometo que lhe explicito as minhas ideias
sobre uma avaliação exequível, exigente, séria, competente e consensual nas escolas.
Octávio Gonçalves
Falacioso é este argumento. Então um aluno que tire melhores notas que o professor
tirou durante o seu tempo de estudante também não pode ser avaliado por um professor
assim. Peço desculpa, mas este tipo de argumento é estendível a muitas outras coisas e,
como tal, falacioso.
Aliás, assim sendo, quem propõe para avaliar o/os melhor/es professor/es, Octávio? Se
não há ninguém melhor, quem o avaliará? Deus?
Quanto ao ponto 2) que referiu, o Octávio, mais uma vez, tropeça no seu raciocínio.
Esqueceu-se dum importante facto: a opinião pública interfere em tudo e é ela o factor
de expressão e mobilização das massas.
A opinião pública, num mundo cada vez mais de (des)informação, é central para tudo. É
ela que faz partidos vencerem ou perderem eleições, independentemente de terem
governado bem ou não. É ela que faz com que os professores, hoje em dia, sejam
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enxovalhados a torto e a direito. Criou-se a ideia que os professores são isto e aquilo e,
os pais, vêm-se no direito e dever de reagir de acordo com as massas. Por isso não
venha com essa história que a opinião pública não conta. Vá por esse caminho e um dia
ainda tropeça nela.
Concordo apenas numa coisa que decorre do seu raciocínio: a opinião pública conta mas
não deve ser entendida como barómetro no caminho que se deve de seguir.
Acrescento ainda que, a opinião pública é, por natureza, burra que nem uma porta e
facilmente manipulável. Por isso, há que a tratar como uma criança e explicar-lhe tudo
muito direitinho e de forma simples e directa.
Termino dizendo que, quem não percebe que as lutas políticas de hoje (e arrisco de
sempre) se ganham com a opinião pública, então não percebe como funciona a
sociedade moderna.
Mas o que é mais grave é que, perante esta exigência, (sobre a qual neste momento,
me abstenho de adicionar qualquer adjectivo) a mensagem que passa na opinião pública
é que "os professores exigem é a suspensão imediata de toda e qualquer avaliação".
E isso é mau para toda uma classe docente, sobre a qual recai uma difícil e exigente
tarefa da qual depende o futuro cultural e formativo dos cidadãos de qualquer País. Só
por isso deveria haver mais respeito e compreensão não só por parte da sociedade civil,
mas também da tutela de quem ela depende.
Parece-me, por outro lado que a intransigência, quer de parte de certas forças
sindicais, quer por parte de alguns movimentos de professores, surgidos e alimentados
na blogosfera, terão contribuído para se criar uma imagem não muito favorável a esta
classe na qual me incluo com muito orgulho.
José Cerca
Quem disse, ou onde diz, que para atingir o topo da carreira é preciso ser Excelente?
Oue é extraordinário, é que se exija para Bom um mínimo de 6,5 até 7,9 valores, numa
escala de 1 a 10, correspondendo esse Bom ao mínimo exigido para prosseguir e subir
na carreira. Em que organização esse mínimo para a progressão é tão alto? Só entre
grandes investigadores, presumo.
Já agora e porque me esqueci, tendo um professor (no caso) ) sido classificado como
Excelente, em qualquer estádio da sua carreira, há necessidade de estar a ser avaliado
sempre, para confirmar que ele é excelente? Só por doença menta! Porque não se está
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excelente, ou se é ou se não é. Continuar a avaliar os Excelentes é contradizer a própria
avaliação.
Esses também deveriam ser dispensados e até serem promovidos a Avaliadores.
Miguel Loureiro
Se lerem aquilo que escrevi vão repara que falo da intervenção dos delegados
disciplinares supervisionados por entidades externas. Em termos gerais isto não
significa estritamente avaliadores externos. Significa que existiria um acompanhamento
e eventual validação por parte duma entidade externa. Isto é perfeitamente factível.
A não ser que prefiram ser avaliados pelo Director e respectiva família ou fazer como a
avestruz e dizer que não querem avaliação nenhuma...
Wegie
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“O que os professores exigem é a suspensão imediata do actual modelo.”
O que os professores exigem é a imediata revogação de alguns artigos do ECD,
nomeadamente aqueles que criaram a divisão artificial da carreira em duas categorias,
uma delas, à qual ascenderam professores iguais a tantos outros, por via de um concurso
indiscutivelmente inconstitucional.
“a mensagem que passa na opinião pública é que "os professores exigem é a suspensão
imediata de toda e qualquer avaliação"”.
Não ter modelo formal de avaliação é preferível a ter um modelo que premeie a chico-
espertice, o oprtunismo, a sacanice.
Por alguma razão existem muitos países por essa Europa fora sem qualquer modelo
formal de avaliação de professores.
Quem se diz cansado da cassete “suspensão da ADD” devia perceber que a cassete
“necessidade de um modelo de avaliação de professores que premei o mérito, promova
as boas práticas, blá, blá, blá…, já cansa!
Apache
Octávio,
Só lhe vou responder à segunda parte. À primeira, diga-me onde é que eu digo o
seguinte e cito-o: "Sobre a fulanização, o colega tem informações sobre a minha
pretensão em ser avaliador?"
Quanto à opinião pública, volto a citá-lo: "tem que rever essa sua obsessão com o que os
outros dirão de nós". Quem diz isto é porque pouco se importa o que os outros pensem,
ou seja, que a opinião pública, não conta. Não vou entrar neste campo no plano privado
e do individuo que ai a história é já outra.
O resto do seu comentário ao ponto dois revela-me duas coisas, ou não vive no mesmo
país que eu, ou então anda em muito boa companhia numa qualquer irmandade que lhe
impede de ver o que o comum dos mortais pensa.
Ainda há coisa de uma ou duas semanas ouvia numa conversa de café um amigo de um
amigo a dizer qualquer coisa como: "pois o que os professores não querem é ser
avaliados!". E fartei-me de ouvir o mesmo vindo de todos os quadrantes da sociedade.
Desde psicólogos a alunos. Por isso, deve estar mesmo noutro país que não o meu.
E não, eu não confundi opinião publicada com opinião pública, como tentou dar a
entender.
E também não se engane, só nos últimos tempos é que houve uma ligeira mudança na
opinião pública, a qual foi aumentando por pela opinião publicada, que referiu. Mas,
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volto a dizer, é algo muito recente e, se calhar, muito incipiente ainda.
Mas volto a dizer, se não quis dizer que a opinião pública não conta, então deverá ter
mais cuidado nas observações que faz. Induzem em erro. É que com o que disse, não há
outra interpretação possível.
Quanto à sua profissão, credenciais ou seja lá o que lhe queira chamar, tome nota que eu
não o chamei de estúpido, imbecil ou mentecapto. Não lhe chamei nem fiz nenhum
atentado à sua capacidade profissional. Por isso agradeço que me retribua a gentileza.
O que lhe disse e repito, aliás, cito-me foi: "Esperava mais de um professor de
Psicologia e amante de Psicologia Cultural e Antropologia."
O esperar mais é bem claro e não se trata de insulto. Se calhar o Octávio não pode dizer
o mesmo, pois por muito elevado que tenha sido o seu discurso, por palavras na boca
dos outros é insultuoso. Tomar como insulto um comentário a um comentário seu e
partir para o campo das competências como partiu o Octávio, isso sim, é de uma
"ligeireza" como disse.
Tenha lá calma e não confunda desilusão com insulto. Mais uma vez lhe digo, para
estudioso e profissional do campo da psicologia esperava melhor compreensão do que
se diz e menos ataque pessoal.
Já agora, peço-lhe que tente deixar parágrafos entre nos comentários. Torna mais fácil a
leitura dos mesmos.
Elenáro
Ora aqui está uma máxima que deve merecer atenção por parte de todos aqueles que
estão, verdadeira e honestamente, interessados na temática do processo avaliativo, seja
este de professores ou de qualquer outra actividade profissional.
E digos mais: opinar é fácil, mas como como bem disse Bachelard, "a opinião pensa
mal". Já agora um problema com que me deparo sempre que tenho de avaliar e faço-o
com frequência enquanto professor e avaliador:como transformar qualidades em
quantidades?
Sobre a avaliação, para além de não conhecer, nem eu nem ninguém, qualquer modelo,
mas teorias e experiências falhadas, para além das empíricas e ad hoc, convinha que
alguém provasse os benefícios tão propalados de tal instrumento, mas não justificados
na prática (que os contradiz). Fico à espera.
Sobre o ponto 5, não tenho dúvidas de que tudo vai continuar na mesma, mesmo
sabendo-se que o simplex não é nada, para além da janela aberta do oportunismo para
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os oportunistas ou caçadores de MB e Exc., que nunca foram, nem serão.
E a concorrência que uma avaliação deste tipo (ou de outro) traz, dá origem à
colaboração? Não estou a entender. Expliquem-me.
Miguel Loureiro