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A Casa do Fumageiro
Praia da Silveira Garopaba
Arquitetos Lucas Moura Denis Hickel http://www.tocaadesenhar.blogspot.com/
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Proposta de Trabalho Casa do Fumageiro Praia da Silveira Garopaba V00/2009 Denis Hickel Lucar Cuervo Moura Arquitetos
Proposta de trabalho Casa do Fumageiro
Heloísa Crocco, Thomaz e Vico
Este documento é uma proposta de trabalho para projecto de arquitectura para terreno localizado
no Morro da Praia da Silveira Canto Sul Município de Garopaba – SC. Tem como objectivo
descrever as condições preliminares do terreno, metodologia de trabalho, fases do projeto,
trâmites na Prefeitura Municipal e honorários.
Condições Preliminares
Conforme informação prévia junto ao Engenheiro Luis Alberto Degani o terreno está situado na
faixa entre 60 e 100 metros sobre o nível do mar. Portanto, a taxa de ocupação permitida é 15%,
ou seja, serão 150 m² de projeção sobre o terreno. O fato de ser permitido apenas um pavimento
não impede de que a casa tenha dois ou mais níveis não sobrepostos (como degraus
acompanhando a conformação do terreno), com aproveitamento do pilotis.
No projeto a ser aprovado na prefeitura, essa área inferior será apenas de pilotis/cave, não
entrando no cômputo de área construída, embora posteriormente poderá ser ocupada com
garagem, churrasqueira, etc.
Para novos parcelamentos do solo, hoje o plano diretor de Garopaba exige uma área mínima de
2.000 m² para lotes entre 60 e 100 m de altitude, e 3.000 m² para áreas acima da cota 100 m.
Neste caso, o terreno em questão já está escriturado com 1.000 m², estando apenas sujeito à
limitação dos 15% de ocupação.
Isto traduz‐se em 150 m² área de construção que poderá ser maior de acordo com
aproveitamento dos pilotis.
Os recuos permitidos serão: frontal (de jardim) de 8 metros; recuos laterais e de fundos de 3 m.
Metodologia de trabalho
O projecto de arquitectura divide‐se por etapas que serão descritas a seguir. A elaboração do
trabalho será baseada na participação ativa dos proprietários/usuários que serão provocados a
participar no processo criativo, através da aplicação frequente de questionários nas fases iniciais e
desenhos, croquis, perspectivas e maquetes nas fases subsequentes.
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Etapas de projecto
Para desenvolver este trabalho criamos duas etapas.
Etapa Informal
Informações/Condições prévias: Descrito acima, são informações não oficiais sobre o
que se pode fazer no terreno de acordo com os planos locais e documentos fornecidos
pelo cliente.
Conceitualização: Brainstorm inicial para disparar o processo criativo e elaborar o
programa de necessidades e caminhos a seguir para formalização espacial.
Etapa Formal
Estudo Prévio: Realização dos estudos iniciais e desenhos com a proposta inicial de
acordo com dados fornecidos pelo cliente e programa de necessidades criado.
Ante projecto: Desenvolvimento do estudo prévio com desenhos mais pormenorizados,
com cotas, especificação geral de materiais, etc.
Projecto: É a finalização do ante‐projecto aprovado pelo cliente para dar entrada na
Prefeitura e ajustar aos projetos complementares.
Projecto executivo: É o projecto com detalhes suficientes para, em conjunto com
projecto de estruturas e demais complementaridades, permitir a perfeita execução das
obras.
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Conceitos e referências Iniciais
Para começar a traçar o rumo dessa viajem inserimos imagens com materiais texturas e
ambiências que possam influenciar, direcionar e embasar o processo inicial de ação.
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Condicionantes iniciais do projecto
Fumageiros
Os fumageiros – estruturas típicas da zona de cultivo de tabaco no estado de Santa Catarina são
um exemplo de paisagem cultural criada pelo homem para responder as suas necessidades.
Caracterizam‐se pela relativa modularidade (3,5 x 7,0m) e construção simples com materiais
autóctones ‐ tijolo e telhas de barro produzidos nas olarias da região e estrutura ligeira em
madeira para sustentar a cobertura. Formalmente apresentam‐se com os tijolos à vista em
paredes simples, com cobertura em duas, ou uma água; as vezes encontram‐se isolados em meio
ao campo de cultivo, outras organizados em conjunto com outras estruturas de apoio ‐ outros
fumageiros, galpões, armazéns, etc. ‐ formando pequenas vilas.
Estes serão a referência base para o projecto. Para adaptá‐lo como habitat humano serão
necessários pequenos cuidados a desenvolver ao longo do trabalho. Tal referência abre caminho
para muitas interpretações que serão cruzadas com outras condicionantes do projecto
Sustentabilidade
Sustentabilidade é um conceito relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais,
culturais e ambientais da sociedade humana.
Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o
ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o Relatório de Brundtland (1987)
é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de
suprir as suas".
A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta
inteiro.
Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista 4 requisitos básicos. Esse
empreendimento tem de ser:
• Ecologicamente correcto;
• Economicamente viável;
• Socialmente justo; e
• Culturalmente aceito.
Portanto ao construir uma casa sustentável deveremos levar em conta as condicionantes
existentes e utilizar todos elementos ao nosso alcance para, dentro do seu ciclo útil de vida, ser a
mais neutra possível em emissões de carbono. Ou seja, ao longo da sua concepção, construção,
utilização e fim de vida deve emitir a menor quantidade possível de gases de efeito estufa no
ambiente, sendo o ideal atingir zero de emissões.
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A realização de edifícios com um excelente desempenho energético‐ambiental, preenche uma
função de responsabilidade social perante a comunidade de hoje e as gerações de amanhã e
traduz‐se em condição de bem‐estar e saúde.
Uma casa sustentável, ou ecologicamente correcta não tem forma, usos, materiais, etc. pré‐
estabelecidos. Deve estar livre portanto de preconceitos.
Alguns elementos ao nosso alcance são os cuidados bioclimáticos, ou solar passivo – Orientação
solar, exposição aos ventos, ventilação natural, cuidados no isolamento da construção para
minimizar as trocas de calor interior/exterior. Podemos também elaborar sistemas físicos de
coleta e reaproveitamento de águas (uma cisterna) sistema de tratamento de esgotos – com
reaproveitamento, ou não – sistemas de aquecimento (lareira com recuperação de calor,
serpentinas, paredes de trombe, etc.) e ventilação, painéis solar para água quente e geração de
energia elétrica. Outros cuidados gerais podem ser levados em conta, como a utilização de um
sistema de iluminação simples e económico, não utilizar chuveiros elétricos…
O factor económico é igualmente importante e condicionante. De acordo com as possibilidades
pode‐se utilizar técnicas e materiais locais, agregar todas as tecnologias possíveis para atingir os
melhores resultados energéticos ambientais.
No projecto em questão propomos estabelecer uma implantação cuidada na sua relação com os
elementos naturais e culturais da região. O uso amplo de técnicas e materiais locais e soluções
criativas de ventilação, aquecimento, isolamento, sombreamento. A edificação deverá ter
flexibilidade suficiente para ao longo do seu tempo de vida e de acordo com a possibilidade dos
proprietários, permitir diferentes usos e a aplicação de outros meios disponíveis para ampliar o
conforto e a qualidade do edificado.
Ilustração 1 ‐ esquema para um projeto sustentável
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Criatividade
Um processo criativo deve estar aberto ao acaso. A ferramenta do planejamento e do projectar
deve ser vista como um meio para potencializar o inesperado em ideias criativas e inovadoras.
Brainstorming
Optamos por trazer algumas referências através de imagens e esquemas e desenhos que devem
ser vistos como ferramentas para explorar as possibilidades. Tatear o espaço. Os elementos aqui
apresentados servem para alimentar a discussão e não devem condicionar o processo criativo
conjunto (arquitectos/clientes).
Primeiras aproximações
De acordo com as conversas iniciais e após um primeiro estudo sobre as condicionantes iniciais,
propomos o seguinte:
Uma casa flexível nos usos, que permita uma construção faseada e uma utilização na sua
totalidade, ou dividida em até três apartamentos independentes. Aliado a utilização de materiais
locais – onde propomos um raio de no máximo 100Km para aquisição para minimizar os
transportes – e optar por qualidade/custo justo.
A ideia inicial é compor um conjunto de três partes independentes mas interligadas com
diferentes acessos. Um corpo principal e comum com até dois quartos e dois corpos (volumes)
iguais concebidos como dois apartamentos.
Este partido flexível possibilitará um viés economicamente sustentável ao permitir o aluguel e a
utilização ao mesmo tempo, ou a possibilidade de alugar 3 apartamentos.
O primeiro marca o acesso principal e poderá ter uma cobertura plana para aproveitamento como
jardim/mirante, ou uma grande cobertura com telhas de barro (como as olarias). Ambas com
grandes beirados avarandados para permitir sombreamento no verão e a utilização de planos de
vidro para caracterizá‐lo como mais aberto e criar uma interação exterior/interior.
Os outros dois volumes terão a forma, proporções e materiais dos fumageiros, onde as aberturas
serão menores e cuidadosamente escolhidas para enquadrar as vistas sobre a paisagem. Isto
sugere um programa inicial:
• Um volume maior, com sala, banheiro (ou banheiros?) cozinha e até dois quartos. Dois
volumes iguais – apartamentos – com quarto, sala, banheiro e kitchnet. Além disso, local
para os carros e um galpão para atelier, depósito, ou quarto independente.
• Tudo isso carece ainda de estudos mais aprofundados e interpretações sobre o plano
diretor de Garopaba para verificar entre outros, as áreas, formas implantação, etc. para
assim validar este plano inicial.
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O desenho abaixo mostra uma aproximação inicial que ao longo do projeto será desenvolvida.
1. A entrada dos carros se dá pela parte superior do terreno com acesso ao volume 1, que
por sua vez dá acesso aos demais volumes (2 e 3). Estes, por sua vez, deverão ter acessos
exclusivos para possibilitar total independência e privacidade.
2. A disposição no terreno cria ambiências – pátios, enquadramentos de vistas – que de
acordo com a orientação do vento e épocas do ano permitirão diferentes usos.
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Referências
Sea Ranch – Califórnia: Este condomínio na costa Oeste Americana, teve como ponto de partida a
forma e os materiais empregados na construção de galpões utilitários, característicos da paisagem
cultural local.
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Bed Zed
Projecto experimental na Inglaterra, cujo objetivo é produzir zero emissões de carbono, através da
geração da própria energia, uso da reciclagem, sistemas energéticos ativos e passivos e
comportamento dos sistemas. Este é um exemplo de projeto “autosustentável”, pois gera sua
própria energia e reutiliza seus resíduos dentro do próprio condomínio. Estes estudos serão
elaborados para a Casa do Fumageiro de acordo com as interpretações sobre o ambiente a
executar durante as fases subsequentes, e de acordo com as condicionantes financeiras.
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Alvar Aalto
Texturas e dicotomias possíveis com o tijolo.
O Fumageiro na Paisagem…
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Viabilidade Financeira
A construção de uma casa é um investimento a longo prazo e como tal a qualidade do projeto, dos
materiais e da construção são mais valias que agregam valor ao bem ao longo da sua vida. A
viabilidade econômica faz parte da sustentabilidade de um projeto.
Neste caso específico é possível amortizar o investimento através dos lucros a obter com o aluguel
da residência, ou de partes desta como propõe o projeto. Isto exigirá uma boa interpretação do
Plano Diretor de Garopaba para vencer suas limitações e tirar máximo partido das áreas a
construir, bem como da correta interpretação e implantação no ambiente.
Os custos abaixo demonstrados são estimativos, como é normal nesta fase. A base para os
cálculos é os 150m2 permitidos para construção, o CUB‐SC de Março de 2009 e os percentuais são
baseados em experiências passadas.
Após a apresentação dos valores estimados para a empreitada, sugerimos formas de abatimento
do investimento com base nos preços dos alugueis em Garopaba (Praia da Silveira, Ferrugem e
Rosa) além de oferecer uma referência sobre padrões Europeus de Turismo Residencial.
Valores estimativos a Investir
Percentual sobre o
Serviço Valor
investimento
• CUB‐SC de Março de 2009 de R$ 953,51m2
• Os valores para Projetos Complementares e Acompanhamento de Obra foram baseados em
experiências anteriores e cálculos recomendados pelas associações profissionais em questão e
poderão variar de acordo com o (s) profissional (s) a ser escolhido para a função.
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Cenários de Recuperação do Investimento
Valor diário /
Lucro Anual (90 dias de
Cenários Apartamento + taxa Retorno estimado
aluguel/Ano)
de manutenção
Cenário Garopaba:
Baseado na média da diária Turismo Residencial em Garopaba (Silveira, Ferrugem e Rosa)
R$ 250,00 (1) ((2x153)+250x90) =
CENÁRIO 2 (1+2+3) 4 Anos
R$ 153,00 (2 e 3) 50.040,00
Cenário Europeu:
Baseado na média da diária Turismo Residencial em Portugal ‐ €80,00 = R$ 210,00 (cotação atual)
5 Anos
CENÁRIO 1 (2+3) R$ 210,00 (210x2) x 90 = 37.800,00
• As estimativas foram baseadas em valores pesquisados em Garopaba e Portugal. As taxas de
ocupação foram estimadas com base nos meses de alta temporada (Dezembro, Janeiro e Fevereiro)
mais as ocupações sazonais (feriados).
Conclusão
Numa primeira abordagem ao assunto, verificamos o potencial do terreno e os eventuais
caminhos a investigar durante o desenvolvimento do projeto.
Os valores estimados para a obra foram baseados no valor médio do CUB de Março e poderão
sofrer alterações de acordo com as decisões do projecto e complexidade construtiva resultantes
das decisões entre clientes e arquitectos.
A possibilidade de rentabilização do investimento através do aluguel total, ou parcial aumenta
muito a sustentabilidade económica do investimento tendo em vista os tempos estimados de
retorno financeiro.
Apesar de o terreno apresentar um baixo índice de ocupação e algumas condicionantes devido a
sua dimensão e localização, as nossas expectativas – baseados nas referências iniciais e com
alguma liberdade formal – de que estamos todos diante da oportunidade de realizar um bom
projeto.
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Honorários de Arquitectura
Nossa proposta de honorários para realização dos projectos é de: R$ 14.302,00 (Catorze mil
trezentos e dois reais) + imposto legal em vigor. Nesta proposta estão contempladas todas as
fases de projecto + a tramitação do processo na prefeitura de Garopaba.
A Equipe de projecto é composta por Lucas Cuervo Moura e Denis Hickel, arquitetos e Luis Degani,
Engenheiro.
Para além do projecto de arquitectura são necessários ainda os projetos e serviços
complementares a seguir:
• Estruturas
• Eletricidade
• Águas e esgotos.
• Acompanhamento e execução
Para execução destes trabalhos sugerimos o Engenheiro Luis Degani devido a sua experiência e
grande conhecimento dos processos Municipais.
Se os proprietários desejarem sugerir outros profissionais para tratar dos assuntos
complementares, tal será aceito e bem‐vindo pelos arquitetos.
Elementos necessários para a continuidade do processo
• Aprovação dos honorários e formalização de contrato.
• As eventuais correções de rota através do feedback sobre este documento: Falem,
escrevam, desenhem…divirtam‐se.
• Fotos do terreno e envolvente.
Como estamos todos dispersos pelo globo, sugerimos o uso da Web, através de emails e
Skype, assim utilizaremos meios modernos de comunicação☺.
Muito Obrigado.
Lucas Moura e Denis Hickel
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