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Orelha

A VOZ
Alexandre Herculano
to suave ess'hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
as rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enteado!
O mar a"ul se encres#a
$oa ves#ertina %risa,
E no casal da serra
A lu" &' se divisa(
E tudo em roda cala
a #raia sinuosa,
Salvo o som do remanso
)ue%rando em furna algosa(
Ali folga o #oeta
os desvarios seus,
E nessa #a" que o cerca
*endi" a mo de Deus(
+as des#regou seu grito
A alc,one gemente,
E nuvem #equenina
Ergueu-se no ocidente.
E so%e, e cresce, e imensa
os c/us negra flutua,
E o vento das #rocelas
0' varre a fraga nua(
1ur%a-se o vasto oceano(
$om h2rrido clamor3
Dos vagalh4es nas ri%as
Ex#ira o vo furor
E do #oeta a fronte
$o%riu v/u de triste"a3
$alou, 5 lu" do raio,
Seu hino 5 nature"a(
6ela alma lhe vagava
7m negro #ensamento,
Da alc,one ao gemido,
Ao si%ilar do vento(
Era %lasfema ideia,
)ue triunfava enfim3
+as vo" soou ignota,
)ue lhe di"ia assim.
8$antor, esse queixume
Da n9ncia das #rocelas,
E as nuvens, que te rou%am
+ir,ades de estrelas,
E o fr/mito dos euros,
E o estourar da vaga,
a #raia, que revolve,
a rocha, onde se esmaga,
Onde es#alhava a %risa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do /ter #uro
Descia o Sol radioso,
1i#o da vida do homem,
do universo a vida.
De#ois do af re#ouso,
De#ois da #a" a lida(
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura3
Se te amostraste grato
os dias de ventura,
Seu nome no maldigas
)uando se tur%a o mar.
o Deus, que / #ai, confia,
Do raio ao cintilar(
Ele o mandou. a causa
Disso o universo ignora,
E mudo est'( O nume,
$omo o universo, adora!:
Oh, sim, torva %lasf/mia
o manchar' seu canto!
*rama a #rocela em%ora3
6ese so%re ele o es#anto3
)ue de sua har#a os hinos
Derramar' contente
Aos #/s de Deus, qual 2leo
Do nardo recendente(

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