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A Secretaria de Cultura promove nesta terça-feira (2), no Cine Brasília, mais um teste do
projeto Cinema para Cegos, da Diretoria de Cultura Inclusiva. O filme Araguaia - a Conspiração
do Silêncio, de Ronaldo Duque, será exibido para 50 deficientes visuais com a ultilização
áudio-fones - recurso que descrevem as cenas dos filmes para quem não pode ver.
Esta sessão é o quarto e último teste antes da estréia do projeto no 40º Festival de Brasília do
Cinema Brasileiro, a ser realizado entre os dias 20 e 27 de novembro. "A inclusão terá lugar
garantido nesta edição do festival, pois garantir a acessibilidade cultural é um compromisso
político que viabiliza o exercício da cidadania", enfatizou Dolores Tomé, coordenadora do
projeto.
Antes das sessões, o público cego e de baixa visão recebe um aparelho de tradução
simultânea para usar do lado de uma orelha. Desta forma, o espectador escuta a descrição das
cenas que não têm som no filme, a fim de possibilitar a compreensão do cenário, figurinos,
expressões, entre outros detalhes.
O recurso do áudio descrição traz autonomia para os deficientes visuais e por meio dele a
estética do filme pode ser percebida através da voz. Percepção bastante diferente, pois para
quem enxerga, a estética de um filme está na cor, no enquadramento, no movimento de
câmera.
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2003/ju230pg12.html
Os cegos vão ao cinema
Psicóloga recorre a filmes para avaliar como uma pessoa que nunca enxergou
constitui seu conhecimento
LUIZ SUGIMOTO
"Nos habituamos a pensar que não poder enxergar é terrível, que a vida do cego é
necessariamente muito limitada. Pelo nosso referencial, em que tudo é pautado pela
visão, esta privação sensorial é dramática. Daí, minha preocupação em trabalhar a partir
do referencial do cego de nascimento, que nunca teve acesso visual à realidade, e
mostrar que essa concepção é equivocada", afirma Eduarda Leme. Ao trabalhar com
indivíduos cegos ou de baixa visão, ela testemunhou problemas relacionados com
emoções, desenvolvimento, desempenho escolar, laços familiares, locomoção. "Mas
também fui descobrindo suas competências e me surpreendendo com os recursos que
eles usam para se adaptar ao mundo e apreender os acontecimentos, como o
estabelecimento de relações lógicas, a capacidade de suposição, dedução, entre outras
coisas", ressalva.
"O que norteou cada narrativa foi a reconstrução da história, a busca da compreensão,
da significação, sem que se ativessem em descrever as imagens. A preocupação era a de
interpretar indícios - falas, músicas, sons - e estabelecer relações entre eles para
reconstruir a narrativa. Acontece uma síntese de funções psíquicas como atenção,
memória, imaginação, permeada pela linguagem, pela interpretação de signos, tudo isso
fundido num amálgama. O ser humano, não só o cego, é movido pela busca da
compreensão; se vemos algo que não entendemos, a tendência é procurar alguma
relação entre os elementos que permita dar sentido às coisas", explica Eduarda Leme.
As sensações táteis e os odores são importantes para o deficiente visual, mas nem
sempre é possível ter esse tipo de acesso sensorial às coisas, como durante um filme, em
que os sinais acessíveis a ele são os auditivos. "A linguagem e outros sinais lhe dão
informações sobre a realidade. Ele vai recorrer a características da personalidade de um
personagem, se o tom de voz é calmo, triste, exasperado, educado. Não importa muito
se o protagonista é alto ou baixo, magro ou gordo. A descrição figurativa não é
importante para ele, não é imprescindível para que compreenda a história", insiste
Eduarda Leme.
http://www.lerparaver.com/node/7443
• Acessibilidade
São Paulo - O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro lança no sábado uma
programação especial de cinema para deficientes visuais, que ocorrerá uma vez por mês,
com o sistema audiodescrito. Assim, os deficientes visuais não apenas irão escutar,
como também entenderão o ambiente e a forma como o filme está decorrendo. O local
já tinha um programa de Cinema Nacional Legendado para deficientes auditivos e, com
essa ação, amplia o acesso aos cegos.
Helena Dale, que trabalha na Arpef e é idealizadora da mostra de cinema para cegos e
surdos, aponta que este é um avanço e conta que ele foi projetado em cima de moldes
similares visto por ela nos Estados Unidos há cerca de dois anos. "Desenvolvemos um
software que permita a gente pré-produzir o filme. No momento que o filme é exibido a
narração já está pronta", diz. Segundo Dale, a sala do CCBB tem 120 lugares, sendo 40
deles com fones equipados para os deficientes visuais. Para a estréia foi selecionado o
filme do cineasta Beto Brant, "O Invasor". A sessão ocorrerá as 17 horas.
Narração
A narrativa não emprega emoção. Ela apenas descreve a situação. "O princípio da
audiodescrição, segundo estudos realizados em Barcelona (Espanha) e Bóston (EUA),
diz que a narração deve ser imparcial, se limita a descrever as cenas", enfatiza Dale. "O
sistema pega carona na fala original, ele aproveita os espaços onde não existe fala para
passar a informação", acrescenta.
Fonte: http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art43882,0.htm
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=8056
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acessos
wiki repórter
Marcelo Igor
Goiania-GO
Cerca de 14,5% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, segundo o censo
2000 do IBGE. A garantia de direitos a toda pessoa, o que inclui essa parcela da
população, é algo muito recente, iniciada de forma mais consistente apenas na segunda
metade do século 20. Os direitos primordiais foram temas das primeiras lutas, como
acesso aos prédios públicos e à educação.
As conquistas das pessoas com deficiência foram expandidas a mais direitos, como o
acesso à cultura, que é uma luta recente e que já tem suas vitórias. A luta por acesso aos
bens culturais levou cinemas a serem adaptados com rampa, para cadeirantes, e a
televisão com a legenda oculta ou tradução na linguagem brasileira de sinais, para
deficientes auditivos. Mas o acesso de pessoas cegas e com baixa visão às produções
culturais ainda não é satisfatório.
A audiodescrição é uma técnica que surgiu como serviço específico para a descrição das
cenas para as pessoas com deficiência visual. Um recurso que permite a inclusão dessas
pessoas no cinema, no teatro e em programas de televisão.
Pioneirismo - A atriz carioca Graciela Pozzobon é uma das grandes incentivadoras da
divulgação da técnica no Brasil. Ela atua principalmente na produção de roteiros
audiodescritos para o cinema. No momento em que o filme dá brechas é que o
audiodescritor age e, de forma resumida, relata o que de visual está na cena e que é
importante para a compreensão do filme.
Mas seu contato com o público cego começou em 1999, quando atuou como
personagem cega no curta Cão-Guia, filme muito premiado e para o qual ela precisou
ingressar no universo das pessoas cegas: "Ganhei uma bengala, uma faixa para os olhos
e participei das aulas de reabilitação, de como se orientar nas ruas". E complementa:
"Não basta fechar os olhos e achar que está como uma pessoa cega Ela adquire muitas
outras coisas quando não vê mais. É preciso um trabalho específico".
No contato com as pessoas cegas, Graciela afirma que as percebe apaixonadas pelo
acesso às produções audiovisuais. "A audiodescrição é libertação. Eles passam a ter
independência, por ter um serviço específico para eles", comemora. Segundo ela, os
cegos querem a técnica em mais produções, como na novela, na minissérie e no DVD.
"É um movimento que não tem volta", profetiza.
Ela ainda acrescenta o "risco" de também não entender nada no cinema. Sobre a
audiodescrição, ainda presente apenas de forma pontual em Goiás, ela vê como positiva:
"Quando eu assisto a um filme, ficam muitas partes que eu não entendo, no geral,
consigo entender, que é prejuízo. A audiodescrição ajuda bastante".
A gestora pública Mônica Leal é cega e explica seu contato com o cinema sem o recurso
da audiodescrição: Se for de muita ação é mais difícil acompanhar, porque tem muitas
cenas sem diálogo e as coisas acontecendo, aí não dá pra gente acompanhar. Se for um
filme mais tranqüilo, que tenha mais diálogo, é melhor para assistir". A partir de seu
contato com a técnica da audiodescrição, ela decreta: "A audiodescrição é o caminho,
porque dá para ir ao cinema. Alguém descrevendo ajuda muito".
Luta por acesso - Existe uma norma complementar (01/2006) que regulamenta a Lei da
Acessibilidade (10.098/00) e prevê a audiodescrição na TV Brasileira, mas ela não foi
implementada ainda. Ela obriga as televisões abertas nas cidades com mais de um
milhão de habitantes a colocar audiodescrição em pelo menos duas horas da
programação (uma hora de manhã e uma à noite).
A lei determinava que dois anos depois da criação deveria obrigatoriamente ser
cumprida. Isso teria ocorrido em julho deste ano. Antes disso, as empresas, por meio da
Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), entraram com pedido
de suspensão, alegando que não tiveram tempo para se adequar, que a tecnologia é cara
e que não havia profissionais audiodescritores suficientes.
"Está nesse ponto agora. Todos estão se organizando com ações em várias instâncias
para tentar reverter isso", explica Graciela. Em alguns países, como Alemanha, Reino
Unido, Espanha e Estados Unidos, leis regulamentam a audiodescrição na televisão.
"Quase toda programação da BBC já tem acessibilidade", acrescenta Graciela. Nem
mesmo a TV Brasil, emissora pública, colocou o recurso ainda, lembra a
audiodescritora.
Pelo fato de o acesso às empresas de comunicação ser ainda complicado, foi criada uma
página na internet especializada em filmes com audiodescrição, o Blindtube, no qual
estão disponibilizados vários curtas-metragens. "A Internet é um lugar mais amplo, já
que ainda não se tem disponibilidade na TV ou no DVD", explica Graciela.