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VIGLIA

Rio de Janeiro , 1933

Eu s vezes acordo e olho a noite estrelada


E sofro doidamente.
A lgrima que brilha nos meus olhos
Possui por um segundo a estrela que brilha no cu.
Eu sofro no silncio
Olhando a noite que dorme iluminada
Pavorosamente acordado dor e ao silncio
Pavorosamente acordado!
Tudo em mim sofre.
Ao peito opresso no basta o ar embalsamado da noite
Ao corao esmagado no basta a lgrima triste que desce,
E ao esprito aturdido no basta a consolao do sofrimento.
H qualquer coisa fora de mim, no sei, no vago
Como que uma presena indefinida
Que eu sinto mas no tenho.
Meu sofrimento o maior de todos os sentimentos
Porque ele no precisou a viso que flutua
E no a precisar jamais.
A dor estar em mim e eu estarei na dor
Em todas as minhas viglias...
Eu sofrerei at o ltimo dia
Porque ser meu ltimo dia o ltimo dia da minha mocidade.

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