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MASANOBU FUKUOKA AGRICULTURA NATURAL Teoria e pratica da filosofia verde she abe She Se “te Teoria e prdatica da filosofia verde Tradugao de Hiroshi Se6é e Ivna Wanderley Maia Revisao técnica de Sakae Kinjo (bidloga) e Antonio Batista Sanches (engenheiro agronomo) da Fundacéo Mokiti Okada Sumario Proféclo 11 Introdugdo 15 Qualquer um pode ser um fazendeiro de 1,000 m? 15 Agricultura do “nada fazer" 16 Seguindo os trabalhos da natureza 17 As ilusdes da agricultura cientifica moderna 17 Parte | Uma agricultura enferma em uma época enferma 23 1, Ohomem ndo consegue conhecer a natureza 25 Deixe a natureza em paz 25 © movimento do “nada fazer” 27 2. Ocolapso da agticultura japonesa 28 _ Avvida nas vilas agricolas do passado 28 Desaparecimento da filosofia de vilarejo 29 O clevado crescimento ¢ a populagio agricola depois da Segunda Guerra Mundial 30 Como surgiu o empobrecimento da politica nacional de agricultura 31 O que se vislumbra para a agricultura moderna 33 ‘um futuro para a agricultura natural? 34 desenfreada da ciéncia 35 da ci@ncia ¢ © agricultor 35 ento da dieta natural 36 qualidade dos alimentos 36 produgio nio estilo baixando 38 oducito nao significa aumento de lucro 39 moderna do desperdicio de energia 40 terra € o mar 43 2. As faldcias da ciéncia 55 Qs limites do conhecimento analitico 55 Nao ha causa ¢ efeito na natureza 57 3. Umacetitica ds leis da ciéncia agricola 60 As leis da agricultura moderna 60 Lei dos rendimentos decrescentes 60 Equilibrio 61 Adaptacao 61 Compensagdo ¢ cancelamento 61 Relatividade 61 Lei do minimo 61 Todas as leis sio desprovidas de sentido 62 Uma anilise critica 4 lei do minimo de Liebig 65 Os erros da pesquisa especializada 68 Critica aos métodos indutivo e dedutivo 72 A teoria sobre a alta produgao esta cheia de lacunas 75 Um modelo de rendimento de colheita 75 Uma olhada na fotossintese 79 Veja além da realidade imediata 85 Os fatos originais sio os mais importantes 86 A incompreensao acerca das relac6es causais 88 Parte Ill A teoria da agricuttura natural 93 Me Os i aics relatives da agticultura natural 6 da agricultura a laneiras de se praticar a agricultura natural 95 Agricultura natural mabayana 95 icultura natural binayana 95 ntil ica 95, praticar agriculturas comparadas 96 natural mabayana 96 ral hinayana 97 ultura sao igualmente eficazes 100 entifica 102 Sem fertilizante 109 As plantagdes dependem do solo 109 Os fertilizantes sio realmente necessirios? 109 Qs incontaveis males do fertilizante 110 Por que a auséncia de testes em plantagdes sem fertilizantes? 112 Dé uma boa olhada na natureza 113 Para comecar, o fertilizante nunca foi necessirio 114 Sem capina 116 Existe algo semelhante a capinar? 116 As ervas daninhas enriquecem o solo 117 Uma cobertura de capim é benéfica 117 Sem pesticidas 118 Pragas de insetos nio existem 118 Poluigao causada por novos pesticidas 119 A causa fundamental do apodrecimento do pinheiro 121 3. Como a natureza deve ser percebida? 123 Vendo a natureza como uma unidade holistica 123 Examinando as partes, nunca se tem 0 quadro completo 123 Tornando-se uno com a natureza 124 O imperfeito conhecimento humano versus a perfeicao natural 125 Nao olhe as coisas de uma perspectiva relativista 126 Adote uma visio que transcenda tempo e espago 127 Nao se deixe desviar pelas circunstancias 129 Seja livre dos anscios ¢ desejos 130 Nao estabelecer planos é 0 melhor plano 131 4. Agricultura natural para uma nova era 132 Na vanguarda da agricultura moderna 132 Criagdo natural de animais 133 Os abusos da criac¢o moderna de animais 133 Pasto natural é 0 ideal 134 Agricultura de criagdo na busca da verdade 135 Agricultura natural — em busca da natureza 137 O tinico futuro do homem 138 Parte IV Apiatica da agricultura natural 141 1. Como comegar uma fazenda natural 143 Mantenha uma floresta natural protegida 143 Desenvolvendo uma reserva florestal 145 Cinturées de defesa 145 Instalando um pomar 145 Comegando uma horta 146 A horta nao-integrada 148 o, um campo de brejo para 0 arroz 148 paragio tradicional do terreno 149 Re io de lantagao 150 vt ln de arroz/cevada 150 Arroz em terras altas 151 Graos menores 151 Legumes 155 Fruteiras e rotatividade de culturas 155 2. Artoz e cereais de inverno 156 O curso do cultivo do arroz no Japao 156 Mudangas nos métodos de cultivo do arroz 157 Cultivo da cevada e do trigo 158 Plantagao natural de cevada/trigo 159 Arar, nivelar e sulcar 159 Cultivo com arado leve, sulcos baixos e curvas de nivel 160 Cultivo sem arar com semeadura direta 160 Experiéncias iniciais com cultivo de arroz 171 Pensamentos secundarios sobre o cultivo do arroz pés-estaco 173 Primeiros passos rumo ao cultivo natural do arroz 176 Semeadura natural 176 Semeadura direta natural 178 Tentativas precoces de semear dirctamente, sem cultivo sucessivo de arroz/ cevada 179 Semeadura direta do arroz entre a cevada 179 Semeadura direta sucessiva arroz/cevada 180 Semeadura direta, sem arar, com sucesso arroz/cevada 181 Plantagao natural de arroz ¢ cevada/trigo 181 Semeadura direta, sucesso de cevada/arroz sem arar, com cobertura de adubacao verde 182 Método de cultivo 182 ‘Tratos culturais 183 _Cayando canais de drenagem 183 bater ¢ limpar 0 arroz 183 ey cevada e arroz 184 3. _ Arvores frutiferas 200 Criando um pomar 200 Mudas naturais ¢ mudas enxertadas 201 Manejo do pomar 201 Corrigindo a forma da drvore 201 Ervas daninhas 202 Terraceamento 202 Um pomar natural tridimensional 202 Criando um solo de pomar sem fertilizantes 203 Por que cobertura de solo 203 Trevo ladino, alfafa e acicia 205 Caracteristicas do trevo ladino 205 Plantando 0 trevo ladino 205 Como cuidar do trevo ladino 205 Alfafa para solo arido 206 Acdcia-negra 206 A acdcia-negra protege os predadores naturais 207 Alguns principios basicos sobre comegar uma cobertura vegetal 208 Manejo do solo 209 Controle de doengas e pragas 210 Cochonilha cabega-ce-flecha 210 Acaros 212 Cochonilha almofada-macia 213 Cochonilha cabega-vermelha 213 Outras pragas de insetos 213 Mosca da fruta do Mediterraneo e codling moth (traga de maca) 213 O argumento contra a poda 214 Sem um método basico 214 Conceitos err6neos sobre a forma natural 217 A poda é realmente necessaria? 218 A forma natural de uma 4rvore frutifera 220 Exemplos de formas naturais 224 ‘Atingindo a forma natural 224 A forma natural no cultivo da drvore frutifera 224 Problemas com a forma natural 225 Parte V Ocaminho que 0 homer deve seguir 237 1. A ordem natural 239 Micrébios atuando como garis 241 Pesticidas no biossistema 244 Deixem a natureza sozinha 246 2. Agricuttura natural e uma dieta natural 247 O que é dieta? 247 Arroz saboroso 250 Como conseguir uma dieta natural 252 As plantas e animais vivem de acordo com as estacdes do ano 253 Comer de acordo com as estagdes 256 A natureza da comida 260 Cor 260 Sabor 261 O sustento da vida 265 Prefacio A agricultura natural se baseia em uma natureza livre de interferéncia € intervencdo humanas. Ela se esforca em recuperar a natureza da destruigao cau- sada pelo conhecimento e acio do homem e em ressuscitar uma humanidade afastada de Deus. Quando ainda era jovem, uma série de acontecimentos me colocou no orgulhoso € solitétio caminho de retorno 4 natureza. Com tristeza, no obstante, aprendi que uma pessoa nao consegue viver sozinha. Ela vive ou em associacao ‘com outras pessoas ou em comunhio com a natureza. Descobri igualmente, para meu desespero, que os homens nao cram mais verdadeiramente humanos, ¢ que a natureza nao era mais verdadciramente natural. A estrada honrosa que se ergue acima do mundo do relativismo era ingreme demais para mim. Estes escritos sao © registro de um agricultor que, durante cinqiienta anos, ‘yem peregrinando em busca da natureza, Percorri um longo trajeto c, mesmo que a noite caisse, ainda restaria um longo caminho a trilhar. Evidentemente, em um certo sentido, a agricultura natural nunca sera aperfei- _ goada, Ela nao assistira a sua aplicagao integral, e serviré apenas como um freio __ para atrasar a violenta investida da agricultura cientifica. ss _ Desde que comecei a propor uma maneira de praticar a agricultura em com a natureza, procurei demonstrar a validade de cinco principios ‘sem aracdo, sem fertilizantes, sem pesticidas, sem capina e sem fe 05 muitos anos que decorreram desde entdo, nunca duvidei das le uma mancira natural de praticar a agricultura que renuncia a st conhecimento ¢ intervencio do homem. Para o cientista con- u eza pode ser compreendida e usada por meio do intelecto tura natural é um caso especial € ndo possui universa- principios basicos se aplicam em qualquer lugar. n sementes que caem no chiio, onde germinam e se s, As sementes plantadas pela natureza nao sio tio ‘somente em campos arados. As plantas sempre se dura direta, sem arac4o. O solo nos campos é se raizes, sendo enriquecido pelas plantas com ienta anos, 0s fertilizantes quimicos comegaram a de, esta antiga pritica de utilizar a adu- ar o crescimento da arvore, mas ela igual- é tirada, | todo mundo vem dando uma atengao de agricultura cientifica. Tem-se Embom milhares de doencas ataquem as plantas nos campos ¢ florestas, a natureza encontra um equilibrio; nunca houve qualquer necessidade de pesticidas, © homem ficou confuso quando atribuiu as doencas aos danos causados por insetos; ele crlou com suas proprias mos a necessidade de trabalho arduo. © homem tenta igualmente controlar as ervas daninhas, mas a natureza nao denomina arbitrariamente uma planta de erva daninha e a erradica. Uma drvore frutifera no cresce mais vigorosamente e d4 mais frutos por ser podada. Uma arvore cresce melhor por estar no seu habitat natural; os galhos nao se emaranham, a luz solar atinge cada folha e a drvore da frutos em abundancia todo ano, nao somente em anos alternados. Muitas pessoas estao preocupadas atualmente com o ressecamento das terras cultiviveis e com a perda de vegetagio em todo o mundo, mas nfo ha diivida de que a civilizagio humana e os métodos mal direcionados de cultivo, frutos da arrogincia humana, sio em grande parte responsaveis por essa dificil situacdo que ja se generalizou. A utilizagao em excesso de areas para pastoreio por grandes rebanhos criados pelas populacdes némades reduziu a variedade de vegetagio, desnudando a terra Do mesmo modo, as sociedades agricolas, com a mudanga para a agricultura modema e sua grande dependéncia em relagio aos produtos quimicos de origem petrolifera, tém tido de se confrontar com o problema do ripido enfraquecimento do solo, Quando assumirmos que a natureza vem sofrendo danos em decorréncia do conhecimento e comportamento do homem, e renunciarmos a esses instrumentos de caos e destruigao, ela recuperaré sua capacidade de alimentar todas as formas de vida, Em certo sentido, meu caminho rumo 4 agricultura natural é o primeiro passo em diregio ao restabelecimento da natureza. Q fato de a agricultura natural ainda nao ter obtido uma ampla aceitagio mostra a forma avassaladora com que a natureza tem sido atormentada pela corrupeao do homem e a dimensio da ruina e da devastagao que tomam conta do espirito humano. Tudo isso torna a missdo da agricultura natural muito mais dificil Comecei a pensar que a experiéncia com a agricultura natural poderia ajudar de alguma forma, mesmo que em pequena proporeao, para reflorestar o mundo ¢ ‘equilibrar o fornecimento de comida, Embora alguns considerem isso uma id Proponho que certas sementes sejam plantadas nos desertos em boli- | ajudar a tornar verdes essas terras estéreis. -Essas bolinhas podem ser preparadas, antes de tudo, misturando-se as se~ 4 rvores | para adubacao verde — como a acicia-negra, que luyiométrica anual de menos de 5 cm, com pe outros tipos de adubagio verde — com de sementes € coberta primeiramente com argila, a fim de formar as bolinhas de as poderiam entio ser espalhadas manu- das bolinhas de argila endurecid sejam adequadas a germinac4o; € passaros. Um ano mais tarde, | varias das plantas terdo sobrevivido, fornecendo uma pista sobre o que & adequa- do ao clima ea terra, Em alguns paises mais ao sul, tém-se registrado o crescimen- to de plantas que armazenam Agua em rochas ¢ Arvores, Qualquer experiencia & valida se tivermos os desertos cobertos rapidamente com uma camada verde de grama, Isso traré as chuvas de volta. Quando estive no deserto, cheguei de repente a conclusio de que a chuva nao cai do céu; cla flui do solo, Os desertos nao se formam porque nao ha chuva; ‘20 contririo, a chuva para de cair porque a vegetacdio desapareceu. Construir uma barragem no deserto é uma tentativa de tratar os sintomas da doenga, mas nao € uma estratégia para aumentar a chuva. Primeiramente, temos de aprender como recuperar as antigas florestas. Mas ndo dispomos de tempo para langar um estudo cientifico visando deter- minar por que os desertos esto se espalhando, em primeiro lugar. Se tivéssemos mesmo que tentar, descobririamos que nfo importa quo distante no passado formos em busca das causas, estas causas serio precedidas por outras numa ca- deia intermindvel de acontecimentos ¢ fatores interligados, que esti acima do poder de compreensio do homem, Suponha que o homem fosse capaz, dessa forma, de aprender qual planta foi a primeira a morrer numa terra gradualmente transformada em deserto. Mesmo assim, ele nado saberia o suficiente para decidir se deve comegar plantando o primeiro tipo de vegetagao que vai desaparecer ou 0 tiltimo que vai sobreviyer, A razdo é simples: na natureza, nao ha causa e efeito. ‘A ciéncia raramente observa os microorganismos para uma compreensio so- bre as grandes relagdes causais, Na verdade, € possivel que a destrui¢io da vegetacio tenha iniciado uma seca, mas as plantas podem ter morrido como resultado da acio de algum microorganismo. Todavia, os botinicos nao devem ser incomodados pelos microorganismos quando estes esto fora de seu campo de interesse, Reuni- mos um grupo de especialistas to diverso que nao sabemos mais onde comeca & ‘onde termina determinado dominio do conhecimento. E por isso que acredito que a unica abordagem eficaz que podemos ter para reverdecer essa terra estéril € deixar as coisas totalmente nas maos da natureza, Um grama de solo na minha fazenda contém cerca de 100 milhGes de bactérias fixadoras de nitrogénio e outros micrdbios que enriquecem 0 solo. Sinto que o solo que contém sementes e esses microorganismos poderia ser a centelha que recupera os desertos. Criei, junto com os insetos em meus campos, uma variedade de arroz que chamo de “Happy Hill’. Trata-se de uma varledade resistente com a seiva de tipos selvagens, além de ser também uma das variedades de arroz com maior produtivi- dade no mundo. Se uma tinica espiga da espécie “Happy Hill” fosse enviada além- mar para um pais onde a comida é escassa € 14 fosse plantada numa firea com mais de 10 m*, um simples gro produziria 5 mil graos no periodo de um ano, Haveria gto suficiente para se plantar meio acre no ano seguinte, 50 acres dois anos depois, €7 mil acres no quarto ano, Isso poderia se tornar a semente de arroz para toda ‘uma nagao. Esse punhado de gros poderia abrir o caminho para a independéncia de um Povo que est4 morrendo de fome. ____No entanto, a semente de arroz deve ser distribuida 0 mais cedo possivel. 13 Meu maior medo atualmente é que a natureza se torne um joguete do intelec to humano, Existe igualmente o perigo de o homem tentar proteger a natureza po; intermédio do conhecimento humano, sem notar que ela pode ser recuperads somente se deixarmos de nos preocupar com 0 conhecimento ¢ com a agdo, que nos tém colocado contra a parede. ‘Tudo tem inicio ao renunciarmos ao conhecimento humano. Embora talvez seja apenas o sonho insano de um agricultor que buscou em vio retornar a natureza e a Deus, gostaria de me tornar o langador dessa semente. Nada me daria maior alegria do que encontrar outras pessoas com o mesmo pen- samento. Nota do tradutor para o inglés Esta € uma tradugao, com poucas revisdes, do livro Shizen Nobo, publi- cado pela primeira vez em japonés em 1976. Todo esforco foi feito para permanecer fiel 4 esséncia e ao tom da versdo japonesa. O leitor observaré que o livro trata quase que exclusivamente de assun- tos japoneses — praticas agricolas, culturas, ervas daninhas, insctos ¢ mesmo a hist6ria da agricultura —, muitos dos quais desconhecidos fora do Japio. Este € 0 contexto das experiéncias pessoais de Masanobu Fukuoka, que ser- vem de exemplo do que pode ¢ tem sido feito com a agricultura natural por um agricultor na ilha japonesa de Shikoku. Obviamente, como o autor sugere ‘sob outras condigdes em outros ambientes, mas o fato de ser localizada nao deveria diminuir a universalidade da mensagem. terminologia estabelecida no primeiro ) de Ful The One-Straw Revolution, pela Rodale oe ee que se refere genericamente a cevada e trigo, foi 0” ¢ Mi slo descritos ou em inglés foram foneti- em japonés. Os nomes final do livro, que inclui estas paginas. em que as agdes humans roducdao es autlestels Qualquer um pode ser um fazendeiro de 1.000 m? Neste pomar de laranjas, no topo de uma colina de onde se contempla o mar Scto- Naikai, temos diversos cascbres de barro. Aqui, jovens das cidades, alguns de outros paises, vivem uma vida rude, simples, praticando a agricultura. Levam uma vida de auto-suficiéncia, alimentando-se de arroz integral e vegetais, sem eletrici- dade nem agua encanada. Esses jovens, desencantados com a vida na cidade, ou com as religides, andam através dos meus campos vestidos apenas com calcdes. Depois de uma busca frustrada pelo passaro azul, acabaram vindo para minha fazenda num canto da cidade de Iyo-shi, estado de Ehime, onde aprendem como se tornar fazendeiros de 1,000 m’, Aqui, no pomar de laranjas cultivadas com agricultura natural, galinhas andam soltas e vegetais, que se transformaram em yariedades risticas, crescem entre os trevos. Ja nao podemos ver as paisagens bucdlicas do verde do cereal de inverno(’), de flores de canola nos campos da planicie Dogo, como hi dez anos. Os campos baldios ¢ os fardos de palha deteriorados retratam 0 caos das técnicas agricolas e a confusio reinante no coracao dos agricultores. Em meioa tudo isso, apenas meu campo de agricultura natural se cobre do verde do cereal de inverno. Ele nao foi arado uma vez sequer nestes trinta anos. Tampouco utilizei fertilizantes quimicos ou compostos e, também, nunca apliquei pesticidas. E uma agricultura do “nada fazer", mas ainda assim colho dez sacas de cevada e dez sacas de arroz (600 kg) por 1.000 m?. Meu objetivo é atingir uma tonelada Os métodos da agricultura natural sio simples e claros. Antes da colheita de ‘arroz, no outono, espalho scmentes de cereal de inverno e de trevo por cima dos sachos maduros de arroz. Quando o cereal de inverno brota e atinge alguns centime- tros de altura, colho 0 arroz, pisando sobre o cereal de inverno. Apés deixar 0 arroz secando por trés dias no chao, bato ¢ espalho a palha, sem picar, sobre todo o campo. Se tiver esterco de galinha, coloco-o por sobre a palha. Mais tarde, faco bolinhas de argila, misturando sementes de arroz, € as espalho sobre a palha, antes do Ano-Novo. Com o cereal de invemno plantado e a semeadura de arroz feita, no é necess4rio mais nada até a colheita do cereal de inverno. Numa drea de 1.000 m, se for apenas para Plantar ¢ colher, o trabalho de uma ou duas pessoas 6 mais do que suficiente. Mais ou menos no dia 20 de maio, época de colheita do cereal de inverno, noto que Os trevos esto bastante desenvolvidos e, por entre eles, brotos de arroz que ‘mergiram das bolinhas de argila ja atingem alguns centimetros. Depois de colher, Secar € bater 0 cereal de inverno, jogo toda a palha, nio picada, sobre o campo, Tnundo o campo por quatro ou cinco dias. O trevo enfraquece e surgem, sobre a tetta, 05 brotos de arroz. De junho a julho deixo sem irrigaciio e, em agosto, deixo a gua correr pelas valas de drenagem uma vez por semana ou a cada dez dias. Isso &, essencialmente, tudo sobre esse método natural de agricultura que chamo de *“semeadura direta, ndo cultivada, sucesso de cereal de inverno ¢ de ‘auT0z, com cobertura de trevo”. pee ee (0 Gevacts ou tigo, © cukivo de cevacla ¢ predominante no Japio, mas tod ckacio feta sobre {ivmo se aplica perfeitamente bem 20 trigo. asco 15 Agricultura do “nada fazer” dissesse que todo o meu método de agricultura se reduz a simbiose do arroz ¢ Ce ae te, provavelmente seria repreendido com 0 se. guinte: “Se isso é tudo que ha em cultivar arroz, entao os agricultores no estariam, trabalhando tanto em seus campos”. Mesmo assim, isso é tudo sobre 0 assunto. De fato, com esse método, tenho sempre conseguido melhores resultados do que : média conseguida pela maioria, Por isso, a tinica conclusao possivel € que deve haver algo com as priticas agricolas que requerem tanto trabalho desnecessairio. Os cientistas esto sempre dizendo: “Vamos tentar isso, vamos tentar aquilo” A agricultura, a exemplo de outras areas, se torna presa dessa conversa intiti! Novos métodos que requerem despesas e esforcos extras dos agricultor constantemente introduzidos juntamente com novos pesticidas ¢ fertilizantes. meu caso, tomei a diregio oposta. Eliminei todas as praticas e desp desnecessirias, dizendo a mim mesmo: “Nao preciso fazer isso, nao preciso f. aquilo”. Praticando esse conceito durante trinta anos, consegui reduzir o me trabalho a “espalhar” as sementes e a palha de cereal, O esforgo humano é de: cessario porque é a natureza e no o homem que faz crescer 0 arroz € 0 trigo. Se pararmos para pensar sobre isso, toda vez que alguém disser: “Isso € itil”, */ que necessitamos de algo que, na verdade, nem precisamos, ¢ para sairmos tentamos todas as priticas que nos parecem descobertas ‘do progresso. Inundar um campo com Agua e revolvé-lo com arado faz com que a tem: fique tao dura quanto gesso. Se o solo morre e endurece, entio ele deve ser todo ano, para que fique macio, Com isso, tudo que estamos fazendo condig6es para que o arado se torne ttl e nos alegrar com a utilidade da ferram ta, Nenhuma planta na face da Terra é tao fraca que s6 consiga germinar em s. arado. Nao ha necessidade de o homem arar € revolver a terra, pois « microorganismos ¢ pequenos animais o fazem naturalmente. Matando o solo com arado e fertilizantes quimicos e apodrecendo as © solo se Por outro lado, os pesticidas arruinam o solo ¢ ci ‘enriquece por si mesmo, sem que o ho: natureza niio pode ser dissecado ou ‘Ou melhor, aqueles que quebram f morto e, sem saber que © que eles e minando nilo é mais o que pensam que n que niio entendem a natureza, O homem comete um grave erro quando coleta dados ¢ descobertas peque- nas numa natureza fragmentada e morta e diz que “conhece”, “usa” ou “conquistou” a natureza, Por ele partir de premissas falsas sobre a natureza e adotar uma abordagem emada part compreendéla, por mais racional que seja seu pensamento, tudo termina ermdo, Devemos estir cientes da insignificdincia do conhecimento e da atividade humana comegar compreendendo suas inutilidades e futilidades. O biossistema vivo © holistico que Seguindo os trabalhos da natureza ‘alamos muito em “produzir alimentos", mas os agticultores no produzem os alimentos da vida, Apenas a natureza tem a capacidade de produzir algo do nada. Os agricultores dio, meramente, assisténcia a nature: A agricultura moderna € apenas uma outra industria que usa energia do pe- tréleo na forma de fertilizantes, pesticidas e maquindrios para manufaturar alimen- tos sintéticos, que silo pobres imitagdes do alimento natural. O agricultor de hoje se tornou mio-de-obra empregada da sociedade industrializada. Ele tenta, sem sucesso, fazer dinheiro na agricultura com quimicas sintéticas, uma proeza que sobrecarregaria até mesmo os poderes da Deusa dos Mil Bracos da Miseric6rdia, Nao surpresa, entiio, que ele esteja rodando como um pido. Agricultura natural, a forma verdadeira e original da agricultura, é 0 método sem método da natureza, é a maneira inalterada de Bodhidharma. Embora tenha uma aparéncia frigil ¢ vulnerivel, é potente, pois traz uma vitéria sem lata. £ a maneira budista de praticar a lavoura, que é ilimitada e lucrativa e permite que o solo, as plantas ¢ os insetos interajam a sua maneira. Quando ando pelo meu campo, as arinhas e os sapos se misturam, gafanhotos pulam ¢ nuvens de libélulas pairam sobre minha cabeca, Sempre que ocorre uma grande reproducio de cigamas cicadelideos, as aranhas também se multiplicam, infalivelmente. Embora a produgio deste campo varie de ano para ano, hi geralmente trezentos cachos de grios por metro quadrado, e cada cacho possui cerca de duzentos grilos, 0 que representa uma colheita de quinze sacas (900 kg) por cada 1,000 m’, Aqueles que véem cachos de arroz robustos crescendo no campo se maravilham com a forga e 0 vigor das plantas ¢ sua grande producio. Nao importa se existem insetos e pragas aqui. Desde que ‘seus inimigos naturais também estejam presentes, um equilibrio natural fica assegurado. Por ser baseada em principios derivados de uma visio fundamental da natureza, { agricultura natural se mantém aplicivel em qualquer época. Embora antiga, & também sempre atual, E claro que tal maneira de praticar a agricultura deve ter condigdes de resistir as criticas da cigncia, A pergunta de maior importancia é se esta “filosofia verde” e maneira de plantar tém forca para criticar a ciéncia e guiar © homem no caminho de volta a natureza, AsilusSes da agricultura cientitica moderna nto, ultimamente, da popularidade dos alimentos naturais, pensei que fa natural também seria estudada ao menos pelos cientistas e receberia da atengio. Infelizmente, eu estava errado, Embora estejam sendo feitas voyNusyS vanypNope vjad zosse ap OANTN “a “Bet Quando comparamos a agricultura natural ¢ a agricultura cientifica, pode- mos ver imediatamente as diferengas entre os dois métodos. O objetivo da agri- cultura natural é a “ndo-acdo” e um retorno a natureza; € centripeta ¢ convergen- te, Por outro lado, a agricultura cientifica se afasta da natureza com a expansdo da ambigao humana; é centrifuga e divergente. Por essa expansio aparente nao poder parar, a agricultura cientifica esta condenada 4 extingdo. O acréscimo de nova tecnologia apenas a torna mais complexa e diversificada, gerando trabalho ¢ despesas sempre crescentes, Em contraste, a agricultura natural nao sé é simples como também economicamente rentavel e reduz o trabalho. Por que isso acontece? Mesmo quando as vantagens sao tao claras € irrefutdveis por que o homem se sente incapaz de se afastar da agricultura cientifica? As pessoas pensam, sem diivida, que “nada fazer” é derrotismo, que isso afeta a produgio © a produtividade. E mais; a agricultura natural prejudica a produtividade? Longe disso. Na Fig. D. Direcao tomada pela agricultura clentitica Metodos agricolas ‘mecanizados, poupe-trabalbo Usointenso de pesticicas verdade, se basearmos nossos niimeros na eficiéncia de ences pata ra er, tural mostra ser o método mais produtivo le eee oste. a agricultura a tural produz 60 kg de arroz — ou seja, 200 mil calorias por kg Ee aenanide alc) sem 0 investimento de qualquer outro materia| Isso € aproximadamente cem vezes a ingest@o didria de 2 ae aang po agricultor em uma dieta de alimentagio natural. Dez vezes mais Bi ae Bast a na agricultura tradicional, usando cavalos € bois para arar os campos. A energia investida em calorias seria novamente dobrada com a adogao de mecanizagao de menor escala, e seria dobrada ainda mais uma vez com a mudanga para mecaniza- cdo de grande escala (veja Tabela 1.1, pag, 41). i Geralmente a alegacdo é feita observando-se que a mecaniza¢4o tem aumen tado a eficiéncia do trabalho, Todavia, os agricultores precisam usar as horas ex. tras longe de seus campos para conseguir mais dinheiro para ajudar a pagar seus equipamentos. Tudo o que eles tém feito é trocar seu trabalho nos campos por um emprego em alguma indasstria; eles barganharam a alegria de trabalhar ao ar liv nos campos abertos por horas monétonas de trabalho fechados numa fabrica As pessoas acreditam que a agricultura moderna pode tanto melhorar a produ- tividade como aumentar as rendimentos. Puro engano. A verdade € que os renci- mentos proporcionados pela agricultura cientifica so menores que os rendimentos conseguidos com a forga total da natureza. Praticas de alto rendimento e métodos cientificos de aumento de produgdo nos fazem pensar que aumentaram os rend: mentos sobrepujando a produtividade natural da terra, mas ndo € assim. Elas sio meros esforgos feitos pelo homem para restaurar, artificialmente, a total produtivida- de depois que ele cortou o tendio da natureza e, por isso, ela ndo pode mais exercitar seus poderes plenamente. O homem cria condigGes adversas e, mais tarde, Se regozija com suas “conquistas” sobre a natureza, As tecnologias de alto rendimen- to nao sao mais que tentativas glorificadas de adiar as redugdes de produtividade. ‘Também a ciéncia nao é uma parceira, em termos de qualidade, para ajudar : natureza a criar alimentos. Desde que o homem se iludiu pensando que a natur: pode ser compreendida, através de sua subdivisto e anilise, a agricultura ciemitic: tem produzido alimentos artificiais e deformados. A agricultura moderna nada te ctiado a partir da natureza. Melhor dizendo, fazendo mudangas qualitativas e quan- titativas em certos aspectos da natureza, conseguiu apenas fabricar alimentos sinté- ticos que sAo grosseiros, caros e ainda alienam o homem da natureza. A humanidade deixou ° seio da natureza e, recentemente, comegou a ver grandé alarme sua dificil situacao de érfa do universo, Além disso, mesmo quando tenta retornar & natureza, ela descobre que nao sabe mais 0 que é a natureza e, além disso, destruiu e perdeu para sempre a natureza a qual tenta retornar. Os cientistas visualizam as cidades do futuro, nas quais aquecedores enormes, condicionadores-de-ar¢ yentiladores proporcionario condigSes confortaveis dle vida por todo o ano, Eles sonham em construir cidades subterrineas e coldnias no fundo do ™ Mas pe habitantes das metr6poles esto morrendo, Eles se esqueceram dos claros raios 4° oe Soe ronan njcas Plantas, dos animaise da sensacio da bisa suave que acu" corpo. O homem pode viver uma vida verdadeira apenas com a natureza. Aagricultura natural é um método agri i igi filoso- Rete Mou hice c eS igticola budista que se originou na fi natureza do “1 "Qs jovens 4 moram no meu pomar carregam lo “nada fazer”. Os jo" com cles a esperanca de, algum dia, resolver °* sais problemas de nosso mundo, que nao podem ser resolvidos pela ciénci2 © pela 0. Meros sonhos talyez, mas cles tém a chave para o futuro. 22 agricultura enferma uma época enferma Uma O homem nado consegue | conhecer a natureza © homem se orgulha de ser a Unica criatura na terra que tem a habilidade de pensar, Ele diz conhecer a si mesmo e ao mundo natural, e acredita que pode usar a natureza da maneira que lhe apraz. Além disso, esta convencido de que a inteli- gencia ¢ forga ¢ que qualquer coisa que deseja est4 ao seu alcance. Come avancou rapidamente, realizando novas conquistas nas ciéncias natu- rais e expandindo yertiginosamente sua cultura materialista, o homem cresceu afastado da natureza e terminou construindo uma civilizaco por conta propria, como uma crianca caprichosa que se rebela contra a mae. No entanto, todas as suas vastas cidades e atividades frenéticas levaram-no aos prazeres vazios e desumanizados e a destruigao de seu ambiente através da exploragio abusiva da natureza. Um castigo severo por desviar-se da natureza € saquear suas riquezas come- ou a aparecer na forma de recursos naturais esgotados e crises de alimentos, lancando uma sombra escura sobre o futuro da espécie humana. Tendo finalmente sido despertado para a gravidade da situacio, 0 homem comegou a pensar seria- mente no que deveria ser feito. Mas, a menos que esteja querendo empreender uma auto-reflexdo fundamental, ele ser incapaz de se afastar do caminho da incontestavel destruicdo. Alijada da natureza, a existéncia humana se tornou um vazio. A fonte gerado- ra da vida ¢ do crescimento espiritual secou totalmente. O homem se torna agora mais doente e cansado no meio de sua curiosa civilizagao, que nao passa de uma luta por um ponto miniisculo, de tempo e de espaco. Deixe a natureza em paz © homem sempre se iludiu pensando que conhece a natureza e que é livre para usé-la como quiser para crguer suas civilizagées. Mas a natureza nao pode ser explicada ou expandida. Como um todo organico, nao esta sujeita a classificagdes humanas, nem tolera dissecagOes e anilises. Uma vez dividida, a natureza nao pode retornar ao seu estado original. Tudo o que resta é um esqueleto vazio destituido da verdadeira esséncia da natureza viva. Esta imagem esquelética serve apenas para confundir o homem e desvié-lo do caminho. _ Oraciocinio cientifico também é inttil para auxiliar o homem a compreender tureza ou acrescentar algo as suas criagSes. A natureza, como é percebida pelo conhecimento discriminat6rio, também ¢ uma falsidade. O ho- conhecer verdadciramente uma tnica folha ou mesmo um pu- c compreende: In a vida das plantas e do sol SS ale eee ao seio da natureza ou usar isso para mem ota arrogante que, yaidosamente, acredit, pe Se eas ee realizar qualquer coisa que puser ng vendo le tem, egoisticamente em ordem inerente 4 natureza, €! “ te, Pee, a Maer ol de seus proprios objetivos ¢ a destruido. O mundo hole oe nie estado de tristeza porque o homem ainda nfo se sentiu compelido sobre 08 perigos de seus caminhos arbitrarios. : a terra € a comunidade organicamente entrelagada de plantas, animais ¢ , Quando vista através dos olhos do homem, ela aparece ou como SNE oes cotnitindo © fraco, ou da coexisténcia ¢ do beneficio mituos, Ainda existem correntes de alimentos ¢ ciclos da matéria; existe uma transformagio interminivel sem nascimento ou morte, Embora esse fluxo de matéria € os ciclos da biosfera possam ser percebidos apenas através da intuigdo direta, nossa fé inabalave] ‘na onipoténela da eiéncia tem nos conduzido a analisar ¢ estudar esses fendmenos, disseminando destruigio sobre o mundo das coisas vivas ¢ langando a natureza, como a vemos, na desordem, Um exemplo é a aplicagiio de pesticidas t6xicos em macieiras ¢ estufas de morango, Isso mata os insetos polinizadores, tais como abelhas, forgando o homem a colher © pélen ele mesmo e a polinizar artificialmente cada flor. Embora no possa nem mesmo esperar substituir incontveis atividades de as plantas, animais e microorganismos da natureza, o homem se desvia do seu caminho para bloquear as atividades daqueles seres, e entao estuda cada uma das fungdes cuidadosamente e tenta encontrar substitutivos. Que desperdicio ridiculo de energial Consideremos 0 caso do cientista que estuda os camundongos e¢ desen- volve raticidas. Ble age dessa maneira sem compreender, em primeiro lugar, por que os ratos se multiplicam, Ele simplesmente decide que mati-los € uma boa idéia sem antes determinar se os ratos se multiplicaram como resultado de um ‘equilibrio da natureza, ou se eles mantém esse equilibrio. O raticida 6 um recurso temponirio, que responde apenas as necessidades de um dado lugar ¢ de um certo tempo; em relagdio aos verdadeiros ciclos da natureza, isso nao é um ato responsi vel. O homem possivelmente niio consegue repor todas as funcOes de plantas ¢ animais deste mundo através de anilise cientifica e conhecimento humano. En- quanto for incapaz de assimilar a totalidade destas inter-relagdes, qualquer esforco itrefletido, como a exterminagio seletiva ou o crescimento de alguma espécie, serve apenas para desorganizar a ordem e 0 equilibrio natural das coisas. Mesmo 0 reflorestamento nas montanhas pode ser encarado como destrutivo, As rvores sito derrubadas pelo seu valor como madeira; espécies de valor econémico para o homem, tais como pinho e cedro, so plantadas ¢™ grande quantidade, Nos ainda vamos longe quando chamamos isto de “pres¢* vaeio florestal". No entanto, alterar a cobertura de arvores numa montanha produz mudangas nas caracteristicas do solo da floresta, que afetam as plantas © os animais que nela habitam. Mudangas qualitativas também acontecem n0 ‘© ha temperatura da floresta, causando mudangas sbitas no clima ¢ afetando ° Nao importa quio perto alguém 2 sale xidade Possa observar, nfo ha limite para a comP ¢ os detalhes com os quais a natureza teierage para efeitos constantc" i fas orginicas, Quando parte de uma floresta € devastada ¢ cedros. P“ exemplo, so plantados, ai nio existe alimento suficiente para pequenos pissaros. Estes desaparecem, permitindo a superpopulagio de coleobrocas. Esses besouros sido vetores de nematéides, os quais atacam o pinus vermelho ¢ se alimentam dos fungos parasitas Botrytis nos troncos dos pinheiros. Os pinheiros, por sua vez, caem vitimas do fungo porque se tomam fracos com o desaparecimento do fungo comestivel Matsutake, que vive simbioticamente nas raizes do pinus vermelho. Este fungo benéfico desapareceu como resultado do aumento prejudicial do fungo Botrytis no solo, 0 qual é uma conseqiiéncia da acidez do solo que, altamente Acido, € 0 resultado da poluicio atmosférica e da chuva dcida, e assim por diante. Esta regressio dos efeitos continua em uma corrente interminavel, que nos deixa questionando qual a sua verdadeira causa. Quando o pinus more, brotinhos de bambu-grama crescem. Os camundon- gos se alimentam desse bambu-anio abundante ¢ se multiplicam. Eles atacam os brotos de cedro; entio, o homem aplica um raticida. Mas quando os ratos desapa- recem, ocorre uma diminuigo das doninhas e cobras, que se alimentam deles. Para proteger as doninhas, o homem comega a criar ratos, visando restaurar a populacao dos roedores, Isto ndo se parece com um sonho maluco? Produtos quimicos téxicos sto aplicados pelo menos oito vezes 20 ano nos campos japoneses de arroz. Nao é estranho, entio, que raramente algum cientista de agricultura tenha se preocupado em investigar por que a quantidade de prejuizos causados por insetos nestes campos se mantém igual 4 dos campos onde niio sio usados pesticidas? A primeira aplicagio de pesticidas niio mata as nuvens de cicadelideos do arroz, mas as dezenas de milhares de aranhas jovens em cada metro quadrado de terra simplesmente desaparecem, ¢ nuvens de pirilampos que voam das moitas de capim desaparecem de vez. A segunda aplicagio mata impor- tantes predadores naturais, incluindo larvas de libélula, girinos ¢ peixes. Um sim- ples olhar para essa matanca seria suficiente para mostrar a insanidade da aplicagio geral de pesticidas. Nao importa quiio arduamente ele tente, o homem nunca pode impor regras A natureza. O que ele pode fazer é servir A natureza, 0 que significa viver em harmonia com suas leis. © movimento do “nada fazer” A cra da expansio agressiva em nossa cultura material esti no fim, e uma nova era de consolidacdo ¢ convergéncia do “nada fazer” chegou. © homem deve se apressar para estabelecer um novo estilo de vida e uma nova cultura espiritual fundamentada na comunhdo com a natureza, a fim de que ele nio se desenvolva mais fraco enquanto anda por ai num frenesi de esforgos desperdicados ¢ confusos. Quando voltar para a natureza e buscar aprender a esséncia de uma drvore ou de uma folha de grama, o homem nao teri necessidade do conhecimento humano, Sera suficiente viver de acordo com a natureza, livre de planos, projetos ¢ esforcos. A falsa imagem da natureza concebida pelo intelecto humano pode ser rompida simplesmente separando ¢ iniciando, seriamente, uma yolta ao dominio absoluto da natureza. Nao, nem mesmo implorar e suplicar € necessario, é sufi- ciente apenas plantar a terra, livre de preocupagoes e desejos. humanidade e uma sociedade fundamentadas na njo. : ar todas . ‘coisas que fez ¢ livrar-se, uma por fi: ‘que permearam asi proprio ¢ sua sociedade, f disc, - d ea ‘como uma ramificacdo desse movimenty humano se expandem de uma maneira muito comple. ‘e sem limites. Precisamos interromper ¢ssa expansio, convergi; ificar ¢ reduzir nosso conhecimento ¢ esforco. Isso € se manter de acordo ae Jeis da natureza. A agricultura natural ¢ mais do que apenas uma revolucig em técnicas de agricultura. E a fundacao pritica de um movimento espiritual, ume revolugio para mudar a maneira de viver do homem. O colapso da agricultura japonesa Avida nas vilas agricolas do passado ‘Antigamente, os camponeses do Japao formavam um grupo pobre € humilhado Sempre oprimidos pelos que estavam no poder, os camponeses ocupavam o cle- grau mais baixo da escala social, Onde encontraram forga para resistir 4 pobreza ¢ de que dependiam para viver? Os agricultores viviam calmamente, num vale isolado no interior do pais, em alguma ilha solitaria dos mares do sul ou em alguma regido desolada do norte e com neve profunda; eram auto-sustentaveis e independentes; vivian uma vida orgulhosa, feliz ¢ nobre, inteiramente ao ar livre. Pessoas que nasce- ram em locais distantes, que tiveram parcas condigdes de vida ¢ morreram ano- nimamente, conseguiram subsistir em um mundo desligado do resto 40 humanidade, sem descontentamento ou ansiedade porque, embora parecesse™ sozinhos, eles ndo estavam. Os agricultores eram criaturas da natureza e, estando perto de Deus (natureza encarnada), experimentayam a alegria didria e 0 orgulhe le cud. ; Jeus, Bes safam para trabalhar nos campos ao itt d 40 p6r-do-sol, vivendo bem cada 4 Universo e, mesmo assim, eles cr é Esta era a maneira camponcs? fensa quando os intelectusls lo “senhor, senhor” com ee 9, na verdade, dizendo *) m necessidade de Be .0 compartilhar ym a Fe raezas fabulos#® ‘caminho, habitados ip is © modestas vila co quais Lao-Tscu falou, néo percebiam o Grande Caminho para 0 homem se colocar numa maneira de viver independente ¢ auto-suficiente; mesmo assim, eles sabiam disso em seus coragGes. Esses eram os agricultores de antigamente. _ Que tragédia seria pensar neles como idiotas que sabem, nio sabendo! A observagio de que “qualquer idiota pode plantar’, os agricultores poderiam responder “um idiota ndo pode ser um verdadeiro agricultor”, Nao hi necessida- de de filosofia nas vilas agricols intelectual urbano que pondera a existéncia humana, que vai em busca da verdade e questiona o propésito da vida. © agricultor nao discute questées referentes a por que © homem apareccu na face da terra e como ele deveria viver. Por que cle nunca aprendeu a questionar sua existéncia? A vida nunca foi to vazia a ponto de fazé-lo contemplar 0 propo- sito da existéncia humana; nio havia semente de incerteza que pudesse desvia-lo de seu caminho, Com seu entendimento intuitivo sobre a vida € a morte, esses agricultores eram livres da angiistia e da tristeza; ndo tinham necessidade de aprender. Eles brincavam dizendo que torturar-se com perguntas sobre a vida e a morte ¢ divagar através de emaranhados ideolégicos em busca da verdade eram passatempos da juventude desocupada da cidade. Os agricultores preferiam viver uma vida Co- mum, sem conhecimento nem aprendizado. Nao havia tempo para filosofar. Tam- bém nfo havia nenhuma necessidade. Isso nao significa que as vilas agricolas no tinham uma filosofia. Ao contrario, tinham uma filosofia muito importante. Ela estava incorporada ao principio de que “filosofia é desnecessiria”. A vila agricola cra, acima de tudo, uma sociedade de filésofos sem a necessidade de filosofia. Isso nio era outra coisa senao a filosofia de Mu, ou nada — a qual ensina que tudo € desnecessfrio, o que lhes deu forga duradoura. Desaparecimento da filosofia de vilarejo Nao ha muito tempo ainda se podia ouvir o lenhador cantar uma cangao do contador de madeira enquanto serrava uma 4rvore. Durante os plantios, vozes cantantes circulavam pelos campos de arroz, e o som dos tambores crescia pela vila depois da colhcita de outono. Também nio vai tio longe assim o tempo em que as pessoas usavam animais para carregar suas mercadorias. Essas cenas mudaram drasticamente hi aproximadamente vinte anos. Nas montanhas, em vez de ouvirmos as serras manuais, agora ouvimos © rosnar irado dias serras elétricas. Vemos arados ¢ transplantadores mecinicos sobre os campos. Hortaligas, hoje em dia, sdo cultivadas em casas de vinil organizadas em fileiras perfeitas, como uma industria. Os campos sao automaticamente pulverizades com fertilizantes e agrotéxicos. Pelo fato de todo 0 trabalho do lavrador ter sido meca- nizado ¢ sistematizado, as vilas agricolas perderam seu toque humano. Vozes can- tantes j no se ouvem mais. Ao contririo, todos se sentam em frente a televisio, ouvindo as cangdes tradicionais do pats ¢ falando sobre o passado, Abandonamos um verdadeiro estilo de vida por um falso. As pessoas se apressam num frenesi para encurtar 0 tempo e aumentar © espago. E, assim, Oag pode ter pensado no inicio que os avangos da tecnologia toma- agricultor | tiam seu trabalho mais facil, Isso o liberou da terra e, agora, ele trabatha mais que nunca em outras tarefas, desgastando seu corpo € sua mente. A ere clétrica foi desenvolvida porque alguém achou que uma arvore deveria ser oe la mais rapj. damente. Mais do que tornar as coisas mais faccis para o agricultor, o transplante mecanizado do arroz mandou-o correr atras de outro trabalho. O desaparecimento das larciras cavadas no centro das casas extinguiu a luz da cultura das antigas vilas agricolas. As conversas A beira do fogo desapareceram ¢, com elas, a filosofia de vilarejo. O elevado crescimento e a populagao agricola depois da Segunda Guerra Mundial Nenhum pajs experimentou uma transformagao tao repentina € dramatica como o Japao depois da Segunda Guerra Mundial. O pais cresceu rapidamente das ruinas da guerra para se tornar a maior poténcia econémica. Enquanto isso estava acon- tecendo, o ntimero de agricultores € pescadores — 0 berco do povo japonés — caiu de 50% de toda a populacdo no final da guerra para menos de 20% atualmen- te. Sem o auxilio dos habeis e diligentes agricultores, os arranha-céus, as auto- cstradas ¢ os metrés das metrépoles jamais teriam sido materializados. O J deve sua atual prosperidade ao trabalho da populacao agricola, do qual ele se apropriou e que colocou a servico da civilizacZo urbana, O rapido crescimento do Japao apés a guerra € geralmente atribuido a boa sorte e a sabia lideranga, Entretanto, 0 agricultor tem uma interpretacao diferente. As mudangas na auto-imagem da populacdo agricola direcionaram para a adogio de novos métodos de agricultura. Como a lavoura se tornou um trabalho menos intenso, 0 execsso de mao-de-obra foi despejado do interior para as cidades, trazendo prosperidade para a civilizagao urbana, Mas, longe de ser uma béngio, essa prosperidade tornou as coisas mais dificeis para o agricultor. Na verdade, cle apertou 0 laco em volta do préprio pescoco. Como isso aconteceu? © primeiro passo foi a chegada dos transportes agricolas motorizados nas vilas, 0 ponto mais importante na mudanga da agricultura no Japao. Isso foi rapida- mente seguido pelos veiculos de trés rodas e caminhées. Logo, monotrilhos ¢ estt- das pavimentadas chegaram aos cantos mais rec6nditos das vilas, € tudo isso alterou completamente as nogdes do agricultor com relacio ao tempo € ao espaco. Com essa onda de mudaneas de uma agricultura baseada no trabalho intens! vo para uma agricultura baseada no capital intensivo, veio a substituicao do arado pelo cavalo ¢, mais tarde, pelos tratores. Os métodos de aplicagio de pesticidas ¢ fentilizantes passaram por muitas revisdes, com pulverizagdes manuais motori7” das sendo abandonadas em favor de pulverizagdes por helicépteros. Desnecess tio dizer que a agricultura tradicional com animais foi abandonada ¢ substituid Por métodos que envolvem a aplicaeao pesada de fertilizantes quimicos e pesticid 3 Arapida ae da pele acendleu as luzes para o reavivamen'e) i precipitagio do crescimento itsttia de maquinas, enquanto a adoga0 & Pesticidas, fertilizantes quimicos c insumos agricolas, baseados no petréleo, for™ cio, € isso se transformou na forga motriz. do mundo industrial ¢ nos movimentos para aumento de produgio. Isso era o que acontecia em meados da década de 50. "A situagio mudou completamente no final dos anos 60 e infcio dos anos 70. A estabilidade do suprimento dc alimentos, de um modo geral, foi conseguida, ¢ a economia flufa com vigor. Pelo menos as aspiragdes de um Estado industrial mo- demo estavam comecando a ser realizadas. Foi por essa época que os politicos ¢ os homens de negécios comecaram a pensar em como utilizar o maior niimero de agricultores e terras. Uma vez que 0 excedente de alimentos comegou a surgir, 05 agricultores se tornaram um 6nus para o governo. O sistema de controle de alimentos iniciou um. trabalho para assegurar um fornecimento adequado de comida, que comegou a ser considerado uma fardo para a nagio. A Lei de Agricultura Basica foi estabelecida em 1961 para definir o papel ¢ a direcdo a ser tomada pela agricultura japonesa. Mas, em vez de servir como uma fundacao para os agricultores, ela estabeleceu um controle sobre eles € passou as rédeas desse controle para a comunidade financeira. O pablico em geral comecou a pensar que a terra cultivavel poderia ser melhor aproveitada na industria e na habitacao do que na producao; moradores da cidade comegaram até mesmo a ver os agricultores que relutavam em partilhar suas terras como monopolizadores egoistas. Trabalhadores e burocratas uniram csforcos para expulsar os agricultores de suas terras, € impostos to altos quanto ‘os aplicados sobre as terras destinadas 4 habitagdo foram taxados sobre as terras agricolas. ‘O esforco dos agricultores para aumentar a produgio de alimentos voltou-se contra eles. Mesmo assim, a auto-suficiéncia de alimentos no Japao cait para mais de 30%. Os agricultores no podem se pronunciar porque © povo esta na ilusio de que a redueao da politica da agricultura conduzida pelo governo est no interesse do consumidor. Em algum lugar ao longo do caminho, o agricultor perdeu tanto sua terra como a liberdade de escolher as culturas que gostaria de plantar, Os agricultores, simplesmente, se foram com o passar dos tempos. Hoje, a maioria deles lamenta nao poder mais viver decentemente da agricultura. Por que a comunidade agricola caiu em tal estado de desesperanga? A expe- riéncia dos agricultores japoneses nos Giltimos trinta anos nao tem precedentes aponta problemas muito graves para o futuro, Vamos dar uma olhada mais de perto na decadéncia da agricultura do Japao para determinar cxatamente o que aconteceu. Como surgiu o empobrecimento da politica nacional de agricultura Quando olho mais de perto a recente hist6ria de uma agricultura que, incapaz de se opor a0 fluxo do tempo, se curvou € se distorceu ante os designios da lideran- ¢8, nao posso deixar — como agricultor — de sentir uma intensa raiva. Por tras da reclamagao de que os jovens das comunidades agricolas estado sendo cuidadosamente treinados para se tornar especialistas em agricultura ¢ agri- cultores modernos, existem planos para acabar com as pequenas propriedades e propostas para uma eutandsia da agricultura, Sustentando programas espetaculares para modernizar a agricultura e aumentar a Soe além de apelos per, expandir a escala de operagoes agricolas existe um desprezo tenuemente masca,,, lo pelo agricultor, ; Prenquanto © agricultor de 1 acre 000 m4) estava fazendo tudo que pogi, para trabalhar até 3 ou mesmo 5 acres, os lideres politicos diziam que 10 acres nig eram grandes o suficiente e tocavam fazendas de demonstracao de até 150 acres Obviamente, ndo importa quaéo duramente eles tenham tentado aumentar sua; escalas de operagGes, os agricultores foram colocados uns contra os outros nun, processo fratricida de selegao natural. 3 Para os economistas que apoiavam a doutrina de divisio de trabalho intema. cional, o agrarianismo ¢ a insisténcia dos agricultores de que sua missao era pro. duzir alimentos ficava evidente. Para as companhias comerciais, a formula bisica para a prosperidade era encorajar cada vez mais 0 comércio interno e externo de alimentos, Os consumidores sio facilmente conquistados pelos argumentos de que tém © dircito de comprar arroz saboroso e barato. Mas arroz “saboroso” é um arroz fraco, um arroz poluido, cultivado com muitos agrotéxicos. Tais demandas tormam as coisas dificeis para 0 agricultor, e 0 consumidor, na verdade, acaba comendo arroz de péssimo sabor. O Gnico que ganha com tudo isso é 0 comerciante. As pessoas falam de “arroz barato”, mas nunca € 0 agricultor quem estabelece © preco do arroz ou de outro produto agricola. Também nio € o agricultor quem determina os custos da producdo. O prego do arroz atualmente é o preco calculado Para sustentar os fabricantes de equipamentos agricolas, é o prego necessirio para a producao de novos implementos, é 0 prego pelo qual 0 combustivel € comprado. Quando visitei os Estados Unidos no verao de 1979, 0 arroz no mercado americano custava por volta de 50 centavos para cada 0,45 kg, aproximadamente © mesmo pre¢o do arroz barato no Japdo. Visto que o prego da gasolina naquela €poca estava por volta de 1 délar por galao, tive dificuldades para compreender as raz6¢s por tras dos relatérios, entao em circulacao, que diziam que 0 arroz poderia ser facilmente importado pelo Japao a um quarto ou um tergo do prego local. Inacreditaveis também eram os relatérios de que o excesso de arroz deixou 0 sistema de controle de alimentos “no vermelho” ou que a escassez do trigo mante- ve o sistema solvente. Em agricultura natural, o custo da produgao do arroz é quase o mesmo da produgio de trigo. Além do mais, ambos podem ser produzidos a um custo me- nor desta maneira do que comprando graos importados. O mecanismo pelo qus! © prego do arroz no mereado é fixado ndo tem nada a ver com os agricultores. 0 Preco a vatejo da produgiio agricola € tido como sendo mais alto no Japo, mas isso € porque os custos de distribuicio so muito elevados. Os custos de distribu" $40 no Japao so cinco vezes mais altos que nos Estados Unidos e duas vezes mais que na Alemanha Ocidental, Nao se pode deixar de Suspeitar que o objetivo 4 Politica de alimentos do Japao é encontrar a melhor maneira de encher os cof do governo com 0 ouro. A assisténcia federal dada para os agricultores € 422 vezes maior nos Estados Unidos do que no Japio, e trés vezes maior na Franca. O° agricultores japoneses so tratados com indiferenga. Os agricultores de hoje sao atingidos por todos os lados. Vozes iradas suree™ das cidades, bradando: “Os agricultores sao Superprotegidos”, “Eles * supersubsidiados", “Eles estiio produzindo arroz em excesso, colocando o sistema de controle de alimentos em débito, aumentando nossas taxas’ . Mas isso € apenas a visio superficial de pessoas que nao véem o quadro por inteiro ou que tém alguma idéia sobre a real situacio, Sinto-me até mesmo tentado a chamar isso de falsos boatos criados pela falta de mem6ria de uma complexa sociedade insana, Havia um tempo em que seis familias agricolas sustentavam um funciondrio publico, Hoje, esté constatado que para cada familia existe um funciondrio dos servicos de agricultura ou florestais. Podemos nos perguntar se os déficits de agricultura no Japio sao realmente culpa dos agricultores. As estatisticas nos dizem que o agricultor americano médio alimenta ccm pessoas e que a média japonesa é de somente dez. Todavia, os agricultores japo- neses, na verdade, tm uma produtividade maior que os americanos. Parece 0 contrério porque os agricultores americanos trabalham em condigdes bem melhores que 0s japoneses. Os agricultores japoneses atualmente estéo apaixonados pelo dinheiro. Eles nao tém mais tempo ou mesmo afei¢ao pela natureza ou suas plantagdes. Agora sO tém tempo para seguir cegamente os dados cuspidos pelos computadores e os planos dos administradores de agricultura. Eles nao conversam mais com a terra ‘ou com suas plantagées, estiio interessados apenas nas plantagdes que rendam dinheiro. Cultivam © produto sem escolher tempo ou lugar, sem ter um pensamen- to quanto a conveniéncia da terra ou da plantagao. Do modo que os administradores encaram isso, 0 griio produzido no estran- geiro € 0 grao produzido localmente tém, ambos, o mesmo valor. Eles nao fazem a menor distingao se uma cultura é de curto ou longo prazo. Sem dispensar a menor atencao As preocupagées do agricultor, a politica agraria oficial instrui o agricultor a cultivar legumes hoje, frutas amanhi e esquecer-se do arroz. No entan- to, a safra produzida por meio do ecossistema natural no pode ser executada por ordem de um boletim administrativo. Nao é de se admirar que medidas impostas de cima para baixo sejam sempre contrariadas e condenadas a atrasos. Quando o agricultor se esquece da terra a qual ele deve sua existéncia e Passa a se preocupar apenas com seu préprio interesse, quando 0 consumidor nao mais capaz de distinguir entre 0 alimento como 0 sustento da vida‘e.o alimento como simplesmente uma nutricio, quando 0 administrador vé os agricultores com maus olhos e industrial zomba da natureza, ento, a terra responder com a sua morte. A natureza nfo é tao gentil a ponto de prevenir a humanidade sobre quio tidicula € essa atitude. O que se vislumbra para a agricultura moderna Em 1979 entrei em um aviio pela primeira vez. ¢ fui visitar os Estados Unidos. Fiquei Pasmado com © que vi. Eu pensava que a desertificaco © 0 desaparecimento de Populagses nativas fossem fatos da historia antiga — no Oriente Médio e na Aftica, Terdavis apren que omesiro vin acontecendo repetiamente nos Estados Unidos ima vez que a came € 0 alimento mais importante nos Es 1 agricultura € dominada pela pecuaria. O libraries deseines 1 een capins naturais, devastando a terra, Eu vi isso acontecendo e mal podia crer em meus olhos. A terra, que perdeu sua fertilidade, esta desprovida da forca da natureza, 33 O responsavel por isso €o0 ee de uma agricultura modema que s¢ Br Aenean leva o produtor a operacdes em larga escala Grandes eae ‘exigem mecanizagao com um ee a Seene Cres. cente. O “big iron” desequilibra a estrutura do solo, estal or lo. um ciclo nega. tivo. A agricultura que ignora as forgas da natureza e se baseia unicamente no intelecto e esforgo humanos nao é proveitosa. Era inevitavel que essas culturas, produzidas como sao com a ajuda do petréleo, fossem transformadas em uma mercadoria estratégica para assegurar petroleo barato. : Para se ter uma idéia de quio fragil € a agricultura comercial, com sua agri. cultura de monocultura em larga escala, do tipo de subcontrato, vamos apenas considerar que os produtores americanos, trabalhando de 500 a 700 acres, tém uma renda Ifquida menor do que os produtores japoneses de 3 a 5 acres. Conclui, todavia, que essas falhas da agricultura moderna estavam enraizadas nas ilusdes primordiais da filosofia ocidental que ap6iam os alicerces da agricultu- ra cientifica, Vi que a ideologia err6nea desencaminhou 0 homem em rela¢ao a como ele vivia sua vida garantia suas necessidades de alimento, vestimentas ¢ abrigo. Notei o quanto o alimento incrementou a confusdo sobre a agricultura que tem destruido a natureza. Entendi igualmente que a destruigdo da natureza enfra- queceu o homem e langou o mundo na desordem. Existe um futuro para a agricultura natural? Nao quero simplesmente expor e atacar o atual estado da agricultura moderna mas apontar os erros € © pensamento ocidental e despertar a atenc4o para a observancia da filosofia oriental de Mu. Ao recordar a pratica agricola da auto- suficiéncia e as dietas mundiais do passado, meu desejo é o de estabelecer uma maneira natural de agricultura para o futuro ¢ explorar o potencial de sua expan- sio ¢ adogio por todos, Acredito ainda que para a agricultura natural se tornar 0 método agricola do futuro depende tanto de uma aceitacio geral do pensamento no qual esta baseado como em uma inversao do atual sistema de valores. Embora eu nio va explicar aqui a filosofia Mu e seu sistema de valores, gostaria de dar uma breve olhada 13 agricultura do futuro, vista sob a perspectiva Mu. Ha quarenta anos, previ que a era da expansao centrifuga alimentada pelos crescentes desejos materiais do homem, a era da feroz ciéncia moderna, !og° passatia ¢ scria substituida por um perfodo de contragio e convergéncia assim que © homem buscasse melhorar sua vida espiritual. Reconheco que me enganei Mesmo a agricultura organica, que se voltou para si prépria com o problem ee polui¢ao, serve apenas como um substituto tempordrio, uma breve pausa. !ss° Secale a mesma agricultura tradicional do passado, baseada na wa¢2? animal. oe luma parte ¢ parcela da agricultura cientifica em primeiro lugat, ¢!* ser engolida como um todo e assimilada pela agricultura cientifica. Eu tinha esperangas de que a agricultura auto-suficiente do passado ¢ os métooe* de agricultura que tentam penetrar no ecossistema judari dar ° eeaidoe natural ajudariam a mu’ pensam japoneses e a reorienté-los em diregio A agricultura natural —° verdadeiro caminho da agricultura —, mas a situacio atual esta longe do ideal- Acortida desenfreada da ciéncia i Na sociedade de hoje o homem teve cortado seu vinculo com a natureza, ¢ 0 conhecimento humano é arbitririo, Para dar um exemplo, imagine que um cientis~ ta quer compreender a natureza. Ele pode comegar estudando uma folha, mas 4 medida que sua investigacio chega As minticias do nivel de moléculas, atomos ¢ particulas elementares, ele perde a folha original de vista. ; A fissfio nuclear ¢ a pesquisa sobre a fusio esto dentre os campos mais avangados ¢ dindmicos da pesquisa hoje em dia e, com o desenvolvimento da engenharia genética, o homem adquiriu a capacidade de alterar a vida da maneira que Ihe apraz. Tendo se autodesignado substituto do Criador, agora consegue mudar tudo que Ihe venha a cabeca. E 0 que o homem fara em relagio a agricultura? Provavelmente pretende comegar com a criagdo de plantas exéticas pela recombinagio de espécies dife- rentes, Deve ser facil criar variedades gigantescas de arroz. Arvores serio cruzadas com bambus, berinjelas cresccrao cm cipés de pepinos. Sera até mesmo possivel amadurecer tomates em arvores. Transferindo os genes de plantas leguminosas para o tomate ou arroz, os cientistas produzirdo tomates que darao nédulos de rhizobium, capazes de fixar 0 nitrogénio retirado do ar. Uma vez que tomates e arroz serao desenvolvidos a ponto de nao exigirem fertilizantes 4 base de nitrogénio, os agricultores no terao davida em agarrar esta chance e planté-los. A engenharia genética sera certamente aplicada aos insetos também. Se abe- thas-moseas hibridas ou borboletas-libélulas forem criadas, nao teremos mais con- dig6es de dizer se estes insctos sio benéficos ou se sio pragas. Assim como a formiga-rainha produz somente formigas operdrias, o homem tentara criar algum inscto ou animal que Ihe traga beneficios. Eventualmente, as coisas poderao progredir a ponto de hibridos de raposas e guaxinins serem criados para os zool6gicos, e poderemos ver homens-vegetais ou tobés criados como operarios. Os produtos mais ridiculos, se desenvolvidos inicialmente pela causa da medicina, recelberio os aplausos do mundo ¢ ganhario uma ampla aceitagdo, Um bom exemplo sao as mais recentes noticias, recebidas como uma dadiva de Deus, de que foi alcangada a produgao macica de insulina através da recombinacao genética usando genes de Escherichia coli. AsilusGes da ciéncia e o agricultor Atualmente temos bebés de proveta e os cientistas ja esto vislumbrando o dia, nao muito distante, em que produzirdo humanos superiores na cultura média, transferindo 0s genes de fisicos e matemiticos superdotados, Talvez eles sonhem em criat novas tagas de homens. Nao haverii necessidade de passat pelas provacbes do nascimento, iar flhos, visto que as criancas serio obtidas em incubadoras completas ¢ equipadas com distribuidores fornecendo alimentos com proteinas e vitaminas artificiais, Nao demorara e os alimentos consistirao em proteinas de came sintética que ndo despertam 0 apetite, a partir de produtos petroquimicos. Em vez disso, nos nos deliciaremos com saborosos produtos baratos semelhantes A carne, criados pelo cruzamento do gene de soja com gene de vaca ou parco. 35 s 40 tio proximos de serem aleangados que pos __ Tals sonhos oe ee pak pas esse dia chegar, qual seri o papel ie voles comoscy 2 s abertos debaixo do sol pode se torn, agricultores, entao? Trabalhar em campos ® oa nar c . odera se surpreender auxiliando © cientista comp coisa do passado. O agricu St Fr alguém para a produ; ‘um trabalhador em uma Fabrica fechada —talvez mesmo alguém para a produgig macica de humanos inteligentes e attificiais, com © que se eliminaria 0 problem, de lidar com seres humanos comuns. 3 Para o cientista, esse tipo de tragédia aparece apenas como uma inconye. niéncia temporaria, um sacrificio necessério, Firme em sua conviccao de que, ainda que imperfeito, algum dia o conhecimento humano sera completo, queo conhecimento é de valor, desde que nao seja usado de maneira errada, provavelmente o cientista se erguera avidamente no desafio das possibilidades vazias, Mas esses sonhos dos cientistas sto apenas miragens, nada mais do que dangas sclvagens nas maos do Mestre Buda. Mesmo que os cientistas mudem a vida e a ndo-vida como lhes aprouver ¢ criem nova vida, os frutos e criagdes do conhecimento humano nunca poderao exceder os limites do intelecto humano. Aos olhos da natureza, as agdes que surgem do conhecimento humano sao todas futeis. ‘Tudo isso € uma ilusiio criada pelo raciocinio falso do homem em um mundo de relatividade. O homem nao aprendeu e nada aleancou. Ele esta destruindo a natureza na ilusdio de que a controla e, ao fazer dela um jogucte, estd levando a Terra ao abismo da destruicao. O agricultor também nao devera simplesment seguir as ordens do cientista e dar-Ihe uma mo. Que tragédia se for isso 0 que aguarda 0 agricultor de amanhii! Que tragédia também para aqueles que se alegr- ram com a ruina de todos os agricultores, assim como para aqueles que meramen- te olharam e nada fizeram, Tudo que resta € 0 Ultimo fio de esperanga de que a esséncia que est mor rendo como uma brasa enterrada na vila agricola sera desenterrada e reaviva tempo de estabelecer um modo natural de agricultura que una o homem ¢ 3 natureza. O desaparecimento da dieta natural © declinio da qualidade dos alimentos it vada com uma vasta quantidade ¢ gnergia ortunda do petsleo sofresse um declinio de qualidade. O Rede ene? Petrbleo na agricultara chegou a tal ponto que se podesin alee de agricul do arroz sobre um campo de petréleo, a sfatera ce alisonrea penta tesaparecen, A agricultura de hoje fi reba? do petréleo e ik vende dor de mercadorias falsas chamadas de “alimento mnxenk 36 Desde que © agricultor que trabalhou de maos dadas com a naturcza rendeu- se as pressdes da sociedade e se tomou um subcontratante da inddstria do petréleo, © controle de seu sustento passou para as mios dos industriais e dos homens de negécios. Hoje € a bolsa de valores que da a iiltima palavra sobre 0 direito do agricultor a perdas ¢ ganhos, vida ou morte. A destmuigio da agricultura pode ser vista, por exemplo, na transigao dos agri- cultores — do aultivo de vegetais ao ar livre para a horticultura em estufas. Isso comegou com 2 semeadura e o desenvolvimento de meldes € tomates cm solos dentro de vasos ou em estufas de vinil, dispostos em elegantes fileiras. O estdgio seguinte foi a cultura usando areia ou cascalho no lugar de solo, porque estes materiais tm poucas bactérias ¢, portanto, so mais “limpos”. Isso foi acompanhado por uma mudanga de pensamento — substituindo a nogao de solo rico formado naturalmente pela injecio de nutrientes, o que conduziu criagao ¢ ao armazenamento de soluc6es de nutrientes. A tinica fungio da areia e do cascalho era apoiar a planta; entdio, materiais mais simples, prontamente ao alcance de todos, foram pesquisados. Malhas de plistico ou polimeros e contéineres foram desenvolvidos, ¢ sementes foram “plantadas” neles. Quando elas germinam e crescem, as raizes se estendem em todas as diregdes, dentro da malha. O talo ¢ as folhas também sio escorados aftifidalmente ¢ a cdmara hermeticamente sclada; nela, as plantas sio desenvolvidas completamente esterilizadas, eliminando — antes de mais nada — a possibilidade de danos provocados por insetos ou bactérias. Uma vez que absorcao pela raiz de nutrientes dissolvidos na dgua é ineficiente, a solugio de nutrientes € também pulverizada em toda planta. Os nutrientes si absorvidos no apenas pela raiz, mas também através da superficie das folhas. Portanto, cles sio rapidamente assimilados, resultando em uma média alta de crescimento. A temperatura é aumentada, bem como o nivel de exposi¢io a luz com iluminagio artificial. Diéxido de carbono é pulverizado ¢ 0 oxigénio é bom- beado para o interior, fazendo a planta crescer muito mais rapidamente que no campo. “Todavia, qualquer produto desenvolvido em tal ambiente artificial ¢ bem diferente dos produtos desenvolvidos sob condigdes naturais. Melées verdadei- 0s, fresquinhos, coloridos, com uma casca perfeita, sabor ¢ fragrancia doces po- dem ser produzidos, bem como tomates vermelhos grandes € pepinos verdes flextycis de boa textura. Mas é um erro pensar nesses produtos como sendo bons para o homem. Desenvolvidos artificialmente, eles sio inferiores em qualidade, ‘embora talvez de mancira desconhecida para o homem, A natureza tem reagido ferozmente contra essa afronta feita pela tecnologia, na forma de aumento de danos provocados por insetos. Previsivelmente, a resposta do homem tem sido uma agricultura cada vez mais dependente de pesticidas ¢ fenilizantes. O cultivo artificial conduz, em ultima anilise, a sintese total dos alimentos. A ctiagio de fabricas para sintese puramente quimica de alimentos tornara os agri- cultores desnecessirios, como ja esta acontecendo. Isso fara da agricultura uma atividade inteiramente sem relagdo com a natureza, A sintese da uréia tem capacitado o homem a produzir qualquer material orginico que ele queira. A sintese de protefna capacita a carne feita pelo homem a ser fabricada a partir de varios materiais. A manteiga e o queijo podem ser feitos do petréleo. Mais cedo ou mais tarde, visto que mais progresso est em curso na 37 pesquisa ntese, 0 homem certamente a sintetizar 0 ap) da fotossi he te ind aprender a si Wasa! ; te consegu ir, algum dia, fazer isso pela sacarificagio da ma ee do. Ele pode al , edogee cléico ¢ proteinas celulares ¢ eg; sintetizar 0 ficido nu c st sintetizar ¢ a recombi es e cromossomos. Ele ji comegou 244 comegando a ea Para poopie vida, Nao apenas isto. Como fleoy coatatieete ie de que ele pode, em breve, ser capaz de alterar todas a, a aris que Ihe aprouver, © homem comegou a se considera; ‘0 Criador. Além do mais, tudo que ele aprende, realiza ¢ cria com a ciéncig ones imitagio da natureza, ¢ o impulsiona mais adiante rumo a0 caminho do suicidio ¢ da destruigio. Os custos de produgdo néo estdo baixando £ um erro acreditar que © progresso na tecnologia agricola ira abaixar os custos de produgio ¢ tornar os alimentos menos caros. Suponhamos que um empresirio decida plantar arroz ¢ legumes em um grande edificio bem no centro de uma cidade importante. Ele faria um uso total do espago do edificio em trés dimensdes, iluminagio artificial e aparelhos de pulverizagio automiticos para didxido de car- bono e solugdes de nutrientes. Ea tal agricultura sistematizada envolvendo produgdo automatica sob os olhos vigilantes de um s6 técnico forneceria, realmente, as pessoas legumes frescos, baratos € nutritivos? Uma filbrica de legumes desse tipo nao pode ser constru administrada sem despesas consideriveis de capital e materiais; portanto, nada mais natural que esperar que legumes produzidos dessa forma sejam caros. Por mais eficiente e moderna que essa fiibrica possa ser, possivelmente nio conseguini produzir de maneira mais barata do que as culturas produzidas naturalmente com a luz do sol ¢ no solo. A natureza produz sem exigir suprimentos ou remuneragio, mas o esforgo humano sempre exige pagamento em retorno, Quanto mais sofisticados forem Os equipamentos ¢ as instalagdes, mais elevados os custos. E o homem nunc! sabe quando parar, Quando é construido um rob6 altamente eficiente, as pes soas aplaudem, dizendo que uma produgio eficaz finalmente chegou. Mas 1 alegria delas tem curta duragdo, uma vez que logo estariio novamente insatistei e Se uma tecnologia ainda mais avangada ¢ eficiente, Todo mundo ps querer diminuir os custos de produgio, embora esses continuem atingindo n Igualmente erdnea é a nogio de que © alimento ido de mancira barata ¢ em grande quantidade pode ser produzido de bulgaris ¢ 6 levedor A stele: ‘som microorganismos tais como Chlorella Invariavelmente, © resultado € wale aon agus roduzir algo a partir do nce ‘ant Antinaturais se tornario doentes = © se transformar em seres humane de que a transformagiio da a} agricul mais ampla, niio se limitando ape" Aumento de produgao nao significa aumento de lucro © aumento de produgdo nao trouxe o aumento das safras, Em qualquer lugar, quando a conversa girava em torno do aumento da produgio de alimentos, a maioria das pessoas acreditava que aumentar a producio ¢ a produtividade por meio de técnicas cientificas habilitaria o homem a produzir safras maiores, melho- res ¢ mais abundantes. Todavia, maiores colheitas nao trouxeram maiores lucros para os agricultores, Em muitos casos, clas tem resultado em perdas. A maior parte das técnicas agricolas de alto rendimento em uso atualmente nio aumenta os lucros liquidos. A culpa est4 no pensamento ¢ na pritica considerados vitais para a producao crescente: a aplicago pesada de fertilizantes e agrotdxicos e a mecanizacio indiscriminada. Embora possam ser titeis na reducao de perdas na safra, no siio técnicas efetivas para aumentar a produtividade. Na verdade, tais praticas prejudicam a produtividade. Parece que elas funcionam porque 0 fertilizantes quimicos sao eficazes somente quando o solo est morto, os pesticidas sio eficazes apenas para proteger plantas doentes ¢ o maquinirio agricola é Gtil somente quando alguém tem de cultivar grandes Areas. Outra maneira de dizer a mesma coisa é que esses métodos so ineficazes ou até mesmo prejudiciais 20 solo fértil, as plantagdes sadias € aos pequenos campos. Os fertilizantes quimicos podem aumentar a produgao quando o solo é pobre & produz apenas de 140 a 175 litros de arroz por 1.000 m*. Mesmo assim, a fertiliza- gio pesada produz um aumento da produgio de, em média, nao mais que 70 litros a longo prazo. Os fertilizantes sio verdadciramente eficazes em solos desgastados e devastados através da agricultura de rocas ¢ queimadas. ‘Acrescentar fertilizantes quimicos ao solo que, regularmente, produz de 245 a 280 litros de arroz por 1.000 m? tem pouco efeito, enquanto a aplicagaio em campos que rendem 350 litros pode até prejudicar a produtividade. O fertilizante quimico, desse modo, é de algum beneficio apenas quando usado como um meio para prevenir um declinio na produgio. A adubagao verde — o proprio fertilizante da natureza — ¢ o adubo animal eram métodos mais baratos e mais seguros para aumentar a produtividade. © mesmo é valido para os agrotéxicos. Qual o sentido de produzir arroz doente e aplicar agrot6xicos poderosos até dez vezes ao ano? Antes de investigar a eficacia dos pesticidas para matar insetos nocivos ¢ como irdo prevenir contra perdas nas safras, os cientistas deveriam também estudar como o ecossistema natural é destruido por esses pesticidas e como as plantacGes enfraquecem. Deve- riam investigar as pragas, destacando o rompimento da harmonia da natureza e a eclosaio de pragas ¢, com base nessas descobertas, decidir se os pesticidas sio tealmente necessirios ou nao. Inundando os campos alagados de arroz ¢ rompendo o solo com o arado até o endurecimento que atinge a consisténcia de um tijolo, os produtores de arroz criaram condigdes que tornaram impossivel plantar sem arar e, nesse pro- cesso, se iludiram em pensar que isso é uma agricultura eficaz e necessaria. Os fertilizantes, os agrot6xicos e 0 maquinirio agricola parecem convenientes ¢ teis para aumentar a produtividade, No entanto, quando vistos a partir de uma perspectiva maior, cles matam o solo ¢ a plantagdo e destroem a produtividade natural da terra. 39 “Mas, afinal de contas”, freqiientemente nos dizem, “junto com as suas vanta. gens, a ciéncia também tem as suas desvantagens.” Na verdade, as duas sig inseparaveis; no podemos ter uma sem a outra. A ciéncia nao pode Produzir o bem sem o mal, $6 € eficaz quando se paga o prego da destruicdo. Essa é a razio, depois que o homem mutilou ¢ desfigurou a natureza, por que a ciéncia parece dar resultados to impressionantes — quando tudo o que esta fazendo € reparar og estragos mais violentos. . ‘A produtividade da terra pode ser melhorada por meio de métodos agricolas clentificos apenas quando a produtividade natural declina. Tais métodos sio con. siderados como praticas de alta produgdo apenas porque sdo Gteis para refrear perdas nas culturas decadentes. Para tornar as coisas piores, os esforgos do ho- mem para retornar as condigdes ao seu estado natural so sempre incompletos ¢ acompanhados de grandes desperdicios, Isso explica o desperdicio basico de energia da ciéncia ¢ da tecnologia. A natureza é inteiramente auto-suficiente, Em seus eternos ciclos de mudan- ¢as, nunea se encontra nela a mais leve extravagincia ou desperdicio. Todos os produtos do intelecto humano— o qual se distanciou (e muito) do seio da natureza — e todo trabalho do homem estéio condenados a ser, no final, em vao. Em vez de nos regozijarmos com o progresso da ciéncia, deverfamos lamentar aquelas condigées que nos levaram a depender delas. A causa fundamental do declinio da agricultura e da produtividade das plantagoes reside no desenvolvi- mento da agricultura cientifica. Aagricultura moderna do desperdicio de energia A alegacao sempre feita é de que a agricultura cientifica tem uma alta produtivi- dade, mas se calcularmos a eficiéncia da energia da producao descobriremos que esta cai com a mecanizacao. A Tabela 1.1 compara a quantidade de energia gasta diretamente na produgio de arroz usando cinco métodos diferentes de agricultura: a agricultura natural, a agricultura com a ajuda de animais e a agri- cultura leve, moderada e pesadamente mecanizada. A agricultura natural requer apenas um homem. por dia de trabalho para recuperar aproximadamente 60 kg de arroz, ou seja, 200 mil calorias/quilo de energia de alimento por 1.000 m*. A energia necessaria para recuperar 200 mil calorias/quilo da terra dessa maneira sao as 2 mil calorias/quilo exigidas para alimentar um agricultor por um dia. O cultivo com cavalos ou bois exige um consumo de energia cinco a dez vezes maior, ea agricultura mecanizada necessita de dez a cinqiienta vezes mais energia. Visto que a eficiéncia da produgao do arroz é inversamente proporcional a enesgis empregada, a agricultura cientifica requer um dispéndio de energia por unidade de alimento produzido até cinqlienta vezes maior que a consumida pela agricultura natural. Qs jovens que moram nas cabanas com paredes de barro no meu pomar de citros tm me mostrado que a quantidade minima de calorias necesséria para u™* pessoa & de aproximadamente 1.000 calorias para uma “dieta de ermitao", constituid de arroz integral com sementes de gergelim e sal, € 1.500 calorias para uma dieta de ‘arroz integral ¢ vegetais. Isso ¢ o suficiente para se fazer o trabalho de um agricultor — equivalente a cerca de um décimo da forga de um cavalo-vapor, Tabela 1.1 Uso de energia directa na produgio de arroz, dado como ntmero de calorias requeridas para produzir 770 litros de arroz em 1,000m* itura Agricultura Agricultura Agricultura eeaitits' Os Conte Secantzets wecanicama oceans” pioiyg natural anit peg. escala méd. escala gde. escala (4950)* 4960) (1970) (4980)? Trebalhohumano 10-20-25 20 2 = cal/kg na dieta Fertilizante 0 49 15 54 - kealdeenergia Pesticida 0 u 5 2 - dearroz Energia aplicada* 0,1-0,2 i 2 5 10 Calculando 200.000 100-200 20 10 4 2 keal por 770 litros de arroz produzido * energia aplicada na agricultura com tragao animal - 1 ** razio da energia do arror colhido e da energia aplicada 1) dados aplicadios ao Japéo 2) dados estimados Houve uma época em que as pessoas acreditavam que usando cavalos e bois ¢ trabalho dos homens se tornaria mais leve. Mas, contrariando as expectativas, nossa dependéncia desses grandes animais tem sido nossa desvantagem. Os agri- cultores estariam em melhor situagdo se usassem porcos e cabras para arar ou revolver 0 solo. Na verdade, o que eles deveriam ter feito era deixar o solo para ser trabalhado por pequenos animais — galinhas, coelhos, ratos, toupeiras e até mes- mo minhocas. Animais de grande porte parecem ser dteis 6 quando alguém tem pressa do servigo pronto. Tendemos a esquecer que mais de 8.000 m? de pasto s10 necessarios para alimentar apenas um cavalo ou vaca. Este tanto de terra poderia alimentar cinqiienta ou até cem pessoas se alguém fizesse uso completo dos pode- tes da natureza, Griar gado tem sido claramente um tributo muito pesado para o homem., A raz4o pela qual os agricultores da india sao tao pobres, hoje em dia, se deve 20 fato de eles criatem um grande ntimero de vacas e elefantes — que comeram todo capim — e secarem e queimarem o esterco como combustivel. Tais Praticas esgotaram a fertilidade do solo e reduziram sua produtividade. A pecuaria, hoje em dia, tem sido da mesma escola de estupidez da criagio de olhetes, Criar este tipo de peixe até o tamanho ideal Para o mercado requer dez Yezes seu peso em sardinhas. Da mesma maneira, uma raposa prateada consome dlez vezes 0 seu peso em carne de coelho, e um coelho, dez vezes o seu peso em capim. Que incrivel desperdicio de energia para produzir uma tnica pele de rapo- Sal As pessoas tém de trabalhar dez vezes mais arduamentc para comer bife e ‘ceteais, e é melhor estarem preparadas para trabalhar cinco vezes mais pesado se quiserem se alimentar com leite ¢ oyos, A agricultura de tragio animal, porém, ajuda a satisfazer certos desejos, 1m, aumenta o trabalho do homem muitas vezes. Embora essa forma de agricultur, pareca beneficiar o homem, na verdade ela 0 coloca a servico de seus animais, As criarem gado ou clefantes como membros da familia agricola, os agricultorces do Japio ¢ da india empobreceram para prover seus animais das calorias de qy. necessitavam. A agricultura mecanizada é ainda pior. Em vez de reduzir 0 trabalho dy agricultor, a mecanizacao escraviza o homem ao seu equipamento, Para o agricy). tor, o maquindrio € 0 maior animal doméstico de todos — um grande beberriio de combustivel, um bem de consumo maior do que um bem de capital. A primeir, vista, a agricultura mecanizada parece aumentar a produtividade por trabalhador e, desse modo, aumentar a arrecadagio, Mas, muito pelo contrario, uma olhada ng cficiéncia da utilizacdo da terra ¢ no consumo de energia revela ser esse um método de agricultura extremamente destrutivo. O homem raciocina por comparacao. Assim, ele pensa que € melhor ter um cavalo para fazer a aragio do que um homem, e pensa que é mais conveniente ter um trator com a forca de dez cavalos do que manter dez cavalos, porque — se custa menos que um cavalo, um motor de um cavalo é uma barganha. Tal pensamento tem acelerado a expansio da mecanizacdo ¢ parece razodvel no contexto do nosso sistema econdmico. Mas o progressivo cariter inorginico ¢ a produtivicade diminuida da terra, resultantes das operagées agricolas que visavam a uma produgio de larga escala, o desequilibrio econdmico causado pelo consumo excessivo de energia e o crescente senso de alienagio originado de uma antitese directa da natureza tém acelerado 0 deslocamento de agricultores para longe dos campos, embora muito disso tenha sido chamado de progresso. Ser que a mecanizacio tem realmente aumentado a produtividade ¢ tommado as coisas mais faceis para o agricultor? Vamos considerar as mudancas que isso trouxe a pritica da lavoura. Um agricultor com 8.000 m* que compra um trator de trinta cavalos nao iri como num passe de mégica, se tornar um agricultor de 200.000 m?. Se a terra 2 cultivar € limitada, a mecanizagao apenas diminui 0 nimero de trabalhadores necessarios. Esse excesso de poder do homem gera o écio. Aplicar tal excesso de energia em algum outro trabalho aumenta a renda, assim pensa 0 homem. O problema, entretanto, 6 que renda extra nao pode vir da terra. Na verdade, a produgao vinda da terra ira — provavelmente — diminuir, enquanto as exigé” cias quanto A energia sobem rapidamente. No final, o agricultor é afastado de seus campos pela sua maquinaria. O uso dessa maquinaria pode tornar o traba- Iho no campo mais facil, mas os rendimentos provenientes da produsio 4 culturas encolheram. Além disso, nao ha previsao de diminuigio dos impostos, ¢ os custos da mecanizagdo continuam a subir assustadoramente. Assim € a situ a0 do agricultor. A redugio de trabalho causada pela agricultura cientifica teve sucesso apes ‘em forgar os agricultores a se afastar dos campos. Talvez 0 politico ¢ 0 consumido" pensem que a competéncia de um némero menor de trabalhadores para realiz3 * produsao agricola para a nagao € um indicativo de progresso. Para o agricul" porém, isso é uma tragédia, um erro absurdo. Para cada operador de trator, q32°"" dizias de agricultores sao forcados a se afastar dos campos para trabalhar ™ indstrias, produzindo implementos agricolas e fertilizantes — os quais nao seriam as primeiras necessidades se a agricultura natural fosse praticada. © maquinario, os fertilizantes quimicos e os pesticidas tem afastado 0 agi cultor da natureza, Embora esses produtos intiteis de fabricagio humana aumentem a producdo de suas terras, porque tais produtos sao tratados como ferramentas para gerar lucros e aumentar a produgio, 0 homem trabalha na ilusdo de que necessita deles. Seu uso tem provocado uma grande destruigao da natureza, enfraquecendo seus poderes ¢ deixando o homem scm opgao, a no ser cuidar de seus vastos campos com as préprias mios. Isso, por outro lado, tem tornado indispensiveis os grandes maquindrios, os fertilizantes compostos com altos niveis ¢ os venenos poderosos, E 0 mesmo circulo vicioso se repete sem-fim, Operagées agricolas cada vez maiores nao tém dado aos agricultores a estabilidade que cles buscam, As fazendas na Europa sdo dez vezes maiores, € nos Estados Unidos, cem vezes maiores do que as fazendas de 6 a 7 acres comuns ao Japio. Os agricultores na Europa e nos Estados Unidos sio, de alguma forma, mais inseguros que os agricultores japoneses. Nada mais natural que os agricultores no Ocidente, que questionam a tendéncia para a mecanizagio em larga escala da agricultura, busquem uma alternativa nos métodos orientais de agricultura orginica, Entretanto, como também se conscientizaram de que a agricultura tradicional com animais no campo nao é 0 caminho da salvagio, esses agricultores comegaram a buscar freneticamente o caminho que conduz em diregado a —— agricultura natural. a piscicultura modernas também apresentam falhas fundamentais. stionavelmente, assumiram que, criando aves domésticas, outros nossa dieta melhoraria. Contudo, ninguém teve a mais leve ‘consumir ovos € leite em vez de cereais verduras, de empregar dez vezes mais esforgos. Por ser tio a ctiagao moderna de animais ndo pode ser con- Na verdade, a verdadeira eficiéncia se levado a tais extremos de fadiga e trabalho espécie nativa do Japio. Deixe-a S ovo/dia em dias alternados — clas se alimentam © bor, silo produtoras a erent, sige do 48 ‘Além do mais, desde aun or cme p72 SHPO en Se meme mtnraa paloas bancs da vasiedad Lenin . Por el y vos, er galoas bot um oF Be aivevem Fea aiieisdade 'ré ort ei uae muitos ovos para comer ¢ também produzir a spdaaed poder’ ser utilizado para enriquecer a terra, Mas para as galinhas produzires, tantos ovos elas terdo de ser alimentadas com gros, tendo duas vezes mais 0 valor calérico dos ovos postos, Tais métodos artificiais de criar galinhas so, basicamen. te, contraproducentes, pois em vez de aumentar as calorias eles — na verdade — reduzem o ntimero de calorias pela metade, A restauragdo das perdas do solo nao é facil e, mesmo assim, a fertilidade do solo é esgotada na mesma extensdo da perda calérica. Isso vale nao apenas para galinhas, mas também para porcos e gado, em que a eficiéncia ¢ ainda pior. A proporgdo entre a energia aplicada ¢ a energia recupe- rada é de 50% para os frangos, 20% para os porcos, 15% para gado de Icite c 8% para o gado vacum. Criar gado de corte interrompe a energia do alimento recupe- ravel a partir do décuplo da terra; as pessoas que comem carne consomem d vezes mais cnergia do que aquelas que praticam a dieta do arroz, Poucos tém conhecimento de como nossa indistria de criag4o de animais, que cria o rebanho em estébulos fechados alimentando-o com graos trazidos dos Estados Unidos, tem ajudado a esgotar 0 solo americano. Tais praticas ndo 840 apenas antiecondmicas, mas significam essencialmente uma campanha para destruir a vegetagdo numa escala global. ‘Todavia, as pessoas insistem em acreditar que criar cercado um grande ntimero de galinhas que sao boas poedeiras ou ragas melhoradas de porco ¢ gado com alta conversdo em alimentos € a Gnica técnica que funciona para massificar a produgio. Elas esto convencidas de que isso é uma maneira inteligente ¢ econdmica de criar animais. A verdade & exatamente o oposto. Praticas artificiais de criagdo de ani mais consistindo essencialmente em converter a ragdo em vos, leite ou carne s na realidade, desperdicio de energia, Na verdade, quanto maior ¢ mais altamente aperfeigoada for uma raga de animal, maior sera 0 consumo e maiores 0 esforco ¢ o trabalho exigidos do agricultor. A pergunta que deveria ser respondida é, ent4o: “O que deveria ser criado ¢ onde?” Primeiro, devemos selecionar as ragas que achiaer deixadas em pastos de montanha, Criar um grande némero de vacas Holstein geneticamente melhor: das e gado de corte em currais fechados ou lotes em rages concentra’ das € um negécio altamente perigoso tanto para o homem quanto, riaglo. Além do mais, tais métodos produzem ee, médias mais elevadas de perda de encrgia mo roedores comestiveis seria até mais econémico — e protege melhor a natureza — do que criar cabras. Num pais pequeno como o Japio, melhor do que criar gado leiteiro, o que simplesmente empobrece o solo, seria de longe mais sensato para cada familia ter uma cabra. Ragas que sio as melhores produtoras de leite mas basicamente fracas, como a Saanen, deveriam ser evitadas, optando por variedades nativas fortes que podem viver sem cuidados especiais. A cabra, chamada de “vaca de pobre”, porque toma conta de si mesma e também di leite, é na verdade barata de se criar € no enfraquece a produtividade do solo. Se aves domésticas ¢ criagio de gado sao beneficios reais para o homem, esses animais deveriam ser capazes de se alimentar € se defender naturalmente a céu aberto. $6 assim a comida se tornar4 naturalmente farta ¢ contribuiré para o bem-estar do homem. Na minha visio idealizada de criagio de animais, vejo abelhas ocupadas em fazer a ronda dos trevos, e brotos de plantas florescendo fortemente sob as arvores carregadas de fratas; ou vejo galinhas semi-selvagens e coelhos brincando com cachorros nos campos de trigo; um grande nimero de patos sclvagens brincando nos campos de arroz, ao pé das colinas ¢ nos vales; porcos pretos ¢ porcos-do-mato engordando, alimentados com minhocas ¢ camarées-de-4gua-doce; ¢, de tempos em tempos, cabras surgem, provenientes dos bosques e arvoredos. Essa cena pode ter sido tirada de um lugarejo distante, num pais ainda nio tocado pela civilizagio moderna. A verdadeira pergunta para nés é se a vemos como © quadro de uma vida primitiva, economicamente inferior, ou como uma parceria orginica entre o homem, o animal ¢ a natureza. Um ambiente confortavel para pequenos animais é também o ccnirio ideal para o homem se estabelecer. Sao necessirios 166 m? de terra para sustentar um ser humano vivendo de gros, 498 m? para sustentar alguém se alimentando de batatas, 1.245 m* para alguém que vive de leite, 3.330 m* para alguém que se alimenta de porco ¢ 8.300 m? para alguém que subsista inteiramente de carne. Se a populagio inteira fosse dependente de uma dieta baseada apenas em carne, a humanidade ji teria alcangado seus limites de crescimento, A populagiio mundial poderia crescer até trés vezes em uma dieta de leite ¢ vinte vezes em uma dieta de batatas. Numa dieta de grios, a capacidade atual da terra ¢ de aumentar até sessenta vezes o nimero atual de habitantes, Alguém 6 precisa olhar para os Estados Unidos ¢ a Europa para ter uma clara evidéncia de que a carne de boi ou vaca empobrece o solo ¢ desnuda a terra. Praticas de pesca so igualmente destrutivas. Temos poluido e matado os mares, que eram, outrora, reservas férteis de peixe. Hoje, a indtistria pesqueira cria peixes caros alimentando-os muitas vezes além do préprio peso, e se regozija com a abundancia atingida. Os cientistas esto interessados apenas em aprender como fazer maiores de criagdo de animais correm contra a naturezg ‘acreditando ‘melhorar a indastria pesqueira atrayé, oto ieee de cultura de peixes, en > tempo, aperfcigoa as praiticas da pesca que destroem a teproducig aural, Francamente, estou assustado quanto a0s perigos decorrentes do tratamento de peixes com grandes doses quimicas para prevenir doengés peldgicas, que surgiram no Mar do Japao como resultado da polui¢ao causada pela grande quantidade de ragdo langada na 4gua nos muitos centros de criagdo de peixes no mar, Nao era motivo de riso quando um aumento na demanda de sardinhas como alimento para ‘co olhete resultou recentemente num curioso fato: uma repentina falta de sardinha no mercado fez desse pequeno peixe um artigo de luxo por algum tempo. ‘© homem precisa saber que a natureza € fragil ¢ facilmente danificada. £ eee E, uma vez destruida, a natureza ser recuperada, ‘A maneira de enriquecer a dicta humana é facil. Ela ndo impde a produgio ou a criagdo em massa. Mas exige realmente que o homem renuncic ao conheci- mento € ies agio abuse? a Dee natureza restaurar sua generosidade natural. Na verdade, ‘outro caminho. il | As ilusOes da ciéncia natural Os erros do intelecto humano Agricultura cientifica se desenvolveu_no Ocidente como uma variante das cién- clas naturais, que surgiram no ensino ocidental como estudo da matéria. A ciéncia natural adotou um ponto de vista materialista, que interpretava a natureza analitica ¢ dialeticamente. Isso foi uma conseqiiéncia da crenga do homem ocidental na dicotomia homem-natureza, Em contraste com a visio oriental de que 0 homem deyeria tentar se tornar uno com a natureza, o homem ocidental usou conhecimento discriminat6rio para colocar o homem em oposigio A natureza ¢ tentou, a partir daquele ponto privilegiado, uma interpretagdo desinteressada do mundo natural. Ele estava convencido de que o intelecto humano pode descartar a subjetividade e compreender a natureza objetivamente, © homem ocidental acreditou firmemente que a natureza era uma entidade com uma realidade objetiva independente da consciéncia humana, uma entidade que o homem pode conhecer através da observagio, da anilise redutora e da reconstrugdo, Destes processos de destruigao e reconstrugio, surgiram as ciéncias naturais, As ciéncias naturais t¢m avangado em uma velocidade arriscada, arremessan- do-nos para dentro da era espacial. Hoje, o homem parece capaz de conhecer tudo sobre © universo, Ele cresce cada vez mais confiante de que, cedo ou tarde, ‘compreenderd até mesmo os fenédmenos ainda desconhecidos, Mas o que exata- ‘mente significa para o homem “conhecer"? Ele pode rir da tolice do sapo coaxan- 1a fonte, mas @ incapaz de rir da sua prdpria ignorancia ante a vastidio do ts0, Se bem que o homem, que ocupa apenas um pequeno canto do universo, ‘esperar jamais compreender a totalidade do mundo em que vive, persis- o de que tem o cosmo na palma da mio. nfo esta em uma posigdo que lhe permita conhecer a natureza. surgiu quando o homem, observando as plantas A medida ‘conhecé-las ¢, depois, se convenceu de que ele mesmo nda assim, teria o homem realmente conhecido a natureza? e diz que sabe o que aquele trigo €. Mas sera que tigo ¢ é mesmo capaz de cultiva-lo? Vamos examinar 0 a pode conhecer as coisas. 2 fon para © espago distante para conhecer viajar para a Lua para conhecé-la, Da mesma talo de trigo, deve primeiro té-lo nas maos, /a melhor maneira de aprender alguma coisa dados possivel. Em seu esforco para conhe- squenos pedagos. Ele, certamente, tem ntar como os ventos sopram eq A curiosidade do homem 0 fer) pet a ee das marés € os relimpagos chuva cai, Ele tem estudado cuidadosat Sabitam Gs campos © a8 Pe aise: Tem bem como as plantas € os animais que do mindsculo mundo dos microorganismos estendido seu olhar inquiridor para centro “ca, Mesmo o universo submicr ‘OSC6picg cettags ro as eobaOTces est sujeito 4 sua investigagio, 4 las moléculas, atomos ¢ FOR pete detalhada tem se detido na Tice coma ecologia € qualquer outro aspecto de uma flor ou Saas infinitas possibilidades de estudo. O con- Mesmo uma tinica [oll Tj; o niicleo de uma destas células, o qual abriga junto de células que forma a folha; 0 nticleo de uma destas eflute, © St ‘© mistério da vida; os cromossomos que tem a chave da here eae A Ee ta de como a clorofila sintetiza o amido com a luz do sol co diéxido de carbono; o trabalho invisfvel das raizes; a absorcio pela planta de varios nutrientes; como a Agua chega ao topo das arvores altas, a relacdo entre varios componentes e os microorganismos no solo, como cles interagem ¢ se transformam quando absorvi- dos pelas raizes e quais fungdes eles atendem — estes sdo apenas alguns dos intimeros tépicos que a pesquisa cientifica tem perseguido, Mas a natureza é uma totalidade orgiinica viva que ndo pode ser dividida ¢ subdividida, Quando ela é separada em duas metades complementares que por sua vez sao divididas em quatro, quando a pesquisa se torna fragmentada e espe- cializada, a unidade da natureza se perde. diagrama da Figura 2.1 € uma tentativa de ilustrar a interagdo de fatores ou elementos que determinam a produgio no cultivo do arroz. Originariamente, os elementos que determinam a produgao nao foram divididos nem separados. To- dos foram reunidos em perfeita ordem sob a batuta de um tinico maestro em uma ressonincia acompanhada de rara harmonia. Mas, quando a ciéncia inseriu seu bisturi, uma classificagio de elementos complexa, horrenda e cadtica apareceu Tudo que a cigncia conseguiu foi tirar a pele de uma linda mulher e revelar uma massa sangrenta de tecidos. Que esforgo infeliz ¢ desperdicado! Nos dias de hoje, pode-se fazer as plantas florescerem em todas as estagdes As lojas exibem frutas ¢ verduras 0 ano inteiro, de maneira que quase esquecemos se € verdo ou inverno. Isso € resultado do controle quimico que tem sido desen- volvido para regular 0 tempo de floracao e maturagio, Confiante em sua habilidade de sintetizar proteinas que fazem células, o homem tem desafiado até mesmo o “iltimo segredo” — o mistétio da vida em si. O sucesso em sintetizar as células dependera da habilidade em sintetizar Acidos nucléicos, € enti teri vencido a tiltima e maior barreira para a sintese da matéria viva. A sintese 4€ formas simples de vida ¢ agora apenas uma questo ck ena viva. A sintese 4 A . a le tempo. Isso foi a principio antecipado quando a nocao de uma diferenca fundamental en a6 viva foi detxada de lado com a descoberta de bacteriofagos— chrantncge rn eu water nao-viva que multiplica, e as primeiras te gos — da existéncia de materia ; ntativas de sinteti: ari: Seguindo cegamente seus interesse po eee bathar na sintese da vida sem saber o signin gt com © propésito de t= através da recombinagio genética. O homem ja pode criar € alterar organismos vivos como se fosse 0 Criador. Estamos prestes a entrar na era em que os cientistas criario organismos que nunca apareceram antes sobre a face da Terra. Apés os bebés de proveta, veremos a criacio de seres artificiais, monstros e culturas enor- mes. Na verdade, isto j4 comegou a aparecer. Dando isso por certo, tem-se a impressio de que grandes avangos esto sendo feitos na compreensao humana de que o homem veio a conhecer todas as coisas da natureza e, usando e adaptando tal conhecimento, tem acelerado 0 progress da vida humana. No entanto, hi um problema com tudo isso. A consciéncia humana € intrinsecamente imperfeita, ¢ isso di margem a erros na compreensao humana. Fig. 2.1 Os fatores do cultivo do arroz capaz de conhecer a natureza, *conhecer" nig Quando o homem diz que ia dela, Apenas quer dizer que significa agarrar e compreender a verdadeira essénc! ee arial natureza a qual ele € capaz de conhecer, oe . ‘Assim como o mundo conhecido para o sapo que pos ni 0 &o mundo inteiro, mas apenas o mundo dentro daquele pogo, assim a natureza que o homem pode perceber e conhecer é apenas aquela natureza que cle tem conse. guido agarrar com suas milos e sua propria subjetividade, Mas, é claro, essa nao ¢ a verdadeira natureza, © labirinto do subjetivismo relativo Quando as pessoas querem saber o que Okuninushi-no-Mikoto, o deus xintoista da agricultura, carrega no enorme saco sobre seus ombros, clas imediatamente abrem o. saco ¢ colocam as méos dentro. Pensam, assim, que para entender o interior do saco devem conhecer 0 contetido, Suponhamos que elas viram que 0 saco contém todo tipo de objetos estranhos feitos de madeira e bambu. Nesse ponto, a maioria pessoas comegaria a fazer varios pronunciamentos; “Nao ha diividas de que i uma ferramenta usada por viajantes”, “Nao, é uma escultura decorativa”, “Nai definitivamente, é uma arma”, E assim por diante. Contudo, a verdade conhecida apenas por Okuninushi é que o objeto é um instrumento feito por ele para sua propria diversio. E ainda mais: porque esti quebrado, ele o est carregando em seu saco meramente para seu uso como material para fazer fogo, O homem pula dentro desse grande saco chamado natureza e, pegando tudo que pode, olha de um lado, do outro, examina, pergunta a si mesmo o que é¢ como funciona ¢ tira suas préprias conclusdes sobre o propésito ao qual serve a natureza, Mas ndo importa com que cuidado suas observagdes e fundamentos feitos, cada interpretagdo tem em si o risco de causar graves erros porque o mem nao pode conhecer a natureza mais do que pode saber qual a utilidade dos ‘objetos contidos no saco de Okuninushi, Ainda assim, 0 homem nao se desencoraja facilmente, Ele acredita, mesmo se isso equivaler a0 absurdo de pular dentro do saco ¢ adivinhar os objetos que estdo 14 dentro, que o conhecimento humano se estender4 sem limites, ¢ a5 simples observagdes movimentario as rodas dos fundamentos e conseqientes conclusdes, ites sree oer pode ver conchas fixadas a um pedago de bambu € perett al a ss como uma arma. Quando maiores investigagoe: a par as conchas contra © bambu produz um som interessante, ¢l¢ concluiré que isso € um instrumento musical ¢ inferiré, a partir da curvatura ¢° bambu, que ele deve ser usado como chocalho em volta da cintura durante uma danga. Caminhando passo a passo ness ft \creditar’ a linha de fara esta taciocinio, ele acreditara es! Assim como acredita contetido de seu saco, o homem acredita que, observando a natureza, iso ¢, por sua ver, 5 Be cn, seus Proprios designios © propésitos, Mas isso’ ra tornar a parte interessada em sel’ 5 0 homem somente pode conhecer. Uma ilusio sem esperanca, pois ° com 0 dono dele, © mundo se sair do saco e se encontrar face a fae® 52 Uma pulga nascida ¢ criada dentro do saco sem nunca ter visto o mundo externo jamais poderd adivinhar que o objeto dentro do saco é um instrumento para ser dependurado no cinto de Okuninushi, ndo importa o quanto ela estude o objeto. De maneira semelhante, o homem, que nasceu dentro da natureza, nunca poder se colocar do lado de fora do mundo natural, jamais podera entender toda a natureza examinando simplesmente aquela parte que est A sua volta. A resposta do homem para isso € que, embora ele nao possa ver o mundo de fora, niio é o suficiente que ele tenha conhecimento ¢ capacidade para explorar mais além dos dominios do imenso ¢ aparentemente ilimitado universo, e possa pelo menos aprender o que hd ¢ o que tem acontecido nele? Aquilo que é desco- nhecido hoje se tornara conhecido amanha. Sendo esse 0 caso, no existe nada que o homem no possa saber. Mesmo que ele tivesse de passar sua vida inteira dentro do saco, desde que fosse capaz de aprender tudo sobre o interior do mesmo, isso no seria suficiente? Nao sera 0 sapo do pogo capaz de viver 14 em paz ¢ com tranqililidade? Que necessidade tem ele do mundo além dos limites do pogo? O homem observa a natureza se expor diante dele; cle a examina ea utiliza na pritica, Se consegue os resultados esperados, nfo tem motivos para questionar seus conhecimentos ou ages. Nao ha nada que indique que esta crrado. Sera que isso ndo significa que cle se apoderou da real verdade sobre o mundo? do sei o que hé além do mundo conhe- melhor deixarmos as es de um mundo que pode ou nao existir para aqueles homens de que sonham com Deus". € este que esta sonhando? Quem é este que est vendo ilusées? E, yosta disso, podemos desfrutar da verdadeira paz de espirito? No funda € sua compreensdo sobre 0 universo, é a subjetividade do mtém © estigio no qual seu conhecimento atua. Mas ¢ se somente ‘estiver totalmente errada? Antes de rir da fé cega em Deus, o ra € julga, existe apenas o objeto chamado “homem” e s F este objeto chamado “homem” que verifica e n objeto, e é o homem que verifica e acredita na existén- em”, Tudo neste mundo deriva do homem e ele tira no precisa se preocupar em ser um fantoche de ar o papel de um bébado em um palco Ja de sua propria existencia despética. | observa formula julgamentos; portan- lade pode estar agindo nesse caso, Sua ar-se da subjetividade e também a ver i lerna. Na verdade, enxergar 0 mundo moze, pases OS eee um critério de sanidade. Ja vimos, no prime, ro capitulo, como a agricultura ida tem se desenvolvido. . Seriam os avides realmente rapids € os carros um meio ladeiramente confortavel de viajar? Nao seria a nossa imponente civilizagao nada mais do que um brinquedo, uma diversio? O homem é incapaz de ver a verdadle porque tem seus olhos vendados pela subjetividade. Ele tem olhado o verde das 4rvores som conhecer o verdadeiro verde, e tem “conhecido” a cor do carmesim sem ver o prOprio carmesim. Essa tem sido a fonte de todos os seus erros. Conhecimento nao-discriminatétio A afirmagio de que a ciéncia surgiu da divida e da insatisfacdo € freqlentemente usada como justificativa implicita da pesquisa cientifica, mas isso de maneira algu. ma a justifica. Ao contrario, quando confrontado com a destruigdo da natur provocada pela ciéncia ¢ pela tecnologia, ninguém pode deixar de ter um se mento de inquietacao com esse processo de pesquisa cientifica que o homem usa para separar e classificar diividas e descontentamentos. Uma crianga vé as coisas intuitivamente. Quando observada sem discrimina- io intelectual, a natureza é inteira e completa — uma unidade. Nesta visio ni discriminatéria da criagio, nao ha motivo para a mais leve diivida ou insatis! Um bebé € feliz ¢ aproveita a paz de espirito sem ter de fazer coisa alguma. O adulto toma mentalmente as coisas em separado e as classifica; ele imperfeito ¢ cheio de inconsisténcia. Isto € 0 que significa apoderar-se d: dialeticamente. Armado com suas diividas sobre a natureza *imperfei insatisfacio, o homem se coloca a tarefa de melhorar a natureza e, presungosamente, chama as mudangas que imprimiu nela de “progresso” e “desenvolvimento” As pessoas acreditam que 4 medida que uma crianga cresce ¢ se torna adulta, ‘sua compreensio sobre a natureza se aprofunda ¢, por esse processo, se toma capaz de contribuir para o progresso ¢ desenvolvimento do mundo. Que & “progresso” nao seja outra coisa que uma marcha em diregao ao aniquilamento é claramente evidenciado pela decadéncia espiritual e a poluigao ambiental que infestam as nagdes desenvolvidas do mundo, Quando uma crianga que mora na drea rural encontra um campo de arro7 inundado, cla pula para dentro desse campo e brinca com a lama, Essa é a maneit simples e direta pela qual uma crianga conhece © mundo intuitivamente. Mas uma crianga criada na cidade nao tem coragem de pular na lama do arrozal. Sua mac esid constantemente mandando lavar as mos, dizendo que aquela sujeira € ruin € cheia de germes. A crianea que “sabe” dos “terriveis germes” da pera veo campo barrento de arroz como um lugar sujo, feio © assustadon S10 OS Centenas de milhdes de microo ie aglomeram cm cada grama de estas, € ait .ctérias g ‘como outras bactérias que mata” bactérias ae eee matam as bactérias assassinas. O Bae contém benéficas, O solo nos campos salah ambéem muitas sio inofensivas ou até mest"? Ppossoba luz.do sol nto € apenas saudkivel na sua toraliles 54 como também é absolutamente essencial para o homem, A crianga que rola na lama cresce sadia, Uma crianga inocente cresce forte. Isso significa que o conhecimento de que “ha germes no solo” ¢ mais igno- rante do que a propria ignorincia. As pessoas esperam que 0 maior conhecedor em solo seja 0 cientista do solo. Mas se, apesar de seu vasto conhecimento sobre 9 solo como uma matéria mineral em frascos ¢ tubos de ensaio, sua pesquisa no Ihe permitir conhecer a alegria de deitar no chio sob o sol, ele no pode ser tido como conhecedor de coisa alguma sobre o solo. O solo que ele conhece ¢ uma parte discreta e isolada do todo. O tinico solo completo ¢ inteiro é como un solo natural, antes de ser fragmentado e analisado, e € a crianga que melhor conhece, em sua inocéncia, o que o solo verdadeiramente natural & A mie (ciéncia) que ostenta seu conhecimento parcial implanta na crianga (homem moderno) uma falsa imagem da natureza, No budismo, o conheeimento que divide 0 eu € 0 objeto e os coloca em oposigio é chamado de “conhecimento discriminatério”, enquanto 0 conhecimento que trata 0 cu ¢ 0 objeto como unidos em um todo é chamado de “conhecimento nio-discriminatério”, a forma mais elevada de sabedoria. Claramente, 0 “adulto discriminador’ ¢ inferior a crianga “néo-discriminadora”, pois o adulto apenas mergulha em uma confusiio cada vez mais profunda, As faldcias da ciéncia Qs limites do conhecimento analitico © método cientifico consiste em quatro etapas biisicas, A primeira é focalizar cons- cientemente a atengao de alguém em alguma coisa, observa-la e examind-la mental- mente. © segundo passo € usar os poderes do discernimento e da fundamentagio de alguém para estabelecer uma hipdtese ou formular uma teoria baseada nessas observag6es. A terceira é, empiricamente, revelar um tinico principio ou lei ou partir dos resultados coincidentes, reunidos através de experiéncias andlogas e experimen: tagdes repetidas. E, finalmente, quando os resultados da experimentagio indutiva: sio aplicados ¢ provam ser corretos, 0 passo final é aceitar esse conhecimento como uma verdade cientifica ¢ afirmar sua utilidade para a humanicade, Como esse processo comega com a pesquisa que discrimina, fragmenta e ana- és, e estuda as mat s s como nutrientes. Em seguida, ple espontaneamente de uma semente que envolvido em um vaso de laborat6rio sdo, a um tempo enorme, esforco € recursos p cega que tem em sua propria habilidade de o do que a natureza. Por que ele acredita nisso? ‘do trigo varia com as condigdes sob as quais ele € cultvado, go no tamanho dos cachos do trigo, o cientista se propde 2 a. Ele descobre que quando ha pouco calcio ou magnésio no solo 9 crescimento é pobre e as folhas so mais brancas. Quando, artifi centa cilcio ou magnésio, observa que a média de crescimento fmam graos maiores. Orgulhoso de scu sucesso, o cientista chama fica de verdade € a trata como uma técnica infalivel de cultivo, cira pergunta aqui é se a falta de cAlcio ou magnésio era real- Qual é a base para chamar isso de deficiéncia, eo remédio ponde realmente aos melhores interesses do homem? Quando um _ Fig. 2.2 Relacionamento entre causa e efeito campo esti deficiente em algum componente, a primeira coisa a ser feita deveria ser determinar a verdadeira causa da deficiéncia. Mas a ciéncia comega por tratar ‘os sintomas mais Obvios, Se ha sangramento, ele estanca o sangramento. Para a deficiéncia de calcio, imediatamente aplica calcio. Se isso no solucionar o problema, a ciéncia olha mais adiante, e varios motivos podem vir 4 tona: talyez uma superaplicagio de potassio tenha reduzido ‘aabsorgio de cilcio pela planta ou a mudanga do calcio no solo para uma forma que nio pode ser assimilada pela planta, Isso pede uma nova abordagem. Mas, por tris de cada causa, ha uma segun- da e uma terceira causas. Por tras de cada fendmeno, ha uma causa principal, uma causa fundamental, uma causa bisica e fatores que contribuem para tal. Numero- sas causas e efeitos se entrelagam em um padrio complexo que deixa poucas pistas para a causa verdadeira, Mesmo assim, 0 homem confia na capacidade da Giéncia de encontrar a causa verdadeira através da persistente c profunda investigagio ¢ estabelecer maneiras eficazes de lidar com 0 problema. Todavia, até onde pode © homem ir em sua investigagdo sobre a causa ¢ o efeito? Nao hé causa e efelto na natureza Por tras de toda causa existem intimeras outras causas. Qualquer tentativa de jastrear © caminho inverso até a origem apenas conduz a um afastamento da compreensiio sobre a verdadeira causa. Quando a acidez do solo se toma um problema, a pessoa conclui precipitada- ‘mente que o solo nio contém cilcio suficiente. Contudo, essa deficiéncia de calcio ndo ser devida a0 solo em si, mas a uma causa mais fundamental, como a erosdo ‘cultivos repetitivos em solo exposto A capina; ou talvez esteja relacionada pluviométrica ou a temperatura, Aplicar cAlcio para tratar a acidez do do que essa acidez resultado da falta do mineral pode provocar um jivo das plantas ¢ aumentar a acidez no futuro. Em tal caso, pode-se siio maior sobre a causa € o feito. Tomar medidas para controlar em primeiro lugar por que o solo se tornou acido uzir ou prolongar a acidez do solo. ei uma grande quantidade de serragem e lascas de madei- stas em solo se opuscram a isso, dizendo que os dcidos madeira apodrece iriam proyavelmente tomar 0 solo efeito eu teria de aplicar grandes quantidades de Acido e, conseqiientemente, 0 calcario nao foi as bactérias comecam a decompor a serra- , Mas, 4 medida que a acidez aumenta, o gos comegam a aparecer, Quando o solo lente substituido por cogumelos e 1 em celulose ¢ lignina. O solo nesse cad . Acreditando que a praga do a aplica as doengas na lavoura. A it ae & en cee os agricultores estdo one de que a srr pod, controlada apenas pulverizando pesticidas 4 base de merctrio € de cobre. : En -raturas elevadas e chuvas constan. Es io é to simples. Tempe: Entretanto, a verdade nao € tao simp! a tes podem ser fatores que contribuem para isso, bem como 0 excesso de aplicagig de fertilizantes 4 base de nitrogénio. ‘Talvez o fato de hs ee 3 periodo de temperaturas elevadas tenha enfraquecido lo as de arroz que esta sendo cultivada tenha baixa resistencia a essa doenga. 4 Pode haver inimeros fatores inter-relacionados. Medidas diferentes podem — ser adotadas em épocas diferentes e sob condigoes diversas, ou uma abordagem mais abrangente pode ser aplicada, Mas, com a aceitagao geral da explicagio — cientifica sobre a praga do arroz, vem a crenca de que a ciéncia est4 trabalhando de maneira a combater a doenga. Constantes melhoramentos dos pesticidas usa- dos para o controle direto da doenga tém levadoa situagao atual, onde os pesticidas sao aplicados muitas vezes ao ano como uma espécie de panacéia. Mas, a medida que a pesquisa vai se aprofundando cada vez mais, o que uma vez foi aceito como um fato simples e claro nao € mais claro, e as causas deixam: de ser o que parecem. ‘ Por exemplo, mesmo que saibamos que 0 excesso de fertilizante 4 base de nitrogénio a causa da doenga do arroz, determinar como esse excesso esta relacionado — com 0 ataque da bactéria do arroz no é uma empreitada facil. Se a planta recebe — muita luz solar, a fotossintese nas folhas se acelera, aumentando a média na qual os componentes de nitrogénio absorvidos pela raiz sio assimilados como proteina que nutre o caule ¢ as folhas, ou € armazenada no griio. Mas, se o tempo nublado persiste, ou se 0 arroz for plantado muito densamente, as plantas isoladas podem receber luz insuficiente ou pouco diéxido de carbono, atrasando a fotossintese. Isso pode, por sua vez, causar um excesso de componentes de nitrogénio que permanecem sem assimilados pelas folhas, tornando a planta suscetivel 4 doenga. Portanto, um excesso de nitrogénio pode ou nao ser a causa da doenga | arroz, Alguém pode, facilmente, atribuir a causa & luz solar insuficiente diGxido de carbono, ou a quantidade de amido nas folhas, mas depois © para compreendermos como esses fatores esto relacionados & doenga precisamos entender 0 processo da fotossintese. E a ciéncia obteve sucesso em desvendar completamente os segredos desse qual o amido é sintetizado a partir da luz solar ¢ do di6xido de c: das plantas. Sabemos que 0 apodrecimento das raizes torna a planta arroz, mas as tentativas dos cientistas de explicar © porqué one acontece quando 0 equilibrio entre a parte raiz 6 rompit .0 tentarmos explicar o é que um desequilibrio do peso ges cenndo cae a planta suscetivel ao ataque de patégenas, © que constitui € outros enigmas que, ultimamente, nos tem deixado na ignor As vezes, o problema é atribuido 4 c A . Pouca forca do ninguém pode definir 0 que significa essa “ ”. Alguns: de sllea e do endurecimento do tals carte mos de fisiologia, genética ou algum outro aneae ap 58 No final, gradualmente, no conseguimos compreender mesmo aquelas causas que pareciam claras no principio, e perdemos completamente de vista a causa verdadeira. Quando o homem vé uma mancha marrom na folha, diz que isso é anormal. Se encontra uma bactéria incomum naquela mancha, chama a planta de doente. Sua solugéo segura para a doenga do arroz é matar 0 patégeno com pesticidas. Mas, agindo assim, ele nio resolveu de fato o problema da doenca. Sem ter uma boa nocao da verdadeira causa da doenga, sua solugio nao pode ser uma solugio real. Atras de cada causa existe uma outra causa, e atr4s desta, ainda uma outra. Portanto, 0 que vemos como uma causa pode também ser visto como o resultado de uma outra causa. De modo semelhante, o que pensamos como um efeito pode se tornar a causa de uma outra coisa. Fig. 2.3 O efeito pode levar 4 causa e a causa a uma causa anterior, numa corrente sem fim de causa e efeito Amadurecimento feito dogrio , Reagocemento (Galea = Efeito ---- Primeira causa Docagadoarroz feito = Cau Bectériada doenga Causa ~ Efeito ---- Tereeira causa ‘do arroz A propria planta do arroz pode ter na doenga um mecanismo protetor que ‘© crescimento excessivo da planta e restaura 0 equilibrio entre as partes que se encontram na superficie ¢ sob o solo, A doenga pode até ser considerada como uma medida da natureza para prevenir o crescimento muito denso das plantas de amoz, auxiliando, dessa maneira, a fotossintese ¢ assegurando a produgio total da semente, De qualquer maneira, a doenga do arroz nfo € 0 efeito final, mas meramente ‘um estigio no fluxo constante da natureza, Ela € ambos: causa ¢ efeito, Embora a causa € 0 efeito possam ser claramente perceptiveis quando se observa Fig, 2.4 A roda da c: ‘Causa imediata Uma critica as leis da ciéncia agricola te, tem o feito contrario de diminuir os rendimentos, Tal limite nao € fixado no mundo real; ele muda de acordo com o tempo e€ as circunstancias — portanto, a tecnologia agricola busca constantemente maneiras de romper isso. inda, essa lei ensina que existem limites definidos para os rendimentos, ¢ que determinado ponto 0 esforgo adicional é inatil. rio: A natureza trabalha constantemente para manter 0 equilibrio. Quando esse equilibro € rompido, forcas passam a atuar para recuperi-lo. Todos os fendme- nos no mundo natural acontecem para recuperar ¢ manter 0 estado de equilibrio. A gua flui de um ponto alto para um ponto mais baixo; a eletricidade, de uma potén- cia mais alta para uma poténcia mais baixa. O fluxo cessa quando a superficie da gua esti no nivel adequado, quando nao ha mais diferenga no potencial elétrico. A tansformagio quimica de uma substincia para quando o equilibrio quimico esta recuperado. Da mesma maneira, todos os fendmenos associados com organismos vivos trabalham incansavelmente para manter o estado de equilibrio. Adaptacao: Os animais vivem adaptando-se ao seu meio ambiente, e as culturas, de modo semelhante, mostram a capacidade de se adaptar 4s mudangas constantes nas condigGes de crescimento. Tal adaptagao é um tipo de atividade com 0 objetivo de restaurar o equilibrio no mundo natural. Os conceitos de equilibrio ¢ adaptagio esto, portanto, intimamente relacionados ¢ sio insepardveis um do outro. ‘Compensagiio e cancelamento: Quando 0 arroz é plantado intensamente, a plan- 4 apresenta poucos brotos, ¢ quando cle é plantado esparsamente, um nimero talos cresce por planta. Isso é dito para ilustrar a compensag4o. A nogio de mento pode ser vista, por exemplo, nas cabegas menores de gros que resul- 2 do aumento do némero de talos por planta, ou cm gros menores que se nas cabegas do arroz de tamanho excessivo devido a fertilizagdo intensa. fatores que determinam a produc4o de uma plantaco s4o asso- e todos mudam constantemente em relacdo uns aos outros. existe, por exemplo, entre o tempo e a quantidade de ‘€ entre 0 ntimero de mudas e 0 espago das plantas. Nao ulagdo prévia quanto A semeadura manual. Ou melhor, 0 um fator contra 0 outro, fazendo julgamentos rela- aquele método de cultivo, ¢ se aquele tipo de resolver problemas com nutrientes do solo, este conceito tem tambén como ferramenta bisica para atingir altos rendimentos na lavoura. Ieis sao desprovidas de sentido a das leis anteriores é tratada e aplicada independentemente, Mesmo 0 elas realmente diferentes ¢ distintas umas das outras? Minha conclusio a natureza é um todo indivisivel, todas as leis emanam de uma fonte © ao Mu, ou a0 nada. cientistas tém examinado a natureza sob todo Angulo concebivel e tém unidade de mithares de formas diferentes, Embora reconhegam qu? Separadas esto intimamente relacionadas ¢ apontam para a mes™ em geral, ha um mundo de diferengas entre essa idéia e a consciéncia d? as leis sio uma ¢ a mesma, 1m poderia ler na lei dos rendimentos decrescentes uma forga agindom ea, que s¢ esforca para manter o equilibrio através da oposigio e supress!? umentos graduais em rendimentos, a compensacao € 0 cancelamento sio mutuamente antagénicos. As forg#s ii mento agem para negar as forcas da compensagio, mecanismo pelo qi a busca manter um equilibrio. O equilibrio ¢ a adaptabilidade sio, sem divida, meios de proteger © bala" n € a harmonia da natureza, : Em st ade Cada uma dessas leis nao é senio a manifestago da grande harmonia € do librio da natureza. Cada uma provém de uma tinica fonte, que as coloca que tem iludido 0 homem é que, quando a mesma lei emana de uma Gniea fonte | diregdes diferentes, ele percebe cada imagem representando uma lei diferente. A natureza é um vazio absoluto, Aqueles que véem a natureza ponto deram um passo fora do caminho certo; aqueles que a véem circulo, deram dois passos fora do caminho certo; e aqueles que véem matéria, tempo e€ ciclos, vagueiam em um mundo de ilusdo distante e divo da verdadeira naturez: A lei dos rendimentos decrescentes, que diz respeito a lucros € reflete uma verdadeira compreensao da natureza — um mundo sem lucros, Quando alguém tiver compreendido que no ha pequeno nem: natureza, apenas uma grande harmonia, a nogao de um macronutriente e d micronutriente também ser4 reduzida a uma real visio circunstancial. Nunca houve qualquer necessidade de o homem estabelecer sua visao : relatividade, de desenvolver todas as coisas abrangendo a compensagao € 0 mento, ou equilibrio e desequilibrio. Ainda assim, os cientistas agricolas tém ¢: hipéteses claboradas ¢ acrescentado explicagdes para tudo, afastando a ag) cada vez mais da natureza ¢ perturbando a ordem e o equilfbrio do mundo A vida na terra é uma historia de nascimento e morte de organismos ais, uma hist6ria ciclica de ascensio e queda, de prosperidade e fr comunidades, ‘Toda matéria se comporta de acordo com os principios dos — tanto faz se estivermos falando do uniyerso césmico, do mut microorganismos, ou do distante e pequeno mundo das moléculas ¢) que formam a matéria viva ¢ ndo-viva. Todas as coisas estéo em conste enquanto preservam uma ordem fixa; todas as coisas se movem ¢m umf periédico unificado por alguma forga ‘a que emana de uma fonte. Se tivéssemos de dar um nome a essa lei fundamental, poderiai de “A lei de Dharma do Retorno de Todas as Coisas a Unidade”. To fundem em um circulo, o qual reverte a um ponto, e do ponto para 01 © homem, isso parece como se alguma coisa tivesse acontecido tivesse desaparecido, e ainda assim nada é eternamente criado ou d nao é 0 mesmo que a lei cientifica da conservagdo da matéria, A a destruigao € a conservacao existem lado a lado, mas nfo se ave As diferentes leis da agricultura cientifica sio meras imagens ¢ vistas através dos prismas do tempo ¢ das circunsténcias, dessa lei| tel eoigee nero 2 nia pee : eram originalmente apenas uma, é natural que elas se ft arroz na base da planta, O homem pode muito bem rendimentos decrescentes, a lei do minimo, a lei por exemplo, € se referir a clas coletivamente interpretamas essa Gnica lei como muitas leis d realidade, ele esta se . st mais sobre cla. Na imento adqunc aaa da nanureza 4 medica que 2 cada nova descobesta ou conhesitnento sdauitda, i do mais © mais da nanureza 3 Ca MN ca lei que i ‘ict exh _ eae se reagrupados, formariam a lei original. yay Mas isso ndo quer dizer que, formariam. Fig, 2.6 Todas as coisas retornam ao & Exatamente como conta a histéria do cego ¢ do elefante, em ego toca a romba do elefante e acha que ¢ uma cobra que um ho! mente da verdadeira natureza, no deveria ser nenhuma surpresa. A agricultura cientifica baseada na aplicago de tais leis ¢ vastamente diferente da agricultura natural, que observa os principios basicos da natureza. Visto que a agricultura natural se pauta nessa tnica lei, ela tem a verdade garan- tida e possui vida eterna, Embora as leis da agricultura cientifica possam ser Gteis em examinar 0 status quo, elas nao podem ser usadas para desenvolver melhores técnicas de cultivo. Essas leis no podem aumentara produgio de arroz além daquela conseguida pelos métodos atuais, € sao titeis apenas para prevenir produgdes reduzidas, Quando o agricultor pergunta: “Quantas mudas de arroz eu deveria trans- plantar por metro quadrado de arrozal?”, os cientistas se langam cm uma longa explicagao de como as mudas nio aumentam a producao, como a compensa- ao ¢ o cancelamento estdo trabalhando para manter o crescimento das mudas ¢ 0 mimero de brotos dentro de uma determinada média para manter um equilibrio, como um namero muito pequeno de mudas pode ser um fator limitador para a producao e um ntimero muito grande pode causar um declinio na colheita dos graos. Nesse ponto, exasperado, o agricultor pergunta: “Entio, © que devo fazer?” Mesmo o ntimero de mudas que deveria ser plantado varia com as condi¢ées, ¢ isso tem sido o ponto de pesquisas ¢ debates sem-fim. Ninguém sabe quantos talos crescerdo das mudas plantadas na primavera, ou como isso afetard a producio do outono. Tudo que alguém pode fazer € teorizar, depois da colheita, que um nimero menor de mudas seria melhor por causa das clevadas temperaturas de verdo, ou que a combinacao da plantacio com espacamento € baixas temperaturas foram as causas da baixa produgio. Essas leis s40 fiteis apenas para explicar os resultados, e nao podem de maneira alguma ir além disso. Uma andlise critica & lei do minimo de Liebig Em qualquer discuss‘o sobre o aumento de produgio ¢ altos rendimentos, os seguintes fatores sio geralmente apontados como afetando a produtividade: icdes luz solar, temperatura, umidade, ean forga do vento, ar, oxigénio, didxido de carbono, meteorol6gicas hidrogénio, etc. ph Fisica: estrutura, umidade, ar Quimica: inorganica, orgénica, nutrientes, ail oiioioonsttulntes Oy Gion so § ‘A.agricultura cientifica retine as condigdes e os fatores que formam a Gio, e oes pesquisa especializada em se area ou chega a generalizagdes, ny ‘g is ta aumentar a produ: 10. " a oe See a produtividade fazendo melhorias parciais em Vatiog 4 desses fatores de produgio originou-se provavelmente do pensamento de Liebig, © qual tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da agricy|. tura moderna no Ocidente. is Z q De acordo com a lei do minimo de Liebig, a produgao é determinada por aquele nutriente presente em menor dosagem. Implicita nesta regra esta a Noga de que a produgio pode ser aumentada pela melhoria dos fatores de produgio, Dando um passo 3 frente, isso também pode ser compreendido para infetir que, ~ porque o pior fator representa a maior barreira para aumentar a produgao, uma melhora significativa pode ser obtida na produgao treinando os esforcos de pes- quisa sobre esse fator ¢ aprimorando-o. 3 Usando a analogia do bartil (Figura 2.5), a lei de Liebig afirma que, assim 2 como o nivel da 4gua no barril no pode subir acima da tabua mais baixa do barril, a produgio € determinada pelo fator de produgdo presente em menor — quantidade. Todavia, na realidade, esse nao é 0 caso. ‘Tomando isso como certo, se rompermos os nutrientes da safra e os ana- lisarmos quimicamente, poderemos ver que cles podem ser divididos em qual- quer ndmero de componentes: nitrogénio, fésforo, potassio, calcio, manganés, magnésio e assim por diante. Mas alegar que, suprindo todos esses fatores em quantidades suficientes, a produgio aumenta é, na melhor das hipdteses, um raciocinio duvidoso. Melhor do que dizer que isso aumenta a produgao, deve- riamos dizer apenas que simplesmente mantém a produgao. Um nutriente em pequena quantidade nao diminui a produgio, ele simplesmente evita uma per da na produgao. ce © barril de Liebig falha ao ser aplicado as situagdes da vida real em dois’ pontos. Primeiro, o que sustenta o barril? A producio de uma safra nao determinada por um sé fator; ela é o resultado geral de todas as condigd fatores do cultivo. Portanto, antes de se preocupar com os efeitos que 0 exc ou a escassez de um nutriente em particular possa ter, faria mais sentido decid primeiro, a extensio do papel que o nutriente desenvolye na produgao d uma safra. A menos que alguém estabeleca os limites, as coordenadas e o campo d influéncia representados pelo fator conhecido como nutrientes, quaisquer tados obtidos a partir da pesquisa sobre estes ultimos esvaem no ar. O barril Liebig éum conceito flutuando no ar. No mundo real, a producao € composta d intimeros fatores e condigées inter-relacionados, Portanto, o barril deveria 5 mostrado no alto de uma coluna ou pedestal que representaria essas numeros condigées. Como mostra a Figura 2.7, a producio é determina condigées, : ¢2 ida por diversos fatores tais como a escala de operacdes, equipamentos, provisio de : tes € outras consideracdes. O efeito de um excesso ou deficiéncia de qualqu! um dos fatores na produgio é nao apenas muito pequeno como nao existe Uf aa real de dizer o tamanho que esse efeito representa em uma escala d um a dez. ; 66 Entdo, o Angulo da coluna ou pedestal que sustenta o barril afeta a inclinago do mesmo, alterando o volume de dgua que ele pode conter. Na verdade, como a inclinagdo do barril exerce uma maior influéncia no volume de gua contido no bartil do que a altura das tdbuas, o nivel de cada nutriente isolado é geralmente desprovido de uma real importincia. A segunda razdo pela qual a analogia do barril de Liebig nJo se aplica 20 mundo real € que o barril ndo tem aros. Antes de se preocupar com a altura das tébuas, deveriamos olhar e ver de que mancira clas estio firmemente ajustadas umas as outras. Um barril sem arcos vaza terrivelmente ¢ ndo pode manter a agua. O vazamento de Agua por entre as tibuas do barril devido a falta de aros bem ajustados representa a incapacidade do homem de compreender na totalidade o inter-relacionamento dos diferentes nutrientes. i nada sobre a verdadeira nin pote dase uc mee lg fo entre nitrogénio, fésforo, potassio ae es safra; que ndo importa a quantidade de pesquisas ¥ a a cane Ree homem nunca compreendera cae as conexOes orgal i we compdem uma Gnica safra. ey eet que tentissemos compreender inteiramente um Unico 1 iis ia it i cf de determinar também como ele se rela. isto seria impossivel porque teriamos na barre ciona com os outros fatores, incluindo solo ¢ fertilizantes, met cultvo,, pestes, clima ¢ meio ambiente. Mas isso é impossivel porque tempo ¢ espago esto em constante estado de fluxo. A falta de compreensdo sobre as entre os nutrientes importa na falta de um aro para manter as t4buas do bars], unidas. Essa € a situacdo num centro de pesquisa agricola com departamentos separados, destinados a estudar técnicas de cultivo, fertilizantes e controle de doencas; mesmo a existéncia de uma secdo de planejamento & um diretor previdente sero incapazes de juntar essas secOes numa 6 unidade integral com um propésito comum. é ° tae de tudo isso é muito simples: desde que o barril de Liebig € consti: tuido de tébuas representando os varios nutrientes, o barril ndo vai segurar a agua, Tal mancira de pensar nao vai produzir um aumento na produgao. Examinar consertar o barril ndo vai aumentar o nivel da agua. Na verdade, isso pode ser feito apenas se mudarmos totalmente a forma do barril. , Uma interpretagio mais ampla da lei do minimo de Liebig conduz a oe 7 g6es tais como “a producao pode ser aumentada melhorando-se cada condicao de produgao” ou “sendo as condicoes deficientes os fatores que oaoe go 4 do, esses deveriam ser os primeiros a serem melhorados”. Mas isso é i insustentavel e falso. Ouve-se dizer com freqiiéncia que a produgao nio pode ser aumentada e1 certa localidade devido 4s m4s condigées climéticas, ou porque as condi solo sdo ruins ¢ precisam ser melhoradas em primeiro lugar. Isso soa como s estivéssemos falando sobre uma indistria em que a producdo € a fabricacao componentes tais como matéria-prima, equipamentos manufaturados, traball capital, Quando uma engrenagem defeituosa em uma peca do maquindrio dimin o ritmo da producao em uma industria, a produtividade pode logo ser recup “consertando-se” © problema. Mas 0 cultivo de lavoura sob condigées natur difere inteiramente da fabricagio industrial. Na agricultura, o todo organico pode ser aumentado pela mera reposicao de pecas. Vamos rever os passos da pesquisa agricola e examinar os erros co pelo pensamento que fundamenta a lei do minimo e 2 quimica analitica. Os erros da pesquisa especializada A pesquisa sobre culturas da safra comecou por examinar as verdadeiras condigs fe provi. Como 0 objetivo era aumentar a produgio, melhorando cada uml lessas condigdes, os esforgos na pesquisa foram inicialmente ori para di les. Bes 0 ientados Gplinas especializadas tais como cultivo ¢ semeadura, solo e ferilizantes e conto de pragas. A medida que a pesquisa progredia em cada uma dessas 4reas, descobertas foram reunidas ¢ aplicadas pelos agricultores para aument 68 produtividade, Os fatores identificados como tendo influéncia no controle da produtividade foram classificados como t6picos de pesquisa de alta prioridade. Os especialistas em cultivo e semeadura acreditam que as melhorias nessas téenicas sito decisivas para aumentar a produgio, Eles véem tais questoes — quando, onde ¢ como semear, como arar um campo — como os primeiros tépicos aos quais a pesquisa sobre culturas deveria recorrer. Um especialista em fertilizantes Ihe dir: “Mantenha a adubagao de suas plan- tas ¢ elas continuardo a crescer, Se 0 que vocé deseja é uma elevada producio, voct tem de proporcionar a sua plantagao muito fertilizante. Aumentar a fertiliza- cdo é uma maneira positiva de aumentar a produgio”. E 0 especialista em controle de pragas Ihe dina: “Independente do cuidado com que vocé desenvolver sua plantagao e perseguir uma produgao maior, se seus campos estiverem infestados por uma doenga ou praga de insetos, vocé ficaré sem nada. O controle cficaz da praga ou doenga é indispensavel para a obtengao de uma alta produgio”. ‘Todos esses fatores parecem ajudar a aumentar a produgdo. Todavia, 0 ponto de vista comercial € que os métodos de aragio e semeadura, producao e aplicagio de fertilizantes possuem uma influéncia positiva direta sobre a produtividade, que as doengas e pragas reduzem a produtividade e que as calamidades naturais destroem as colheitas, No entanto, esses fatores, que trabalham independentemente entre si em condigdes naturais, seriam verdadeiramente importantes para estabelecer ou aumentar a produgio? E existiria uma escala de importincia entre esses fatores? Consideremos os desastres naturais que resultam em grandes prejuizos A lavoura. As yentanias que ocorrem quando a espiga de arroz esta despontando ¢ as inundagdes que acontecem logo apés o transplante podem ter um efeito bastante decisivo na produgao, independentemente da combinagao dos fatores de producio. No entanto, o prejuizo ndio é o mesmo em todo lugar. Os efeitos de uma tinica ventania podem variar dependendo do tempo e do lugar. Numa tinica extensao de terra, algumas das plantas do arroz terio sido debulhadas, outras terio menos de 1/4 dos gros remanescentes, enquanto outras, mais de 3/4. Alguns pés de arroz submersos nas aguas logo se recuperario e continuarao a crescer, enquanto outros, nas mesmas aguas, apodreceriio e morreriio, Qs prejuizos poderio ser leves devido a uma porgao de fatores inter-relacio- nados — yariedade de sementes, métodos de cultivo, aplicagio de fertilizantes, controle de pestes e doengas — combinados com plantas saudaveis que tinham condigdes de se recuperar assim que os fatores de crescimento e 0 ambiente voltassem ao normal. Mesmo um clima inclemente ou uma calamidade natural estilo intima ¢ inseparavelmente ligados a outros fatores de produgio. Portanto, & um erro pe que qualquer outro fator pode agir independentemente para atro- sees ‘outros fatores e mostrar um efeito decisivo na produgio, i isto vale também para prejuizos causados por doengas ou pragas, Vinte por causados pelo caruncho nio significam 3 ‘ insetos surgem a partir de numerosas Os prejuizos oeasionades Por emos que © prejuizo atribuido a *e ein o fic nte, A agricultura natural tem uma visio: . causa é geralmente muito insignifica hercatieosatoatice ‘ample da causalidade e interagio de diferentes fatores ¢ prefere desenvolver plantas, a mn¢as. ae a ee ie pate tém buscado desenvolver nova, espécies com alta produtividade e faceis de crescer, resistentes a pragas © doencas causadas por insetos ¢ assim por diante. Mas a criagdo ¢ o abandono de dezenas de milhares de novas variedades nas Gltimas décadas mostram que os odjetivas estabelecidos mudam constantemente, uma indicagdo de que a questao da variedade de sementes ndo pode ser resolvida independentemente de outros fatores, ' Embora as técnicas de melhoria de qualidade possam ser titeis para se atingir ganhos tempordrios relativos 4 produgio ¢ a qualidade, tais ganhos nunca sig permanentes ou universais. O mesmo vale para os métodos de cultivo. Uma ver que é inegivel que a aragao, o tempo e o periodo da semeadura € 0 crescimentio das mudas sao fundamentais para o desenvolvimento da plantagao, estamos errados ¢m pensar que a pratica aplicada a esses métodos é decisiva para estabelecer a produgio. 53 A aragao profunda foi, por muito tempo, considerada um fator importante para determinar a produgiio de uma safra, e hoje um nimero crescente de agricul. tores ndo acredita mais que a aragdo seja necessdria. Alguns créem mesmo que cultura casada, a capina ¢ o transplante — todas priticas de importancia vital para a maioria dos agricultores —, nio sAo absolutamente necessarias. O uso de tals praticas é ditado pela orientagao do momento e outros fatores. Uma outra armadilha é a crenga de que os fertilizantes ¢ seus método aplicacao esto diretamente ligados ao aumento da produgdo. Os prejuizos dos pela fertilizagio prolongada podem também facilmente conduzir a redugaoé: produgao, Nenhum fator tinico de produgio € poderoso 0 suficiente para, 86, determinar a produgio ou a qualidade da colheita, Todos sio te inter-relacionados ¢ compartilham as responsabilidades com muitos outros fate No momento em que aplica o conhecimento discriminatério ao seu estudot natureza, o cientista fragmenta a natureza em milhares de pedagos. Hoje, ele 08 muitos fatores dissociados que, juntos, contribuem para a cultura de uma tagdo, ¢ estudando cada fator independentemente, em laboratérios esp izad escreve relat6rios sobre sua pesquisa, que acredita, quando for estudada, ajué a aumentar a produtividade da plantagao, Tal € 0 estado da ciéncia agricola h Ainda que tal pesquisa ajude a langar alguma luz sobre as atuais priticas agrical correntes © possa ser eficaz em prevenir um declinio na produtividade, conduz a descobertas de como aumentar a lutivida it de mancira espetacular, ik oe Longe de beneficiar a produtividade agri ializaga igticola, a e: © em pesquisa, na verdade, tem o efeito ‘oposto. apie Riencsacr ls : nduzem, a0 invés, a devastacio da 70 Embora as partes possam estar separadas de um todo, "o todo 6 maior do que a soma das partes”, como se costuma dizer, Por dedugdo, uma colegio de um nGmero infinito de partes inclui um ndmero infinito de partes desconhecidas, Latas podem ser representadas como um numero Infinito de lacunas, as quails Impedem o todo de ser completamente reagrupado, O° Ox.:6 OL 0n +O O° x Fig. 2.9 O todo consiste em partes conhecidas (0) ¢ desconhecidas (x) A agricultura cientifica acredita que, aplicando a pesquisa especializada as partes do todo, podem ser feitas melhorias parciais que levardo a uma melhora global, Mas a natureza nunca deveria ser separada em partes, O homem absorveu- se tanto em sua busca das partes que abandonou a indagagéo pela verdade do todo, Ou, talvez, inevitavelmente, sua tentativa de conhecer as partes o fez perder apenas resultados de utilidade limitada. Tudo dutive © deg fundamentado no raciocinio inc d oa ae aed métodos nos permitira examinar 08 Fundam basicos da ciéncia. Como exemplo, usarei meu processo de realizar a pescquisa ng basaiibvetnien a pessoa comega por redigir uma proposi¢io partindo de Umma porciio de fatos ou observagdes. Digamos que seja feito um estudo abrangente dg arroz, Para determinar a quantidade mais adequada de attoz a ser semeada, cientista experimenta uma variagio no nmero de sementes a serem plantadgs,’ Para estabelecer 0 espagamento ideal das plantas, realiza testes nos quais cle varig o ntimero de dias em que as mudas sio plantadas no viveiro, ¢ © ntimero € espacamento de mudas transplantadas, Ele compara diversas variedades ¢ seleciong aquelas que dio a maior produgio, E, para estabelecer as diretrizes referentes 4 aplicagao de fertilizantes, testa diferentes teores de nitrogénio, fosforo ¢ potission Dedugdes retiradas dos resultados destes testes formam a base para selecion; técnicas apropriadas e quantidades a serem usadas em todos os métodos de produgio de arroz, O cientista ou agricultor, conforme © caso, confia nessag conclus6es para tomar decis6es gerais ¢ estabelecer padrdes que — ele acredita 4 ajudarao a melhorar 0 cultivo de arroz. Mas sera que muitas melhorias discrepantes tém algum significado importante” no resultado geral? Esse problema decorre de uma falha notével na matoria dag Pesquisas que querem atingir produgto no cultivo de arroz, Pode-se esperar que 08 respectivos 10% das melhorias através de novas variedades de arroz, técnicas de aragdo € semeadura, fertilizagao, controle de pragas ¢ doengas, provoquem um aumento geral de 40% na produgao, mas as verdadeiras melhorias si. ignificativas no campo totalizam de 2 a 10% na melhor das hipéteses, 7 Por que 1 + 1 + 1 nao sio 3, mas 1? Pelo mesmo motivo que pedagos de Ut espelho quebrado nao poderio ser agrupados a ponto de formar um espelho mal Perfeito que o original. A razio pela qual estagdes de pesquisa agricola niio tive: ram condigdes de produit mais cle 495 a 660 litros de arroz por 1,000 m- até 1965, aproximadamente, era porque o que todos eles estavam fazendo, essencialmenté cra analisar ¢ interpretar 0 arroz que produzia 495 a 660 litros por 1,000 m’, Embora tal pesquisa tenha sido iniciada para desenvolver téenicas para wnt alta produgao e mais produtivas do que aquelas usadas Por agricultores comuns, Cee ° ion de comentitios cientificos os métodos de cultl existentes, Nao melhorou os rendin i Tal é ‘ = es Wah Mentos clo agricultor, Tal é o destin A agricultura cientifica primariamente cond $90 2 pesquisas por um proce: ici ou 7 F indutivo ou 4 posteriori; envio, faz uma meia-volta, aplicando o Meelodinie dedull vo Nee Proposigdes especificas a partir de premissas gerals, : ‘ura natural chegou as suas conclusdes aplicando o raciocinio ced" tivo ou @ priori baseado na intuigio, Com i880, nfo quero dizer formulacl® es impensadas, mas o proceso Mental que procura alan ae Mpreensio intuitiva, Durante esse proc Coeneted Cee MME RCOERECAA AG taming 6 Nine noes enol ue sustentem essas conte: lugar, e busca Aagricultura natural, portanto, comeca formulando conclusdes, depois busca meios concretos de chegar a elas. Isso contrasta fortemente com a abordagem indutiva, através da qual a pessoa estuda a situagio que se apresenta e, 2 partir dela, extrai uma teoria com a qual busca uma conclusiio enquanto se fazem melhorias graduais ao longo do caminho. No primeiro caso, temos uma conclusio, mas nao temos meios de atingi-la; no segundo, temos mcios 4 nossa disposi¢aio, mas nao temos conclusio. Retornando ao exemplo original, a agricultura natural usa o raciocinio intuiti- vo para formar uma visio ideal do cultivo do arroz, infere as condicdes ambientais sob as quais uma situagio préxima a ideal pode surgir, e trabalha os meios de atingir esse ideal. Por outro lado, a agricultura cientifica estuda todos os aspectos da produgio do arroz e realiza muitos testes diferentes, numa tentativa de desenvolver métodos de cultivo de arroz cada vez mais econédmicos e que proporcionem clevadas produgécs. ‘Tal experimento indutivo é feito sem um objetivo claro. Os cientistas condu- zem experimentos abstraindo a direcdo para onde suas pesquisas os levam. Eles podem ficar satisfeitos com os resultados e confiantes de que 0 actimulo de novos dados conduza a um progresso constante e a realizagées cientificas, mas na ausén- cia de um objetivo claro pelo qual se estabelece o rumo, essa atividade @ apenas uma jornada sem propésito. Isso no € progresso. O cientista est bem ciente da natureza restritiva e circunstancial da pesquisa indutiva, e dispensa alguma atengZo ao raciocinio dedutivo. Mas ele termina confiando na abordagem indutiva porque essa conduz mais diretamente ao suces- so es realizag6es priticas € seguras. A experimentagio dedutiva nunca atraiu a simpatia dos cientistas, porque eles nfo sao capazes de se apoiar no que parece para muitos como um processo extravagante. Além do mais, como isso requer muito tempo e espa¢o, vai contra as inclinagdes naturais dos cientistas, que gostam de se isolar em seus laborat6rios. A realidade é que ambos os métodos, o indutivo e o dedutivo, trilharam seus caminhos através de toda a hist6ria do desenvolvimento da agricultura. Dos dois, 0 raciocinio dedutivo tem sido sempre a forga motora por tris dos saltos ripidos no desenvolvimento, os quais sio invariavelmente disparados por alguma idéia extravagante sonhada por um agricultor excéntrico ou por um agricultor entusiasta mordido pela curiosidade. Nao tendo, geralmente, dimensio ¢ universalidade, tal idéia tende a cair no- vamente no esquecimento, a menos que 9 cientista a reconhe¢ga como uma pista. Depois de separar, analisar, estudar, reconstruir ¢ verificar através de experimentos indutivos, o cientista eleva a idéia ao nivel de uma técnica universalmente aplica- vel. E apenas nesse ponto que a idéia original esta pronta para ser colocada em pritica e pode, como freqiientemente é 0 caso, vir a ser amplamente usada pelos agricultores, Ce eee ee ee ee o teat a tore nese nea uae oy a métodos existentes, nao oferece um novo horizonte para a agricultura. Aj raciocinio dedutivo pode produzir idéias novas com potencial de aleangar Bags positivos na producdo. E uma vez que 0 raciocinio dedutivo permanece, em g insatisfatoriamente compreendido e é definido originalmente em relagao a indugag, nao parece que levar a quaisquer aumentos significativos na produgio, ‘A dedugao verdadeira se origina em um ponto além do mundo dos menos. Ela surge quando alguém alcancou uma compreensao filos6fica sobre a verdadeira esséncia do mundo natural e compreendeu 0 objetivo maximo, ‘Tudo 0 que o homem vé é uma imagem superficial da natureza. Incapaz de perceber esse objetivo, ele pressupde que a dedugaio é meramente o inyersg da inducio ¢ nao pode ir além do raciocinio dedutivo, o qual é uma sombra opaca da verdadeira deducao. Experimentos nos quais a deducdo € tratada_ como a contrapartida da indugdo nos trouxeram a confusdo da ciéncia me Mesmo na agricultura, agricultores e cientistas estao confundindo medidas par evitar perdas na safra com medidas para aumentar a produtividade e, ao discutir ” a sao da agricultura, ao A indugao e a deducao podem ser comparadas a dois alpinistas escalandoum pés antes de erguer o alpinista que esta acima, desempenha o papel indutivo, enquanto o alpinista-lider, que deixa cair a corda e puxa o alpinista para cima, interpreta um papel dedutivo. e A indugao e a deducao sio complementares e juntas formam um todo: Mesmo que pareca surpreendente, embora a agricultura cientifica tenha con fiado primeiramente cm experimentos indutivos, 0 progresso também tem sido feito no raciocinio dedutivo. Esta é a razdo pela qual medidas para e1 perdas de plantacdes e medidas para impulsionar a produgao tém sido fundidas. Sendo a dedugdo aqui tratada meramente como um conce definido em relagio a inducdo, podemos ver um aumento gradual na p! mas € improvavel ver uma melhora significativa. Nossos dois alpinistas apenas pequenos progressos e nunca iro além do ponto que ja divisaram. Para atingir uma produgio significativamente melhorada de uma mane vidyel por meio, apenas, de uma revolugio fundamental nas priticas agri alguém teria de confiar nado nesta nogdo restrita de dedugdo, mas em um do mais amplo de deducao, isso €, 0 raciocinio intuitivo. Além dos nossos alpinistas com a corda, outros métodos radicalmente diferentes de alean¢at topo da montanha sio possiveis, tais como descer de helicéptero no toP usando uma corda. E é apenas a partir de tal raciocinio intuitive, o qual além da indu¢do ¢ deducdo, que o pensamento baseado na agricultura nat surge. As raizes criativas da agricultura natural se encontram na verdadeira Preensao intuitiva. O ponto de partida deve ser uma verdadeira visdio da nature™ conquistada pela contemplagio do mundo natural que se estende para além O ages e dos acontecimentos que nos cercam, Uma infinidade de possibilidades ® aumento de producdo se encontram escondidas aqui. Deve-se olhar para #l@# daquilo que é imediato, j 74 A teorla sobre a alta produ¢do esta cheia de lacunas ft ficil para nés pensarmos que a agricultura cientifica, que utiliza as forgas da natureza € acrescenta a ela o conhecimento humano, é superior A agricultura natural sob os pontos de vista da economia e da produgio. Isso, evidentemente, ndo é 0 caso, por vairias razdes: 1, A agricultura cientifica isolou os fatores responsaveis pela produgio ¢ en- controu os meios de melhorar cada um deles, Mas, embora a ciéncia possa fragmentar a natureza e analisi-la, ela nao pode reagrupar as partes © formar 0 todo. O que pode parecer uma reconstrugao da natureza € ape- has uma imitagHo imperfeita que nunca poderé alcangar maiores produ- ges do que a agricultura natural, 2. O que é proclamado como a teoria € tecnologia de alta produgdo nao é nada além de uma tentativa de se aproximar das colheitas naturais. Em vez de atingir grandes saltos de produgio, como é dito, sio, na verdade, medidas para adiar as perdas na produgio. 3, Ocmpenho para conseguir altas produgdes que ultrapassam a produgo natural niio s6 aumenta o nivel de imperfeicio, como pode levar a um colapso na agricultura, Num sentido mais amplo, isso é muito desperdicio de esforgo. Produgdes que sobrepujam as da natureza nunca podem ser alcancadas. © diagrama da Figura 2.10 compara a produgao da agricultura natural com a da agricultura cientifica. O circulo mais afastado (1) representa a agricultura natu- ral pura de Mabayana (ver pig, 95). Na verdade, ela no pode ser propriamente descrita como grande ou pequena, mas se encontra no mundo de Mu, mostrado no circulo mais interno (1), no centro do diagrama. O circulo (2) representa a produg’o de uma agricultura natural mais limitada, a relativista Hinayana. O cres- cimento nessas produgdes sempre se compara ao crescimento das produgées da agricultura cientifica (3), O circulo (4) representa a produgdo aproximada da apli- cacao da lei do minimo de Liebig. Um modelo de rendimento de colheita: Uma boa maneira de entender como a produgiio de uma cultura é determinada por fatores ou elementos diferentes é usar a analogia de um edificio como 0 que sera mostrado na Figura 2.11, O hotel — também poderia ser apenas um depdsito — est construfdo em uma fundacado de rocha, que simboliza a natureza, ¢ os andares e as salas do edificio representam as condigdes de cultivo ¢ os fatores que desempenham um papel na produgio final. ‘Todos os andares e quartos esto total ¢ inseparavelmente relacionados. Varias observagdes podem ser feitas a partir dessa analogia: 1, A produgio é determinada pelo tamanho do edificio e pelo nivel em que -compartimento esti cheio, ; SETS Lo D representa as elturas da airs natural mahayoneocreulo@, as ultras da agricubura natural hinayans;o clrcalo @, as culkuras da agricaltura cientifica: 0 circulo@, as culturas baseadas na Lei de 3. A verdadeira colheita € bem mais baixa do que essa producio mé visto que ela nao preenche completamente todos os compartimentos. edificio fosse um hotel, isso seria equivalente a dizer que alguns ap ‘mentos esto vagos. Em outras palavras, existem invariavelmente fall deficiéncias em alguns dos elementos do cultivo; isso mantém o nivel Producao baixo. A verdadeira colheita é 0 que nos resta depois de 08 quartos vazios do total de quartos do hotel, 4 we ‘A.abordagem geralmente usada pela agricultura cientifica para impulsionar ‘a produgio € ocupar o maximo possivel de compartimentos. Mas, em um sentido mais amplo, isso é meramente uma maneira de minimizar as perdas na produgao. A tinica maneira verdadeira de aumentar a producao € aumentar © préprio edificio. Qualquer tentativa de sobrepujar a natureza para aumentar a producao através de métodos puramente industriais que, imprudentemente, desorga- nizam a ordem natural € semelhante a acrescentar um anexo ao edificio representando a natureza. Se imaginarmos esse anexo feito de areia, entéo comegaremos a compreender a precariedade dos esforgos artificiais para aumentar a produgio. Intrinsecamente instdvel, isso nao representa uma produgio real ¢ niio beneficia o homem em absoluto. ‘ endo cada um dos quartos Bi desse considerar que end : : aon ee e produziria um St : nao t B mente inte sai ‘assim, pois todos os quartos sto oe eater Aelhortas seletivas aqui ¢ I& em fatores esp da produgio, Conhecendo tudo isso, podemos compreender melhor oS fica. Aceitar o pensamento de Liebig significa dizer que One sente antidade. Tal raciocinio implica por aquele elemento presente em menor qui eye pa se alguém niio estiver aplicando fertilizante suficiente ou esi f ay os cerrado de controle de peste, corrigindo entio esses pontos, - fecal lo. Contudo, esse tipo de melhoria pela metade nado é mais el on 5, renovar apenas 0 quarto andar, ou apenas um. quarto do primeiro an ir. ' mo & que aqui nao existem critérios absolutos com os quals SE possa julgar elemento ou a condigio é bom ou ruim, excessivo ou suficiente. OS asp qualitativos e quantitativos de um elemento variam em uma relagao contin ; fluida com outros elementos; por um certo tempo, eles trabalham juntos; em out momento, cancelam uns aos outros. Por ser mfope, o homem toma como melhorias varios elementos que apenas melhorias localizadas — como reformar um quarto do hotel. Nao é saber qual 0 efeito que isso tera sobre todo o edificio. Nao se pode saber se os negécios estiio indo bem no hotel apenas oll © mimero de quartos ocupados e desocupados, Vale dizer que pode haver qu tos vazios, mas pode haver outros superlotados. Um bom gerente pode ser n para os negocios do que um grande ntimero de héspedes. As boas condi¢o um quarto nao tém necessariamente um efeito positivo sobre o negocio um todo, e mais condigdes no primeiro andar nem sempre exercem uma infh negativa sobre o segundo e terceiro andares, Todos os quartos ¢ andares edificio sfio separados ¢ distintos ¢, ainda, esto intimamente ligados e juni dentro de um todo orginico, Embora alguém possa alegar que a producio fir determinada pela combinago de uma ordem infinita de fatores e condigé assim como o novo presidente de uma companhia pode drasticamente mudaf moral da companhia, assim também pode toda a produgao de uma plantagi mudada por um tnico fator. _ Na anilise final, ninguém pode prever qual elemento ou fator ird ajudar prejudicar a producao. Isto sé pode ser determinado quando se pensar no Poderia ser feito — depois que a safra jé tiver sido colhida. Um agricultor pode dizer que a boa produgio foi decorrente de uma variedade precoceme See que usou, mas niio pode estar certo disso devido ao numero ili tado de fatores envolvidos. Ele ndio tem meios de saber se usando a variedade no ano seguinte irt novamente al surtir mais efeito se o vento ajudar a manter os besouros longe das plantas. Nao podemos prever 0 que ira funcionar ou nao. Logo, nao ha razio para estarmos to preocupados com melhorias menores. Tal como 0 gerente do nosso hotel, que nunca tera sucesso se ficar prestando atengdo se as luzes dos quartos dos héspedes estio ligadas ou desligadas, a aten- do demasiada para detalhes pequenos, insignificantes, jamais colocara o agricul- tor no ponto de partida. Obviamente, a Gnica maneira positiva de aumentar os lucros € aumentar a capacidade do hotel. O que precisamos saber € s¢ 0 hotel pode ser reformado e, se 0 puder, como. Nao devemos nos esquecer de que como o cientista faz acréscimos € reparos ¢ 0 edificio fica cada vez mais alto, torna-se progressivamente instavel e imper- feito, Sendo suas observagSes, experiéncias ¢ idéias inteiramente derivadas da natureza, o homem nunca poderd construir uma casa que se estenda além dos limites da natureza. Mas, negligente em relacdo a isso € insatisfcito com as plan- tagdes em seu estado natural, ele se afastou da ordem natural dos fatores ambientais e comegou a construir um anexo a casa da natureza — plantacOes artificialmente cultivadas. Esse alimento produzido quimica e artificialmente apresenta, inquestionavelmente, um terrivel perigo para o homem. Mais do que uma questao de desperdicio de esforgos ¢ trabalho sem sentido, é a raiz da calamidade que ameaga os proprios fundamentos da existéncia humana. No entanto, a agricultura continua a se mover rapidamente em dire¢io 4 produgio industrial puramente quimica dos produtos agricolas, um acréscimo — voltando a minha analogia origi- nal—construido pelo homem o qual se projeta de um penhasco onde a natureza se encontra. ‘A visio lateral do edificio (Figura 2.11) mostra qual caminho seguir para subir de andar em andar, preenchendo as condigées essenciais para cada fator de pro- dugio. Por exemplo, visto que o Percurso I comega sob condigdes precarias cle clima ¢ solo, a produgio é baixa, independentemente dos esforgos especiais despendidos no cultivo ¢ no controle de pragas. As condigées climiticas de solo no Percurso II so boas; portanto, a produgio é elevada, mesmo que o método de cultivo e a administracio geral deixem algo a desejar, Ninguém pode prever, todavia, qual caminho dara a produgdo mais clevada, pois existe um infinito numero deles, ¢ infinitas variagdes nos fatores ¢ condicdes de cada produgio. Embora nao se discuta a utilizaco da teoria para expor os principios do cultivo, esse diagrama nao tem valor pritico. Uma olhada na fotossintese: A pesquisa, que tinha por objetivo conseguir altas producoes de arroz, comega analisando os fatores que fundamentam a produ- Gio. Isso comeca com a observagdo morfolégica; o proximo passo é a disseca- ida, a ecologia da planta. Ao conduzir experiment santeiros e experiéncias ae

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