Você está na página 1de 3

Para podermos analizar todas as situações envoltas que envolve todos os entes

citados cabe comentar o propósito das licitações nos entes paraestatais que são exploradores
de atividade econômica, podemos assim citar que a constituição determina, em seu artigo 22,
XXVII, que empresas públicas e sociedades de economia mista devem licitar nos termos do
artigo 173, § 1º, III; a competência privativa da União legislar sobre normas gerais de
licitação foi atribuída somente para procedimentos realizados pelas “administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios”,
excluindo-se então as paraestatais exploradoras de atividade econômicas, que estão reguladas
no § 1º do artigo 173 da Constituição Federal.

Sendo assim, por força do artigo 173, § 1º, III da Constituição Federal, com a
redação que lhe atribuiu a Emenda Constitucional nº 19/98, a lei estabelecerá o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços dispondo sobre “licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,
observados os princípios da administração pública”. Conseqüentemente, as paraestatais e
respectivas subsidiárias que exploram atividade econômica podem, quando editada lei
superveniente que lhes fixe estatuto jurídico, licitar com observância dos princípios
administrativos.

Com então a necessidade uníssoma e irestrita de realização de licitação, vislumbra-se


na redação do artigo 173, § 1º, III da Constituição Federal a clara intenção de viabilizar que,
posteriormente, as licitações realizadas pelas exploradoras de atividade econômica submetam-
se a um procedimento mais simplificado, este fato deve-se à intenção de, possivelmente,
restaurar a experiência adquirida que, à época da circulação do Decreto-Lei Federal nº
2.300/86 encontrava-se então fundamento no artigo 86, § 1º, que autorizava às paraestatais a
adoção de princípios de licitação em seus próprios regulamentos, os quais eram publicados e
aprovados pela Corte de Contas.

Justamente, para que se torne viável a simplificação do referido procedimento, à


semelhança do que ocorreu à época do Decreto-Lei nº 2.300, é necessário que lei futura
estabeleça o estatuto jurídico pertinente às paraestatais exploradoras de atividade econômica
enquanto não sobrevier o referido diploma, não há se falar em adaptação do procedimento
licitatório às especificidades do cotidiano da exploradora de atividade econômica, devendo a
paraestatal obediência às normas gerais da Lei Federal nº 8.666/93. O próprio Tribunal de
Contas da União já assentou que “até ser instituído o regime jurídico de que trata o art. 173, §
1º, inciso III, da Constituição Federal, as empresas públicas, sociedades de economia mista e
suas subsidiárias deverão se subsumir às regras de licitação previstas na Lei nº 8.666/93”.

Embora tendo como posição o Tribunal de Contas da União já tenha entendido que a
Petrobrás não está sujeita à Lei Federal nº 8.666/93, desde o advento da EC nº 19 e do
Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado da Petróleo Brasileiro S.A., aprovado
pelo Decreto nº 2.745, de 24.08.1998, nos termos do art. 67 da Lei nº 9.478/97, terminou por
firmar entendimento no sentido da inconstitucionalidade do artigo 67 da Lei Federal nº
9.478/97 tendo então este dispositivo sendo remetido ao Decreto nº 2.745/98 a
regulamentação dos procedimentos licitatórios da Petrobrás S.A.

A posição agora majoritária no Tribunal de Contas da União afirma que tal remissão
ofende reserva legal estipulada nos termos do inciso III, § 1º, art. 173 da Constituição
Federal, frise-se, como já advertiu o Tribunal de Contas da União, que “não se pretende que
uma sociedade de economia mista prejudique o seu desempenho econômico em virtude da
aplicação irrestrita de preceitos adequados a uma autarquia ou a um órgão da
administração direta”.

Entretanto, isso não significa que os preceitos norteadores da Lei nº 8.666/93 devem
ser desconsiderados, a controvérsia sobre o regime das licitações das paraestatais
exploradoras de atividade econômica o que fez com que ganhasse maior repercussão após a
decisão do Supremo Tribunal Federal no Mandado de Segurança nº 26.783, com a Ministra
Ellen Gracie, em 09.07.07, deferindo liminar no citado Mandado de Segurança para suspender
a decisão prolatada pelo Tribunal de Contas da União no acórdão nº 1.249.

O mencionado acórdão do Tribunal de Contas da União fora proferido no processo


nº 004.287/2004-4, para dar parcial provimento aos embargos declaratórios interpostos em
face de acórdão anterior referindo-se aoacórdão nº 266/2007; neste o Plenário do Tribunal de
Contas da União havia assentado que “Até que seja editada lei dispondo sobre licitações e
contratos das empresas estatais e sociedades de economia mista, devem estas observar os
preceitos da Lei 8.666/93 e os princípios e regras da Administração Pública.” A demais,
afirmara o TCU que, diante da redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98, “a
Constituição Federal não recepcionou as disposições contidas no artigo 67 da Lei 9.478/97”,
motivo por que concluiu o Pleno da Corte de Contas que “O Decreto 2.745/87 é ilegal,
porquanto padece de vício de competência, inova na órbita jurídica e exorbita a matéria”
Como já discutido e firmado vale frisar novamente que se tratando então de empresas
de porte como a Petrobras, deve-se então trata-la como “caso a parte”, pois a Lei do Petróleo
leia-se Lei ordinária nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, e o decreto 2745/98 eximem a empresa
de se submeter à lei 8.666, tornando assim em ambas as discussões difusas de aplicabilidade e
entendimento.

Bibliografia:

1. MENDES, Renato Geraldo. A licitação é regra ou exceção: repensando a


contratação direta. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ - Centro de Atualização
Jurídica, ano I, nº 9, dezembro, 2001. Disponível em: <http://www.direitopublico.com.br>.
Material da 1ª aula da disciplina Direito Administrativo Aplicado, ministrada no curso de
pós-graduação lato sensu televirtual em Direito Público – Anhanguera-Uniderp|Rede LFG.
2. SILVA, Cristiana Maria Fortini Pinto e. Licitação: prerrogativas ou
privilégios? Anulação, revogação e exceção do contrato não cumprido. Fonte: Licitações
e Contratos – Aspectos relevantes. Belo Horizonte: Fórum, 2007, pp. 111-118. Material da 2ª
aula da disciplina Direito Administrativo Aplicado, ministrada no curso de pós-graduação
lato sensu televirtual em Direito Público – Anhanguera-Uniderp|Rede LFG.
3. CARVALHO Raquel Melo Urbano Estudo da evolução do conceito de
extrafiscalidade e seus limites constitucionais. Disponível em:
http://www.comcentrodeestudos.com.br/downloads2.asp?id=9. Acesso em: 05.11.2009.

Você também pode gostar