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Regina Cajazeira
RESUMO
Este trabalho faz uma explanação sobre a história da Educação a Distância,
no Brasil e no mundo, visando estudar a possibilidade da sua utilização na
educação musical. Define a Educação a Distância, após a implantação das novas
tecnologias, que permite a interação do aluno com o professor. Traz o resultado de
uma pesquisa sobre os curso e os segmentos da sociedade interessados em
estudar música através desse modalidade de ensino. E conclui com uma
recomendação ao professor para a utilização de novas tecnologias como recurso
pedagógico.
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No século XX a Educação a Distância se consolidou e se expandiu,
transformando o antigo Ensino por Correspondência, numa simples estratégia da
nova Educação a Distância (Lobo Neto, 1995, 5). Pesquisa publicada em 1984, em
jornal dos Estados Unidos, constatou que há registro e documentação de
funcionamento de EAD em cerca de 80 países, com mais de 2 milhões de
estudantes inscritos; que existem mais de 696 programas, em 26 línguas; e que há
programas de EAD em todos os níveis: educação permanente, educação temporária
e educação emergêncial (Ibid., 5).
Na Conferência Mundial de Ensino a Distância, realizada em Oslo, na
Noruega, em 1988, foi apresentado um levantamento mundial da EAD sobre a
escola pós secundária, mostrando que existem 4 milhões de alunos matriculados. A
partir da Conferência de Oslo, antigas Universidades incorporaram a EAD e novos
institutos foram abertos na Espanha, Alemanha, Tailândia, Venezuela, Costa Rica,
Colômbia, assim como a famosa Open University, na Inglaterra. Nesses paises a
EAD já ultrapassou, há muito, a fase experimental (Lobo Neto, 1995, 7).
No Brasil, o Diário da União publicou em 1998 um Decreto regulamentando a
Educação a Distância. Mas outros artigos também mencionam a EAD2 (Lobo Neto,
1995, 2) que esta deixando de ser um sistema de ensino esporádico, a serviço de
projetos experimentais, emergenciais ou paliativos, para libertar-se do preconceito
de ensino de 2º classe e tomar-se uma nova modalidade de ensino3.
Aqui no Brasil, desde a fundação do Radio-Motor, em 1939, e do Instituto
Universal
Brasileiro, em 1941, várias experiências foram iniciadas na EAD (Guaranys, 1979,
18 apud Ivônio, 1994, 13), porém ela só começou a projetar-se na década de 60,
com a comissão para Estudos e Planejamentos de Radiodifusão Educativa, que
criou o programa nacional de Teleeducação. No nordeste foram desenvolvidos
programas de EAD no Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará e aqui na Bahia -
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através do IRDEB. Em nível nacional os programas mais conhecidos do sistema
EAD, são o Tele Curso 2º grau, iniciativa da Fundação Padre Anchieta e da
Fundação Roberto Marinho. A Associação Brasileira de Tecnologia Educacional,
fundada em 1971, também veio dar grande contribuição a EAD, organizando
seminários e publicando a revista Tecnologia Educacional (Preti, 1996, 19-21).
No Brasil uma das primeiras experiências universitárias de EAD foi feita pela
Universidade de Brasilia-UnBna década de 70. Com o sucesso da Open University,
na Inglaterra, a UnB, que pretendia ser a Universidade Aberta do Brasil, comprou
direitos autorais da Open, traduziu e implantou alguns dos seus cursos (Ivônio, 1994,
28).
Entre os curso traduzidos estava o Curso de Música, que abrangia
fundamentos da música, notação musical, harmonia, textura, estilos musicais; forma,
análise formal e orquestração. O curso continha 16 fascículos (com exercícios de
treinamento auditivo e auto avaliação), cinco discos, quatro cadernos com partituras
e uma flauta doce.
Nos últimos 20 anos, apesar dos resultados aparentemente positivos,
aconteceram alguns problemas que abalaram a estabilidade do ensino a distância: a
desatualização do material didático, melhor atendimento ao aluno, o sistema
ultrapassado de avaliação e a não consideração das diferenças regionais (Preti,
1996, 23).
Muitas vezes a EAD é confundida como um sistema de alta tecnologia pronto
para liquidar o ensino tradicional e seus professores, que seriam substituídos por
monitores de TV. Na verdade a internet e o vídeo são apenas dois recursos
utilizados pela EAD. Mas ela pode ser desenvolvida por meios econômicos e
populares (Ivônio, 1994, 18). O uso de modernas tecnologia só é recomendável
quando a EAD ganha dimensão de educação de massa.
Por conta de todos esses contratempos criou-se no Brasil um preconceito ou
um conceito errado sobre EAD, tentando compara-la com a educação presencial.
Estudos recentes apontam para uma conceituação mais precisa e homogênea da
EAD.
Como característica básica a EAD “estabelece uma comunicação de dupla
via, na medida em que professor e aluno não se encontram juntos na mesma sala”
exigindo meios que possibilitem a comunicação entre ambos. Porém um texto
isolado de instrução programada, um vídeo instrutivo ou um CD Rom, não chegam a
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caracterizar a EAD (Walter Perry e Graville Rumble, 1987, 1-2 apud Ivônio, 1994,
16).
O ensino a distância “pressupõe um processo educativo sistemático e
organizado que exige, não somente a mão dupla de comunicação, como também a
instauração de um processo continuado, onde os meios ou multimeios devem estar
presentes na estratégia da comunicação.”
A EAD também pode ser definido como uma série de métodos de instrução,
onde a ação do professor é executada à parte da ação do aluno, incluindo as
situações que podem ser feitas presencialmente (Desmond Keegan, 1991, 29 apud
lvônio, 1994, 16).
A Pesquisa
A questão era saber quais segmentos da sociedade tinham interesse em
estudar música a distância. O método usado na pesquisa foi o descritivo, incluindo
coleta de dados através de questionário, que incluía perguntas abertas e fechadas.
O questionário traz uma definição sucinta sobre EAD e pede ao entrevistado um
breve relato do seu dia a dia, para verificar a carga horário disponível, fator
importante para o aluno de EAD. O questionário só foi aplicado com adultos que
tinham alguma relação com a música. Os questionários foram entregue por mim, em
mãos e, apenas os questionários destinados à localidade que não possuía escola de
música, foram aplicados por outra pessoa.
Para saber a opinião sobre o ensino da música através da EAD, apliquei 35
questionários, divididos em 5 segmentos:
1- o cidadão comum que, pelas tarefas do dia a dia, não dispõe de tempo
para freqüentar um curso de música tradicional;
2- o profissional de música que busca ampliar seus conhecimentos como
maneira de permanecer ativo no mercado de trabalho, cada vez mais
competitivo;
3- o estudante que tem interesse em receber uma orientação especializada;
4- as pessoas que residem em localidades onde não existem escolas de
música;
5- a professora de classe que, mesmo sem preparo, utiliza música na sala
de aula;
4
6- o musicoterapeuta que se utiliza da música, mas carece de conhecimento
específico;
7- o deficiente físico, que nem sempre tem condições de se locomover até uma
escola de música tradicional.
Apenas um questionário D, para deficientes físicos foi preenchido. Conclui que não
poderia incluir os deficientes físicos neste programa. Para os deficientes físicos é
necessário um projeto especial e exclusivo, devido aos variados tipos de lesões.
Os resultados da pesquisa apontaram:
Sim
Não
Sim
Não
Fariam EAD
Sim
Não
Não sabe
5
Viabilidade de
Porque fariam. tempo
Curiosidade
Rapidez
Comodidade
Praticidade
Para atualização
Regência
Qual curso deseja fazer
Instrumento
História da MPB
Teoria e Percepção
Harmonia
Ensaio de Coro
Improvisação
História da Música
Erudita
Jazz
Composição
Precisa da
presença do
professor
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Para dar continuidade à pesquisa , poderíamos optar por dois estudos:
1- Estudar com mais profundidade cada um dos segmentos
2- Desenvolver um curso a distância com assuntos de interesses comum a todos
Conclusão
A chegada do computador, principalmente da internet, não vai funcionar
apenas para repassar os antigos conteúdos através de uma nova tecnologia. Mais
do que isso, o computador vai influenciar a maneira de pensar, de aprender e
consequentemente, vai mudar o perfil do professor e do aluno.
Sendo assim, somos forçados a estender a questão da tecnologia não
apenas à substância produzida, como também ao acidente produzido. Cada
tecnologia programa, produz e provoca, um acidente especifico. Por exemplo,
quando inventaram a estrada de ferro, o que foi que inventaram ? Um objeto que
permitia que você fosse mais depressa, que Lhe permitia progredir uma visão à la
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