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Como tenho repetido, os 100 mil professores não participaram na manifestação por
causa do aburdo do método e da substância da avaliação dos docentes, mas por causa da
regressão do ensino, no meio do delírio pedagógico e didáctico do Ministério da
Educação, e da degradação da função do professor. Ora, o acordo não resolve, nem
estabelece um método para resolver, as queixas maiores e, portanto, despreza-as,
reduzindo o capital de descontentamento à fatídica avaliação.
Por isso, considerei que o acordo significa a venda dos professores ao Governo pelos
sindicatos politicamente controlados pelo PC e PS. Os 100 mil professores que se
manifestaram não são todos comunistas: na manifestação existiria uma representação
mais ou menor proporcional da preferência partidária dos eleitores, corrigida, admita-se,
pela não participação de professores que tenham considerado que participar na
manifestação constituiria uma forma de ataque ao Governo que apoiam politicamente.
Foi com desconforto que os professores assistiram no Terreiro do Paço em 8 de Março
de 2008, no final da Marcha, o discurso de... Manuel Carvalho da Silva, que pareceu
uma tentativa de instrumentalizar professores para objectivos que a larga maioria não
partilhava; enquanto não foi consentida a intervenção de nenhum líder independente de
uma luta que começou inorgânica até ser montada pelos sindicatos.
Avisado por uma leitora, li a revelação do prof. Mário Lopes no blog Movimento
Cívico em Defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência de que na prometida
consulta aos professores após acordo com o Ministério as cúpulas sindicais, numa
evidência de deslealdade política, não terem submetido o texto do próprio Memorando
de Entendimento aos professores nos plenários - organizados e preparados pelos
sindicatos -, mas uma Moção em que o acordo é referido de passagem. Fui confirmar e
verifiquei que é verdade a tese do "Gato por lebre". O que foi dado a votar aos
professores, nas escolas onde os sindicatos organizaram reuniões, foi uma moção
reivindicativa face ao Governo, cujos resultados (até 17/04/2008, com 766 escolas:
669 - 87,3% - aprovaram a moção; e 97 - 12,7% rejeitaram a moção) são,
paradoxalmente, usados para demonstrar adesão ao acordo dos sindicatos com o
Ministério!...
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Ministério!...
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