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- Quem é?
Disse uma voz de mulher de idade.
- Sou Roberto, estou procurando Reginaldo para discutirmos assuntos
particulares de extrema importância.
- Reginaldo, tem um tal de Roberto aqui querendo falar com você. Ele está
falando difícil.
Depois de uns instantes apareceu diante de mim meu mortal inimigo, que
era da minha altura mais com a musculatura bem mais bem exercitada.
Tinha um olhar tranqüilo, e parecia curioso.
- Comece seu alongamento também, pois ele facilita o exercício, e você vai
precisar e bastante mobilidade para se esquivar de meus ataques.
- Você é louco de verdade?
- Não sou louco, tudo o que estou fazendo tem perfeito sentido. Você
ofendeu minha amiga e eu tenho que te agredir fisicamente.
O homem não parava de rir, e eu não consigo entender bem porque, mas
isso me deixou com muita raiva. Será que ele está rindo porque me
considera fisicamente inapto para agredi-lo, ou será que está rindo do fato
de ter ofendido minha amiga? Somente a possibilidade de a segunda
hipótese ser verdadeira me deixou muito raivoso, e a primeira, que era
irrelevante, não me acalmou. Corri com toda a minha raiva na direção dele,
que se esquivou facilmente dos meus primeiros golpes. Eu estava
executando golpes repetitivos, e ele começou a repetir os movimentos de
esquiva. Quando criei o hábito de esquiva nele completamente eu mudei os
movimentos abruptamente e o acertei. Sim, uma bela de uma cotovelada
no queixo como nunca havia dado em ninguém antes. O homem, depois de
ser atingido, me atacou, e, antes de ser nocauteado, ainda consegui acertar
dois socos no olho dele. Ele saiu irritado e apressado.
- Não acredito que perdi todo esse tempo com um louco. Eu tenho coisas
muito urgentes para tratar, amigo.
- O que foi que aconteceu aqui, senhor? Quem foi que te agrediu?
- Na verdade eu que ataquei o homem, senhor policiai, e ele só estava se
defendendo da minha fúria.
- Vou te dar um tempo para pensar melhor no assunto, rapaz. Sabe, quando
não damos queixa dessas coisas elas podem se repetir, e acontecer de
forma mais violenta.
- Te asseguro que não se repetirá, pois eu já não sinto raiva dele, e perdoei
a ofensa que ele fez à minha amiga.
- ele está delirando, leve-o ao hospital.
Tentei argumentar, mas minha boca doía e meu pulmão mal se enchia de
tanta dor que eu sentia na barriga e nas costelas, apesar de eu ter certeza
de que não havia quebrado nenhum osso. A ambulância me levou, e me
identificaram pela identidade.
Eu não podia argumentar com aquele homem, pois percebi que ele não
queria me ouvir, e por mais que tudo fizesse perfeito sentido, ele
simplesmente negaria e me chamaria de louco. Além disso, eu estava com a
boca doendo, e queria mesmo descansar.
Reginaldo estava bem atrás dela, e olhei para ele, que estava com um olhar
preocupado.
O sujeito olhava para mim e para ela estupefato. Percebi que ele havia
entendido tudo o que dissemos, e que demonstrava certa admiração por
Angela por ela argumentar comigo ao invés de me chamar de louco como
os outros.
O sujeito ficou me olhando com uma cara de riso. Como a maioria das
pessoas que ri do que não entende e não conhece para evitar que o ridículo
delas próprias venha à tona. Apesar disso o experimento foi um sucesso.
E era verdade. Perdoei o sujeito e me sinto leve. Mas uma questão ainda me
intriga. Porque eu só consegui encontrar uma pessoa nesse mundo que não
é insensata e vê o mundo de forma lógica?
Será que a insensatez é um fator determinante na sociedade atual?
Queria escrever sobre isso, mas essa camisa estranha que vestiram em
mim me impede de escrever...