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DECRETO-LEI N. 5.452, DE 1° DE MAIO DE 1943 Aprova a Consolidacdo das Leis do Trabalho. O Presidente da Republica, usando da atribuicdo que lhe confere o art. 180 da Constituicao, decreta: Refere-se 4 Constitui¢do Federal de 1937. Art. 1° Fica aprovada a Consolidagao das Leis do Trabalho, que a este Decreto-lei acompanha, com as altera¢ées por ela introduzidas na legislacao vigente. Pardgrafo tinico. Continuam em vigor as disposicées legais tran- sitérias ou de emergéncia, bem como as que nao tenham aplicacao em todo 0 territério nacional. Art. 2° O presente Decreto-lei entrar4 em vigor em 10 de novem- bro de 1943, Rio de Janeiro, 1° de maio de 1943; 122° da Independéncia e 55° da Republica. GETULIO VARGAS Alexandre Marcondes Filho CONSOLIDACAO DAS LEIS DO TRABALHO TITULO I INTRODUCAO Art. 1° Esta Consolidagao estatui as normas que regulam as rela- g6es individuais e coletivas de trabalho, nela previstas. Por norma expressa no art. 22, I e XVI, da Constitui¢ao Federal, é de competéncia exclusiva da Unido legislar sobre 0 Direito do Trabalho e so- bre as condi¢oes para 0 exercicio das profissdes. Logo, os estados e os mu- nicfpios podem legislar apenas sobre as condigées de trabalho de seus servidores, e nao sobre as relacdes de trabalho privadas. A Consolidacao das Leis do Trabalho reflete uma opgao politica legis- lativa da Unido por regular as relagdes individuais de trabalho entre tra- balhadores e agentes privados que oferecem trabalho, bem como entre aqueles e as instituigdes sindicais no tocante as relacées coletivas. Insti- tuida por decreto-lei, que equivale a lei ordindria, a CLT deve ser inter- pretada e aplicada em harmonia com a Constitui¢ao Federal, sobretudo com 0s arts. 7° a 11 e 114, bem como com o art. 10 das Disposi¢ées Tran- sit6rias, dispositivos que se referem diretamente as relagdes de trabalho nas esferas privada e coletiva e 4 competéncia da Justi¢a do Trabalho. Art, 2° Considera-se empregador a empresa, individual ou coleti- va, que, assumindo os riscos da atividade econdmica, admite, assala- ria e dirige a prestagao pessoal de servico. O caput deste artigo define inicialmente empregador como a empresa, a qual se deve dar o sentido de atividade econémica, que assume riscos e que admite, paga o salario e dirige a prestagao pessoal de servicos do tra- balhador. Essa definicdo seria muito simples e precisa se todas as relagdes de trabalho fossem diretas e expressas quanto a manifestacao de vontade, © que muitas vezes nao acontece. A empresa empregadora pode ser formal ou informal, liderada por um ou mais individuos. O ato de admitir a prestagdo de servigos de ou- trem diretamente ou por meio de intermedidrios significa que, mesmo nao havendo contrato formal e expresso da intengdo das partes, quem permite ao outro trabalhar em sua atividade pode ser considerado em- pregador. Outra caracteristica do empregador é ser responsavel pelo pa- REGINA M. V. DUBUGRAS ART. 2° | 3 gamento de salério, Contudo, se nao houve pagamento, isso pode signifi- car que hé um débito a ser pago ou que o trabalho é voluntério. Dirigir a prestacao pessoal de servicos também implica variagées, pois, na concep- ao de dirigir pode estar a idéia de comandar e de coordenar, 0 que pode ser feito na condi¢ao de empregador, diretamente ou por meio de seus agentes. £ importante ressaltar que a empresa pode contratar servicos nao subordinados e assim colocar-se diante de uma relacao de trabalho que é género do qual a relacao de emprego é espécie. § 1° Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relacao de emprego, os profissionais liberais, as instituicées de bene- ficéncia, as associagoes recreativas ou outras institui¢gées sem fins lu- crativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Existem ainda os chamados empregadores por equiparagao, que, em- bora nao sejam propriamente empresas, mas profissionais liberais, nem exercam atividade econémica, mas de beneficéncia, recreativas ou ou- tras nas quais se incluem as partidirias, corporativas, religiosas, orga- niza¢Ges ndo-governamentais etc., assumem 0 risco da atividade no momento em que admitem trabalhadores como empregados. Logo, empregador nao é apenas a empresa, mas pode ser outros entes: que exercem atividades — que podem ou nao serem econémicas; que admi- tem expressa ou tacitamente, diretamente ou por intermediarios; que assalariam ou geram expectativas de pagamento; que comandam a pres- tacdo pessoal de servicos diretamente ou por intermédio de agentes; e que admitem trabalhadores como empregados. Assim, a definigao de empregador completa-se quando admite trabalhadores como emprega- dos; por esse motivo, é importante que a identificagao da existéncia ou nao da relacao de emprego ou da relacao de trabalho seja feita pela ana- lise dos requisitos legais que caracterizam tanto o empregador como 0 empregado. § 2° Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade juridica propria, estiverem sob a direcao, con- trole ou administra¢ao de outra, constituindo grupo industrial, co- mercial ou de qualquer outra atividade econdmica, serao, para os efeitos da relacio de emprego, solidariamente responsdveis a empre- sa principal e cada uma das subordinadas. 4 | ARTS. 2°E 3° REGINA M. V. DUBUGRAS- Além da figura do empregador, a lei preocupou-se também com a res- ponsabilidade de empresas coligadas que, mesmo nao sendo empregado- ras, devem responder solidariamente por débitos decorrentes da relagao de emprego. Este pardgrafo atribui a responsabilidade soliddria aos gru- pos de empresas constitufdos formal ou informalmente, cuja identifica- ¢4o deve ser feita pela andlise da relagao entre a empresa empregadora e as demais. A dire¢ao e/ou a administracao das empresas pelos mesmos s6cios e gerentes e o controle de uma pela outra sao indicios de grupo de empresas, ainda que constituido informalmente. A identificagao de gru- po informal, diante da abertura e do fechamento de varias empresas pela coexisténcia e pela sucessao, deve seguir alguns critérios, dentre os quais a origem do capital e do patriménio, a comunhio ou a conexao de neg6- cios, a utilizacao da mao-de-obra ou outros elos que indiquem 0 aprovei- tamento direto ou indireto por uma empresa da mao-de-obra contratada por outra. Diante de prestagao de servigos para mais de uma empresa, terceiriza- ¢4o, subempreitada e sucessao, ha necessidade de se identificar, previa- mente ou por meio do processo judicial, quem é 0 verdadeiro emprega- dor e qual tipo de responsabilidade pode ser atribuida aqueles que se beneficiarem do trabalho do empregado. A andlise deve considerar se houve contrato de fornecimento de mao-de-obra, se este é legal ou nulo e qual a participacao da pessoa fisica ou juridica no negécio, inclusive quanto as sécios aparentes e ocultos. Além da responsabilidade priméria atribuida ao empregador direto e imediato, pode-se constatar as responsabilidades solidaria, secundaria e subsididria. A responsabilidade solidaria expressa legalmente é atribuida as empresas do mesmo grupo. A responsabilidade secundaria é atribuida aos proprietarios ou sécios no caso de empresa informal ou declaragao judicial de desconsideragao da personalidade juridica na forma do art. 50 do Cédigo Civil, bem como aos sucessores judicialmente declarados co- mo tal apés o exercicio do contraditério (arts. 10 e 448 da CLT). A res- ponsabilidade subsidiéria é atribuida aos subempreiteiros e tomadores de servi¢os cujo empregador direto seja inadimplente e manifestamente in- solvente (recomenda-se a leitura da Stimula n. 331 do TST). Art. 3° Considera-se empregado toda pessoa fisica que prestar servicos de natureza nao eventual a empregador, sob a dependéncia deste e mediante salario.

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