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TAREFA 2 – 1ª.

Parte

FORMANDA: CECÍLIA ALMEIDA


AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA CHARNECA DE CAPARICA

INTRODUÇÃO

No Manifesto preparado pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecários


e Bibliotecas e aprovado pela UNESCO na sua Conferência Geral em Novembro de
1999 pode ler-se

“A biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo…

Os objectivos seguintes são essenciais ao desenvolvimento da literacia, das


competências de informação, do ensino, da aprendizagem e da cultura e
correspondem a serviços básicos da biblioteca escolar:

• Apoiar e promover os objectivos educativos delineados de acordo com as finalidades


e curriculum da escola;

• Desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem,


e também da utilização das bibliotecas ao longo da vida;

• Proporcionar oportunidades de produção e utilização de informação para o


conhecimento, compreensão, imaginação e divertimento;

• Apoiar os estudantes na aprendizagem e prática de capacidades de avaliação e


utilização da informação, independentemente da natureza, suporte ou meio, usando
de sensibilidade relativamente aos modos de comunicação de cada comunidade;

• Providenciar acesso aos recursos locais, regionais, nacionais e globais e às


oportunidades que exponham os estudantes a ideias, experiências e opiniões
diversificadas;

• Organizar actividades que favoreçam a tomada de consciência cultural e social e a


sensibilidade;

• Trabalhar com os estudantes, professores, administradores e pais de modo a


alcançar as finalidades da escola;

• Defender a ideia de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são


essenciais à construção de uma cidadania efectiva e responsável e à participação na
democracia;

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• Promover a leitura e os recursos e serviços da biblioteca escolar junto da
comunidade escolar e do meio.

Está comprovado que quando os bibliotecários e os professores trabalham em


conjunto, os estudantes alcançam níveis mais elevados de literacia, leitura,
aprendizagem, resolução de problemas e competências no domínio das tecnologias de
informação e comunicação.”

A Biblioteca Escolar é, assim, entendida desde há muito como um núcleo de trabalho e


aprendizagem ao serviço da escola e o trabalho colaborativo entre o professor
bibliotecário e os professores considerado essencial.

Numa altura em que ao nível tecnológico e digital são introduzidas mudanças


significativas na sociedade e na forma de acesso, produção e comunicação da
informação e introduzidas novas estruturas e espaços de aprendizagem, a BE enfrenta
novos desafios e a sua avaliação adquire uma nova dimensão. É necessário avaliar não
só as práticas de gestão da BE mas também o impacto que essas práticas têm na Escola
e no sucesso educativo dos alunos.

Ao pretendermos criar uma cultura de avaliação da escola não podemos dissociar a


avaliação da escola da avaliação da BE e temos de envolver todos os intervenientes
nesse processo de avaliação: a equipa da BE, a direcção da escola, as estruturas
pedagógicas, os professores, os encarregados de educação, os alunos, os funcionários.

A avaliação deve ser um instrumento de regulação e de melhoria contínua, que


identifique áreas de sucesso e áreas fracas que possam servir de base para a
fundamentação das estratégias a incluir num plano de acção.

Análise da situação da BE no Agrupamento de Escolas da Charneca de Caparica

A situação que se tem vivido na EBI da Charneca de Caparica, constituída em


Agrupamento de Escolas há dois anos, com a abertura de uma escola nova – a EB1/JI –
afigura-se-me facilitadora da aplicação do novo Modelo de Auto-Avaliação das BE.

Tem existido uma cultura de reflexão sobre as práticas e o trabalho realizado, que
culmina todos os anos na realização de um Seminário com a duração de dois dias em
que todas as estruturas da escola apresentam um balanço do trabalho desenvolvido,
salientando os pontos fortes e os pontos fracos da sua actuação.

Verificamos que esta avaliação tem introduzido alguma prática baseada em evidências,
principalmente no que diz respeito à análise comparativa de resultados.

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Os balanços apresentados no Seminário têm servido de base para o lançamento do
novo ano lectivo, partindo-se dos pontos fortes e fracos apresentados por cada uma
das estruturas.

É com base nesse levantamento que a equipa da BE elabora o Plano de Acção para a
BE e o Plano Anual de Actividades que é depois integrado no Plano Anual de
Actividades do Agrupamento.

O assento da Coordenadora da BE/CRE no Conselho Pedagógico tem sido importante


não só pela sua participação nas reuniões, como também pela colaboração com um ou
mais artigos sobre a BE em todos os números do Boletim daquele órgão, que é
distribuído após cada reunião a todos os professores, funcionários e associação de
pais.

A atribuição aos professores da equipa da BE de um bloco de 90’ coincidentes no


horário de todos os elementos, destinados à realização de uma reunião semanal e a
inclusão da BE nos objectivos do Projecto Educativo e do Projecto Curricular do
Agrupamento demonstra também o envolvimento da Direcção e das estruturas que
aprovam os referidos documentos na dinâmica da BE.

Outro ponto forte que destaco é a inclusão dos relatórios de balanço da BE na


avaliação interna e externa do Agrupamento e no Contrato de Autonomia,
recentemente assinado.

Apresentação do Plano de Acção da BE para 2009/2010

O seguinte Plano de Acção está incluído no PAA da BE e foi apresentado em Julho de


2009, em reunião do Conselho Pedagógico.

DOMÍNIO DE OBJECTIVO ACÇÕES


INTERVENÇÃO

EQUIPA Organizar os recursos - Alargar o nº de professores que


humanos de modo a apoiam o CRE de modo a ter 2
rentabilizar o professores em permanência no CRE
funcionamento da BE/CRE (um de apoio à informática e outro
de apoio ao trabalho dos alunos nas
outras valências do CRE)
- Atribuir no mínimo blocos de 90’ aos
professores de apoio ao CRE
- Manter um funcionário com
formação em BE em permanência no
CRE não permitindo a sua deslocação
para outras funções de substituição

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COLABORAÇÃO / Contribuir para a plena - Fazer a articulação de actividades
PARTICIPAÇÃO inserção da BE/CRE nas com os diferentes Departamentos,
PEDAGÓGICA actividades curriculares e Conselhos de Turma, Conselho de
pedagógicas da escola Docentes e de Ano
- Produzir, em colaboração com as
diferentes estruturas pedagógicas,
materiais didácticos, guiões de
pesquisa e documentos de apoio aos
alunos
- Organizar actividades conjuntas com
a escola do agrupamento

GESTÃO Promover uma gestão - Actualizar o Regulamento Interno da


eficiente da BE/CRE BE/CRE
- Actualizar o guia do utilizador
- Manter organizados os dossiers da
BE/CRE
- Elaborar instrumentos de recolha e
registo sistemático de dados para
avaliação da actividade da BE/CRE
- Elaborar estatísticas com os dados
recolhidos
- Promover iniciativas que levem à
captação de receitas para a BE/CRE

GESTÃO DE ESPAÇO E Melhorar a instalação e - Actualizar a sinalética


EQUIPAMENTOS equipamento da BE/CRE - Assegurar a manutenção de
computadores e actualização de
programas informáticos

GESTÃO Assegurar o tratamento - Manter actualizado o livro de registo


DOCUMENTAL técnico da documentação - Assegurar que a classificação,
indexação, cotação e arrumação dos
materiais são efectuadas por
professores / auxiliares com formação
para tal
Definir princípios de - Avaliar a colecção existente
política documental - Realizar o desbaste periódico da
colecção
- Recolher pedidos de aquisição de
documentos junto da comunidade
escolar
Promover a utilização dos - Promover a incorporação na BE/CRE
recursos de materiais produzidos por alunos e
professores
- Assegurar o empréstimo domiciliário
e para as salas de aula

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PROMOÇÃO DA Incentivar a leitura e a - Elaborar um programa coerente e
LEITURA E DA escrita sistemático de promoção das
ESCRITA competências de leitura e escrita em
Promover a animação da articulação com as diferentes
leitura estruturas pedagógicas e de acordo
com as linhas orientadoras do
Projecto Educativo e Projecto
Curricular do Agrupamento
- Articular as actividades do PAA com
as actividades a desenvolver no
âmbito do Projecto Charneca aLer+
- Desenvolver actividades de
animação à leitura nas duas escolas
do Agupamento – Feiras do Livro,
Concurso de leitura, Livro/autor do
mês, Hora do Conto… no âmbito do
Projecto Charneca aLer+
- Actualizar os guias de leitura de
acordo com os diferentes níveis de
escolaridade

PESQUISA Promover a literacia da - Editar e difundir junto de toda a


DOCUMENTAL E DE informação comunidade educativa materiais de
INFORMAÇÃO interesse relacionados com a literacia
Contribuir para a aquisição da informação
de competências de
informação

UTILIZAÇÃO LIVRE DA Contribuir para uma - Prever a abertura num horário


BE/CRE utilização livre, autónoma alargado, incluindo alguns sábados de
e lúdica da BE/CRE manhã, de modo a fomentar a
Reforçar e ampliar o papel utilização autónoma pelos alunos e
formativo da BE/CRE no toda a comunidade
desenvolvimento das
literacias da leitura e da - Fomentar a utilização da BE/CRE
informação como instrumento de lazer e trabalho
autónomo

FORMAÇÃO DA Promover a formação da - Definir um plano de formação para


EQUIPA equipa os elementos da equipa coordenadora
e outros elementos que apoiam o
trabalho e actividades da BE/CRE, de
acordo com as funções que cada um
desempenha.

FORMAÇÃO DE Promover a formação de - Organizar sessões e actividades que


UTILIZADORES utilizadores permitam dar a conhecer a

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organização, recursos e serviços da
BE/CRE e motivem para a sua
utilização

DIVULGAÇÃO DE Difundir os recursos e - Divulgar junto de toda a


RECURSOS E actividades da BE/CRE comunidade educativa e local os
ACTIVIDADES recursos e as actividades da BE/CRE
(cartazes, convites, folhetos, página
web, Boletim CP, boletim informativo,
jornal escolar…)
- Manter actualizados os painéis de
divulgação na escola
- Promover exposições e mostras de
trabalhos realizados pelos alunos

PARCERIAS Promover a cooperação - Articular actividades com a BM/SABE


com outras entidades - Promover a dinamização de
actividades em parceria com a Junta
de Freguesia / Associação de Pais
- Promover a dinamização de
actividades em parceria com escolas
da zona ou que integram o Projecto
aLer+
- Dinamizar actividades culturais e de
abertura à comunidade

Propõem-se os seguintes mecanismos de avaliação deste plano de acção:

Análise das requisições domiciliárias;


Análise da participação nas actividades a desenvolver;
Análise da frequência da BE/CRE;
Balanço quantitativo e qualitativo do plano de actividades da BE/CRE;
Inquéritos aos professores, funcionários e alunos;
Instrumentos de avaliação propostos pelo modelo de Auto-avaliação da RBE.

Conclusão:

O Plano de Acção apresentado não é, em nosso entender, demasiado ambicioso. Mas


a sua exequibilidade só é possível se forem dadas condições ao professor bibliotecário
para pôr em prática as acções previstas. E essas condições passam sobretudo pela
formação de uma equipa multidisciplinar com um número suficiente de horas
atribuídas, quer à equipa coordenadora, quer aos professores colaboradores, quer aos
assistentes operacionais.

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No que respeita à implementação do Modelo de Auto-Avaliação, se por um lado, como
dissemos antes, o caminho para a introdução do Modelo de Auto-Avaliação da BE
parece estar aberto face à cultura de avaliação já existente no Agrupamento, por outro
lado, há factores internos e externos que podem condicionar a sua implementação,
como por exemplo:

 A entrada de um elevado nº de professores novos pode trazer dificuldades na


comunicação e envolvimento de todos;

 A falta de recursos humanos – assistentes operacionais - que possam libertar a


equipa coordenadora de rotinas e tarefas burocráticas que consomem muito
tempo e energias;

 A diminuição do nº horas atribuídas aos professores colaboradores inviabiliza


um apoio efectivo aos alunos e a dinamização de algumas actividades;

 A não permanência da funcionária a tempo inteiro na BE condiciona o horário


de funcionamento e algumas actividades

 O nº elevado de inquéritos a preencher pode desmotivar os inquiridos para o


seu preenchimento.

A avaliação da BE deve ser, em suma e como refere Sarah McNicol, no texto


Incorporating library provision in school self-evaluation:

“…a regular part of normal school life which involves everyone: staff, pupils, parents,
governors, inspectors and the wider community. It should be a constant process in a
cycle which includes identifying priorities for improvement; monitoring provision;
and evaluating outcomes..”

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