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"Ainda vo me matar numa rua.

Quando descobrirem,
principalmente,
que fao parte dessa gente
que pensa que a rua
a parte principal da cidade."
Paulo Leminski; Toda Poesia

Leminski acredita que poderia ser morto por se estar rua. O contexto do
poema a ditadura brasileira, na qual a qualquer momento qualquer indivduo poderia
ser preso para averiguaes e no mais voltar. Porm essa sensao ainda
contempornea- toda vez que expomos nossos corpos na rua e samos de nosso
abrigo corremos o risco de nunca mais voltar para nossa casa. Casa essa que que nos
protege, justamente da rua. H perigo em cada esquina?
A hiptese de trabalho que a fundao da modernidade no ocidente institui
como papel do planejamento das cidades o controle do estado sobre sua
populao. Portanto o planejamento Urbano justamente um conhecimento cientfico
produo de dispositivos de controle no projeto das cidades. No estranho portanto
que seja gerador de segregao e tambm da reproduo da violncia, que atua no
vetor contra o controle. Ou seja, os mecanismos tradicionais para o controle social so
produtores, eles mesmos de violncia.
Em qual sentido essa gente que vive a cidade se torna perigosa para o
Estado? Como o controle dos corpos na cidade conduz a experincia da vida urbana?
Quais os dispositivos de desenho e quais as possibilidades de apropriao urbana
poderamos criar contra esse processo no qual o desenho urbano gera violncia?
Essas so algumas questes me interessariam discutir durante o CorpoCidade 2016.

Juliana Cardoso Marques


Arquiteta, Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Atualmente leciona para a graduao em Arquitetura e Urbanismo da
Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais, em Belo Horizonte

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