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Até ao momento foste a colega que me acompanhou na tarefa de análise do modelo de

auto-avaliação das BEs, por isso partilho contigo alguns aspectos de uma visão comum
e outros que podiam ter sido objecto de maior reflexão da nossa parte.
Este modelo direcciona a avaliação, como bem referiste, para o impacto que a BE
pode e deve ter na comunidade escolar, sobretudo ao nível da melhoria da qualidade do
processo de ensino-aprendizagem posto em prática pela mesma. Dai o seu carácter
transversal, isto na medida em que envolve toda a Escola/Agrupamento, quer ao nível
do diagnostico da situação, planeamento e execução de um plano de acção/intervenção,
quer, no final, a partilha dos resultados e o reformular de objectivos e procedimentos.
A BE acaba por se assumir como um sector fundamental na avaliação da própria
Escola (interna e externa), porque a consecução dos objectivos da mesma, ou seja, a
melhoria das aprendizagens, passam necessariamente pelo trabalho colaborativo entre
os professores curriculares e o(s) professor(es) bibliotecário(s) e respectiva equipa.
O professor bibliotecário enfrenta aqui um grande desafio, pois se a Biblioteca é vista
como um factor importante na construção do conhecimento por parte do aluno e no
aperfeiçoamento da sua aprendizagem – entendida ao longo da vida - , terá que o
confirmar na sua prática diária.
Entramos, assim, na questão relativa às evidências a que também te referes como
indicadores da qualidade do trabalho desenvolvido pela BE e que, segundo Ross Tood,
é uma das maiores tarefas com que se confrontam aos professores bibliotecários no
início do século XXI. Aqui temos uma das primeiras dificuldades a superar, porque
essas evidências não se podem basear apenas em dados informativos como o número de
livros emprestados, o número de alunos que pesquisaram nos computadores, o número
de turmas que desenvolveram actividades na Biblioteca, etc. Devem recolher-se,
também, evidências sobre o impacto que as nossas práticas na BE têm sobre os alunos.
Não se analisa apenas o processo (inputs), mas também o produto (outputs).
Essa recolha de evidências sobre o impacto da biblioteca nas aprendizagens pode
fazer-se através da pesquisa em acção, recorrendo à análise dos níveis de desempenho,
de estratégias de feedback, da avaliação dos processos e dos resultados, de comentários,
de inquéritos.
Porém, Ross Todd chama a atenção para o facto de que apenas o trabalho de parceria
com os docentes e outras estruturas da Escola pode levar esta tarefa a bom porto, ou
seja, para recolhermos evidências, temos de saber o que queremos, para onde queremos
ir e qual o sentido do que estamos tomar. Esta atitude implica, necessariamente, uma
discussão alargada nos órgãos de decisão pedagógica da Escola/Agrupamento.
A Biblioteca Escolar pode fazer a diferença? Como? Que tipo de trabalho tenho que
desenvolver para que a Biblioteca responda aos objectivos da Escola e não como mais
um conjunto de actividades à margem do seu Projecto Educativo?
Depois de conseguirmos responder a estas questões, podemos começar a pensar na
forma como vamos recolher as evidências e perceber qual o significado das mesmas. O
trabalho de avaliação da BE tem de ter algum sentido, fazer parte das suas rotinas,
não deve ser encarado como mais uma tarefa burocrática. Mas para que isso aconteça é
necessário que todos trabalhem em colaboração, situação que nem sempre é fácil de
conseguir nas nossas Escolas.

Continuação de bom trabalho

Paulo Capelo
Alzira,
Decidi comentar o teu trabalho porque, pareceu-me ser um bom instrumento de apoio à
reflexão/crítica para todos os que irão aplicar o Modelo de Auto-Avaliação das BE’s. A
sua aplicação na Escola constitui um desafio para as equipas e em especial para o seu
Coordenador, uma vez que tem de planificar uma estratégia de intervenção, cujo
objectivo fundamental é mobilizar a Escola para a necessidade e implementação do
processo avaliativo, tal como diz ” Será pois, importante que a escola defina regras e
procedimentos que envolvam toda a comunidade educativa de forma transversal, uma
vez que a difusão da informação implica a responsabilização daqueles que a produzem,
e de todos os que a usam. As políticas de gestão deverão ser bem definidas”.
Esta estratégia passa pela definição de uma metodologia de sensibilização dirigida a
públicos diferenciados: equipa, Conselho Executivo, Conselho Pedagógico,
Departamentos e professores, devidamente preparada e calendarizada.
Mas, eu questiono: Será que a Escola está preparada e disponível para estas questões?
Numa escola pressionada por constantes mudanças, empenhar-se na auto-avaliação da
Biblioteca será uma prioridade?
No ano passado, o meu primeiro ano da aplicação do modelo, estas questões
angustiaram-me imenso, pois, por maior boa vontade de todos, o excesso de trabalho e a
mobilização em diferentes prioridades limitaram bastante os colegas na sua envolvência
com o processo.
Estarão as Escolas e as BE’s preparadas para aplicar um modelo que coloca a tónica
nos domínios e práticas que implicam modificações profundas no trabalho dos
professores, nomeadamente a articulação curricular com os professores, as literacias e o
impacto que a BE tem nos comportamentos, atitudes, saberes e competências dos
alunos? Temos que ir com calma para não erguer barreiras colaborativas.
Achei bastante curioso e interessante a articulação que fez com “A Portaria nº 756/2009,
de 14 de Julho no seu Artigo 3º menciona o Conteúdo Funcional do professor
Bibliotecário que passo a citar.”, exemplificando cada uma das funções com actividades
decorrentes do seu exercício no terreno.
Parabéns, colega! Ler o seu texto foi, para mim, um prazer.
Agradeço a partilha e desejo a continuação de BOM trabalho
Rute

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