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Inquérito policial Sumétio + 1 itroducdo: 2. Conceo; 3. Policia ju dia (a. a, coput, CP e At. 4g capt §,1€ N, 125 4, Fh 4 Oras Investiqagoes criminals (an. 4, pardgrato tic, CPP); 5. invesgacio criminal pre Sidida pelo Miistério Plc: 6. Caracerstias éo inguétte poi 7.niio do inuerito poical (an, Si-hile§ y, PP: 8 nstauraco do inquést pola ‘om base em delatio ciinis anima; 9. lverte rénda da espécie de acio penal na insiavracio do Inquérto poll (ants, 584 © 5, CP 30, Nota criminis ou noticia do crime; 13. vestiges cri ras contra autoridades com prerrogava de for: 12. enificagao criminal (art. IV at 3a le re x2.9gzo ce el to 1.64/32) 13, Digi invest téras (ats. 6 13 CPP: 14 Reproducto simula ‘dos fatos ou reconsiuiczo do crime (art. 7° CPP: 3 Prazo para condusio do inquéito polidal (an. 20, Caput e§ , PP); 36. Rlatéro fina eindcamento {ar 20, 8§ 18 2, CPP; 17- Destino do inquério po Gil (ars. 1,19 € 23 CPP): 8. Inquérto como base da denincia ou quena e sua dispensabiidade (art. 12 GP; 19, Discrionariedade do Inquérto peli (ac. 34 (P20, Curador (a1 CPP; 2. Novas dl stciasrequeridas peo ministéio plea (ans. 16 € 47 €2P} 22 Arquivamento do inquétto poll (an. 17 cP, 23, Contrele do arquivamento do inquérto Dla ® de pecas de informacao (at. 28 CPP); 24 -Arquivament inet s,Arquivamento proviso 24. Taneameno do inquétopobal, 27. Desarauiva ‘mento do navérito pol (an. 18 CPP e simula 524 STF), 28 "Competénia” em inquérto pola a. 22 (PP); 2. Termo Gireunstancado de ocorrénca (ar (6, Cebu, dali re 3.05005. 4. INTRODUCAO Em um Estado Democratico de Direito, no qual vige o principio da presungao da inocéncia e 0 processo é tido sob uma visdo garantista, somente sendo possivel a aplicac4o da pena se hé elementos de » LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES rova para tanto, surge o inquérito policial como a principal forma de investigacao estatal, tendo como funcao primordial sustentar e Viabilizar 0 oferecimento da agdo penal, garantindo assim a sua justa causa, no sentido de exigéncia de um suporte probatério minimo (indicios suficientes de autoria e prova da materialidade do delito). Nesse contexto, relembre-se que a persecutio criminis possui dois momentos distintos, nos dizeres de José Frederico Marques: o da investigacao e 0 da agio penal. No segundo (0 da acéo penal), ha © julgamento da pretensao punitiva, mediante o contraditério e a ampla defesa - é a fase processual. No primeiro (0 da investigacao), ha atividade preparatéria da acao penal, de cardter preliminar informativo, com nitido carater inquisitive (MARQUES, 2003, p. 138) 2. CONCEITO. Conceito bastante completo de inquérito policial 6 apresentado Por Guilherme de Souza Nucci, que merece ser transcrito em seu inteiro teor e com destaque: £ um procedimento preparatério da ago penal, de cardter admi istrative, conduzido pela poiiia judicdria e voltado 4 colheita pret minar de proves para apurar a prétiea de uma infragdo penal e sua ‘autora, Seu objetivo precipuo é a formacio da conviegdo do represen tante do Miistério Pablico, mas também a colheitas de provas urgentes, ‘que podem cesaparecer, apés 0 cometimento do crime. No pociemos oWvidar, ainda, que o inquérito serve & composigo das indispensdveis rovas pré-consttuidas que servem ce base d vtima, em determinacios casos, para a propositura da aco penal privada. (NUCC, 2008, p. 243) a analise desse conceito é possivel destacar alguns pontos que, de antemio, se apresentam relevantes para o estudo do inquérito policial, quais sejam: +O inquérito policial é “um procedimento preparatério da a¢ao penal, de cardter administrativo" (NUCCI, 2008, p. 143): nqué rito polcial n80 6 processo. Por conta disso, no hé que se falar, em regra, na existéncia de contraditério nesta etapa, vigendo, pois, um sistema inquisitivo, nao existindo participa- 20 do agente do delito na producao das provas. snqueTo POUCIAL Em virtude desse cardter inquisitive do inquérito, as pro- vas produzidas na fase de investigagao, em regra, somente se prestam para fundamentar o oferecimento da acéo penal, nao se valendo para embasar uma futura sentenca condenatéria ao fim da a¢do penal instaurada. Caso se deseje que estas provas sirvam para os fins de um decreto condenatério, exige-se a repe- tigdo das mesmas ao longo da instru¢ao processual em juizo, sob © crivo do contraditério. Tudo isso pode ser constatado com a simples leitura do art. 155, caput, do CPP, com a redacto dada pela Lei ne 11,690/08, Excepcionalmente, porém, € possivel a utilizacao de provas produzidas no inquérito policial para a formacao da conviccao do magistrado, se tais provas forem cautelares, nao repetiveis € antecipadas, com base no mesmo dispositivo legal anteriormente indicado. Embora aparentemente as expresses sejam idénticas, hé dite: renga entre provas cautelares, nao repetiveis e antecipadas. As pro- vas cautelares so aquelas que, em raz4o da necessidade e urgén- cia, devem ser praticadas, sob pena de que os elementos venham a ser perdidos. S40 exemplos a busca e apreensdo domiciiar e a interceptacao telefdnica. Jé aS provas nao repetiveis s4o aquelas ue ndo podem ser reproduzidas durante a fase processual, por Pura impossibilidade material. £ 0 exemplo do exame de corpo de delito em um crime que deixa vestigios. Elas so produzidas de forma inquisitiva, mas serao submetidas a um contraditério diferido ou postergado, exercido ao longo da ado penal, quando as partes podlerdo impugné-las ou mesmo requerer a producdo de contra prova, se possivel for. As provas antecipadas, por sua vez, sdo aque: las produzidas em incidente pré-processual que tramita perante uum magistrado, havendo a efetiva participacao das futuras partes, motivo pelo qual s20 respeitados o contraditério e a ampla detesa, 0 ‘que legitimara a utilizacdo de tais provas na fase processual (TAVORA; ALENCAR, 2009, p. 329-330). Noutro giro, ressalte-se que, também em decorréncia de o inquérito policial nao ser um processo, mas sim um procedimento administrativo, ele nao esta submetido ao regime das nulidades, como sera visto detidamente ao longo deste capitulo 101 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES > Aplicagio em concurso pall No concurso de Delegado da Policia Civil do Estado de Szo Paulo, promo: vido pela Vunesp, em 2014, foi questionado o valor da prova no Ambito do inquétito poli, com a seguinte redagZo: “No processo penal, a ‘ova produzida durante o inquérito police: a) - pode ser utilizede por ‘qualquer das partes, bem como pelo juz. 6) - tem o mesmo valor que a ‘prova produzida juiciolmente.c)- pode ser utizada somente pelo juz.) do tem valor leg. e) - deverd ser sempre ratfcada judicialmente para ter valor legal.” &resposta correta foi a letra A. + Oinquérito policial € “conduzido peta policia udicidria” (NUCCI, 2008, p. 143): esse aspecto sera mais bem explorado no pré- ximo t6pico. Entretanto, desde jé, ressalte-se que, ndo sendo © Inquérito um processo, nao deve ser ele conduzido pelo juiz e sim pela policia Gudiciéria), 0 que vai ao encontro de uma das caracteristicas mais marcantes do sistema acusat6- rio, que & a imparcialidade do julgador, somente obtida se este sitimo nao se envolver em atividades de producto de provas. Em razdo disso, entende-se que a atuaco moderna do magistrado na fase de inquérito é de simplesmente res: guardar 0s direitos fundamentais dos envolvidos. Nesse con: texto, registre-se que ha certas diligéncias que apenas podem ser praticadas se houver autoriza¢ao judicial para tanto, pois elas mitigam direitos fundamentais do investigado, a exem plo da interceptacao telefGnica (mitiga a privacidade e a int: mmidade do sujeito) e da busca e apreensao domiciliar (mitiga, a inviolabilidade do domicilio) - a essas matérias dé-se 0 nome de cldusulas de reserva de jurisdiao. Atitulo de curiosidade, noticie-se que, no Projeto do Novo Cédigo de Processo Penal (Projeto de Le! ne 156/2005, do Senado Federal, due recebeu o ne 8.045/2010 na Camara dos Deputados), ha a ten tativa de se estipular no pais o chamado juiz de garantias, comum ‘em paises como Italia, EUA e México, entendido como um magistrado ‘que atuaré exclusivamente na fase de investigacdo criminal (exis: tindo outro magistrado que atuard somente na fase da acao penal) com o objetivo nao de produzir provas (gestor das provas), mas sim de tutelar 0s direitos fundamentais do individuo, 0 que reforca @ ogo ora exposta. 02 imguesro Pouca, Nao obstante ndo seja recomendavel a atuaco do julz na fase do inquérito, participando ativamente da atividade de producao de Provas, certo € que a Lei ne 11.690/08, alterando o art. 156, inciso |, do CPP, permitiu que o juiz determinasse, de oficio, mesmo antes do inicio da agéo penal (ou seja, no momento das investigacoes), 2 produgao antecipada de provas consideradas urgentes e relevan: tes, observando 2 necessidade, adequacao e proporcionalidade da medida. A intengao do legislador foi privlegiaro principio da busca da verdade real, tendo 0 magistrado 0 papel de preservar as provas, daquela natureza, sem que isso implique em violacao da sua impar Cialidade e do proprio sistema acusatério, embora haja respeitaveis posigdes em sentido contrario, a exemplo de Aury Lopes jr, para quem o dispositvo legal em comento é inconsttucional, eis que con sagrador da figura do “juiz-instrutor* (LOPES R., 2010, p. 262). + D inquérito policial & “voltado é colheita preliminar de provas ara apurar a prética de uma infracto penal e sua autoria. Seu objetivo precfpuo € a formacdo da conviccdo do represen: tante do Ministério Publico, mas também a colheita de pro- vas urgentes, que podem desaparecer, apés 0 cometimento do crime. No podemos olvidar, ainda, que o inquérito serve 4 composigdo das indispensdveis provas pré-constituidas que servem de base 4 vitima, em determinados casos, para a propositura da a¢do penal privada” (NUCCI, 2008, p. 143): a Principal finalidade do inquérito € apurar os indicios sufi cientes de autoria e a prova da materialidade de um crime Gusta causa) para fundamentar a futura agao penal, a ser ajuizada pelo Ministério Piblico (acao penal piiblica) ou pelo ofendido (a¢ao penal privada). Entende-se que “o sim ples ajuizamento da a¢ao penal contra alguém provoca um fardo 4 pessoa de bem, nao podendo, pois, ser ato leviano, desprovido de provas e sem um exame pré-constituldo da legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justica Criminal a pre servar inocentes de acusagdes injustas e temerérias, garan- tindo um juizo inaugural de delibacao, inclusive para veriti- car se se trata de fato definido como crime” (NUCCI, 2008, p. 143-144). 0 inquérito constitul-se assim em “um meio de afastar dividas € corrigir 0 prumo da investigacao, evitando-se o indesejavel erro judiciéro [...° (NUCL, 2008, p. 144). 103 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES Por outro lado, além da seguranca, o inquérito “fornece a opor- tunidade de colher provas que ndo podem esperar muito tempo, sob pena de perecimento ou deturpacao irreversivel (ex: exame do cadaver ou do local do crime)” (NUCCI, 2008, p. 144) Destacando essa finalidade do inquérito polical, Nestor Tavora e Rosmar Rodrigues Alencar afirmam que ele {J também contribul para a decretagto de medidas cautlo res no decorrer da persecucéo penal, onde o magistrado pode Tomé-lo como base para proferir decsBes ainda antes de ini- ‘lado 0 proceso, como por exemplo, a decretacio de prisdo Preventiva ou a determinacto de interceptacdo telefénic. (CTAVORA: ALENCAR, 2009, p. 72) » Importante: Em vinude de todos os aspectos do inquérto polical destacados neste ‘t6pico, Guilherme de Souza Nucci sugere alguns critérios a serem segui- {dos pelo juiz na valoragdo da prova produzida durante esta fase, que merecem ser revelados: 1 - Deve desprezar toda e qualquer prova que puder ser repetida sob o crivo do contraditério (exemplo: depoimentos {das testemunhas); 2 Deve permitir & detesa que contrarie, em juizo, (05 laudos e outras provas produzidas durante o inquérito, inclusive pro- ‘duzindo contraprova; 3 - Deve tratar como mero indicio e jamais como prava direta eventual confissio do investigado; 4 - Deve exercer real fiscalizacao sobre a atividade da poliiajuciciara, aliés, € para isso que hha sempre um juiz acompanhando o desenrolar do inquérito (lembrar: ‘nao € para partcipar da producéo da prova, mas sim para garantir a legalidade ea defesa dos direitos fundamentals do cidaddo); 5 - Deve ler inquérito antes de receber a denincia ou queixa para checar se ‘realmente ha justa causa para a acao penal; 6 ~Pode aceitar toda prova colhida na fase polical, descle que seja incomtraversa, ou seja, nto Jimpugnada pelas partes (NUCC!, 2008, p. 144-245) 3. POLICIA JUDICIARIA (ART. 4°, CAPUT, CPP E ART. 144, CAPUT, § 2°, 1 E WWE 4, CF) Em apertada sintese, pode-se afirmar que a Policia judiciaria & ‘aquela voltada para a investigacdo criminal, tendo, portanto, carter repressivo, jd que atua apés a pratica da infracdo penal, apurando ‘a sua autoria e a materialidade, No Ambito estadual, é exercida pela 108 Inqueeo Pouiciat Policia Civil (art. 144, § 42, da Constituicdo Federal) e, no Ambito fede ral, pela Policia Federal (art. 144, § 1%, incisos Ie IV, da Constitui Federal, disciplinada pelas Leis de nimeros 9.264/96 € 9.266/96, alte- radas pela recente Lei n> 13:047/34, a qual, dentre outros aspectos relevantes, impde tempo de 3 anos de atividade juridica ou pol: ial, comprovados no ato da posse, para o ingresso no cargo de Delegado de Policia Federal, profissional responsavel pelo exercicio de fungdo de natureza juridica e policial, essencial e exdusiva de Estado, sendo que 0 cargo de Diretor-Geral, nomeado pelo Presi dente da Repiblica, € privativo de Delegado de Policia Federal inte- sgrante da classe especial). E a Policia Judiciéria 0 drgdo responsdvel pela presidéncia do inquérito polical, consoante dispde 0 art. 42, caput, do CPR, embora ela possa ser acompanhada de perto pelo Ministério PAblico, no exercicio do controle externo da atividade policial (art. 129, inciso Vil, da Constituigdo Federal), funcao esta que no implica em qual: ‘quer submissao hierérquica. Ademais, as funcdes de policiajudiciaria a apuracao de infracdes penais exercidas pelo delegado de policia sto de natureza juridica, essenciais e exclusivas de Estado (art. 2», caput, da Lei ne 12.830/23) Distingue-se da Policia Administrativa ou de Seguranca, a exem: plo da Policia Militar (art 144, § se, da Constituicdo Federal), porque esta é policia ostensiva, preventiva, que visa, pois, evitar a ocorrén: cia de um delito. Ressalte-se, no entanto, que nada impede que a Policia Judiciaria exerca, de forma atipica, fungbes de policia preven: tiva, como ocorre com a Policia Federal nos aeroportes internacio: nais ou mesmo em regides de fronteiras com outros paises. Possui cariterrepressivo, ja que atua | Policia de crater preventivo ou osten apés a prética da infrac2o penal. Por | sivo, fl que atua antes da prética de conta disso, € a responsivel pela pre- | inracao penal, justamente para evi Sidencia do. inquérito pobcal. Pode | -a.€0 exemplo da Policia Miftar, exert, no entantefungbes atpias de polia preventiva. Ho Smbito estava, @ exercda pela Policia Cv, a0 passe ‘que, no imbito federal, € exercida pela Policia Federal, 105 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES 4. OUTRAS INVESTIGAGOES CRIMINAIS (ART. 4, PARAGRAFO (NICO, CPP) Nos termos do art. pardgrato tnico, do CPP entende-se que 0 inquérito policial (espécie) nao é a tinica forma de investigacao crim nal (género). Hé outras formas de investigacao, distintas do inquérito policial, presididas por autoridades administrativas, desde que pre- Vistas em tei. Sao exemplos destas outras espécies de investigacdo criminal: 1. Inquérito por crime praticado por juiz ou Promotor de justica & presidido pelo respectivo érgio de cipula - Tibural de Justiga ou Procuradoria de justica (art. 33, pardgrafo da Lei Complementar ne 35/79 - Lei Organica da Magistratura Nacional - e art. 41, pardgrafo Gnico, da Lei n> 8.625/93 - Lei Organica do Ministério Paiblico dos Estados). 2. Inquérito parlamentar & presidido peta Comissio Pariamen- tar de inquérito ~ CPt (art. 58, § 5°, CF): Segundo 0 art, 58, § 3, da Constituigao Federal, as CPis tém poderes de investiga ‘Go e sto criadas pela Camara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requer mento de um terco de seus membros, para a apuracao de fato determinado e por prazo certo, sendo que suas conclusées, ‘quando afirmarem a existéncia de um delto, serdo remet das 20 Ministério Publico para que promova a respectiva acdo penal. Nesse sentido, o art. x da Lei ne 10.001/00 estipula que. 2 Cl remeterd os respectivos relatrios com a resolucao que 0 aprovar aos chefes do Ministério Palco da Uniao ou dos, Estados, ou ainda as autoridades administrativas ou judicials, com poder de decisao, conforme 0 caso, para pratica de atos de sua competéncia; ademais, regsire-se que a Simula ne 397 do STF estatui que “0 poder de poiicia da Camara dos Deputa- dos e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependéncias, compreende, consoante o regimento, a prisdo ‘em flagrante do acusado e 2 realizaco do inquérito”. 3. Inquérito Policial Militar & presidido pela policia judiciaria militar (art. 8° do Cédigo de Processo Penal Militar). 4. Investigacao feita por agentes florestais. 5. Investigacao feita por agentes da Administracao paiblica (sin- dicancias e processos administrativos). nqueRiTo PoLICIAL 6. Investigacao feita pelo Ministério Piblico em sede de Inqué- rito Civil Piblco (art. 8, § 1, da Lei me 7.347/85). 7. lnvestigacao de autoridades com foro por prerrogativa de fungao (a instauracao € 0 indiciamento somente podem ser feitos pelo respectivo foro, embora tal foro possa delegar certos atos para as autoridades policiais). 8. Investigagao particular (mais rara). Investigacao realizada pela comisséo de inquérito do Banco Central do Brasit 0 STF ja decidiu que o relat6rio encaminhado bor esta comissao ao Ministério PGblico constitul justa causa para 0 oferecimento da acéo penal (Informativo re 578). 10. Inquérito administrativo para a apuragdo de infracdes & ‘ordem econémica, presidido pela Superintendéncia-Geral do CADE (arts. 66 a 68 da Lei ne 12.529/11), 0 qual pode ser pre: cedido de um procedimento preparatério (art. 66, § 2°, da L re 32.529/11). + Importante: O.Anquérito judicial, procedimento preparatério para aco penal, presi- dido por Juiz de Direito, no qual vaiam o contracitério e a ampla detesa, Drevisto na antiga lei de faléncias, foi revogado pela nova lel de falén- cas (Let ne 12.103/2005) > Atengao: 3° da. Lene 9.034/95 (antiga lel dos crimes organizados), que per- is Bes criminosas diretamente pelo juiz nas da lei, 0 que caracterizava a figura do julz inqui- sider, foi declarado inconstiucional pelo STF na ADIN re 3.570-2/2004 (no ‘que se refere aos dacos “fiscais” e “eleitorais). Posteriormente, 2 Lei 1 12850/13 ndo s6 revogou expressa € integralmente a Lei ne 9.034/95 ‘como também nao trouxe em seu corpo qualquer dispositivo semelhante a esse respeito, 5. AINVESTIGAGAO CRIMINAL PRESIDIDA PELO MINISTERIO POBLICO InGimeros so os argumentos contrérios & investigaco crimi- nal presidida pelo Ministério Piblico apresentados por parcela da 17 LEONAROO BARRETO MOREIRA ALES doutrina, a exemplo de Guilherme de Souza Nucci (2008, p. 146-150), todos, porém, rechacados pela doutrina majoritaria, merecendo des- taque 0 Professor Bruno Calabrich (2019, p. 605:634), como adiante sera demonstrado. Antes, porém, advirta-se que 0 que esta em debate € a possibilidade de 0 Ministério Péblico presidir investiga- ‘Go criminal (género) e nao inquérito policial (espécie), pois, quanto a este dltimo, nao hé dividas de que ele deve ser presidido pela policia judicidria 0 principal argumento da tese contraria a investigacao gira em torno da exclusividade da investigacdo criminal por parte da policia judiciria, em interpretacao ao art. 144, § 3, inciso WV, da Constituigdo Federal, o qual afirma que a Policia Federal destina-se a exercer, com exclusividade, as fungdes de policia judiciaria da Unido. Nao hé dividas de que a atividade de investigacao criminal tipica da policiajudicidria, e assim deve ser, pois ela & 0 érgio pre: parado especificamente para tanto, mas isso no permite concluir ‘que tal atividade € exclusivamente destinada a esta insttuicao. Com efeito, para melhor compreensao do tema, deve ser feita uma interpretagao sistematica do dispositive constitucional alhures mencionado. Por meio dela, chegar-se-d a conclusao de que, na ver- dade, a Constituicao Federal quis apenas destacar que, dentre todos (os drgaos que exercem a seguranca piiblica previstos nos incisos | a V do caput do art. 144 (Policia Federal, Policia Rodovidria Federal, Policia Ferrovidria Federal, Policias Civis, Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares), somente a Policia Federal exerce a funcdo de policia judiciéria da Unido (a exclusio, portanto, € apenas em relaco a outros érgdos da policia). ‘Além disso, a fungio de policia judiciéria da Unio nao se con- funde com a funcao de investigar crimes, para a qual a Constitui io Federal nao estabeleceu exclusividade. A funcdo de policia judi ira diz respeito a0 “apoio material e humano necessario para a pratica de determinados atos ou para 0 cumprimento de decisbes judiciais” (CALABRICH, 2010, p. 613), como no caso de o julz requist tar forga policial para auxilié-o na manutenc&o da ordem e a segu- ranca em audiéncias e sessdes ou para cumprir outros atos, como comunicagBes processuais (condugdes coercitivas). Essa distincao 108: suquénio Poucat inclusive j4 foi feita expressamente pelo ST} no julgamento do RESP re 2001/019123-6. A funcao de investigacdo criminal, por sua vez, nao exclusiva da Policia Federal. Nesse sentido € o art. 144, § 14, incso |, do Texto Constitucional. Reforcando essa distincdo, 0 art. 144, § 4%, da Carta Magna Federal, com relacdo a Policia Civil, afirma que incum- bem a ela as funcdes de policia judiciéria e investigacao criminal. Outro argumento desfavordvel aponta para a falta de previsio legal que autorize a investigacao criminal por parte do Ministério Pablico, Entretanto, esse argumento nio merece prosperar, pois hé inime: ros comandos normativos permitindo esta espécie de investigacao. 0 primeiro deles é a prépria Consttucao Federal, no seu art. 129, inc'sos | Garante 20 Ministério Pablico a funcio institucional de promover, privativamente, a aco penal piblica, na forma da lei), VI (permite que @ instituigdo requisite documentos Procedimentos administrativos ce sua competéncia), Vill (possibilta ue 0 Ministério Piblico requisite dilgéncias investigatorias e a instau- racdo de inquérito policial) e i (autoriza que o Parquet exerca outras funcdes que Ihe forem conferidas, desde que compativeis com sua finalidade). ora, para 0 cumprimento dessas fungdes constitucionals, 0 Ministério PGblico precisa se valer de todos os meios indispensaveis, ‘© que inclui, por 6bvio, o poder de investigacdo criminal (teoria dos poderes implictos) - quem pode mais pode menos. ‘Ademais, © préprio Cédigo de Processo Penal, mesmo datado de 1943, possui dispositives que permitem a investigacdo criminal pelo Ministério Péblico, a saber, os artigos 4°, pardgrafo tinico (dis pe que ha tantas outras formas de investigacdo criminal, como fé visto anteriormente), 12 (0 inquérito policial € dispensével, pois € possivel o oferecimento de denéncia com base em pecas de informa: fo, as quais constituem forma autOnoma de investigacZo criminal) e 47 (confere ao Ministério Pablico 0 poder de requisitar diretamente informagies e documentos a autoridades ou funcionarios). Outros instrumentos normativos igualmente permitem a investi ‘gacdo criminal por parte do Ministério Piblico, so eles: a Lei Com: plementar ne 75/93 ~ Lei Organica do Ministério Publico da Unido (art. £8»); a Lei me 8.625/93 ~ Lel Organica do Ministério PUblico dos Estados 109 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES (ant. 26); Lei ne 8.069/99 ~ Estatuto da Crianca e do Adolescente (art. 201, Mil); Lei ne 10.74/03 ~Estatuto do Idoso (art. 74, Vi); Lei ne 7.492/86 Lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional (art. 29); Lei ne 4.737167 ~ Codigo Eleitoral (art. 356, § 2). Mais um argumento que néo deve ser acolhido é aquele que indica a falta de regulamentacao da investigacao criminal presidida elo Ministério Piblico, o que criaria um campo aberto para abu: 0s. 0 argumento esta completamente superado com o acivento da Resolucio 1» 13/06 do Conselho Nacional do Ministério Pablico, que traz regras para esta espécie de investiga¢do, como a estipulagao de prazo, a publicidade etc. Outro argumento contrario a investigacdo criminal presidida pelo Ministério PGblico diz respeito ao fato de que 0 mesmo drgao que ‘acusa nao poderia investigar por conta prépria. €, porém, mais um argumento que nao merece prosperar, pois, no sistema acusatério, ‘em que ha distingGes entre as fungbes de acusar (Ministério Pablico), defender (réu) e julgar (juiz), ndo ha incompatibilidade entre a inves- tigagdo e acusagio, muito pelo contrério, até porque a investigaca em regra, € dirigida justamente ao Ministério Pablico, para formacao da sua opinio delicti(opiniao a respeito do delito). Novo argumento defende que a investigaedo criminal por parte do Ministério Pablico seria descontrolada. Contudo, ha de se regis trar que esta espécie de investigacio é alvo de controle judicial, no sentido de que as clligéncias que mitiguem os direitos fundamentais, do investigado somente podem ser praticadas mediante autoriza fo judicial (clausulas de reserva de jurisdicao). além desse con- trole feito pelo udiciario, ha também o controle interno dos préprios Aplicagao em concurso piblico: No concurso de Agente da Politia Federal, em 2009, promovido pelo Cespe/Unb, cobrou-se justamente a natureza juridica do inquérito pol: Cal. Nesse sentido, a assertiva “0 inquérito poll tem natureza julicil, visto que & um procedimento inquistério conduzido pela pola jucdria, com a finalidade de reunir elementos e informacdes necessérias & elucida- (odo crime” (destacada) foi considerada incorreta, 2, Inexisténcia de nulidades: Sendo o inquérito mero proce. dimento informativo € nao ato de jurisdicdo, 0s vicios nele ‘caso existentes nao afetam a ago penal a que deu origem. A desobediéncia a formalidades legais pode acarretar apenas @ ineficacia do ato em si priso em flagrante, por exemplo, que, se ilegal, deve ser relaxada), mas nao influ na aco jé iniciada. ‘Sea prova irregular era a tinica do inquérito, a consequéncia & que a denincia deve ser rejeitada por falta de suporte proba: {6rio minimo (usta causa), nos termos do art. 396, inciso Il, do CPP. Nesse sentido o STF (STF, 1 Turma, HC ne 73272/SP, Rel. Min. Celso de Mello, OJU 4/10/2996, p. 37200) e o ST} (ST, 6 Turma, RHC ne 3556-0/PR, Rel. Min. Anselmo Santiago, D} 12/6/1995). Os vicios do inquérito polcial no geram, pois, nulidades, que existem apenas em fase de processo. 3. Escrito (art. 9° CPP): 0 procedimento deve ser todo escrito, nos termos do art. 9° clo CPP. Quanto aos atos orais, devem ser reduzidos a termo. Segundo parcela da doutrina, essa caracteristica encontra-se mitigada com o art. 405, §§ 19 € 2, do CPR, com a redacao dada pela Lei ne 11.719/08. Isso por: que, embora este dispositivo legal se refira a gravacao da audiéncia de instrugao em julgamento, etapa da fase judicial dda persecugao criminal, permite o registro dos depoimentos pelos meios ou recursos de gravacao magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, do investigado m4 imguésiro pouciat € indiciado (além do ofendido e testemunhas), figuras pre- sentes apenas na fase de inquérito policial, motivo pelo qual se aplicaria também na fase de investigacbes. A esse res- peito, frise-se que, no caso de registro por meio audiovi- sual, sera encaminhada as partes cépia do registro original, sem necessidade de transcrigao. No entanto, esse posiciona: mento tende a ser minoritario, prevalecendo ainda 0 cardter absolutamente escrito do procedimento. > Aplicacao em concurso piiblico: No concurso de Delegado da Politia Civil do Rio de janeiro, em 2009, romovido pela Fundacdo Centro Estadual de Estaisticas, Pesquisas € Formacdo de Servidores Piblicos (Ceperi), foi cobrada justamente a ‘aracteristica do inquérito poll como procedimento escrito. Nesse sentido, a assertiva “Em decorréncia da recente reforma do Cécligo de Processo Penal que passou a preconizar o principio da oralidade na rea lizagdo dos atos processuais, pode-se afirmar que houve uma mitigacdo com relagio ao Inquérito Poical, que até entdo tinha como caracteristica ‘ser eminentemente escrito” (destacada) fol considerada incorreta.. 4. Sigiloso (art. 20 CPP): 0 inquérito ndo esta disponibilizado para qualquer do povo, pois nao ha a publicidade, o que serve de protecao ao investigado contra as investidas da imprensa, em atencao ao principio da presuncao da inocéncia. Nem o proprio investigado, pessoalmente, tem acesso aos autos. € caracteristica que esta prevista expressamente no art. 20, caput, do CPP. Nessa esteira, a Lei ne 12.681/12 deu nova reda- ho 20 pardgrafo nico deste dispositive legal, que passou a asseverar 0 Seguin: “Nos atestados de antecedentes que the forem solicitados, a autoridade policial nao poderé mencio- nar quaisquer anotacdes referentes a instauracdo de inquérito contra os requerentes.” Com a novel redacéo deste dispo- sitivo legal, anotacdes referentes a instauracdo de inquérito polcial nao podem aparecer em atestados de antecedentes nem mesmo se existir condenacao anterior, ao contrario do que era previsto na antiga redagao da citada norma. Informa- Bes desta natureza s6 podem estar acessiveis 20 delegado, juiz, Ministério PUblico e advogado, conforme entendimento ns LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES do ST. Registrese ainda que, nos termos da Simula nv 444 do St), “€ vedada a utilizagao de inquéritos policais e acies penais em curso para agravar a pena-base”. Esse também € © posicionamento do STE, irmado por seu Plenério no julga mento do Recurso Extraordinario n» 591054, com repercussio ‘eral reconhecida. Entretanto, 0 sigilo do inquérito policial nao se aplica 20 julz, 20 Ministério Piblico e ao advogado. A esse respeito,frise-se que 0 advogado pode consultar o inquérito, mesmo que nao tenha procuragao nos autos, por forca do art. 7, XIV, do Estatuto da OAB (Lei n> 8.906/54), em garan- tia & sua prerrogativa profisional. Nesse sentido, o STF, em fevereiro de 2005, editou a Siimula Vineulante n° 14, que apre- ‘0a: “E direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, ja documentados ‘em procedimento investigatério realizado por 6rgao com com: peténcia de policia judiciria, digam respeito ao exercicio do direito de defesa”. Em caso de descumprimento do teor desta stimula, 0 advogado poderd se valer de rectamacdo dirigida a0 STF. Além de consultar os autos, podendo inclusive extrair cépias, 0 advogado pode também participar da producao de provas, embora apenas acompantiando tal dligéncia, nunca intervindo (fazendo perguntas &s testemunhas, por exemplo), servindo como ouvimte e fiscal da regularidade da producto das provas, > Investigacio criminal presidida pelo Ministério Piblico (arts. 13 ¢ 14 da Resolucio n® 13/2006): ‘A investigacao criminal presidida pelo Ministério Piblico € marcada, como regra geral, pela publicidade, afinal de contas 0 art. 13, caput, da Resolucdo n> 13/2006, que discipiina @ matéria, estatui que “Os atos e ppecas do procedimento investigator criminal s4o pblicos, nos termos desta Resolucdo, salvo disposicdo legal em contrario ou por razBes de Jnteresse pablico ou conveniéncia da investigacao", 0 passo que o par’- srafo dnico deste dispositivo esclarece em que consiste a publicdade: na expedicao de certddo, mediante requerimento do investigado, dda vitima ou seu representante legal, do Poder Iudiciério, do Ministé- ‘io Piblico ou de terceiro diretamente interessado; il - no deterimento de pedidos de vista ou de extracao de cépias, desde que realizados 16 quero Poucat de forma fundamentada pelas pessoas referidas no inciso 1 ou a seus advogados ou procuradores com poderes especificas, ressalvadas as hipéteses de sigilo; m ~ na prestacao de informacées ao pablico em eral, a critério do presidente do procedimento investigat6rio criminal, bservacos o principio da presuncdo de inocéncia e as hipdteses legais de sigilo”. Excepcionaimente, de acordo com o art. 14 desta Resolucao, 6 que 0 presidente do procedimento investigat6rio criminal “poder decretar 0 siglo das investigagdes, no todo ou em parte, por decisio fundamentada, quando a elucidacio do fato ou interesse piblico exigr; {garantida a0 investigado a obtencao, por cépia autenticada, de depoi- mento que tena prestado e dos atos de que tenha, pessoalmente, pat- ticpado”. » ‘Siglo da investigacdo criminal envolvendo organizacao criminosa (art. 23 da Lei n® 12.850/2013); Em se tratando de investigaglo criminal que envolva organizagZo crimi- rosa, 0 seu siglo podera ser decretado pela autoridade judicial com- peetente, para garantia da celeridade e da eficiia das diligéncias inves- Uigatéras, assegurando-se 20 defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito a0 exercicio do direito de defesa, devidamente precedido de autorizago judicial, ressal- vvados os referentes is dligencias em andamento. (art. 23, caput, da tel me 432:850/13). Determinado 0 depoimento do investigado, seu defersor tera assegurada a prévia vista dos autos, ainda que dlassificados como sigio- 508, no prazo minimo de 3 (trés) dias que antecedem ao ato, podendo ser _ampliado, a critério da autoridade responsivel pela investigacdo. (at. 23, Paragrato tinico, da Lei ne 12.850/33). > Aplicagio em concurso pablico: No concurso do MP/CO, em 2009/2010, foi cobrado justamente 0 teor da ‘SGmula Vineulante m» 14 do STF. Nesse sentido, a assertva “Nas propos: ‘Ges abaiao,assinale a alternaiva incorreta a luz das decisBes sedimenta dds pelo Supremo Tribunal Federal: E direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prove que, ié documen: tados, ou em andamento, em procedimento investgatério realizado por ‘ngio com competéncia de pola jdicidra, gam respeito a0 exerccio do direto de defesa” (destacada) fol considerada Incorreta m7 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES > Aplicacao em concurso piiblico: No concurso de Promotor de Justica do Ministério Pablico do Estado de ondOnia, em 2010, promovido pelo Cespe/Unb, dentre outros aspectos relevantes do inquérito polical, foi novamente cobrado 0 contetido da Simula Vinculante ne 4 do STF, da seguinte forma: “Assinale @ opcao correta com referéncia ao IP e suas providéncias. a) Com o acento da CE ‘que assegurou o contraditério e a ampla defesa nos procedimentos acm ristratives, 0 I atwal deve observar tis princpios, apesar da auséacia de ‘revstio no CPP. b) De acordo com a tei de Faléncias, cabe ao juiz respon. sivel pelo processo falimentar presiir 0 inquérito de apuragdo dos crimes falimemtares e, ands a conclusto, remeté-lo a0 MP para, se foro caso, este ‘oferecera dentincia.c) 01° é um procedimento sigloso,ndo se estendendo ‘siglo ao advogado, que poderd ter amplo acesso aos elementos de prova ‘que jd estiverem documentados nos autos e se refiram ao exerccio do direito de defesa. d) A oltiva do indiiado durante o IP deve observar 0 ‘mesmo procedimento do interrogotdrio judicial, sendo-Ihe assegurado 0 direto ao sléncio e a assisténcia de advogndo, que poder fazer perguntas durante « inguirio e acompanhar 0 oltiva das festemunhos. e) A prova pericial, apesar de colhida durante o If é prova técnica se submete ao Aplicagso em concurso piblico: No concurso de Promotor de justica do Ministério Pablico do Estado de Minas Gerais, em 2011, dentre outros aspectos relevantes do inquérito policial, mais uma vez foi cobrado o teor da Simula Vinculante ne 24 do STF. Assim, airmou:se: “Assnale a alternativa CORRETA. A) 0 carder inguisitvo do inquérito pola! permite impor o siglo acerca das dligencias ndo documentadas, inclusive ao defensor constitu. 8) 0 principio ‘da ampla defesa & aplictvel ao inquérto polcia, por se tratar de procedt ‘mento adiministrativo. O Por razdes de interesse publica € no imteresse da ‘apuragdo, € possivel decretarse a incomunicabidade do preso em flagronte delito, 0) 0 principio da pubicidade autoriza« dvulgagdo de dados da inves tigncdo, inclusive referentes ao ofendido.”. A resposta correta foi a letra A 5. Oficialidade: 0 inquérito policial deve ser presidido por érgio “oficial do Estado, no caso, a Policia Judicidria (art. 144, 88 18,1 IV, € 4, da Constituigao Federal). 6. Autoritariedade: 0 inquérito polcial € presidido por autor dade pablica (art. 144, §§ 3%, 1€ IV, © 4, da Constituicao Fede. ral), 0 Delegado de Policia. Essa concencéo ver atualmente cconsagrada no art. 2, § 1, da Lei ne 12.830/33, segundo 0 qual “Ao delegado de policia, na qualidade de autoridade polical, ‘abe a conducio da investigacao criminal por meio de inqué rito polcial ou outro procedimento previsto em lei, que tem ‘como objetivo a apuracio das circunsténcias, da materialidade da autoria das infracdes penais”. Ademais, “O cargo de dele- gado de policia é privativo de bacharel em Direito, devendo. Ihe ser dispensado 0 mesmo tratamento protocolar que rece- bem os magistrados, os membros da Defensoria Pablica e do Ministrio Pablico e os advogados” (ar. 3 da Lei nr 12.830/13) 7. Oficiosidade: Nos crimes de acto penal piiblica incondicio: nada, a autoridade policial tem 0 dever de oficio de proce- der & apuragao do fato delitivo (art. 5», inciso |, do CPP). 8. Indisponibilidade (art. 17 CPP): € caracteristica aplicavel 3 autoridade policial, que néo pode determinar 0 arquiva- mento do inquérito policial, nos termos do art. 17 do CPP, ‘mesmo se nao existirem indicios suficientes da autoria ou prova da materialidade do fato delitive e ainda que ele tenha instaurado o inquérito de oficio. 19 LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES > Aplicacao em concurso piblico: No concurso de Analista: do TRE/RN, em 2011, promovido pela Fundacdo Carlos Chagas (FCC), dentre outros aspectos relevantes do inguérito poli dal foi cobrada justamente a caraceeristica da indisponibilidade prevista ro art. 17 CPP, da seguinte forma: “0 inquérito policial a) nao pode corer em silo, devendo ser submetido @ publicidade que rege o processo penal. b) no pode ser intaurado por requsicdo do Ministéro Palco.) nao pode ser arquvado pela autoridade poll, mesmo se forem insufientes as pro- ‘%as da autora do delito.d) & um procedimento que, pela sua natureza, nto permite ao indiciado requerer qualquer diigénci. e) seré encaminhado ao juzo competente desacompanhado dos instrumentos do crime, que serd0 destrucos na delegncia de origem.A resposta correta fol a letra. ‘9. Incomunicabilidade do investigado (art. 22 CPP): Embora o art. 21 do CPP traga a possibilidade de se decretar a incomunica- bilidade do investigado ao longo do inquérito policial, certo & ‘que essa caracteristica ndo foi recepcionada pela Constituico Federal, JA que nem no Estado de Defesa, quando inimeras garantias fundamentais sao mitigadas, isso ocorre, conforme Dreceitua 0 art. 136, § 3¢, IV, da Constituicao Federal (“Na vigén- a do estado de defesa é vedada a incomunicabilidade do preso”). Além disso, se ela ainda fora admitida, nao pode ser aceita para 0 advogado, por forca do art. 7, inciso il, do Esta- tuto da OAB (Lei n+ 8.906/90). Adlemais, nem o préprio Regime Disciplinar Diferenciado (ROD) permite a incomunicabilidade do investigado, nos termos da Lei n° 10.792/03 See 1. Inquistivo: 2 Inevisiénla de nulidades: 3. Escrito (ar. CP “& Siioso (art. 20 PP) 5 Ofiadade; 6. Niortariedade; 7. Ofcisioade; &, ndisponbiidade (ar. 17 >): 9, Incommunicabiidade do ivestigad (ar. 21 CPP) -revogada 1m ‘quéniTo POLCIAL 7- INICIO DO INQUERITO POLICIAL (ART, 5s, 1, HE § 3°, CPP) 4s formas de instauracdo do inquérito policial podem ser extra das basicamente da leitura do art. 5° do Cédigo de Processo Penal, a saber: 2, De offcio pela autoridade policial (art. 52,1, CPP): 0 inquérito poliial é instaurado pela autoridade polcial que iré presi Io, quando toma conhecimento, por conta prépra, da pri tica de um elit. Essa forma de instauracao vai ao encontro dos principios da obrigatoriedade e da oficosidade da acao penal publica. Diante disso, s6 se permite a instauracao do inquérito de oficio pela autoridade polical se o crime for de agZo penal piblica incondicionada. Alias, insta salientar que, tomando conhecimento da pratica de crime de acéo penal pablica incondicionada, por forca dos principios anterior: mente aludidos, @ autoridade polcial tem o dever de instau rar 0 inquérto polcial, sob pena do cometimento do crime de prevaricagio (art. 319 do CP). 2. Por requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representécto (art. sl, CPP): Ocorre quando o préprio ofendido do delito ou quem tenha qualidade para repre- senté-lo requer & autoridade poliial a instauracio do inqué- rito poliial. Possuem qualidade para representar o ofendido © seu representante legal (ascendente, tutor ou curador),, no caso de incapacidade daquele; 0 curador especial, se 0 ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ov retardado mental, e nao tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele; 0 conjuge, ascendente, descendente ou irmao (nesta ordem pre- ferencial), no caso de falecimento ou deciaracao de auséncia do ofendido; ou por procurador. 0 requerimento do ofendido ov de quem tiver qualidade para representa-lo devers, sem- pre que possivel, conter 0s requisites previstos no art. 5, § 1», do CPP (a narragao do fato, com todas as circunstancias; 2 individualizagao do indiciado ou seus sinais caracteristicos as razdes de convicrao ou de presuncéo de ser ele o autor da infracao, ou 05 motivos de impossibilidade de 0 fazer: a nomeacao das testemunhas, com indicagao de sua profissa0 ni m {LEONARDO BARBETO MOREIRA ALVES € residéncia), Na hipétese de a autoridade policial indefe- rir a abertura de inquérito, o prejudicado podera oferecer recurso administrativo dirigido ao chefe de Policia (art. 52, § 2, do CPP), que, para uns, & 0 Delegado-Geral de Policia €, para outros, 0 Secretério de Seguranca Piblica. Segundo entendimento doutrindrio (LOPES |R., 2010, p. 273), seria pos- sivel também o manejo de mandado de seguranca em maté- ria criminal. Na prética, porém, mais recomendavel & que 0 ‘ofendido encaminhe sua irresignacao ao Ministério PUblico e/ 0u a0 juiz, que poderao requisitar a instauracao de inquérito policial 20 delegado, 0 qual, nesse caso, dificilmente poder nega-la. Ressalte-se, contudo, que 0 delegado tem o direito de fazer um juizo de tipicidade acerca dos fatos. Assim, se entender que 0 fato € atipico, nao esté obrigado a acatar 0 equerimento do ofendido ou de quem tenha legitimidade para representé-lo, ndo tendo tais pessoas direito lquido ¢ certo a manejar mandado de seguranca - é a posi¢ao do ST. No entanto, de acordo com entendimento doutrinario majo: ritério, 0 delegado nao pode deixar de instaurar 0 inquérito policial arguindo a aplicacdo do principio da insignificancia, pois este € matéria a ser apreciada privativamente pelo Ministério Pablico (embora venha ganhando corpo o enten imento de que a autoridade polcial, como bacharel em Direito, tem amplas condicdes de avaliar todos os elementos ‘que integram o fato delitivo, o que inclui, portanto, no ape: nas a tipicidade formal, mas também a tipicidade material, a antjuridicidade e a culpabilidade). Isso, todavia, nao impede ‘que 0 investigado impetre habeas corpus para trancar esse inquérito policial. Autoriza-se a instauracao de inquérito poli- ial sob esta modalidade em crime de qualquer espécie de cdo penal (piblica ou privada). 1. Por delacdo de terceiro ou delatio criminis (art. 5°, § 3° CPP): € a denominacao dada comunicacao feita por qual: quer pessoa do povo ao delegado acerca da ocorréncia da infracdo penal em que caiba acao penal piiblica incondicio- nada. € a popular “queixa”. Pode ser feita oralmente ou por escrito. Caso a autoridade policial verifique a procedéncia da informacao, mandara instaurar inquérito para apurar oficial mente o acontecimento delitivo. Como regra geral, a delacao Inqueeto pouctat de terceiro & meramente facultativa. No entanto, ha casos excepcionais em que ela se torna obrigatéria. £ 0 exemplo do art. 66 da Lei ne 3,688/41, segundo 0 qual constitui a contra- vencio penal de omissdo de crime o ato de deixar de comu: nicar 4 autoridade competente crime de agdo penal de ini ciativa pdblica incondicionada de que teve conhecimento no exercicio de funcio publica. 0 inciso il deste dispositive ainda prevé a punicao de quem teve conhecimento, no exercicio da medicina ou de outra profissao sanitaria, de um crime de acZo penal piblica incondicionada e cuja comunicagao no exponha 0 cliente a procedimento penal (LOPES JR, 2030, p. 273270). 4. Por requisi¢ao da autoridade competente (art. 5, il, CPP) Ocorre quando ¢ feita requisicao por parte do juiz ou do Ministério Pablico. A requisigdo, se devidamente legal, implica em exigéncia do cumprimento da lei, 0 que, na pré- tica, serve como uma espécie de ordem para a autoridade policial Também existe na hipétese de requisicéo do Ministro da lustica na agao penal piblica condicionada a essa requis do, embora, nesse caso, ndo haja propriamente uma ordem, ‘mas uma simples autorizagdo para o inicio da persecucao criminal, » Aplicacdo em concurso paiblico: No concurso de Promotor de justca Substtuto do Ministério Piblico de Minas Gerais, em 2013, questionou-se acerca de pontos importantes do Inicio do inquérito policial, principalmente quanto a requisicao da auto- Fidade competente, do seguinte modo: “Em relacto ao inquérito poli Cia, assinale a alternativa FALSA: A) A requisigo judicial de instauragto entendida como delatio crimins, em fungao do sistema acusatdrio. 8) A utoridade poiiial deverd negar-se a instauraro inquérlo, se for condlcio- nada a acd penal e ausente a condigto de procedibiidade. C) requisito ministerial € invdvel, se confirmado o indeferimento de instauracao em recurso administrativo ao Cheje de Policia. D) 0 defensor constiuido tem ‘acesso amplo ao documentado no inquérito e que diz respeito ao exercicio do direito de defeso.". resposta da questao foi a letra C. 5. Pela lavratura do auto de pristo em flagrante delito: Embora rndo haja previsao expressa no art. 5 do CPP, entende-se que © inguérito policial podera ser instaurado também a partir mB LEONARDO BARRETD MOREIRA ALVES da prisdo em flagrante do investigado, nas hipdteses pre: Vistas no art. 302 do Cédigo de Processo Penal. Nesse caso, © Auto de Prisio em Flagrante Oelito, peca que formaliza a prisdo em flagramte, dard inicio ao inquérito pol 1 De ofkio pela auoridade poial 2._Porrequerimento do ofendido ou de quem tena qualidade para represento; 3: Por delagio de terceros(deatio crim), “4 Por requisigdo da autoridade competene; 5 Pea lawatura do auto de prisdo em fagrante delta » Observacio: "Nas quatro primeiras sitacdes, 0 inquérito policial, na prética,é instau- ‘ado por meio de Portaria (embora os requerimentos e as represen- ‘agGes sejam suficientes para o inicio do inquérito), ato administrativo praticado pela autoridade policial que ira presidiio contendo uma breve narrativa do fato deiitvo e, se possivel, aidentiticacao do agente invest ado. Na tikima situacdo, a instauragdo se da pelo chamado Auto de Pri- do em Flagrante Delito (APFD), que deve preencher os requisitos exigidos pelos artigos 304 a 308 do CPP. > Atencio: Quanto a requisicao feita pelo juz para a instauracao de inquérito policial, ddeve-se relembrar que ela & fruto do contexto em que foi elaborado 0 (Cdigo de Processo Penal, no qual he eram conferidos ampiose irestritos ‘poderes, incuindo 0 de instauracdo da aczo penal de oficio, nos casos de contravencBes, nos termos do art 531 do CP®, com a sua redacio anterior 20 advento da Lei n12.729/68, constituindo-se hipétese de processo jud- {alforme. Atualmente, em face do sistema acusatério e da privatividade dda aco penal pdblica por parte do Miistério Pibico (art. 125 |, CF), nao mais € recomendada essa forma de Instauracdo do inquérito poliial. A [providencia mais adequada é o encaminhamento da noticia do crime a0 Ministério Pblico para que ele tome as providéncias cabiveis, nos termos: «do ant 40 do CPP. ustamente por conta disso, a Lei me 11,719/08 aterou a redagdo do art. 531 do CPP. extirpando do ordenamento juriico a exis: 1éncia do processo judicalforme. Diante disso, entende-se que o art. 26 ‘do CPP, que determina que a acdo penal, nas contravencies, seréiniciada ‘com o auto de pristo em flagrant ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciria ou poli, foi tactamente revogado. 124 Inquéeo pouciat 8. INSTAURACAO DO INQUERITO POLICIAL COM BASE EM DELATIO CRIMINIS ANONIMA A principio, como a Constituigdo Federal, no seu art. 5, inciso IW, ‘veda 0 anonimato, nao seria possivel admitir a instauraczo de um inquérito policial com base téo-somente em uma Delatio Criminis And- nima ou Delacao Apéerifa ou Notitia Criminis Inqualificada (a popular “dendncia andnima”), até porque uma instauracdo de inquérito poli- cial com base em algo inexistente pode ensejar o crime de denun ciacio caluniosa e se 0 agente € andnimo ndo ha como processé-lo por esse crime. essa a posigao do SIF (no julgamento do inquérito n+ 2.957/PR ena sua Resolucao me 290, de 5/4/2004, art 4, inciso W), do ST} (HC 1» 95,838/R, Rel. Min. Nilson Naves), do Conselho Nacional de lustica ¢ do Conselho Nacional do Ministrio Pdblico, como aponta Paulo Rangel (RANGEL, 2010, p. 749765), para quem Se hover instauracdo de qualquer ato de persecucto estatal [LL com base em deniincia anénima, todo ¢ qualquer elemento de prova que for colhido, posteriormente, estard contaminado com base na teoria dos frutos da drvore envenenada, adotade, hhodiernamente, no Brasil Eventucis procedimentos, ou processos, instaurados com base ‘em deniincia andnima poderéo ser questionadas, via acto de habeas corpus, ou mandado de seguranca [.... fim de que sejam extintos ou anulados por determinagdo do Poder Jud Nada obsta que a prépria administract piblica, de acordo ‘com o principio da legalidade (on. 37, caput, da CR), anule seus prépries atos quando etvados de vicios que 0s tornem itegais. ‘Aautoridade que instaurar procedimento criminal... com base em dentincia andnima, fica sujeta, em tese, aos limites do art. 539 do CP (RANGEL, 2010, p. 765). Entretanto, é preciso ponderar que, com base nos principios da obrigatoriedade e da oficiosidade, 0 delegado que tomar conheci- mento da prética de um crime sujeito a acdo penal pil cionada tem o dever de investigar os fatos. ms LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES » Qual o entendimento do STF sobre o assunto? 0 STF 4 decidiu que a “dentincia andnima”, por si s6, nao servirla para. fundamentar a instauracéo de inquérito poliial, mas que, a partir dela, oderia a policia realizar dligéncias preliminares para apurar a veraci- ‘dade das informacdes obtidas anonimamente e, entdo, instaurar 0 pro- cedimento investigatério propriamente dito (Informative ne 580). > Aplcagio em concurso piblic: No concurso de Delegado da Policia Chil do Estado de Sdo Paulo, pro- movido pela Vunesp, em 2014, cobrou-se o entendimento do STF acerca da inscauracao de inquérito polcal com base em delaclo andnima ou apéaifa, da seguinte forma: “Nos termos do pardgafoterceiro do ar. 5.2 do CPP: “Qualquer pessoa do povo que tver conhecimento da exsténcia de infracdo penal em que caiba acto publica poderd, verbolmente ou por escrito, comunié-la & autoridade potcal,e esto, verificnda « procedéncio das iformocoes, mandard insaurarinquérito poi”. assim, € coreto atfirmar que: a) ~ sempre que tomar confecimento da ocorréncia de wm «rime, @ autoridode polical deverd, por portara, istourarinquéito pol Cia.) -pordeltio criminisentende-se a autorizo¢ao formal da vtima para {ue ela instaurado inquérito pola.) -o inquéito pol ser instau- ado pela autorade poli apenas nas hipsteses de acto penal pba @)~ a noticia de um crime, ainda que anénimo, pode, por si sé, susctar « instauragao de inquérito pola. e) - éinacmissvel 0 anonimato como causa suficiente para a instauragd de inquérito poll na moialidade da delat crimins,entretanto, a autoridade poll poderd invest gar os fotos de ofa. resposta correta foi a letra E. 9. INTERFERENCIA DA ESPECIE DE ACKO PENAL NA INSTAURAGAO DO IN- (QUERITO POLICIAL (ART. 5:, 8§ 4» E 5, CPP) Como é cedico, se a norma penal nao estipular 0 tipo de acao penal a que esta sujeito determinado crime, entende-se que ele estara submetido a a¢ao penal pablica incondicionada. Nesse caso, 0 inqué- rito policial pode ser iniciado por quaisquer das § (cinco) formas de Instaurago deste procedimento abordadas no t6pico 7 deste capitulo. De outro lado, a aco penal piblica condicionada (a represen- taco do ofendido € A requisicao do Ministro da justica) e a acio penal privada vém expressas na norma penal. Nessas situagdes, 0 6 Inqueeo Pouciat inquérito policial somente pode ser instaurado por provocacao do ofendido ou de quem tiver qualidade para representé-lo ou ainda do Ministro da justica, a depender do caso. > Aplicacao em concurso piibi No concurso do TY'SC, em 2009, fol cobrado justamente o modo de in cio do inquérito policial em crime de acdo penal publica condicionada. Nesse sentido, a assertive “Nos crimes de aco penal pica condicionada 0 inguérto poll sé poder ser inicio com representagto(destacada)” {oi considerada correta, 10. NOTITA CRIMINIS OU NOTICIA DO CRIME Notitia criminis (ou noticia do crime) é “a ciéncia pela autoridade policial da ocorréncia de um fato criminoso” (NUCCI, 2008, p. 152), odendo ser: 1. Direta ou espontinea ou de cognicio imediata: Ocorre quando a prépria autoridade policial, investigando, por qual: quer meio, toma conhecimento da pratica do delito. 2. Indireta ou provocada ou de cognigdo mediata: Ocorre quando 0 delegado toma conhecimento da pratica do detito por meio de provocacao de terceiros, a exemplo da vitima ‘ou de quem tenha qualidade para representé-la, do Ministé rio Publico, juiz, Ministro da Justica ou até por terceiro. » Observacio: [Aprisao em flagrante pode estar inserida nas modalidades de Notitia Cr ‘mins tanto Direta (se € 0 proprio delegado ou seus agentes quem realiza, a prisdo em flagrante) como Indireta (se o flagrante & efetivado por um particular, conforme permitido pelo art. 301 do CPP). Em qualquer hipé- tese, ela & também tratada pela doutrina como Notitia Criminis Coeretva.. 12, INVESTIGACOES CRIMINAIS CONTRA AUTORIDADES COM PRERROGATIVA DE FORO ‘A autoridade policial no podera indiciar nem instaurar inqué- Fito polical em face de autoridades que possuam prerrogativa de foro. Nesse caso, deverd ser instaurada a investigagao pelo foro por wm LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES prerrogativa de funcdo. Se 0 delegado perceber que ha participacao de agente com foro por prerrogativa de funcao, deverd remeter os autos a0 foro competente. De qualquer forma, o foro competente oderd requisitar investigacdes por parte da autoridade policial, mas fiscalizadas por ele e acompanhadas pelo Chefe do Ministério Pablico, Assim, se, por exemplo, um Deputado Federal cometer um crime, a investigacao criminal seré presidida por um Ministro do STF, que, no entanto, poderd requisitar diligéncias a um Delegado da Policia Federal. Nessa linha de inteleccio, a Primeira Turma do STF, no julgamento realizado em 12.08.2014, negou seguimento ao Inquérito n» 3305, n0 ‘qual um Deputado Federal era acusado de fazer parte de quadriiha destinada ao desvio de recursos piblicos. A dentncia foi rejeitada em razdo de 0 inquérito ter sido conduzido em primeira instancia, mesmo depois da inclusdo de parlamentar federal entre os inves. tigados, usurpando a competéncia do Supremo Tribunal Federal Concluise, pois, que a competéncia do Tribunal para processar auto- ridades com prerrogativa de foro inclui a fase de inquérito. Uma vez fentificada a participacto dessas autoridades, os autos devem ser Jimediatamente remetidos & Corte. 132, IDENTIFICACAO CRIMINAL (ART, 5°, LVI CF, ART. 3° DA LEI Ne 12.037/09 CIC LEI We 12.654/22) ‘Ab initio, esclarega-se que a identiicacao criminal consttui 0 género, do qual sdo espécies a identificagao datiloscdpica e a iden tifcagdo fotogréfica (LOPES JR, 2010, p. 285). Nesse cendrio, a identii- cacao datiloscépica deve ser entendida como a “colheita das impres- des digitais do indiciado, objetivando a sua correta identiticacao, por se tratar de método cientifico e seguro” (NUCCI, 2008, p. 160). ‘Acesse respeito, em um primeiro momento, deve ser levada em consideracdo a regra prevista no art. se, inciso Lil, da Constituicao Federal, segundo 0 qual “o civilmente identificado nao sera subme- tido a identificagao criminal, salvo nas hipdteses previstas em lei”. A lei mencionada pelo dispositive constitucional € a Lei n» 12.037/09, que revogou a Lei n° 10.054/00, anterior diploma legal da ‘matéria. No que tange & nova lei, vale a pena a leitura, principalmente, 8 Inquéeo poLcat dos artigos 2° (que especifica 0s tipos de documentos que podem ser utilizados para a identficacdo civil) e 3 (elenca as hipéteses em ue é possivel a identificagdo criminal), a seguir transcritos: Ant. 2 A idemtieagto chil etestada por qualquer dos Seguin tes documentos: {canter de idemtdade; it~ canteira de trabalho; m- carteira profssonal IV passapore; V-carteira de identificacao funciona Wi outro documento pico que permita a identicagto do indiiado. Panigrajo nico. Para as fnlidades desta Le, equiparam se 0s documentos de identifcagdo cvs 0s documentos de iden tien miltres. Aut 3+ mora apresentado documento de identicaso, poderd corer idetiagto criminal quando: 10 documento apresentarrasura au tver indo de fasifea 0; 1 0 documento apresentado for isuficiente para identicar cabaimente oinciado; ‘0 indiiado pontar documentos de identidade distintas, com informagées conftantes entre si 14 Identicago criminal for essencal ds investignbes pol iis, segundo despacho da autoridade juica competente, que decid de oftio ou mecionte representagto da autor: diode plc, do Ministro Pico ou da defeso: \V=constar de registos polias o uso de autres nomes ou die rentes qualiicacdes; W- 0 estado de conservagio ou 0 distinca temporal ou da Jocaidade da expedcto do documento apresentado impossb- Ine «completa identcagd dos caracteresessencais Parigrajo nico. As c6pias dos documentos apresentados deve- ro Ser junadas cos autos do inuérto, ou outra forma de Investigocto, ainda que consideradas insuicientes para ident ficar 0 indicia. rr) LEONAROO BARRETD MOREIRA ALVES De acordo com a Lei n> 12.654/12 (“Lei do Perfil Genético”), na hipétese do inciso 1V do art. 3», a identificagao criminal podera incluir a coleta de material biolégico para a obtencao do perfil genético. Essa permissao, no entanto, merece ser lida a luz do principio da ‘no autoincriminacdo, dai porque a coleta de material bioldgico somente ocorrerd se o agente autorizar. Nessa esteira, conforme 0 art, s=-A, caput, da Lei ne 12.037/09, acrescido pela referida Lei n» 12.654/12, 05 dados relacionados & coleta do perfil genético deverdo ser armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de pericia Criminal. As informacdes genéticas contidas nos bancos de dados de pertis genéticos nao poderao revelar tracos somaticos ou com portamentais das pessoas, exceto determinacao genética de genero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos (art. 5A, § 3°). OS dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terdo cardter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utiizagdo para fins diversos dos previstos na Lei n» 12.037/09 ou em decisao judicial (an. 5, § 2). AS informacdes obtidas a pantir da coincidéncia de pertis gené- ticos deverdo ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado (art. 5»A, § 3. Nos termos do art. 7A da Lei a 12.037/09, também com a reda- fo dada pela Lei ne 12.654/12, a exclusao dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerd no término do prazo estabelecido em lei para a prescricao do deli. A identificacao do perfil genético sera armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo (art. 7-8). ‘Lei me 12.654/12 ainda alterou a Lei de Execucéo Penal (Lei ne 7-210/84), que, no seu art. 9A, passou a estatuir 0 seguinte: “Os con- ddenados por crime praticado, dolosamente, com violéncia de natu reza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no ar. 1#da Lei ne 8.072, de 25 de julho de 1950, serdo submetidos, obri gatoriamente, a identificacao do perfil genético, mediante extracao de DNA-- Acido desoxirribonuceico, por técnica adequada e indolor. § 1° A identifcagao do perfil genético sera armazenada em banco de dados sigloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder 10 Inqueno Pouicat Executivo, § 2° A autoridade polcial, federal ou estadval, poderé requerer 20 juiz competente, no caso de inquérito instaurado, 0 acesso ao banco de dados de identifcacao do perfil genético”. De outro lado, a Lei ne 9.034/95, no seu art. 5° (8 época, de duvi ddosa constitucionalidadte), estabelecia a obrigatoriedade da identi ficacao criminal do indiciado pela prética de crime organizado. No entanto, a Lei ne 12.80/33 no s6 revogou expressamente a referida lei como também no trouxe em seu corpo qualquer dispositive a esse respeito. Por fim, ressalte-se que, segundo o STF, no ha constra ilegal na condugao coercitiva do indiciado para que seja submetido & identificacao datiloscépica em face da sua recusa imotivada. » Aplicagio no STF Simula n- $68 do SIF: “A identificacdo criminal nao consttui constrangi: mento ilega, ainda que o indiciado ja tenha sido identifiado civimente”. ssa Simula, porém, perdeu a razao de ser-com a norma constitucional do art. 5, Ml, como ja visto anteriormente, 13, DILIGENCIAS INVESTIGATORIAS (ARTS. 6 E 13 CPP) 0 art. 6» do CPP elenca todas as diligéncias investigatérias que @ autoridade policial devera praticar, logo que tiver conhecimento da pratica da infracao penal. Sao estas as diligéncias previstas no citado dispositive legal: | - dirigit-se ao local, providenciando para que nao se alterem o estado e conservacio das colsas, até a chegada dos peritos cri nals; é providéncia obrigatéria, dada a importancia da atuacio dos peritos para a elucidacdo do crime. Desse modo, apenas apés essa atua¢ao dos peritos é que os objetos poderao ser apreendidos e 0 local dos fatos poderé ser alterado. Contudo, a Lei ne §.970/1973, 90 seu art. w, estatui que “em caso de acidente de transito, a autori dade ou agente polcial que primeiro tomar conhecimento do fato poderd autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remocao das pessoas que tenham sofrido lesdo, se estiverem no leito da via piblica e prejudicarem o trfego”. Br

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