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VITÓRIA DA CONQUISTA
2004
RENATA LOURENÇO DOS SANTOS
VITÓRIA DA CONQUISTA
2004
RENATA LOURENÇO DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
Bordenave
RESUMO
1.1 Fase de
implantação ..............................................................................13
1.2 Ajuda da
tecnologia ...............................................................................18
1.5 Festival de
concessões..........................................................................23
1.6 Tendências
atuais..................................................................................25
1.7 Conseqüências da
atualidade ...............................................................28
1.8 Novos
caminhos ....................................................................................30
INTRODUÇÃO
Este trabalho surge como meio de trazer, mais uma vez, a discussão dos
movimentos sociais e sua conflituosa relação com os meios de comunicação no Brasil.
É um meio que pretende mostrar o esforço e dedicação dos movimentos sociais na
busca pelos seus direitos e, principalmente, pela sua liberdade de expressão. No
presente trabalho essa liberdade começa a ser alcançada atravez do rádio, que
entendemos ser um grande meio de comunicação popular, de longo alcance e baixo
custo.
Na era da globalização, as tecnologias da mídia passaram por um processo
acelerado e constante de modificações que acabaram por alterar o próprio processo da
comunicação, principalmente a comunicação de massa. Dessa forma a comunicação,
que num processo histórico e político já se encontra sob poder e acesso de poucos,
reduz ainda mais o seu alcance, e o privilégio de atuar em seu cenário continua com os
mesmos donos de rádio, tv e jornal.
Parceira à presença dominante de grupos familiares e da vinculação com as
elites políticas locais e regionais, está a concentração da propriedade. São oligopólios
ou monopólios que ora comandam uma mesma área midiática, ora participam na
integração de etapas da cadeia de produção ou distribuição da comunicação, ou ainda
dominando várias tecnologias, reafirmando o controle da maioria do setor midiático por
poucos.
Além dessas questões de controle da mídia, existe o problema da exclusão
social. Aqui vamos tratar da exclusão dos movimentos sociais de luta pela terra. A
necessidade de uma reforma agrária é cada vez mais notável, em defesa das milhares
de famílias desfavorecidas com a exclusão no campo e na cidade. Tal exclusão provoca
o aparecimento de experiências conjuntas, que vão lutar pela terra, moradia e trabalho.
Grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, são exemplos
de organizações sociais que lutam pela reforma agrária no Brasil.
Mas estes movimentos não são reconhecidos dignamente pela mídia, e se
sentem ofendidos quando citados nos noticiários que, quase sempre, os representam
enquanto bagunceiros, radicais ou invasores.
É nesse ponto que o trabalho pretende se desenvolver. Criar espaços
democráticos de comunicação, que sejam geridos, formulados e comandados pelos
movimentos sociais. O trabalho deve ser uma alternativa viável de comunicação
popular/comunitária, que contemple uma grande maioria de cidadãos excluídos da zona
urbana e dos grandes pólos midiáticos.
Para isso o rádio foi escolhido como peça principal do projeto. Será através
de programas irradiados por rádios comunitárias locais, que a população rural dos
movimentos sociais de luta pela terra poderão ter acesso a informações sobre
agricultura, higiene, educação, segurança e também ao lazer.
Estando divido em três capítulos, no primeiro o trabalho fala exclusivamente
sobre o rádio no Brasil e sua evolução ate os nossos dias, fazendo uma análise da sua
forte relação com a tecnologia, a política e, conseqüentemente, com o poder. Chegando
aos efeitos dessas ligações para seu desenvolvimento atual. Neste momento
apontamos caminhos para o rádio, a fim de ser sempre mais democrático.
No segundo capítulo falaremos dos movimentos sociais, culminando nos
movimentos de luta pela terra. Será tratado suas origens, características e sua relação
com a grande mídia. Como a imprensa vê e mostra esses movimentos para seu
público, e como os movimentos se vêem nessa imprensa. Contrapondo a grande mídia
falamos sobre um viés da comunicação alternativa, a comunitária e suas formas de
atuação.
O terceiro capítulo é a junção do rádio com os movimentos sociais. É a
estruturação do programa de rádio. Nessa fase foi realizada uma pesquisa de campo
em assentamentos de movimentos sociais, para sabermos exatamente o que esse
público espera de um programa de rádio. Assuntos a serem tratados, estilos de música
ou a hora de transmissão foram questões importantes para a finalização do projeto, que
conta também com sugestões de quadros.
Além da pesquisa de campo utilizamos o conceito teórico de “rádio
informativo” defendido por Eduardo Meditisch, que afirma que tal conceito se refere a
“um jornalismo novo, qualitativamente diferente”.
Tal trabalho nos leva a crer que qualidade, democracia e jornalismo devem
andar juntos e devem ser para todos. Portanto queremos incluir os movimentos sociais
nos processo de comunicação, tornando cada cidadão dos assentamentos capazes de
produzir sua própria comunicação e ter seu direito de livre expressão garantido.
CAPÍTULO I
O RÁDIO NO BRASIL
1
Em 1927 22,1% dos brancos, 52,2% dos negros e 37,1% dos mulatos são analfabetos no Brasil, segundo
estatísticas do dr. Lobo da Silva. SITE www.unicamp.br
“O Governo da União procurará entender-se a propósito, com os
estados e municípios, de modo que, mesmo nas pequenas aglomerações, sejam
instalados rádios receptores, providos de alto-falantes, em condição de facilitar a
todos os brasileiros, sem distinção de sexo nem de idade, momentos de
educação política e social, informes úteis aos seus negócios e toda sorte de
notícias tendentes a entrelaçar os interesses diversos da nação... à radiotelefonia
está interessado o papel de interessar todos por tudo quanto se passa no Brasil”
Getúlio Vargas (ORTRIWANO, 1986)
1.3 Radiojornalismo
Foi a partir dessa época, 1940, que o radiojornalismo ganhou grande impulso.
Dois programas noticiosos travaram valorosa disputa pela audiência no rádio brasileiro
a partir dos anos quarenta: o Repórter Esso e O Grande Jornal Falado Tupi. O primeiro
estreou em 1941, na Rádio Nacional, permanecendo no ar durante 27 anos e
consagrando a voz de Heron Domingues. Com suas edições extraordinárias,
anunciadas ao som de clarins inquietantes, ditava um novo formato de se fazer notícias
em rádio. O Grande Jornal era comandado por Corifeu de Azevedo Marques e Armando
Bertoni na Rádio Tupi de São Paulo, que fazia parte do império de comunicações
montado por Assis Chateaubriand.
Foi um período fértil de construção de uma linguagem própria do instrumento
para a transmissão de notícias. Nos anos 50 a inovação ficou com a Rádio
Bandeirantes de São Paulo, que gerou uma programação diferenciada com noticiário
intensivo a cada 15 minutos e nas horas cheias. A idéia foi desenvolvida por Carlos
Pedregal, o “Professor Baskaram”, um argentino visionário que levou a Bandeirantes à
liderança de audiência em 1955. Era um esboço do formato seguido nos anos 90 pelas
principais emissoras do país: notícias 24 horas por dia.
A grande revolução no radiojornalismo no Brasil foi detonada com a chegada
do transistor, que começou a entrar no país de forma ilegal. O jornalista Silveira
Sampaio se referia àqueles aparelhos de recepção radiofônica como “o tijolo do
trabalhador”, e complementava: “o tijolo do trabalhador, que é o radinho de pilha, entrou
pelo contrabando. É a corrupção construtiva” 2.
Através do rádio, o cidadão começou a descobrir os seus direitos, desde o
valor do salário mínimo até a mais básica instrução de como escovar os dentes. Com a
nova tecnologia que apareceu no país no final dos anos 50, o rádio iniciou a sua
popularização que coincidiu com o processo de urbanização das grandes capitais do
Brasil. O rádio foi para as ruas, para a mão do trabalhador que carregava o seu radinho
de pilha, para o interior dos automóveis, numa nova dinâmica da difusão das
informações, com um maior número de fontes.
Já no final do decênio, em 1959, o rádio brasileiro estava em condições de
acelerar sua corrida para um radiojornalismo mais atuante, ao vivo, permitindo que
reportagens fossem transmitidas diretamente da rua e entrevistas realizadas fora dos
estúdios. Segundo Ortriwano “com os aperfeiçoamentos verificados na parte eletrônica
das estações móveis – carros com transmissores volantes – em muito se reduziu o
volume e o peso dos equipamentos técnicos, com sensível melhora, também, na
qualidade da transmissão” (1985: 22). As emissoras de maior porte passam a utilizar
cada vez mais acentuadamente as unidades móveis, agilizando a transmissão da
informação.
Também em 1959, a Rádio Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, lançou um tipo
de programa que depois seria adotado por todas emissoras do país: o serviço de
utilidade pública. Estes programas divulgavam notas de achados e perdidos,
meteorologia, condições das estradas, ofertas de emprego, entre outros. Essa inovação
deu mais dinâmica ao rádio, restabelecendo o diálogo dele com seus ouvintes.
Surgem então programas de troca de informações, como o “Show da Manhã”,
na Rádio Panamericana, de São Paulo, onde foi montada uma rede de dados, que iam
desde receitas culinárias a fontes de pesquisa para trabalhos escolares (ORTRIWANO,
1985). A mesma Panamericana criou, em 1967, uma equipe de jornalismo bem
2
SITE www.mre.gov.br
estruturada, que faz com que a imagem da própria emissora mude, de esportiva, para
jornalística e de prestação de serviços. A reportagem de rua é intensificada, e a
informação passa a estar presente no momento em que o fato acontece, a qualquer
hora do dia ou da noite.
Na década de 70 a tendência à especialização mostrou-se cada vez maior. As
emissoras passaram a identificar-se com determinadas faixas sócio-econômico-
culturais, procurando dirigir-se a elas e buscando sua linguagem nos próprios padrões
das classes que desejavam atingir. A potência das pequenas emissoras aumenta, bem
como a criação de novas rádios. O governo também mostra sua preocupação em
relação à expansão e ao conteúdo da radiodifusão sonora, criando, em 1976, a
Radiobrás – Empresa Brasileira de Radiodifusão.
O desenvolvimento do rádio brasileiro acompanha o processo de
desenvolvimento do próprio país. De maneira geral, há uma forte dependência aos
centros de desenvolvimento do sistema econômico vigente no país, uma vez que o
rádio – falando somente das emissoras comerciais – vive exclusivamente do
faturamento originado pela publicidade.
4
SITE www.redecbs.cidadeinternet.com.br
5
SITE www.transanet.com.br
Todo esse investimento na estruturação das rádios, visando a maior
exploração das potencialidades comerciais do meio, tratando a informação e produção
cultural como mera mercadoria, a dinâmica de concentração empresarial, a formação
de megacorporações comunicacionais, reforçando as radiofônicas, ou seu atrelamento
com o poder, servindo como moeda de barganha política, abre espaço para uma
reflexão crítica.
A tendência de formação de redes, divulgando os mesmos programas em
diversas regiões do país, põe em xeque a preservação das características culturais de
cada localidade receptora. As redes radiofônicas correm o risco de apresentar
programas, inclusive os jornalísticos, desvinculados da realidade local, perdendo com
isso a força da proximidade, da programação feita com base em hábitos e costumes
específicos, como o linguajar da própria região.
Em 2001 ocorreu uma mudança no artigo 222 da Constituição Federal,
permitindo a participação de capital estrangeiro e pessoas jurídicas com direito a voto,
em jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão. Dependendo ainda de uma lei
específica para definir esse ingresso de 30% de capital estrangeiro nas empresas
brasileiras, essa decisão já interfere na questão da nacionalidade dos futuros
programas exibidos nos meios que receberam tais investimentos.
Existe o medo de que aumente o número dos produtos “enlatados”, aqueles
produzidos no exterior, que normalmente mostram uma cultura, hábitos, tendências,
ideologias, muito diferenciadas das que os consumidores brasileiros estão
acostumados a ver e a conviver. É tanto que o artigo 221 da Constituição exige que a
produção e a programação dos meios de comunicação atendam, entre outros, o
principio de regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme
percentuais estabelecidos em lei. A atual proposta de regionalização prevê que todas as
emissoras, tanto de tv quanto de rádio, produzam 30% de material, o que representa
aproximadamente sete horas por dia de programação local.
A lei ajuda a preservar as características inerentes a cada cidade ou
comunidade que tenha sua emissora de rádio, sem submeter-se a escutar diariamente
programas onde só são entrevistados pessoas de São Paulo, onde sorteios de brindes
só são validos para os mesmos paulistas, ou onde os artistas presentes ao vivo nos
programas estão sempre distantes da comunidade ouvinte, como acontece em Vitória
da Conquista, no programa “A hora do Ronco” da rádio Transamérica, que é
retransmitido todo dia, às 6:00 da manhã. Esse programa é feito em São Paulo e entra
em cadeia para várias afiliadas da Rede Transamérica de Rádio distribuídas por todo
país.“A programação homogeneizada passa a ganhar espaço, a criatividade local não
tem como se manifestar e o mercado de trabalho fica cada vez mais restrito”
(ORTRIWANO, 1985: 34).
A regionalização cada vez maior do rádio, em termos de conteúdo, seria uma
das formas de impedir a destruição dos valores interioranos e rurais e sua
descaracterização cultural, priorizando sempre a programação local.
Existe ainda um outro elemento que reforça a não aceitação das rádios
comunitárias. As rádios convencionais têm receio da pulverização da audiência e a
conseqüente perda de anunciantes para seus programas.
7
SITE www.abert.org.br
Segundo o radialista Onildo Barbosa “aqui em Vitória da Conquista existem
mais de vinte rádios que se dizem comunitárias e na verdade são comerciais,
atrapalhando o comércio do rádio profissional (...) eles vendem comercial por até R$ 50,
quando são R$ 600” 8.
A prática tem mostrado que pequenas emissoras comunitárias tem
conseguido índices altos de audiência e de aceitação pelas comunidades locais.
Primeiro, porque desenvolvem uma programação sintonizada com os interesses,
culturas e problemáticas locais. Segundo, porque tem revelado grande capacidade de
inovar programas e linguagem, o que as diferenciam das FMs tradicionais. Terceiro,
porque acabam revelando um grande potencial de atrair os anunciantes locais, tanto
pelos preços mais baixos, quanto pela possibilidade de alta segmentação de mercado,
ou seja, atinge diretamente o público-alvo do anunciante local.
Contudo na nossa realidade existem emissoras de baixa potência de
diferentes tipos e com interesses divergentes, mas todas se intitulam comunitárias.
Essas rádios podem ser agrupadas de acordo com seus objetivos principais em:
1) Emissoras que se caracterizam como eminentemente comunitárias, uma
vez que as organizações comunitárias são responsáveis por todo processo
comunicativo, desde a programação até a gestão do veículo. Não tem fins lucrativos.
Vivem de apoio cultural, contribuição de sócios, doações e recursos arrecadados
mediante realização de festas etc, às vezes também veiculam anúncios comerciais e
prestam serviços de áudio a terceiros.
2) Aquelas que prestam algum serviço comunitário, mas estão sob o controle
de poucas pessoas, e em última instância servem como meio de vida para seus
idealizadores, os quais em geral também são seus donos. Ou seja, são de propriedade
privada de alguém, e sua finalidade maior é a venda de espaço publicitário.
3) Há também aquelas mais estritamente comerciais, com programação
similar a das emissoras convencionais, sem vínculos diretos com a comunidade local.
4) As emissoras de cunho político-eleitoral, ligadas a candidatos, a cargos
eletivos e seus respectivos partidos políticos. Essas se proliferam mais rapidamente em
8
Entrevista concedida no ano de 2003, na produção do documentário “Piratas do Ar”.
períodos pré-eleitorais, estando mais preocupadas em fazer “campanhas” políticas de
candidatos.
5) Além daquelas emissoras religiosas, vinculadas a setores das igrejas
Católicas e Evangélicas. São sustentadas por suas mantenedoras e/ou pela venda de
espaço publicitário. Entre elas algumas fazem programação estritamente religiosa e
outras incluem programas de caráter educativo, informativo e cultural, o que as
aproxima da comunitária.
Este projeto pretende fazer uma demonstração de programa radiojornalistico,
para rádio comunitária, trabalhando mais fortemente em seu conceito primordial, junto
de seus objetivos e intenções. É no primeiro grupo listado acima que se enquadra o tipo
de rádio defendido e idealizado aqui. Uma rádio que não pretende competir com as
emissoras convencionais, que quer oferecer às comunidades informações de cunho
cultural e educativo, trazendo aspectos inovadores quanto ao conteúdo de sua
programação e processo de gestão. Que tenham caráter público e como tal, contribuem
para democratização da comunicação e para ampliação da cidadania.
Mas segundo Peruzzo, trabalhar rádio comunitária não nos restringe ao fato
dela estar circunscrita a uma localidade e falar coisas desta. É necessário elencar
outras características para determinar esse tipo de emissora. (PERUZZO, 1998: 257)
a) Sem fins lucrativos: a rádio comunitária pode vender espaços para
anúncios e busca de patrocínios culturais, mas deve canalizar os recursos arrecadados
para custeio, manutenção ou reinvestimento, e não para o lucro particular.
b) Programação comunitária: ela desenvolve uma programação que tende a
ter um vínculo orgânico com a realidade local, tratando de seus problemas, suas
comemorações, suas necessidades, seus interesses e sua cultura.
c) Gestão Coletiva: ela possui um sistema de gestão que envolve a
participação direta da comunidade, por meio de órgãos deliberativos como conselhos e
a assembléia.
d) Interatividade: ela favorece a participação do público no microfone e até na
transmissão de programas próprios, por meio de suas entidades representativas. É
assim que se concretizam as mais completas formas de interatividade nos meios de
comunicação popular.
e) Valorização da cultura local: ela incentiva a produção e transmissão de
programas que valorizem as manifestações da cultura local.
f) Compromisso com a cidadania: ela se compromete com a educação para a
cidadania no conjunto da programação e não apenas em algumas atividades isoladas.
g) Democratização da comunicação: ela democratiza o poder de comunicar,
proporcionando treinamento a pessoas próprias da comunidade, a fim de que adquiram
os necessários conhecimentos para produzir programas e falas ao microfone, por
exemplo.
As rádios comunitárias caracterizam-se por estarem organizadas a partir da
prática da comunicação comunitária popular alternativa, que Peruzzo define como
sendo aquela que abrange o universo dos movimentos sociais assim como o cotidiano
das pessoas da comunidade que estão inseridas. Acredita-se, portanto, que essa
comunicação contribui para uma mudança efetiva na comunicação oficial e dominante
e, com efeito, no conjunto da sociedade. É feito por pessoas que têm parte ou não nos
movimentos sociais organizados, com um projeto pedagógico libertador, partindo do
cotidiano das pessoas, contribuindo dessa forma para que elas reflitam sobre a sua
realidade através da comunicação feita por e com elas mesmas.
Ainda sobre as características de uma rádio comunitária e a importância
dessas características para o desenvolvimento cultural, participação e organização de
uma comunidade recorre-se a Associação Mundial das Rádios Comunitárias – AMARC
– que afirma:
9
SITE www.amarc.com
O trabalho que aqui apresentamos, vai estruturar o projeto de um programa
de rádio, com as características das rádios livres comunitárias, dentro dos
acampamentos de movimentos sociais.
Assim como a grande maioria da população brasileira, os movimentos sociais
não se vêm representados nos meios de comunicação de massa, não podendo
expressar suas opiniões, pensamentos e até se defender dos constantes ataques feitos
pela grande mídia. A idéia é de que se produza e transmita programas de rádio com
notícias da comunidade, de outros movimentos afins, informações de cunho educativo,
tentando resguardar o direito a informação e de liberdade de expressão que todo e
qualquer cidadão brasileiro tem.
CAPÍTULO II
Movimentos Sociais, Mídia e Comunicação Popular
A prática dos movimentos sociais no campo e a luta pela terra pode ser
historicamente explicada a partir da chegada dos colonizadores portugueses. Naquela
época (séculos XVI e XVII) os povos indígenas de norte a sul – Poriraguares, Tamoios e
Guaranis – lutaram contra a invasão de seus territórios e contra a escravidão.
Outros fatores também marcaram essas lutas como a luta dos Quilombos, no
final do século XVI, sendo o Quilombo do Palmares a maior representatividade do
movimento. As lutas Messiânicas, que eram lutas de lideranças religiosas entre elas
estão Canudos na Bahia (1870-1897), liderada por Antonio Conselheiro; Contestado em
Santa Catarina (1912-1916), liderada pelo Monge Jose Maria; bem como o movimento
de Padre Cícero, no Ceara (1930-1934). As revoltas populares na década de 40e 50
com a luta de posseiros de Teófilo Otoni, Minas Gerais (1945-1948). A realização da I
Conferência Nacional dos Trabalhadores Agrícolas (1953), com a luta de posseiros de
Paracatu (Paraná). Surgimento da União dos Lavradores e Trabalhadores agrícolas do
Brasil, ULTAB, com mais de 300 representantes em São Paulo e outros no Paraná e no
Rio de Janeiro. A formação da Ligas Camponesas (1954), nascidas das lutas de
engenho em Pernambuco. O surgimento do MASTER, Movimento dos Agricultores Sem
Terra, em 1961, formado por assalariados, pequenos proprietários e seus filhos, que
vinham somar as Ligas Camponesas e a ULTAB. Com a ULTAB e Máster a luta pela
terra ganhou o apoio dos sindicatos urbanos, assumindo uma nova dimensão política e
exercendo pressão sobre o governo de João Goulart que reconheceu em 1962 a
organização dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais.
As manifestações foram acontecendo gradualmente e sempre com maior
apoio popular e de entidades, mas no período do Regime Militar as reivindicações
encontraram algumas dificuldades. Durante o regime quaisquer manifestações em favor
da Reforma Agrária ou tentativas de organização dos trabalhadores rurais eram, de
imediato, identificadas com a subversão. Assim grandes empresas madeireiras,
pecuaristas e grandes projetos agro florestais puderam livremente se apoderar de terras
e explorar o trabalho agrícola sem temer punições.
Ao contrário do ocorrido no período nacional-desenvolvimentista, durante os
governos de Juscelino Kubitschek e João Goulart, quando a questão agrária era
prioridade econômica e social do governo, a agricultura foi agora, relegada a segundo
plano e o interesse do governo volta-se, em relação ao campo, quase que
exclusivamente para a chamada segurança nacional.
Seguindo a orientação dos estudos realizados na Escola Superior de Guerra,
a ESG, no Rio de Janeiro, propunha-se a consideração da paz social como premissa do
desenvolvimento. Queria-se diminuir as desigualdades regionais e, em cada região,
estreitar as profundas diferenças sociais.
Assim, a preocupação maior do novo regime não era nem econômica, nem
social. Do ponto de vista econômico considerava-se a entrada de capitais estrangeiros
e a modernização forçada do campo, como resposta adequada às questões referentes
ao estrangulamento do processo de desenvolvimento. Do ponto de vista social
articulava-se poderosa repressão às representações populares com uma conspiração
internacional do comunismo. Dessa forma a preocupação central do regime militar com
o campo originava-se na busca da segurança e consolidação do novo modelo
econômico.
Para Delfim Neto (NETO apud LINHARES, 1999:184), por exemplo, a chave
do processo de desenvolvimento residiria numa melhoria técnica da produtividade do
setor agrícola, o que, a um só tempo, liberaria mão-de-obra e elevaria os rendimentos
dos que ficassem no campo, aumentando o volume da produção inclusive para as
cidades. Propunha-se assim, uma abordagem técnica da questão agrária e sua
despolitização, claramente explicíta na teoria do bolo (LINHARES, 1999:184), ou seja,
primeiro era necessário fazer o bolo (a riqueza nacional) crescer, para então dividí-lo.
Logo em 1964, o primeiro general-presidente, Humberto Castelo Branco
procurou atender às pressões que advinham do campo (principalmente para evitar os
conflitos agrários) e superar o estrangulamento do crescimento industrial provocado
pelas crises de abastecimento (o que era também importante para sua política de
contenção e salários, chamada, então, de arrocho salarial).
As principais ações dos Governos Militares visavam colocar à disposição dos
grandes produtores rurais dinheiro fácil e barato, através de mecanismos bancários e
financeiros voltados para a agricultura. Iria atender, dessa forma, à demanda por uma
por uma agricultura mais eficiente. Era a resposta técnica à questão agrária, como a
visão conservadora pretendia.
Tratava-se de passar de um padrão agrário, montado sobre a exploração do
trabalhador e o sufocamento do minifúndio pelo latifúndio, para um padrão baseado no
acesso a financiamentos e insumos, o que certamente beneficiava a conjugação dos
interesses financeiros do grande capital multinacional (química, para adubos e
corretores de solo; máquinas e equipamentos, para instrumentos e implementos
agrícolas).
Em 30 de novembro de 1964, surgia o Estatuto da Terra, criado pelo Decreto
4.504, que foi o reconhecimento pela ditadura da questão agrária no país, o
reconhecimento de um longo processo de lutas sociais e políticas. Entretanto, a
interpretação e prática do Estatuto da Terra possibilitou que o processo de resolução da
questão agrária, tal qual se imaginava naquele momento, fosse montado sobre a idéia
chave de modernização do latifúndio. Tal associação entre propriedade da terra, bancos
e grande capital abria caminho para a industrialização do campo e a indiferenciação
campo/cidade.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, INCRA, começou no
ano de 1970, desenvolvendo planos e políticas específicas para o setor. Dentre suas
ações devemos destacar o primeiro cadastro de imóveis rurais, base para uma análise
mais profunda da questão agrária no país. Tal ausência do registro mostrava a força
dos senhores de terra que, temerosos na possibilidade de controle ou de distribuição de
seus bens, inviabilizavam qualquer trabalho nesse sentido.
O governo Sarney, logo em sua primeira fase, estabeleceu o Plano Nacional
de Reforma Agrária, PNRA. Foi criado o Ministério da Reforma e Desenvolvimento
Agrário, com especialistas e políticos voltados para a questão. Previa-se que pelo
menos 1 milhão e 500 mil famílias (de um total de 4 milhões e 500 mil sem-terra, num
conjunto de doze milhões de trabalhadores rurais expropriados) deveriam ser
assentados, dispondo-se de uma área de 130 milhões de hectares. Mas essas
medidas não se efetivaram como planejadas, e segundo Linhares, “após inúmeras
desapropriações inúteis e avaliações erradas o plano estancou. Menos de setenta mil
famílias chegaram a ser assentadas” (1999:196).
A paralisia do processo gerou, por sua vez, a explosão da violência. A melhor
organização dos trabalhadores rurais, agora assessorados por advogados, permitiu que
se exigisse de pecuaristas e madeireiras, na Justiça, a apresentação dos títulos que
dariam direito à expropriação dos posseiros.
Agora o que iria manter a legitimidade não era mais a força e sim a
legalidade. A resposta veio rápida: por todo país, no Maranhão, Rondônia, Acre, Rio de
Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, jagunços assassinavam lideres sindicais
advogados e padres envolvidos na defesa dos sem-terra.
A explosão de violência no campo, ao lado da paralisia do governo federal
(tanto em promover a reforma agrária quanto em punir os crimes de fazendeiros e
jagunços), levou os sem-terra a se organizar. Reunidos no MST – Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra, e com o apoio de sindicatos e da Igreja Católica,
iniciaram um amplo movimento de invasões de terras improdutivas, quer do Estado,
quer de particulares.
A partir da década de 80 podemos observar a concentração dos movimentos
populares de luta pela terra acelerando os processos de discussões agrárias no país.
Processos estes, estagnados desde o Golpe Militar de 64. Trata-se de práticas coletivas
desenvolvidas por classes de grupos que experimentavam a discriminação social e
sofriam com conseqüências de medidas governamentais que desfavoreciam os
trabalhadores rurais. Esses grupos, buscando alternativas de sobrevivência no campo
passaram a defender e buscar transformações sócio políticas passando pela estrutura
agrária. Dessa forma e com esses ideais, se organizaram, contando sempre com apoio
e ajuda de partidos de esquerda (PT, PCdoB, PCB) e Igreja Católica (representadas
pelas Comunidades de Base). Ao buscar essas transformações os movimentos
sofreram resistência por parte das estruturas políticas mantenedoras do Estado,
reconhecidas pelas classes dominantes (representadas quase sempre por partidos de
direita, latifundiários, empresários e industriários etc.). O MST, por exemplo, passou a
defender uma linha de pensamento de vida em comunidade de forma coletiva, sem
designações de propriedades e isto entrou em choque com as classes dominantes do
modelo capitalista, que estimula a competição entre os cidadãos e a propriedade
privada.
As lutas sociais no campo, apresentam como causa imediata à situação de
empobrecimento dos trabalhadores. A organização dos agricultores se deu em torno de
quatro tipos de lutas, agrupadas por Berger assim (1996)
10
site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, www.mst.org.br
controle do poder político, concentrado, baseado nos esquemas oligárquicos locais e
regionais.
A grande imprensa raramente tratou com isenção e com respeito
democrático os movimentos surgidos no meio do povo, no seio das classes
trabalhadoras, subalternas e “perigosas”.
Raramente a mídia registra a contribuição dos movimentos de luta pela terra,
para organizar uma população desamparada e sem perspectivas; raramente credita a
eles o mérito de acelerar o processo de reforma agrária e tentar consolidar no campo
um caminho de ocupação produtiva, de produção de alimentos, distribuição da renda e
de melhoria da qualidade de vida; raramente verifica as obras concretas nos
assentamentos, as escolas e as cooperativas em funcionamento, e, o mais importante,
raramente mostra as pessoas vivendo com auto-estima e com dignidade.
Por isso, uma das lutas dos movimentos sociais é pela democratização dos
meios de comunicação de massas, em especial as emissoras de rádio e TV, que
funcionam como concessão pública. Reorganizando o sistema de comunicação, de
forma a garantir o acesso a todos os setores da sociedade, sem discriminação e sem
exclusão. Construir e consolidar veículos de comunicação que expressem as propostas
políticas e culturais dos movimentos sociais. Democratização que vai possibilitar a
abertura de espaços onde a troca de informações e notícias seja livre, sem restrições
ou exclusões.
Eles lutam por um sistema que contemple, na comunicação de massa, a
participação e a opinião dos setores mais discriminados social e economicamente. Em
parcerias com instituições que também defendem a democratização da comunicação,
os movimentos tentam chamar atenção da sociedade para a forma preconceituosa e
distorcida com que os principais veículos comerciais os tratam.
À medida que em os movimentos sociais se articulam junto aos meios de
comunicação municipais comunitários, criam redes de formação de cidadãos que vão
ser muito eficazes, para fazer com que essas vozes dispersas comecem a tomar corpo
no espaço regional e, até mesmo, no espaço nacional.
2.4 A comunicação comunitária
O programa deve representar aquele espaço onde todos terão voz, sem se
limitarem a políticas editoriais imperativas, onde todos podem questionar os
mecanismos políticos que os cercam. Que será concretizado dentro de um estúdio de
rádio que produza programas democráticos, livres, com a intenção de enriquecer todos
os ouvintes com informação de qualidade, sem interferência política e, principalmente,
com liberdade de expressão.
O programa servirá, ainda, de ponte entre a coordenação do movimento e os
assentados, entre os próprios assentados, entre a comunidade e os assentados e entre
os assentamentos e a realidade de outros movimentos de luta pela terra.
Outro fator positivo nessa comunicação é o contato entre os assentados de
dois ou mais movimentos, que nem sempre podem manter contato direto. Daí,
coordenador da regional sudoeste do MST, cuja sede é em Vitória da Conquista, diz
haver várias pessoas da mesma família em assentamentos diferentes, e que eles quase
nunca sabem notícias de seus familiares, então o programa seria a ponte mais
acessível para eles se comunicarem.
As coordenações do MST e MTD, de Vitória da Conquista sentem algumas
dificuldades com relação, por exemplo, às reuniões e assembléias, que nem sempre é
possível avisar a todos os a assentados. Com um sistema de comunicação interno e
periódico esse repasse de informações da coordenação para a base facilitaria.
O programa será semanal indo ao ar toda quinta-feira, por ser um dia no meio
da semana, podendo informar o que aconteceu nos dias anteriores e adiantar os
eventos que ocorrerão no final dela. O tempo de duração é de 60 minutos, tempo que
foi contemplado pelos dois movimentos entrevistados. O horário que ele vai ao ar é das
5:30 às 6:3 0 da manhã, “...exatamente quando os trabalhadores estão se arrumando,
preparando a farofa, para ir pro campo” afirmou Daí, MST.
Para a locução não fica determinado se será feita por uma voz feminina ou
masculina, essa definição se fará de acordo com as possibilidades e disponibilidade de
locutores.
Esta proposta de programa de rádio será concretizada atravez de parceria
com as rádios comunitárias locais e Universidades que possuam estúdio de rádio, como
é o caso da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, campus de Vitória da
Conquista. Os estúdios serão utilizados para edição de matérias e edição de
entrevistas. Como o programa é semanal e dura 60 minutos o trabalho de edição não é
demorado o que torna viável o uso dos estúdios de rádio das Universidades, lembrando
que tais Instituições já tem feito experiências dessa natureza em outros Estados e tem
dado certo. O próprio MST, por exemplo, faz parceria com a Universidade Católica de
Santos (Unisantos), em São Paulo e com o Departamento de Jornalismo da Faculdade
da Comunicação e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), buscamos
sempre o envolvimento de estudantes universitários e recém-formados na produção e
distribuição de programas de rádio, Vozes da Terra, para alguns assentamentos. Ou
ainda a RALACOCO, que é Rádio Laboratório de Comunicação Comunitária na UNB,
Universidade de Brasília, faz parte das atividades laboratoriais do curso de jornalismo e
começou com uma rádio comunitária.
Já as rádios comunitárias se tornam parceiras enquanto transmissoras dos
programas. Considerando os assentamentos locais onde a terra já é posse das famílias
e, logo começam a produzir, o comércio passa a ser presente nas localidades.
Geralmente com pequena estrutura, mas com o básico para atender a comunidade e
ajudar na arrecadação de fundos para o apoio cultural das rádios comunitárias. Com
esse apoio será possível a reserva de um espaço na grade de programação da rádio.
Outra forma de patrocinar o programa é a verba dos próprios movimentos para
execução de projetos que venham a melhorar o convívio da comunidade.
Dos 60 minutos de programa, 15 serão para músicas, os assentados
entrevistados dizem gostar muito dessa parte musical nos programas. Os outros 45
minutos estarão divididos em 3 blocos. Neles entrarão os quadros abaixo:
Um dedo de prosa: quadro de entrevista com pessoas da coordenação de
movimentos, sindicatos, representantes do governo, nomes de representação para o
trabalhador rural. Essas entrevistas devem durar em torno de 10 minutos, tempo
suficiente para esclarecer duvidas dos assentados. Como o programa prevê a
participação ativa dos mesmos, os nomes dos entrevistados podem partir de indicações
internas dos assentados, de acordo com sua necessidade atual. As entrevistas poderão
ser ao vivo ou gravadas previamente.
Dicas do campo: nesse quadro engenheiros agrônomos ou técnicos rurais
falam como melhor utilizar o solo e os recursos naturais, afim de que o produtor tenha
mais rendimento. Dicas como uso da água, melhor tipo de cultura para aquele solo,
formas de aumentar o numero da produção e, conseqüente, renda financeira, serão
constantemente tratados nesse quadro. Ele terá aproximadamente 8 minutos de
duração.
Remédio caseiro: espaço onde as informações sobre higiene pessoal,
cuidado com saneamento, saúde família, conservação de alimentos, serão tratados.
Como o próprio nome diz, será uma serie de informações fáceis de serem realizadas e
de resultados garantidos, bem como os remédios caseiros, tão conhecidos das
populações rurais. Mas é claro que o quadro não será leviano a ponto de indicar
resoluções para problemas graves, onde só um especialista poderá resolver. Fazendo,
inclusive, parte do programa o conselho de procurar sempre orientações médicas.
Recados: esta é a hora que os assentados podem mandar notícias,
saudações e até músicas, é o momento da comunicação inter pessoal. Segundo os
coordenadores dos movimentos entrevistados, essa é uma das horas que mais agrada
os moradores dos assentamentos. Se sentir realmente representado no meio de
comunicação e ter a possibilidade de construí-lo, é muito importante e satisfatório para
a população. Este quadro virá no final de cada bloco após o quadro de destaque e
antes das musicas.
Chora viola: é o quadro musical, com seleções feitas pelos próprios
assentados que já mostraram interesse pela música sertaneja e pela música que fale
do campo, segundo eles, às poucas vezes que escutam músicas de rádios comerciais é
por falta de opção. Será também um espaço onde os artistas da comunidade poderão
divulgar seus trabalhos.
BF FUNDO
LOCUTOR(A) HOJE VOCES VAO APRENDER //
COMO CULTIVAR MELHOR SUA ROÇA E
AUMENTAR A PRODUÇAO DE
MANDIOCA.
LOCUTOR(A) BOM AMIGOS DO CAMPO, HOJE NOSSA
BG FUNDO PLANTAÇAO É UMA RAIZES MUITO
FORTE E QUE PODE GERAR MUITA
RENDA PARA NÓS APRODUTORES, É A
MANDIOCA, AIPIM E ATE MACAXEIRA.
EM GERAL, QUALQUER TIPO DE SOLO
BOM, PODE PLANTAR MANDIOCA QUE
DA UMA BOA COLHEITA.
MAS TEMOS QUE TER CUIDADO COM A
EPOCA, PORQUE A MANDIOCA NÃO
GOSTA DE FRIO E PODE ACABAR
PERDENDO A PLANTAÇAO...(SEGUE O
TEXTO COM MAIS INFORMAÇOES)
VINHETA “RECADOS”
LOCUTOR(A) AGORA SÃO............HORAS
BG FUNDO E TA NA HORA DOS RECADOS//
O PRIMEIRO É DE MARCOS DA ..............
PARA SEU IRMAO PAULO DE ...............
OLHA PAULO, MARCOS AVISA QUE
SUA FILHA JÁ NASCEU E SE CHAMA
MARIA//
E QUE OS OUTROS MENINOS ESTAO
BEM//
Á NAZARE LIGOU DE SÃO PAULO E
AVISOU QUE FEZ BOA VIAGEM, QUE
SEUS PAIS, JOSE E RITA
NÃO PRECISAM SE PREOCUPAR//
ELA VAI LIGAR NO PROXIMO SABADO//
4 HORAS DA TARDE//
BG FUNDO NA VENDA DE SEU ZE//
VINHETA “RECADOS”
LOCUTOR(A) SE VOCE QUER MANDAR NOTICIAS
PARA ALGUEM É SO FALAR COM O
REPRESENTANTE DO PROGRAMA EM
SEU ASSENTAMENTO
DEPOIS TEM MAIS RECADOS
VAMOS AGORA ESCUTAR UMA
MUSICA//
QUE FOI UM PEDIDO DE JOANA
DO..........//
BOM DIA PRA VOCE JOANA EFIQUE
COM A MUSICA//
ENTRA MUSICA AGORA SÃO..........HORAS//
VINHETA PROGRAMA
LOCUTOR(A) BOM PESSOAL DEPOIS DESSA MUSICA
BONITA VAMOS PROSEAR UM POUCO
COM O DIRETOR DO SINDICATO DOS
TRABALHADORES RURAIS, JOA SILVA.
O DIA TA CLAREANDO E SÃO....HORAS.
VINHETA “UM DEDO DE PROSA”
ENTRA MUSICA
GENTE AGORA SÃO....HORAS E TEMOS
LOCUTOR(A) AQUI OUTROS RECADOS
DESSA VEZ E A COORDENAÇAO DO
MOVIMENTO QUE AVISA AOS CHEFES
DE SETORES QUE DOMINGO AS 10
HORAS DA MANHA VAI TER UMA
REUNIAO NA SEDE, ATENÇAO É
DOMINGO AS 10 DA MANHA E TODOS
DEVEM PARTICIPAR.
VIGIL, Jose Ignácio Lopez. O que é uma rádio comunitária? 1997, disponível
em <http://www.amarc.org/amarc/esp/>
SCHERER- Warren, Ilse. Redes de movimentos sociais. São Paulo, Ed. Loyola,
1993.
Sites:
www.transanet.com.br (Radio Transamérica)
www.mre.gov.br (Ministério das Relações Exteriores)
www.radiobras.gov.br
www.abert.org.br (Associação Brasileira de Emissão de Radio e Televisão)
www.redecbs.cidadeinternet.com.br (Rede CBS de Radio e Televisão)
www.amarc.com (Associação Mundial de Rádios Comunitárias)
www.mst.org.br (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
www.unicamp.br (Universidade de Campinas)
Bibliografia Consultada
CALABRE, Lia. A era do rádio. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Zahar, 2000.
Sites:
www.anatel.gov.br (Agencia Nacional de Telecomunicações)
www.intervozes.org.br (Coletivo Brasil de Comunicação)
www.obore.org.br (Projetos especiais Obore)
www.radiomuda.hpg.ig.com.br
www.mc.gov.br (Ministério das Comunicações)
www.rbc.org.br (Rede Brasil de Comunicação Cidadã)
ANEXO
1.Durante quanto tempo por dia você escuta rádio? Qual o horário mais escutado?