Você está na página 1de 7

Quando ocorre a migração para uma nova plataforma de inteligência corporativa (BI, na sigla

em inglês) devem-se manter no médio prazo tempo e recursos suficientes para que o antigo e o
novo sistema funcionem juntos.

Dessa maneira, os líderes de BI poderão gerenciar com cuidado uma migração que reduzirá
custos no longo prazo e aumentará o valor para usuários.

Considerações básicas

– Uma migração muito rápida confundirá usuários, que nem sempre se adaptam rapidamente às
mudanças, e um sistema instável pode implicar perda de relatórios e de análises importantes.

– O passo essencial para uma migração de plataforma de BI é a análise de todos os relatórios


disponíveis e de como eles são utilizados.

– A maioria das migrações envolverá a transferência de relatórios na íntegra para a nova


plataforma, consolidando e aprimorando relatórios a partir das novas adicionadas.

– Os testes seguintes à migração para verificar se os relatórios funcionam como deveriam


exige tanta dedicação como o teste de uma nova aplicação.

Recomendações

– Trate uma migração de plataforma como uma grande implementação de software. Reúna recursos
e conquiste o apoio dos executivos antes de dar início ao projeto.

– Não transfira relatórios em enormes quantidades de um sistema para o outro na tentativa de


acelerar a migração, porque manter relatórios inutilizados ou desnecessários vai aumentar os
gastos no longo prazo.

– Confira com clientes quais os potenciais desafios e custos da migração.

– Programe cada passo da migração. Normalmente, os relatórios de mudança virão primeiro, os


de consolidação em segundo e, em seguida, os de aprimoramento.

Análise

Desde 2007, o Gartner preencheu no mínimo 220 pesquisas de clientes a respeito de migrações e
atualizações de plataformas de BI. Os clientes que planejam migrar para uma nova plataforma
de BI ou fazer um grande upgrade frequentemente perguntam se devem rapidamente fazer a
mudança para o novo sistema ou se é preferível manter os dois sistemas funcionando juntos por
um período. A primeira opção é tentadora porque é mais rápida e promete custos menores – a
empresa de TI não teria que arcar com as despesas de duas plataformas ao mesmo tempo.
Entretanto, aconselhamos clientes a rodar os sistemas em paralelo para que o novo sistema
possa se estabilizar e a organização de TI possa transferir os relatórios com cuidado. (Este
conselho não serve para upgrades pequenos). Uma rápida migração confundirá usuários, que nem
sempre conseguem adaptar-se rapidamente às mudanças, e um sistema instável pode implicar
perda de relatórios e análises importantes. Com a abordagem em paralelo, os usuários têm
tempo suficiente para se acostumar com o novo sistema. A flexibilidade, as mudanças graduais,
os menores riscos e os menores custos no longo prazo compensam os custos mais altos no curto
prazo da abordagem em paralelo. Os líderes de BI terão sucesso mais facilmente com a
abordagem em paralelo se respeitarem essas etapas básicas:

– Analisar relatórios disponíveis

– Optar por uma migração de longo prazo

– Verificar referências

– Selecionar os relatórios relevantes

–Elaborar um cronograma, minimizando confusões e aumentando a eficácia da migração.

Analise relatórios já disponíveis antes da migração

Líderes de BI optarão por migrações e grandes upgrades para oferecer melhores informações aos
usuários (algumas vezes, as empresas precisam abandonar uma plataforma sem suporte).
Entretanto, líderes de BI devem antes de tudo analisar quais os relatórios disponíveis e como
eles são utilizados – um passo fundamental para a migração ou upgrade de plataformas. Essa
análise deve incluir dados como quando o relatório foi modificado pela última vez, a
frequência com que ele é atualizado e quantas vezes as pessoas efetivamente o consultam. Além
disso e mais importante, a análise deve investigar as necessidades e os hábitos dos usuários.
Ela não deve apenas perguntar aos usuários se eles utilizam um relatório específico, porque
eles tendem a dizer que sim mesmo para os relatórios que mal leem. Os usuários têm medo de
não possuir informação suficiente em circunstâncias imprevistas. Por isso, para uma análise
eficaz é necessário perguntar aos usuários:

– Com que frequência você consulta o relatório?

– Quando foi a última vez que você consultou o relatório?

– Quais informações do relatório são úteis para você?

– A informação é atualizada, relevante, precisa e consistente? Você sabe utilizá-a


adequadamente?

– Em quais tarefas e decisões o relatório já o auxiliou? Qual o valor da decisão baseada no


relatório, tanto para você quanto para a companhia?

– Você poderia obter essa informação de outra forma?


– Em que ponto o relatório deixa a desejar?

A análise do uso dos relatórios ajudará a identificar quando é necessária a migração para uma
nova plataforma de BI ou apenas um upgrade do sistema.

Crie um case hipotético e considere uma migração a longo prazo

O case corporativo precisa descrever as razões para uma migração de longo prazo e os recursos
que ela vai exigir. Isso deve destacar os benefícios de transferir relatórios para uma nova
plataforma, eliminar relatórios desnecessários e melhorar a qualidade dos relatórios
utilizando as novas ferramentas da plataforma. As exigências de recursos incluem:

– Ter duas instalações de hardware (rodar duas plataformas de BI no mesmo servidor seria
extremamente complicado), de rede e de recursos de armazenamento.

– A equipe de projeto pode precisar reavaliar metadados para desenvolver novos tipos de
relatórios.

– Usuários podem precisar rodar dois clientes de BI simultaneamente por um tempo.

A migração a longo prazo perderá apoio se usuários não souberem exatamente como será o
processo. Eles não vão entender as razões para uma abordagem em paralelo e vão querer novas
ferramentas imediatamente. Consequentemente, surgirão os problemas de uma migração
extremamente rápida e haverá mais insatisfação.

Quando o case hipotético for aprovado, a equipe de projeto precisa reunir recursos e elaborar
um cronograma. O plano deve refletir a intensidade do esforço necessário para migrar a uma
nova plataforma de BI. Projetistas devem identificar as dependências, os desafios, as etapas,
as datas e os patrocinadores/apoiadores. O cronograma deve incluir tempo suficiente para
atividades típicas de uma grande implementação de software:

– Reunião de recursos

– Design do sistema

– Validação dos conceitos

– Desenvolvimento e adaptação

– Teste de qualidade

– Teste de usabilidade
– Projeto piloto

– Implantação por etapasVerifique referências para identificar possíveis desafios de migração


e custos

Quando líderes de BI avaliam fornecedores, devem pedir referências, porque cada plataforma de
BI apresenta desafios específicos durante uma ampla migração ou atualização. As perguntas a
respeito dessas referências podem ser:

Conversão e testes:

– Quanto tempo e esforço são necessários para migrar e testar a camada semântica?

– Quanto tempo e esforço são necessários para aprimorar e testar um relatório básico já
disponível?

– Quanto tempo e esforço são necessários para converter e testar um relatório aprimorado?

– Quais tipos de relatórios foram mais difíceis e demoraram mais tempo para serem
convertidos?

– Quanto houve de consolidação de relatórios?

– As ferramentas de conversão estavam disponíveis? Quanto elas foram eficazes para os


relatórios e para a camada semântica? Quantos dos relatórios disponíveis foram convertidos?
Quão precisa foi a conversão?

– No caso de um upgrade, seria possível rodar conteúdo criado na versão anterior na nova
versão?

Exigências:

– Qual o treinamento necessário para desenvolvedores e usuários?

– Quais módulos de treinamento estavam disponíveis para desenvolvedores e usuários?

– Quais as exigências de hardware da nova plataforma de BI? A nova plataforma exige mais ou
menos recursos do que a anterior para realizar as mesmas tarefas?

– Quais papéis foram necessários para o gerenciamento da migração? Administrador de base de


dados? Desenvolvedor? Gerente de projetos? Arquiteto? Redator?
Experiência de projeto:

– Houve falhas ou problemas de estabilidade com a nova plataforma?

– No caso de uma atualização, seria possível rodar as duas versões (anterior e atual)
simultaneamente? No mesmo hardware?

– Foi necessário modificar questionários ou bases de dados?

– Qual o suporte oferecido pelo fornecedor? Qual a qualidade desse suporte?

– Quais as mudanças administrativas foram mais difíceis de aprender e implementar?

Resultados:

– A atualização gerou um novo valor ao negócio ou reduziu o custo total de propriedade?

– Houve o retorno esperado do investimento?

– Quais novas ferramentas foram mais úteis aos usuários e aumentaram ao máximo a
produtividade de desenvolvedores?

Decida o que fazer com os relatórios

As respostas das pesquisas, as informações da análise e as verificações de referências


permitirão que os relatórios sejam separados em três categorías:

– Relatórios que devem ser transferidos na íntegra para a nova plataforma.

– Relatórios que podem ser simplificados, consolidados ou descontinuados.

– Relatórios que podem ser aprimorados para atender às necessidades dos usuários.

Transferência: simplesmente transferir um relatório da plataforma antiga para a nova é


rápido, já que implica menos interação com o usuário. Isso tende a funcionar bem em ambientes
pequenos. Não faz sentido investir no aprimoramento de relatórios considerados satisfatórios,
usados frequentemente e que atendem às necessidades dos usuários. A equipe de projeto pode
mover esses relatórios básicos para a nova plataforma se ela der suporte a versões antigas.
Decidir quando vale a pena refazer um relatório, usar ferramentas ou alguma combinação
dependerá da versão da plataforma e das características do relatório. Essas questões podem
ser esclarecidas com referências de clientes. Porém, líderes de BI não devem usar essa
abordagem indiscriminadamente como um atalho para acelerar a migração, porque manter
relatórios desnecessários ou redundantes aumentará os gastos no longo prazo. Inclusive, a
companhia não se beneficiaria de nenhuma das ferramentas da nova plataforma.

Simplificação/Consolidação/Eliminação: a migração dá aos líderes de BI a oportunidade de se


livrar de relatórios desnecessários. É possível eliminar relatórios acessados raramente, que
não foram usados no ano passado, que não se referem a temas relevantes e que são
absolutamente redundantes. Em alguns casos, as pessoas podem utilizar apenas alguma
informação de relatórios longos, que quase já perderam o sentido. Em vez disso, vale a pena
criar com a nova plataforma um relatório simplificado, reunindo as características mais
relevantes de cada um de diversos relatórios. Com a nova plataforma, será possível tirar
proveito de funções como parametrização. Eliminar, simplificar, e consolidar relatórios reduz
gastos de manutenção e pode facilitar para os usuários encontrar a informação de que
necessitam. Entretanto, essa abordagem exige interações demoradas e constantes com usuários
para atingir os objetivos.

Aperfeiçoamento: Líderes de BI não devem limitar a nova plataforma às capacidades do antigo


sistema, o que é um dos riscos de uma migração rápida. Em vez disso, deve-se balancear as
diferenças entre as plataformas. As funções adicionadas à nova plataforma precisam atender às
necessidades dos usuários que identificaram deficiências no antigo sistema durante as
análises. Por exemplo, a planilha pode consolidar diversos relatórios, além de facilitar o
acesso às informações. Funções como a possibilidade de buscas permitem que os usuários
elaborem seus próprios relatórios sem a ajuda da organização de TI. A migração de plataforma
de BI também cria a oportunidade para um novo paradigma de relatórios entre relatórios
estáticos e feitos a partir de pesquisas. A organização de TI pode entregar um menor número
de relatórios interativos que fornecem várias permutações. Em poucos casos, a nova plataforma
pode não ter algumas das funções do sistema antigo. Os líderes devem ensinar os usuários as
diferenças entre as plataformas e oferecer estratégias de trabalho para minimizar sua
frustração.

Crie um cronograma, minimizando confusões e melhorando o desempenho

A implantação da migração ou de grandes upgrades implica três etapas fundamentais. Primeiro,


os líderes de BI devem elaborar a migração passo a passo em um cronograma. No geral, os
relatórios de transferência virão antes porque são mais fáceis; os relatórios de
simplificação, consolidação e eliminação vêm depois; e os de aperfeiçoamento, que demoram
mais e dão mais trabalho, vêm por último. Reservando mais tempo para a fase de consolidação e
aperfeiçoamento, a implantação permitirá que a empresa tire o máximo de proveito das funções
da nova plataforma e das oportunidades inerentes à migração de longo prazo.

Entretanto, o plano de implementação também deve levar em conta o valor do negócio e a


urgência de migrar os relatórios para a nova plataforma. Por exemplo, se o negócio
desesperadamente necessitar de um relatório que só poderá ser criado com a nova plataforma,
isso deve ser feito o mais rápido possível, mesmo que exija desenvolvimento e teste.

Segundo, a implementação deve minimizar interrupções e confusões dos negócios:

– Reservando tempo a desenvolvedores e designers para criar e testar relatórios antes de


entregá-los a usuários; serviços de conversão normalmente fornecem o mínimo de assistência.

– Utilizando recursos fixos quando apropriado para elaborar e organizar relatórios para
acelerar a migração e reduzir gastos.
– Fornecendo recursos adequados para o gerenciamento de mudanças, incluindo treinamento para
usuários e para a equipe de tecnologia.

– Trazendo auxílio externo temporário ou um fornecedor temporário para manter o antigo


sistema durante a transição e liberar os funcionários da empresa para que mantenham o foco em
fazer a nova plataforma funcionar.

Líderes de BI devem também prestar atenção nos riscos que podem arruinar todo o projeto –
alguns usuários não vão querer desistir do antigo sistema e a migração a longo prazo lhes dá
tempo. O custo extra de rodar duas plataformas indefinidamente pode significar que os custos
do projeto aumentarão no longo prazo. Por isso, líderes de BI devem estar preparados para
sugerir alternativas para qualquer pedido por novos relatórios feitos na antiga plataforma.
Deve ser estipulada uma data para abandonar o antigo sistema, e os líderes de BI não podem
voltar atrás.

Por ultimo, líderes de BI devem testar o desempenho da nova plataforma e seus relatórios.
Testes após a migração feitos para verificar se a plataforma funciona adequadamente costumam
ser complexos. É necessário medir o sucesso da migração fazendo novamente uma análise e
comparando a satisfação dos usuários com o novo sistema. Dessa forma, os líderes de BI podem
ver onde devem ser feitos ajustes para melhorar o serviço. Uma migração bem sucedida
facilitará um próximo investimento em BI no futuro.

Você também pode gostar