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2ª Parte da 1ª Tarefa

Escolhi este trabalho por mero acaso. Ainda assim, parece-me que a
colega tem um pensamento muito bem estruturado sobre o assunto.

Concordo plenamente com a sua visão do paradigma de que o


professor bibliotecário tem de ser o centro da mudança e de que a
“sua função reside em criar condições para que a biblioteca se torne
central na construção do conhecimento e do entendimento humano
dos alunos” ou seja, a Biblioteca/ Centro de Recursos tem de ser uma
espécie de plataforma de produção de conhecimentos e o professor
bibliotecário tem de ser o motor da mudança. Para isso é necessária
formação. Muitos professores, a maioria dos professores
bibliotecários, são professores que há mais ou menos tempo se
dedicaram a esta tarefa por razões várias. Alguns há que, tendo
formação, não se querem dedicar a esta tarefa que lhes parece, na
maior parte das vezes quase desprestigiante. Quem eram os
professores bibliotecários deste país, na maioria dos casos?
Professores que estavam com redução da componente lectiva. Então,
enquanto não houver um corpo formado, essa mudança será pontual.
Nos factores de sucesso acho prevalente o argumento de que a
BE/CRE tem de ser vista pela comunidade como a tal plataforma.
Enquanto as escolas tiverem administrações que consideram a
BE/CRE apenas mais um serviço para onde, que chatice, é preciso
disponibilizar horas. Assim sendo, e dou como exemplo a minha, doze
dos professores colaboradores da BE/CRE pertencem à área de
Expressões. E em que as horas disponibilizadas servem para “tapar
buracos” no horário, tendo-se conseguido um rendilhado fantástico,
mas absolutamente ineficaz em termos de um trabalho eficaz e
contínuo.
A Biblioteca é de facto, para o bem e para o mal um local onde se
pode ir recolher alguma informação e onde os miúdos podem ver uns
filmes em vez de andarem aos pulos no recreio. Ou então para onde
se mandam turmas inteiras, ao mesmo tempo, fazer pesquisas.
Regimento? Regulamento? Que é isso? Onde está? Regras… os
professores da biblioteca não querem é fazer nada…
Esta continua a ser a visão prevalecente da comunidade educativa. A
mudança de paradigma tem de ser feita por dentro, por parte dos que
estão mais perto, dos que formam a comunidade educativa e,
enquanto professores de língua portuguesa considerarem uma perda
de tempo irem realizar uma visita à BE/CRE para a realização de uma
tarefa (Pedipaper)… o professor bibliotecário terá que realizar mais
que “Os doze trabalhos de Hérculos”.
Os obstáculos são mais que muitos. Os assinalados pela colega são
fundamentais mas, pelo acima exposto, há obstáculos mais
enraizados nas mentalidades. Pelas leituras realizadas, fiquei a saber
que esta imagem da BE/CRE e dos professores bibliotecários não é
um problema apenas em Portugal. Se até nos países anglo-saxões
esta visão é um problema, países onde há muito mais tempo se deu
um enfoque a um processo de ensino aprendizagem mais centrado no
aluno e nas suas competências há que criar mecanismos para que
estas imagens se modifiquem. E as imagens só se modificam quando
os envolvidos tiverem uma necessidade premente da utilização desse
recurso.
Como diz pertinentemente a colega, enquanto a prática lectiva tiver
“Modelos pedagógicos que assentam essencialmente na difusão de
conhecimentos. “ a mudança, parece-me, será muito lenta.
Relativamente às acções prioritárias enunciadas pela colega Isabel
Rodrigues questiono-me sobre se elas são efectivamente as
prioritárias.
Parece-me que se está a exigir demasiado à BE/CRE.
No primeiro item enunciado “Elaborar métodos de pesquisa que
evidenciem a acção da BE. “ parece-me essencial mas para avaliar a
acção da mesma e não para alterar o paradigma da utilização da
mesma por parte da comunidade educativa.
Quanto ao segundo item “Criar, em colaboração com os professores
no terreno, guiões de aprendizagem de acordo com os currículos. “ é
mais uma vez a biblioteca que se move, que propõe, que faz, que
anda. E o que são guiões de aprendizagem? Como se dizia na
literatura apresentada para esta tarefa, a biblioteca tem de ser a
“melhor sala de aula da escola” mas deverá ser o utilizador a produzir
o seu próprio conhecimento e não a biblioteca a fornecer-lhe o
trabalho já pronto.
Não defendo uma BE/CRE imóvel ou imutável mas, enquanto a
comunidade educativa não sentir necessidade dela como um recurso
educativo viável, fiável e absolutamente rentável ela não tem
capacidade de se impor.
Apesar do impulso extraordinário que tem sido dado às bibliotecas
escolares elas, na sua maioria continuam a debater-se com
problemas imensos: de pessoal, de formação, de instalações, de
verbas, de “auto-estima”, de imagem.
Trabalhar para o óptimo pode ser um processo mas não “acredito”
em milagres. Considero que o trabalho tem de atender a uma
multiplicidade de factores que, por vezes, parece que nada se faz. E a
grande “mudança” nas bibliotecas está a ser produzida pela
informatização das mesmas. A minha está no século passado, nem
um catálogo tem. Actualizado é um adjectivo a anos de atingir.
Para concluir, parece-me óbvio que é necessário trabalhar cada
biblioteca atendendo ao seu contexto, à sua comunidade educativa,
às suas condições, tendo sempre uma linha orientadora e nunca
perdendo de vista o projecto educativo (quando não é um mero
documento formal).

11 de Novembro de 2009
Cristina Simões

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