Você está na página 1de 7

O estado da educação, o Estado que temos e o estado a que isto chegou…

Os ‘especialistas’ em política nacional e internacional, economia, justiça, saúde, ciência,


tecnologia, media, cultura, desporto, gastronomia, culinária…, e em educação, António
Ribeiro Ferreira, Fátima Campos Ferreira, Manuela Ferreira Leite, Camilo Lourenço, Albino
Almeida, António Sousa Tavares, entre outras grandes figuras da demo(nio)cracia nacional,
acusam os professores de serem contrários à mudança. Estes ‘sábios’ (ou serão ‘ressábios’ - de
ressabiados??) inventores de termos que entraram no nosso léxico, tais como alavancar,
operacionalizar e, já agora, invento eu ondeéqueistovaiparar. Camilo Lourenço, no Jornal de
Negócios de 05 de Março de 2008 afirma: «Alguém conhece qualquer medida (de fundo) que tenha
sido aceite pelos sindicatos da Educação? Eu não. Durante 30 anos o sector viveu em auto-gestão
(sic). O resultado está à vista: não há ninguém, com excepção dos professores, satisfeito com o
estado da Educação.
(…)
Os professores (há excepções) estão a aproveitar uma questão pessoal, a antipatia da ministra, para
mascarar o verdadeiro problema: não querem ser avaliados. Porque se habituaram a viver sem terem
que prestar contas pelo mau trabalho que (muitos) fazem. É essa a questão. Ponto final.» Podemos
deduzir, então, que durante 30 anos nada mudou na educação. Pois! Os sindicatos e os
professores não deixaram. A propósito, autogestão não se escreve com hífen! Este ‘génio’
precisa de fazer umas cópias e uns ditados…

Foram os professores e os sindicatos os responsáveis pela balbúrdia informática que ocorreu


aquando do concurso de colocação de professores, no tempo dos ‘competentíssimos’ David
Justino e Maria do Carmo Seabra?

Foram os professores e os sindicatos quem aprovou as políticas na Assembleia da República,


quem emanou leis, decretos-lei, despachos, portarias, declarações de rectificação e outros
documentos geradores de toda esta confusão? Sim, quando votaram nestes políticos. É natural,
são todos idóneos, exemplares, eticamente inatacáveis e tolerantes. Há dois mil e quinhentos
anos, os atenienses do século V a. C., tinham uma lei, chamada de ostracismo, que condenava
qualquer detentor de cargos públicos a um exílio de 10 anos, caso se servissem do cargo em
benefício pessoal. Se esta lei vigorasse em Portugal, a maioria dos nossos políticos estariam
exilados. Do mal, o menos, alguns foram “castigados” com a aposentação e hoje, coitados,
vivem na “pobreza” com “pequenas” reformas de miséria (Campos e Cunha, Mira Amaral...).
Eu, orgulho-me de sempre ter exercido o meu direito de voto, mas há muitas legislaturas que o
faço em branco, pois não confio neles. Ao contrário de muitos colegas de profissão que
confessam o seu profundo arrependimento, eu não votei no Sócrates. No entanto, os
professores é que estão habituados, segundo Camilo Lourenço, “a viver sem terem que prestar
contas pelo mau trabalho que fazem“. Já agora gostaria de saber quanto lhe pagam pelas geniais
e sentenciosas linhas que escreve no Jornal de Negócios? Um destes dias estaremos a vê-lo no
governo. Os governantes não tiveram responsabilidade nenhuma, claro. Ainda há dias, quando
o temporal devastou algumas zonas do país, o Ministro do Ambiente não teve nada a ver com
isso, a culpa foi das autarquias. Quando muitos responsáveis pela gestão da coisa pública (na
TAP, na CP, nos institutos, no governo, nas fundações, nas Entidades Reguladoras), tiveram
um desempenho ruinoso, a avaliação negativa “castigou-os” com a nomeação para outras
funções semelhantes, depois de os indemnizar em milhões. Ocorre-me a nomeação para a
troca de cargos entre os administradores da CP e da REFER no governo PSD/CDS após
cumprirem a sua comissão.

No que me diz respeito, sempre lutei pela mudança do sistema educativo. Tal como eu, muitos
outros professorzecos o vêm fazendo há longos anos. Nunca concordei com os ‘feriados’ no
ensino obrigatório, embora também não concorde que os alunos sejam obrigados a suportar a
pesadíssima carga lectiva actual – há presentemente dezenas de milhares de alunos a entrar na
escola às 08:00 horas e a saírem de lá às 18:00, seguindo logo para os institutos de línguas,
natação, patinagem, clubes desportivos, escolas de dança (Hip-hop, Ballet, Danças de Salão,
etc.), filarmónicas. Evidentemente que se as cargas curriculares estivessem estruturadas para
deixarem parte das tardes livres, isso não dispensaria as escolas de assegurarem o
acompanhamento dos estudantes cujos encarregados de educação assim o desejassem, ou dos
pais que saem cedo e só regressam pela hora de jantar (aulas de estudo acompanhado, por
exemplo, ou desenvolvendo actividades no âmbito dos clubes e projectos). Imagine-se a
violência que obriga alunos com 11, 12, 13, 14 anos, a suportar aulas de 90 minutos, no final
dum longo dia que começou às 6, 7 ou 8 da manhã, apenas com um intervalo para almoço, e
que no dia seguinte têm que repetir a proeza. Já no secundário, considero uma idiotice, estilo
ASAE, a obrigatoriedade de assistirem às aulas de substituição. Já têm idade para ter juízo e
decidir o que é melhor para eles. Mais uma vez defendo que a escola deve ter professores
disponíveis para receber os alunos que desejem ocupar o tempo da aula cujo professor faltou.
Neste nível de ensino, estou a imaginar alunos a serem obrigados a assistir a uma aula de
substituição duma disciplina que dominam perfeitamente, quando rentabilizariam muito
melhor o tempo na biblioteca, ou em casa, dedicando-se às disciplinas em que têm mais
dificuldades. As bibliotecas da escola estão frequentemente às moscas porque os alunos têm
que estar na sala de aula.

Como dizia António Barreto no Público do passado dia 5 de Outubro «PARECE QUE A
EDUCAÇÃO está em reforma. Sempre esteve, aliás. Vinte e tal ministros da educação e quase cem
secretários de Estado, em pouco mais de trinta anos». Por cada um dos ministros, com o
respectivo séquito de secretários de estado e clientelas partidárias - sem excepção, - que o
sistema educativo não pára de se afundar no atoleiro em que se encontra presentemente.
(Ocorrem-me alguns nomes: Manuela Ferreira Leite, Artur Santos Silva, Marçal Grilo, David
Justino, Maria do Carmo Seabra, Guilherme de Oliveira Martins, Ana Benavente…). De quem
é a culpa? dos professores, esses privilegiados e preguiçosos!

O que estas excelências, é assim que exigem ser tratados, não sabem(?) é que a A Escola
mudou: -mudaram as expectativas profissionais dos alunos e com elas a motivação; mudou o
nível de exigência (diminuiu); mudou o prestígio social dos docentes (diminuiu); mudou a
autoridade do professor (diminuiu); mudou drasticamente a responsabilidade do professor
(aumentou) e a do aluno (diminuiu); mudaram as tarefas burocráticas - elaboração de fichas,
planos, participações, etc. – tendentes a “melhorar” as estatísticas (aumentaram
enormemente); instalou-se a ideia de que para ter sucesso não é necessário empenhamento;
mudaram as regras da escolaridade obrigatória (é quase impossível reter um aluno no ensino
básico e, em contrapartida, ninguém questiona se ele progride sem atingir minimamente os
saberes, atitudes e comportamentos que se devem exigir em nome da cidadania); instalou-se a
sensação de facilitismo e de impunidade. Só mudando o conjunto de factores enunciados
acima se pode melhorar o ensino, formar os nossos alunos para o sucesso na escola e
posteriormente na vida activa e, por fim, restaurar a autoridade e o prestígio social e
profissional do docente. Quem foram os responsáveis? Os professores, ou quem legislou e
regulamentou ao longo das últimas três décadas?

A fúria reformista de todos os ministros da tutela nunca foi avaliada. Assim que mudava o
responsável pela pasta da Educação, mandava às urtigas o trabalho do seu antecessor e sem
procurar aproveitar as experiências bem sucedidas, iniciava nova reforma. Os professores
sempre cumpriram a legislação. Ainda que não concordem, são obrigados a isso, sob pena de
procedimento disciplinar. Os actuais responsáveis pela pasta educativa, sob o comando de
Sócrates e Teixeira dos Santos, limitaram-se a fazer o mesmo que os antecessores, sem
avaliarem o que anteriormente havia resultado, só que à velocidade da luz (mas com toda a
tranquilidade, embora no final do 2.º Período). E os professores é que não querem ser
avaliados… Claro que o resultado está à vista. A regulamentação actual parece obra de
alucinados. Pudera! À velocidade da luz quem não ficaria. Todavia, os professores continuam
a cumprir. Que remédio... Neste momento, muita gente desconhece que há dezenas de milhar
de profissionais que entram diariamente na escola pela manhã e só de lá saem à noite.
Contudo isso não os dispensa de trabalhar em casa pela noite fora e aos sábados e domingos.
Como dizia uma colega que reside num terceiro andar: - Depois da 23:00h, quando tenho que
ir à janela ou à varanda, vejo sempre as luzes acesas das mesmas casas e olha que não estão a
ver televisão. São quase todas de professores. Que estarão eles a fazer a essa hora? A ver a
Floribela da televisão do cardeal Pina Moura. Certamente que não estão fazer relatórios, a
elaborar testes, ou a corrigi-los, ou a preparar aulas…???

A ideia de que a juventude não presta, de que os alunos são ignorantes, de que a qualidade do
conhecimento tem vindo a piorar, é intemporal. No entanto, é contrariada pela realidade. O
nível de conhecimentos tem óbvia e felizmente progredido tanto em quantidade, como em
qualidade. Quantos analfabetos e licenciados tinha o país em 1974? E hoje? Daí que, a relação
entre o professor e os alunos tenha que estar sujeita a uma aferição constante. Professores e
alunos podem, e devem, ser avaliados. Os alunos sabem bem quem são os bons professores.
E os maus. Também os professores sabem bem quem são os bons alunos. E os maus.

Outro problema “evidente” é o da questão da desvalorização social do professor e da própria


escola, resultante da sua massificação. É necessário mudar as mentalidades e interiorizar a
ideia de que a escola vale a pena.

Na verdade, muitos dos problemas com que os professores se confrontam diariamente, podem
e devem ser resolvidos de forma “pacífica” e com resultados vantajosos tanto para nós, como
para os nossos alunos, contribuindo para humanizar uma relação que frequentemente é
“impessoal”. No entanto, penso que felizmente, muitas dessas atitudes, baseadas na tolerância
e no respeito por todos, vêm sendo praticadas cada vez com mais frequência, embora muitas
vezes duma forma “empírica”, ou até intuitiva, à medida que os corpos docentes se vão
rejuvenescendo e estabilizando, contribuindo assim para a criação duma escola mais digna e
onde vale a pena estar. Nem tudo está bem. Aliás muita coisa está mal. Mas quem é que faz as
leis, as aprova, as executa e julga e condena, apenas alguns, dos que não as cumprem? São os
professores e os sindicatos?

Desde a adolescência que trabalhava durante o mês de Julho para poder ir de férias em
Agosto: fui servente de pedreiro, ajudante de ladrilhador, aprendiz de tanoeiro (construção e
manutenção de pipas numa adega), onde também engarrafei vinho e aguardente, trabalhei na
estiva a carregar e descarregar vagões de mercadorias, fui até à Suiça à boleia onde andei na
apanha do alperce.

No 2.º ano da faculdade entrei para a docência (havia falta de professores devido à
massificação do ensino). Em 1979/80 residia em Lisboa, pois tinha aulas na faculdade das
19:00 às 23:30 h (toda a semana). Às seis da manhã embarcava num comboio regional,
daqueles que param em todas as estações e apeadeiros, depois de fazer o percurso a pé desde
Picoas até Santa Apolónia, uma vez que não havia transportes públicos de madrugada.
Desembarcava na estação de Santarém, utilizava o autocarro que seguia para a cidade e
esperava por outro, junto à ponte do rio Tejo, que seguia para Almeirim, onde iniciava as
actividades lectivas às 08:30 h. É claro que quando terminava as aulas fazia o percurso
inverso. Neste caso, tinha transportes públicos em Lisboa.

Este tipo de ‘calvário’ continua hoje em dia para milhares de docentes, não só em início de
carreira, mas com vários anos e até décadas de serviço. Muitos dedicam-se de corpo e alma
aos alunos, sacrificando as suas famílias. Alguns pagam literalmente para trabalhar, na
esperança de acumularem tempo de serviço que lhes permita entrarem para o quadro. São
obrigados a pagar alojamento e transporte, pois estão colocados a centenas de quilómetros e
apenas podem ver mulher e filhos ao fim de semana. Privilégios?? Corporativismo??

Há 29 anos que sou professor do 3.º Ciclo e do Secundário. A avaliação tem como fim último
a correcção das más práticas e a optimização das boas. Nunca a punição! A punição é para os
infractores e para isso existem a Inspecção Geral de Educação e os tribunais. A larga maioria
dos professores querem a avaliação, mas NÃO QUEREM ESTA AVALIAÇÃO.

O sistema educativo de Sócrates gerou perversidades de todo o tipo. Eis alguns exemplos:
1. -só os docentes dos antigos 8.º, 9.º e 10.º escalões puderam ser opositores ao concurso de
titular. Os docentes dos escalões inferiores, muitos deles com 10, 15 e mais anos de
excelente serviço, detentores de mestrado e doutoramento, foram impedidos de concorrer,
apesar da sua reconhecida competência. Em contrapartida, alguns incompetentes e
oportunistas, só porque já tinham atingido o topo da carreira, ascenderam quase
automaticamente. Porquê?;
2. -no concurso para professor titular os docentes que faltaram, nos últimos sete anos, por
motivos justificados (doença, nojo, ao abrigo do desconto no período de férias), muito
embora tenham cumprido escrupulosamente as leis, que não fizeram, nem aprovaram, foram
penalizados. Imaginemos o que diriam os ‘especialistas’ referidos no início deste texto, se
hoje os seus superiores hierárquicos determinassem que as faltas, devidamente justificadas,
dadas nos últimos 7 anos seriam motivo de punição;
3. -quem não desempenhou cargos (director de turma, coordenação e outros), nos últimos 7
anos, foi penalizado. Imaginemos uma escola onde existe um grupo de docência com
excesso e outro com carência de professores. A gestão da escola tem o dever de atribuir
cargos aos professores do grupo com excesso, para que os do grupo com carência possam
assegurar as aulas a todos os alunos, evitando assim a contratação de mais docentes. Pois
bem, os professores que não ocuparam cargos, foram prejudicados, independentemente do
seu desempenho. Por conseguinte, docentes posicionados na carreira em situação
académica e profissional inferior, ultrapassaram colegas mais qualificados,
independentemente da sua prestação;
4. -o concurso permitiu que docentes do antigo 8.º escalão passassem a titulares, enquanto
outros colocados nos antigos 9.º e 10.º escalões, alguns detentores do grau de mestrado e
doutoramento, sem qualquer falta injustificada, com muitos e bons anos de serviço, foram
impedidos de ascender à categoria;
5. -as cotas que limitam o acesso à categoria de professor titular, geram injustiças enormes (2/3
do corpo docente não pode aceder à categoria). Numa escola com um corpo docente
numeroso colocado no topo da carreira, há presentemente um número excessivo de
professores que ascenderam à categoria devido ao carácter excepcional do primeiro e único
concurso. Como a idade da reforma foi alargada até aos 65 anos, só quando o número de
titulares atingir menos dum terço do total de docentes é que os mais novos podem concorrer,
isto é, podem ter esperança de progredir na carreira, independentemente da avaliação que
obtenham. Em contrapartida, numa escola com um corpo docente jovem, onde é possível a
existência de poucos professores nos antigos 8.º, 9.º ou 10.º escalões (só estes podem
ascender a titulares), se a cota existente não tiver atingido o tal terço, os docentes do escalão
imediatamente anterior podem então concorrer, desde que haja vagas, independentemente
da sua avaliação os colocar em situação inferior, relativamente aos colegas de outras escolas;
6. -toda a actividade profissional desempenhada antes dos últimos 7 anos não foi tida em conta.
O argumento é que não há registos fiáveis nos processos biográficos dos profissionais. Mais
uma vez a culpa é dos professores? Se os responsáveis pela administração escolar (o
ministério, em última análise) foram incompetentes, ao ponto de perder a confiança nos
registos biográficos dos seus profissionais, ou inclusivamente de terem perdido esses
mesmos registos, qual a razão para punir quem foi responsável e cumpriu com os seus
deveres e obrigações?;

O que está então verdadeiramente por detrás desta ofensiva sem precedentes? Vamos ver se a
História responde? Terminada a 2.ª Guerra Mundial, em 1945, emergiram duas superpotências
aliadas - (E.U.A. e U.R.S.S.). Derrotado o inimigo comum, os aliados passaram a rivais, ainda
não eram passados dois anos. A competição pelas zonas de influência lançou-nos a todos na
Guerra Fria e a humanidade entrou ‘triunfantemente’ na 2.ª metade do século XX, sob a
ameaça da destruição nuclear. O mundo dividira-se em 2 grandes blocos antagónicos, a NATO
– capitalista e o Pacto de Varsóvia – comunista (Deus nos livre deles, capitalistas e
comunistas). Infelizmente[?] o poder de devastação dos 2 inimigos era tal, que o ataque dum
bloco provocaria a destruição de ambos, e de caminho, de todo o planeta. A Europa estava a
reerguer-se da ruína em que caíra durante a guerra. Como? No bloco de leste, sob a batuta
ditatorial e sanguinária da comunista U.R.S.S. No ocidente, sob a influência da capitalista
América. Começaram por ajudar a Europa com o Plano Marshall e, posteriormente,
continuaram a enviar dólares. Se as democracias europeias não proporcionassem bem-estar
aos seus cidadãos, havia o perigo de se gerarem crises sociais que poriam em perigo o mundo
capitalista, uma vez que poderiam favorecer o avanço do comunismo (Deus nos livre deles).

Bem sabemos o que aconteceu ao mundo nos anos 30, devido à crise do capitalismo (Deus nos
livre deles), e como a Europa se rendeu aos regimes repressivos e ditatoriais, com a
emergência do fascismo, nazismo e quejandos, que terminaram numa apoteótica
demonstração das capacidades do mundo “civilizado”. A “festa”, - no sentido da ‘festa brava’
onde a carnificina é apreciada por hordas da “civilizada plebe”, herdeira das melhores
tradições do império romano, - começou em Espanha, terra da ‘festa brava’ em 1936 e só
terminou na Alemanha e no Japão em 1945.

O descontentamento poderia provocar crises políticas e colocar em perigo o capitalismo. Para


manter os súbditos felizes, fizeram crer que o futuro é capitalista. Criaram ou reforçaram os
Serviços Nacionais de Saúde gratuitos, a Educação, a Cultura, a Segurança Social. Aí estava
em toda sua glória e esplendor o Estado-providência. Não valia a pena ser comunista (Deus
nos livre deles). Os americanos eram nossos amigos, e por isso, Salazar, não obstante ter
colocado a bandeira nacional a meia haste quando foi conhecida a morte de Hitler, e Franco,
mantiveram-se. Até ao final dos anos 80 sabemos bem qual foi o comportamento dos E.U.A,
defensores da democracia e campeões da liberdade. Na sua zona de influência floresceram as
“democracias militares” - Grécia, Venezuela, Brasil, Chile, Indonésia, Filipinas, com todo o
seu sinistro e mórbido cortejo de repressão, prisões, arbitrariedades e massacres. Valeu a pena,
livrou-nos do comunismo (Deus nos livre deles).

Derrubada a “Cortina de Ferro” e finda a ameaça do comunismo (Deus nos livre deles),
instalou-se a selvajaria capitalista (Deus nos livre deles). Livres, enfim, do perigo comunista,
já não é necessário o Estado-providência. Os ‘especialistas’ a que me referi na primeira
linha deste texto, em Portugal, e os seus correligionários, por esse mundo fora, passaram a
lutar furiosamente por um novo regime, nem comunista, nem capitalista (Deus nos livre
deles). Podemos designá-lo por “Regime do Fartar Vilanagem” (RFV) que gerou melancias,
varas e tantos mais – são milhares, - que baseiam os seus princípios políticos na ganância e na
mais descarada impunidade. E têm sempre a rodeá-los uma infindável corte de bajuladores
interesseiros e uma imensa plateia de invejosos, uns, e de ingénuos, outros, que acham que o
Soares é fixe e o Sócrates competente. Entretanto o assalto prossegue cada vez mais violento
guiado pela bússola dos trichês e quejandos em nome do combate ao défice, aqui representado
por teixeira dos santos, neste jardim à beira mar plantado, que transformaram em inferno.
Note-se que o que parecem nomes próprios gerados pelo RFV, são na verdade novas espécies
políticas, caso contrário, as iniciais teriam que estar escritas em letra maiúscula.

Não há dinheiro para combater o défice? Pudera! Nunca se viram tantos carros de luxo, tantos
condomínios fechados, tantos iates, tantos jactos particulares… e querem mais, sempre mais.
Quando morrerem, levarão os bens com eles? É que a sua riqueza vai durar até à
quinquagésima geração.

Se não é possível contar com o contributo dos defensores do RFV que fazem leis à sua medida
(Casino de Lisboa), por terem os melhores ‘especialistas’ a defendê-los e por saberem onde
ficam os paraísos fiscais. Se não é possível contar com os 20% (só?) de pobres. Se não é
possível contar com 10 ou 15% de indigentes, desempregados, vigaristas e oportunistas que
proliferam cada vez mais, vítimas do RFV. Quem mais, senão a classe média (140 mil
professores), para pagar tudo isto. E como recompensa, são apelidados de incompetentes,
“malandros”, “baldas”, “ociosos”, entre outros. Claro! Se o não fossem, este inferno (para
nós), não tinha chegado ao estado a que chegou. A classe média, que eu designaria por
‘pagantes’ é que vota sempre neles.

Qual é a estratégia? Divide-se a carreira em ‘generais titulares’ e em ‘prontos’ (a ir para o


desemprego?). Os que pretendem ser incorporados devem ser os ‘recrutas maçaricos’, por isso
estão sujeitos a uma ‘prova de ingresso’. Deste modo, não se poupam, antes se transferem
milhões de euros para os do costume e salva-se o deficit. Os seus maquiavélicos autores,
responsáveis pelo RFV, apresentam-se como os autores do paradigma da competência e do
rigor. Qual rigor? O da avaliação, o da gestão, do bando de imbecis que designam por
‘professorzecos’, também conhecidos como a classe profissional mais dividida do país. Será
coincidência que tenham escolhido para vítimas principais do seu ataque a via da divisão (em
maçaricos, prontos e generais). Não! É uma questão de justiça, rigor e competência, claro!
Como diria o Sócrates “-em tantos anos de democracia, nunca vi nada assim!”.

QUEREMOS UMA AVALIAÇÃO OBJECTIVA, IMPARCIAL E JUSTA. Justa? Ocorreu-me o estado da justiça,
e já agora, da saúde, no Portugal de Sócrates onde tudo vai bem… em S. Bento e em Belém.

Sou general, digo, professor titular no topo da carreira. Não confio em nenhum partido, não
sou sindicalizado, mas estou INDIGNADO. Dia 8 lá estarei.
06 de Março de 2008.
Luís Moura.

Pasme-se agora, e cito António Barreto, no Público do passado dia 5 de Outubro: «Medite-se
na forma mental, na ideologia e no pensamento que inspiram este despacho. Será fácil compreender
as razões pelas quais chegámos onde chegámos. E também por que, assim, nunca sairemos de
onde estamos.

Com a devida vénia ao signatário, o secretário de Estado Valter Lemos, transcrevo o seu despacho
normativo, cuja leitura em voz alta recomendo vivamente:

*O Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004,
de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro,
rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007,
de 26 de Julho, assenta num princípio estruturante que se traduz na flexibilidade de escolha do
percurso formativo do aluno e que se consubstancia na possibilidade de organizar de forma
diversificada o percurso individual de formação em cada curso e na possibilidade de o aluno
reorientar o próprio trajecto formativo entre os diferentes cursos de nível secundário.** Assim, o
Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, veio estabelecer um conjunto de orientações
sobre o processo de reorientação do percurso escolar do aluno, visando a mudança de curso entre os
cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, mediante recurso ao regime de
permeabilidade ou ao regime de equivalência entre as disciplinas que integram os planos de estudos
do curso de origem e as do curso de destino, prevendo que a atribuição de equivalências seria,
posteriormente, objecto de regulamentação de acordo com tabela a aprovar por despacho ministerial.
Neste sentido, o Despacho n.º 22796/2005 (2.ª Série), de 4 de Novembro, veio concretizar a
atribuição de equivalências entre disciplinas dos cursos científico-humanísticos, tecnológicos e
artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, do ensino secundário em
regime diurno, através da tabela constante do anexo a esse diploma, não tendo, no entanto,
abrangido os restantes cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março. A
existência de constrangimentos na operacionalização do regime de permeabilidade estabelecido pelo
Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, bem como os ajustamentos de natureza
curricular efectuados nos cursos científico-humanísticos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004,
de 26 de Março, implicaram a necessidade de se proceder ao reajuste do processo de reorientação
do percurso escolar do aluno no âmbito dos cursos criados ao abrigo do mencionado Decreto-Lei n.º
74/2004, de 26 de Março. Desta forma, o presente diploma regulamenta o processo de reorientação
do percurso formativo dos alunos entre os cursos científico-humanísticos, tecnológicos, artísticos
especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, incluindo os do ensino recorrente,
profissionais e ainda os cursos de educação e formação, quer os cursos conferentes de uma
certificação de nível secundário de educação quer os que actualmente constituem uma via de acesso
aos primeiros, criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela
Declaração de Rectificação n.º44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-
Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 23/2006, de 7 de
Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, e regulamentados, respectivamente, pelas
Portarias n.º 550-D/2004, de 22 de Maio, alterada pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março, n.º
550-A/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 260/2006, de 14 de
Março, n.º 550-B/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 780/2006, de
9 de Agosto, n.º 550-E/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º
781/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-C/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela
Portaria n.º 797/2006, de 10 de Agosto, e pelo Despacho Conjunto n.º453/2004, de 27 de Julho,
rectificado pela Rectificação n.º 1673/2004, de 7 de Setembro. Assim, nos termos da alínea c) do
artigo 4.º e do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de
Rectificação n.º44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006,
de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo
Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, determino:*

O que se segue é indiferente. São onze páginas do mesmo teor. Uma linguagem obscura e
burocrática, ao serviço da megalomania centralizadora. Uma obsessão normativa e regulamentadora,
na origem de um afã legislativo doentio. Notem-se as correcções, alterações e rectificações
sucessivas. Medite-se na forma mental, na ideologia e no pensamento que inspiram este despacho.
Será fácil compreender as razões pelas quais chegámos onde chegámos. E também por que, assim,
nunca sairemos de onde estamos.», fim de citação.

Só os professores são maus, os restantes grupos profissionais são modelares. Atente-se no


título do DN em destaque no dn.pt do dia 06 de Março: “ Funcionários no topo vão poder subir na
carreira”. Se os funcionários estão no topo, como podem subir mais? Só se voarem!?!

Você também pode gostar