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Corrupgao no Partido dos Trabalhadores O dilema do “sistema” Wendy Hunter Este trabalho procura entender os recentes escandalos envolvendo o Partido dos Trabalhadores em 2005 e 2006. Como a evidéncia de corrupgao dentro do PT, anteriormente um partido radical e programatico dedicado a promover padres de conduta mais éticos, contribui para o debate sobre as instituigdes politicas brasileiras? Sera que 0 proprio desenho institucional brasileiro induz (05 partidos a recorrerem ao fisiologismo, as aliancas oportunistas e até mesmo a corrupcao? Em vez de continuar servindo como modelo de uma politica transpa- rente e como agente transformador do sistema partiaiério erm ures atitazeis mas programatica, 0 PT tem sido contaminado pelo fisiologismo e se tornado mais catch-all na sua orientacao politica geral. A evolucao do partido nesta direcao foi moldada principalmente pela crescente énfase que seus lideres colocaram fem ganhar a presidéncia depois de 1995, uma meta que expos 0 partido aos incentivos institucionais de maximizar 0 apoio eleitoral e politico, e também pela eventual vitéria presidencial do PT em 2002, que transferiu a estrutura de incentivos da arena eleitoral para a governamental. O fato de que até mesmo 0 PT, partido com militancia forte e longa histéria de conduta exemplar, caiu em um modelo tradicional de comportamento atesta o papel forte que os incentivos institucionais exercem sobre partidos que procuram maximizar as suas chances de ganhar 0 Poder Executivo nacional e depois governar. Na oposicao, antes de 2002, o partido enfrentava os incentivos institucionais de ampliar 0 apoio eleitoral, e, no governo, depois de 2003, se deparou com os problemas de gerar apoio legislativo em um sistema multipartidario fragmentado. Face a esse sistema, © PT foi induzido a se comportar como um partido politico “normal”. 156 - INSTITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL Obviamente meu argumento parte da escolha racional institucionalista, mas faco uma importante modificagao contextual. Afirmo que, precisamente por causa de sua hist6ria de radicalismo, o PT estava incapacitado de lidar facilmente com as presses institucionais as quais os partidos mais convencionais tinham sucumbido ha muito tempo. O PT se deparava com um conjunto especial de dificuldades em financiar as suas campanhas eleitorais e, depois de ter chegado ao poder, em assegurar apoio legislativo no Congresso. O caixa dois e o mensalio, 0s dois escandalos nos quais 0 PT esteve implicado em 2005-2006, podem ser entendidos como sua resposta aos dilemas peculiares criados pelo seu passado radical, acoplado com sua tentativa de se adaptar aos obstaculos sistémicos. O PT encontrou-se, no final das contas, preso entre a sua prépria histéria e os incentivos do sistema politico brasileiro. Tendo ido além da sua postura ante- rior de policy-seeking para enfatizar sua agenda eleitoral, o partido se colocou numa posicao mais vulneravel quanto as press6es institucionais. O PT nao queria e nem podia se render completamente as “regras do jogo". Portanto, 0 partido se encontrou na pior das hipdteses: nao inteiramente acima da “politica convencional”, mas ainda nao situado bem nos meios tradicionais da politica partidéria brasileira. Esta andlise, entao, combina elementos do institucionalismo da escolha racional (rational choice institutionalism) com idéias do institucio- nalismo hist6rico (historical institutionalism). Ao enfatizar a tentativa petista de se adaptar aos incentivos institucionais, inspiro-me na primeira vertente teorica, e, 20 colocar em evidencia 0 fracasso do PT em se conformar completamente, utilizo predominantemente a segunda abordagem. Resumindo, enquanto as regras do sistema incentivaram o PT a se acomodar, a histéria do partido limitou ‘a sua capacidade de se transformar completamente. Apprimeira parte deste trabalho explica como 0 PT conseguiu evitar os efeitos deturpantes do sistema eleitoral enquanto a sua prioridade principal era policy- seeking, e nao ganhar a Presidéncia a qualquer custo. A segunda parte demonstra ‘como a mudanga para uma estratégia vote-maximizing depois de 1995, unida a determinacao de ganhar a Presidéncia, expds 0 partido progressivamente as demandas e aos problemas erguidos pela necessidade de financiamento de campanhas. A terceira parte enfatiza o problema principal encontrado pelo governo petista desde 2003: como reconciliar a contradicao entre ocupar a Presidéncia, mas, a0 mesmo tempo, controlar menos de 20% das cadeiras na Camara dos Deputados. A conclusdo acentua a tensdo central em jogo para 0 PT: os mesmos fatores que permitiram ao partido aumentar a sua base de apoio eleitoral (quando na oposicao) e expandir a sua coalizao legislativa (quando no governo) também colocaram em risco sua capacidade de permanecer fiel a seus ideais programaticos, incluindo, ou mesmo especialmente, as bandeiras da ética e da transparéncia. Portanto, o partido parece estar preso entre Cila e Carfbdis Enquanto o PT era fiel aos seus principios, colocava em risco a sua capacidade de maximizar votos. Mas quando 0 partido se comportou de uma maneira que era necessaria para ganhar as eleigGes e 0 apoio do Legislativo, desonrou os seus préprios ideais que inspiraram e promoveram a sua trajet6ria partidéria. O PT antes de 1995: evitando as patologias da lista aberta e do contexto institucional Quando as principais metas petistas eram programaticas e organizacionais, © PT geralmente conseguiu evitar as influéncias antipartidarias e corrosivas das instituigdes politicas nacionais (Hunter, 2006). Em pontos importantes, até mesmo os militantes mais pragméticos dentro do partido (a Articulacao ligada a Lula ea seus colegas sindicalistas) rejeitaram uma adaptacao mais completa aos incentivos do ambiente politico, tais como existiam na visao dos concorrentes catch-all do PT. Desta maneira, Lula fez repetidas adverténcias contra a possi bilidade de os interesses eleitorais chegarem a dominar a agenda do partido, e enfatizou que era melhor o PT promover os seus programas e desenvolver um peril ético e transparente do que ganhar as eleicdes, se o preco da vit6ria fosse 0 de ser engolido pelo vendaval da corrupcao da politica brasileira (Machado Vannuchi, 1991, p. 6). No discurso petista repetia-se o mantra de que as eleicdes eram “para valer’ e nao s6 “para ganhar” © PT foi capaz de se insular das tentacdes sistematicas enquanto aceitava crescer apenas gradualmente nos niveis legislativos e municipais, em vez de ascender a uma velocidade metedrica e ganhar as posicdes executivas mais importantes (principalmente a Presidéncia, mas também os governos estaduais). Esta segunda estratégia iria requerer um certo relaxamento dos seus ideais, por razOes descritas no tpico a seguir. Uma das metas principais da estratégia petista era aumentar a sua represen- tacao na Camara dos Deputados. Isto fez sentido porque as regras para ganhar representacdo nesta arena so notavelmente permissivas. Elas permitem aos partidos defenderem posigdes extremas ou metas estreitas e, ainda assim, alcancar uma representacao razodvel. As eleicdes para a Camara ocorrem em um sistema de representacao proporcional com distritos de alta magnitude. Para os deputados federais (e estaduais), 0 distrito eleitoral corresponde ao estado ou unidade federativa. Cada estado tem entre oito e setenta deputados federais, A média da magnitude distrital brasileira (0 niimero total de cadeiras dividido pelo ntimero dos distritos eleitorais) ¢ uma das maiores do mundo, a nao ser nos paises que tém um distrito Gnico nacional, como Israel e Holanda. Um partido (ou coligacao) pode ganhar uma cadeira com uma porcentagem extremamente baixa do voto nacional. Até agora, os quocientes eleitorais estaduais tém sido baixos e nao existe cléusula de barreira nacional.? Por exemplo, em um estado com direito a 25 vagas na Camara, um partido precisaria de somente quatro por cento do total de votos para obter uma s6 cadeira (Mainwaring, 1995, p. 375). O fato de o Brasil usar o sistema de lista aberta nas eleigdes proporcionais & normalmente considerado como forte obstéculo a construcao de partidos e ao policy-seeking.} Uma patologia amplamente documentada deste sistema é a forte competicao fratricida. Obrigados a competir até mesmo contra os membros O PT antes de 1995: evitando as patologias da lista aberta e do contexto institucional Quando as principais metas petistas eram programaticas e organizacionais, © PT geralmente conseguiu evitar as influéncias antipartidérias e corrosivas das instituigées politicas nacionais (Hunter, 2006). Em pontos importantes, até mesmo 0s militantes mais pragmatics dentro do partido (a Articulacao ligada a Lula ea seus colegas sindicalistas) rejeitaram uma adaptacao mais completa aos incentivos do ambiente politico, tais como existiam na visdo dos concorrentes catch-all do PT. Desta maneira, Lula fez repetidas adverténcias contra a possi- bilidade de os interesses eleitorais chegarem a dominar a agenda do partido, e enfatizou que era melhor o PT promover os seus programas e desenvolver um perfil ético e transparente do que ganhar as eleicdes, se o prego da vit6ria fosse 0 de ser engolido pelo vendaval da corrupcao da politica brasileira (Machado; Vannuchi, 1991, p. 6). No discurso petista repetia-se o mantra de que as eleicoes eram “para valer" e nao s6 “para ganhar’. © PT foi capaz de se insular das tentacdes sistematicas enquanto aceitava crescer apenas gradualmente nos niveis legislativos e municipais, em vez de ascender a uma velocidade metedrica e ganhar as posicées executivas mais importantes (principalmente a Presidéncia, mas também os governos estaduais) Esta segunda estratégia iria requerer um certo relaxamento dos seus ideais, por razdes descritas no tépico a seguir. Uma das metas principais da estratégia petista era aumentar a sua represen: tacdo na Camara dos Deputados. Isto fez sentido porque as regras para ganhar representacdo nesta arena so notavelmente permissivas.' Elas permitem aos partidos defenderem posicdes extremas ou metas estreitas e, ainda assim, alcancar uma representacao razodvel. As eleicdes para a Camara ocorrem em lum sistema de representacao proporcional com distritos de alta magnitude. Para 0s deputados federais (e estaduais), 0 distrito eleitoral corresponde ao estado ou unidade federativa. Cada estado tem entre oito e setenta deputados federais. A média da magnitude distrital brasileira (o numero total de cadeiras dividido pelo ntimero dos distritos eleitorais) é uma das maiores do mundo, a nao ser nos pafses que t&m um distrito Gnico nacional, como Israel e Holanda. Um partido (ou coligaco) pode ganhar uma cadeira com uma porcentagem extremamente baixa do voto nacional. Até agora, os quocientes eleitorais estaduais tém sido baixos e ndo existe cléusula de barreira nacional.? Por exemplo, em um estado com direito a 25 vagas na Camara, um partido precisaria de somente quatro por cento do total de votos para obter uma s6 cadeira (Mainwaring, 1995, p. 375) © fato de o Brasil usar o sistema de lista aberta nas eleicdes proporcionais & normalmente considerado como forte obstaculo a construgao de partidos e a0 policy-seeking.} Uma patologia amplamente documentada deste sistema 6 a forte competicao fratricida. Obrigados a competir até mesmo contra os membros 158 -INSTITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL do seu préprio partido, os politicos normalmente recorrem ao fisiologismo aos apelos personalistas para ganhar uma vantagem competitiva (Ames, 2001; Mainwaring, 199). Estas estratégias individualistas pressionam os candidatos para arrecadarem grandes somas de dinheiro para financiar as suas campanhas, o que freqiientemente ocorre por meios questionaveis. Tais estratégias impedem a capacidade dos politicos de realizarem juntos um projeto coletivo partidério. Mesmo assim, 0 PT se “vacinou” contra estes riscos através da adocao de varias regras e normas intermas que o partido quase sempre respeitou. Numa fase do partido na qual ganhar os cargos executivos mais importantes (a Presidéncia, 0s governos de estado e as prefeituras nas cidades com o eleitorado acima de 200.000) ainda nao era facilmente alcangdvel, o PT se valeu dos aspectos permis- sivos das eleicSes proporcionais para aumentar seu espaco politico nacional. Na Camara federal, o PT avancou, passando de 3,3 por cento das cadeiras em 1986 para 7 em 1990; 9,6 em 1994; 11,3 em 1998; e 17,7 por cento em 2002. Mas através das suas préprias regras e normas, o partido foi capaz de evitar alguns dos efeitos divisivos e corrosivos da lista aberta. Uma das normas mais importantes tinha a ver com a indicacao de candidatos. Em um sistema que inviabiliza 0 ranking dos candidatos e que permite aos partidos lancarem um niimero excessivo de candidaturas, o PT conseguiu fortalecer 0 senso de lealdade que os deputados eleitos tinham para com o partido. Em vez de incentivar os votos nominais, 0 PT optou por cultivar os votos de legenda, opcao permitida na cédula brasileira mas raramente em outros sistemas eleitorais centrados no candidato. Em 1990, 43 por cento de todos os votos recebidos pelo PT nas eleicdes para a Camara dos Deputados foram dados para a legenda.5 Até 1994, 0 PT foi o partido que ganhou, com boa margem, a maior parte dos votos de legenda no Brasil (Samuels, 1999, p. 499-500). Uma das muitas metas para promover a organizacao partidéria (em vez das personalidades) dentro do PT, foi reduzir os altos custos associados com as campanhas individuais. Varias outras disposides intemas ajudaram a proteger os politicos petistas dos incentivos corrosivos do sistema de lista aberta. O militante que quer ingressar no partido é sujeito a um exame minucioso, e todos os membros do partido sio obrigados a fazer contribuic6es financeiras (por exemplo, politicos eleitos para cargos publicos pelo PT doam um terco dos seus salérios ao partido). Candidatar-se a um cargo sob a legenda petista significa ter ja alguma historia dentro do partido e também ser aprovado por um comit interno que investiga detalhadamente o passado do candidato. © comité investigador iria vetar qualquer envolvimento prévio com corrupgao e ver com bons olhos a vincula¢3o do candidato a entidades da sociedade civil ligadas ao PT. Resumindo, o PT conseguiu aumentar seu espaco na Camara dos Deputados sem cair nas armadilhas do sistema eleitoral, justamente porque inovou regras normas internas que visaram neutralizar os efeitos desse sistema. Foi assim que 0 partido conseguiu se consolidar organizacionalmente e construir um perfil piblico transparente, do qual a politica “limpa” era um aspecto central. Contudo, como o partido reagiu as press6es institucionais quando se tornou fortemente determinado a se expandir rapidamente, com a meta declarada de conquistar a Presidénciat O PT entre 1995 e 2002: 0 vote-maximizing deixa o partido mais sujeito aos incentivos institucionais Em meados da década de 1990, 0 partido mudou notavelmente seu rumo. O PT fez uma nitida mudanca, minimizando as metas organizacionais e ideologicas e maximizando a procura de votos. José Genofno, futuro presidente do partido (2002-2005), simbolizou 0 novo perfil de lideranga com esta declaracao: “agora 6a hora de ganharmos, nao somente de demarcarmos 0 nosso territério".” As razes para esta mudanca s4o muito numerosas e complexas para serem anali- sadas aqui, e sao discutidas a fundo em outros trabalhos (Singer, 2001; Samuels, 2004; Hunter, 2006). O ponto a ser enfatizado é que quando o partido decidiu rescer mais rapidamente e ganhar a Presidéncia da Republica — meta que o PT perseguiu obstinadamente depois da derrota de Lula em 1994 por Fernando Henrique Cardoso ~ foi induzido a jogar a “politica convencional” em muitos aspectos importantes, especialmente no que tange ao financiamento das cam- panhas. A caracteristica majoritaria das eleicoes presidenciais, isto é, a necessidade de ganhar mais de 50 por cento dos votos pelo menos no segundo turno implica sérios desafios para os partidos e candidatos. Nem todos os sistemas presidenciais da América Latina operam desta maneira. Alguns pafses elegem presidentes em um Gnico tumo de votacio, e outros, mesmo usando dois turnos, optam por uma maioria relativamente reduzida (por exemplo, 40 por cento) para facilitar a eleico no primeiro turno (Payne et al., 2002). Este desafio excepcional enfrentado pelos candidatos no Brasil consiste em obter um alto nivel de apoio em um sistema de extrema fragmentacao partidaria. Esta situacao é em si mesma um produto do contexto institucional. O principio de proporcionalidade para as elei¢&es para a Camara dos Deputados, junto com uma magnitude de distrito alta, faz com que o Brasil tenha um dos sistemas partiddrios mais fragmentados do mundo (Mainwaring, 1995, p. 375). Simultaneamente, de acordo com o aspecto da lista aberta do sistema eleitoral, o eleitorado € caracterizado por preferéncias partidérias fracas e preferéncias ideol6gicas inconsistentes (Carreirao, 2004; Samuels, 2006a). A probabilidade de angariar 0 ntimero maximo de votos em um sistema com tais caracteristicas induziu o PT a uma estratégia pragmatica mais associada com os partidos tipo catch-all. As mudan¢as mais notaveis que refletem esta metamorfose pragmatica incluem uma moderacao do seu perfil programdtico (prestando mais atencao a opiniao publica); a contratacao de 160 - INSTITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL marketeiros para ajudar o PT a criar uma imagem capaz de aumentar 0 seu apelo eleitoral; e uma flexibilizagao quanto a aliados e coligacdes. Esses novos comportamentos refletiram uma adaptacao partidaria estrutura institucional da competicao. © pragmatismo também venceu todos os debates com respeito ao déficit financeiro do partido. © PT sempre teve uma fonte de recursos extremamente modesta em um pais onde as campanhas politicas estdo entre as mais caras do mundo, onde o dinheiro influencia muito a possibilidade de sucesso, e onde 0 financiamento das campanhas soft pouca regulacao legal. Esta situacao geral- mente privilegia o relacionamento entre as elites politicas conservadoras e os interesses da classe empresarial. Insuficiéncias econémicas tinham comprome- tido a eficiéncia das trés primeiras campanhas presidenciais de Lula de varias maneiras. Por exemplo, Lula ndo péde viajar tanto quanto os outros candidatos. O PT também nao foi capaz de distribuir a mesma quantidade de material de propaganda eleitoral como os outros partidos, ou até mesmo de lidar com a folha de pagamento de seu proprio staff de campanha. Devido precisamente ao seu radicalismo, o partido recebia pouco ou nada em termos de contribuicdes (legais) de empresrios. No lado da “oferta”, os grandes industriais estavam relutantes a patrocinar financeiramente um partido que apre- goava grandes reformas de redistribuicao de renda, Lula tentou se encontrar com muitos dos mais importantes empresérios e banqueiros nos anos 1990, contudo eles geralmente se mostraram descrentes com a moderacdo petista. Alguns se expressaram que teriam confianca na pessoa de Lula, porém temiam que ele nao pudesse controlar a ala esquerdista do seu partido.® No lado da “demanda”, ‘0 membros mais vocais das faccBes esquerdistas do PT resistiram aos esforcos de Lula de cultivar a classe empresarial desde o inicio dos anos 1990. Estes até condenaram o fato de que dois governadores petistas (Cristovam Buarque do DF e Vitor Buaiz do Espirito Santo) tinham recebido doagoes legais de empreiteiras, Contrariando a simpatia declarada de Lula a essas contribuigdes, a militancia iniciou uma crise dentro do partido ao tentar pressionar os dois governadores a devolverem o dinheiro.*° Embora estes membros reconhecessem que a falta de recursos estava impedindo o progresso do PT, o receio era que se 0 partido comecasse a aceitar tais doacdes, o empresariado viria a exercer uma influéncia indevida sobre as propostas de politica econdmica oriundas do partido." Em comparacdo com os outros partidos, o PT e seus candidatos receberam muito menos em doacées. Por exemplo, considerando que FHC declarou ao TSE que suas contribuicdes na campanha de 1994 foram no valor de R$ 77.259.290 (R$ em agosto de 2002), a quantia de Lula foi de RS 3.125.494. E enquanto as contribuigdes declaradas de FHC para o ano de 1998 foram de R$ 66.363.204, as de Lula foram de R$ 3.572.438 (Samuels, 2006b, p. 135). Contudo, uma percentagem menor destes fundos veio da classe empresarial. Por exemplo, comparando-se com a quantia arrecadada junto ao empresatiado por candidatos ndo-esquerdistas, os candidatos petistas a0 Legislativo levantaram somente 10 por cento deste valor em 1994, e 0 PT apurou somente um pouco mais em 1998 (Samuels, 2006b, p. 146). © apoio financeiro empresarial é considerado 0 mais decisivo nas campanhas presidenciais. A falta de recursos econdmicos sugere 0 porque de o PT ter se sentido pressionado a recorrer aos esquemas de “caixa dois hos municipios onde controlava a prefeitura. Mas, além disso, depoimentos de atores-chave apontam que os obstaculos que o partido enfrentava eram grandes € sugerem como o PT tentou superslos. Bruno Daniel, imao do ex-prefeit de Santo André, Celso Daniel — que fora assassinado sob condigdes que hoje parecem estar ligadas a um esquema de caixa dois montado sob 0 seu governo recentemente declarou que ele e 0 seu irmao consideravam a operacaio como um “mal necessério, ja que ao PT estava sendo negado acesso as doacdes de grandes empresirios disponiveis aos partidos rivais”.12 A virada do PT em direcao a vote-maximization complicou o jogo ainda mai No PT dos anos 1980, quando a prioridade era a propria construcao partidaria (por exemplo, a mobilizacao de militantes para promover a legenda partidéria), gastar seus recursos limitados produzia um payoff relativamente mais alto. Mas a partir de 1995, as novas metas eleitorais do partido tornaram a “pobreza” do PT um obsticulo forte e imediato. Apesar de a imagem e as aspiragdes do PT mudarem significativamente no final da década de 1990, 0 estado financeiro do partido continuou a refletir 0 peso negativo de um passado mais radical, e, portanto, pos em risco suas novas ambi¢des. No final, esta determinacao inflexivel para ganhar a Presidéncia sujeitou © PT a pressoes financeiras e tentagdes as quais 0 partido tinha resistido na sua fase inicial. Até que ponto o PT estava disposto a flexibilizar seus padrées éticos - padrées que tinham sustentado a identidade partidaria desde 1980 - tornou-se claro em meados do primeiro mandato presidencial de Lula. Veio a conhecimento puiblico o fato de que, para sustentar as campanhas petistas no ‘comeco da segunda metade dos anos 1990, o partido tinha montado um esquema complexo e ilegal no qual os prefeitos petistas extrairam comissdes de empresas privadas e ptiblicas que buscavam contratos municipais (normalmente nas areas de transporte publico e de coleta de lixo), e, depois, desviavam estas “doacoe para um caixa eleitoral secreto. Detalhes polémicos a parte, ninguém dentro do PT negou a existéncia do caixa dois. Duda Mendonca, marketeiro responsavel pela campanha de Lula em 2002, admitiu ter recebido dinheiro destes fundos através de uma conta ilegal mantida nas Bahamas. Até mesmo o proprio Lula confirmou a existéncia do caixa dois justificando que “O que o PT fez do ponto de vista eleitoral 6 0 que é feito no Brasil sistematicamente” (O Globo, 18 jul 2005). £ inegavel que os outros partidos se comprometeram com a pratica do caixa dois. Porém, meu argumento € que o PT estava sob presséo excepcional para planejar tais esquemas e participar deles, j4 que nao desfrutou do influxo de fundos legais dos grandes empresérios disponiveis aos seus concorrentes. 162 - INSTITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL Resumindo, 0 PT observou muitas praticas intemas (0 cultive do voto de legenda, controle sobre as nomeacées e o dizimo) que deveriam té-lo tornado menos sujeito aos incentivos corrosivos do sistema macropolitico, e, assim, menos dependente de contribuicdes da classe empresarial. Enquanto a meta de crescimento eleitoral estava subordinada ao princ{pio de fidelidade aos seus ideais basicos, 0 partido nao sentia a necessidade de recorrer a praticas questio- naveis. Contudo, quando 0 PT decidiu competir na arena principal da politica brasileira, faltavam recursos suficientes para entrar neste jogo: 0 partido preci- saria arrecadar mais fundos. O PT tinha mudado as suas aspiragoes e alterado a sua imagem e plataformas, mas nao podia se livrar completamente do peso do seu passado radical. Esses dois fatores colocaram 0 partido numa dificil posigao intermediaria. A corrupcao do PT na segunda metade dos anos 1990 pode ser entendida como um esforco para superar esta situacao. O PT no governo (2003 até o presente): um presidente em colisdo com o presidencialismo de coalizao Com a vit6ria presidencial em 2002, a estrutura dos incentivos institucionais que o PT jd enfrentava na arena eleitoral nao foi liquidada, mas simplesmente deslocada para uma nova arena, a governamental. A conquista do Palacio do Planalto revelou novas condicdes e conduziu 0 partido para mais contradicées. Agora o PT deparou-se com a contradigao entre ocupar a Presidéncia e controlar menos de 20% das cadeiras na Camara dos Deputados. Mesmo somando todos 05 partidos da coligacao de Lula em 2002 (PT, PCdoB, PL), a alianca eleitoral chegou apenas a 25% da Casa. Portanto, a questao principal que pairava no ar era como o Lula poderia transformar a sua base de apoio pessoal (ganhou 61% dos votos no segundo turno da eleicao presidencial) em uma coalizéo gover- nante estavel no Legislativo. A estratégia escolhida por Lula e sua equipe para conquistar 0 apoio do Congresso afetaria criticamente 0 sucesso do governo e © futuro do partido — principal mente porque a intencao do presidente de buscar reformas constitucionais em areas como a Previdéncia Social e a tributaria iria requerer maiorias extraordindrias de 60% em cada Casa. Eventualmente, um dos métodos empregados pelo governo petista foi o chamado “mensaléo”, ou seja, subornos mensais, pagos secretamente a parlamentares aliados em troca de apoio legislativo. A dificuldade de Lula em administrar 0 apoio do Congresso tem raizes estruturais nos altos niveis da fragmentacdo do sistema partidario. Este desafio nao & novo para os presidentes brasileiros. Contudo, os presidentes anteriores normalmente tentaram superar este obsticulo criando gabinetes multipartidérios.1? Eles selecionavam ministros de acordo com um calculo para determinar quantos votos legislativos poderiam ser assegurados com base na patronagem e outros beneficios que o ministro em questdo ofereceria para o seu partido e/ou estado, uma pratica chamada de presidencialismo de coalizao (Abranches, 1988) FHC, por exemplo, consagrou esta pratica de alocacao de ministérios, fingindo ignorar que seus ministros consumissem recursos do governo federal para fins politicos. Esta estratégia pode ser questionavel do ponto de vista de otimizacao le recursos puilicos, mas nao é necessariamente ilegal. Enquanto tal estratégia tem trazido votos para muitos presidentes e estabilizado os seus governos em €pocas dificeis, somente funciona quando o partido do presidente nao insiste em dominar desproporcionalmente o primeiro escalao. Também, s6 funciona quando o partido do presidente concorda na diluicao dos seus principios Programaticos, ao terceirizar as pastas ministeriais e entregar partes do Estado para outros partidos aliados. Evidentemente, Lula e os seus assessores mais proximos foram relutantes, ou até incapazes, de superar as pressdes petistas contra uma alocacao mais propor- ional de ministérios. Uma andlise inicial das escolhas ministeriais de Lula nos primeiros dois anos e meio do seu governo sugere uma alta sobre-representacao de politicos oriundos do PT.'4 Enquanto o partido de FHC, 0 PSDB, ocupou apenas 26 por cento dos ministérios em seu segundo governo, os membros do PT abocanharam nao menos de 60 por cento das pastas ministeriais no primeiro gabinete formado por Lula Esta é uma porcentagem muito alta em relacdo ao tamanho do PT na Camara dos Deputados (18% das cadeiras) ou em relacao a0 peso do PT dentro da coalizao governista (29% das cadeiras). A composi¢ao ministerial de Lula sugere um esforgo para satisfazer as diferentes faccdes internas do PT através de cargos no governo. Considerando que os moderados estavam decididamente com o controle das principais pastas econdmicas, as tendéncias mais radicais do PT foram compensadas com a influéncia sobre 0 Ministério da Previdencia Social e 0 Ministério do Desenvolvimento Agrario (Hippélito, 2005, p. 52-54). Em relacdo ao Gltimo, ja que Lula queria compatibilizar as metas de eficiéncia econémica (por exemplo, a manutengio de altos niveis de produtividade no crescente setor agricultural) com as bandeiras hist6ricas petistas (por exemplo, seu compromisso com os sem-terra através da reforma agratia), 0 presidente criou dois ministérios e empossou duas equipes distintas. 5 Aparente- mente, com o intuito de produzir uma coalizao mais extensa, Lula originalmente tinha desejado convidar para o gabinete mais nomes de partidos aliados. Pouco depois da eleicao, 0 presidente iniciou didlogos com os lideres do PMDB, mas logo encontrou resistencia dentro do seu préprio partido. Incluir desde o inicio 0 PMDB, um partido do centro e relativamente grande, e que ocupava aproxi- madamente 14 por cento das cadeiras da Camara no comeco do governo Lula, parecia uma estratégia recomendavel. Porém, as varias faccbes ou “tendéncias” do PT reivindicavam suas proprias cotas de cargos publicos e, conseqiientemente, nao estavam dispostas a compartilhar o poder com outros partidos da coalizao (Flynn, 2005, p. 1226). Lula precisava do aval destas faces para as reformas mais polémicas que ele propusesse, por exemplo, a previdenciéria. Apesar de 164 -INSITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL © governo ter aumentado o nimero de ministérios de 23 (éltimo gabinete de FHC) para 35 (primeiro gabinete de Lula), assim possibilitando uma maior propor- cionalidade na distribuicao de pastas, esta oportunidade nao foi aproveitada No final, 0 PT acabou por “comprar” a colaboracao dos outros partidos, aqueles que logo se revelariam implicados no escandalo do mensalio, Varias interpretacdes desta concentragao de poder demonstram um tema em comum: o PT nao deixou para trés 0 seu pasado radical o suficiente para se erguer com firmeza na sua nova posigao. Isto talvez tenha sido por causa da necessidade de conciliar as varias tendéncias internas, ou da suspeita de aliados ndo-esquerdistas,'6 ou das tendéncias hierarquicas da lideranca do PT, ou do desejo de manter algum grau de coeréncia ideolégica ao chegar ao Planalto, Todos estes aspects caracteristicos do PT tém impedido o partido de se adaptar totalmente ao seu papel de governante. Resumindo, os vestigios do legado pe- tista de ser um “partido mobilizado externamente” (externally mobilized party) chocaram-se contra os obstculos institucionais enfrentados pelo PT no seu novo papel de governante, Assim como o esquema petista de financiamento ilegal da sua campanha (sendo este o resultado do desejo de entrar no jogo eleitoral sem as “credenciais” necessdrias para arrecadar doacdes legais do empresariado), 0 PT queria montar um governo sem respeitar as regras informais do presidencia- lismo de coalizao Concluséo (Os recentes escandalos de corrupcao envolvendo o PT sao melhor compreen- didos em termos do “sistema” ou em termos do préprio partido? Este trabalho sustentou que ambas as dimens6es contribuiram, de maneiras distintas, aos problemas do PT no primeiro governo Lula. Enquanto os incentivos institucionais do sistema modelaram os parametros da mudanca comportamental, a trajetoria do partido e o compromisso duradouro de alguns militantes com um projeto de transformacao radical definiram a légica da adaptacao do PT aqueles incentivos. Lula e a ala pragmatica tentaram navegar entre o sistema e 0 partido, mas se depararam com varios desafios ao longo do caminho. Esse percurso minado confirma a forca que os incentivos institucionais exercem sobre os partidos que se preocupam com a maximizacao de seu espaco eleitoral. Até mesmo um partido como o PT, com uma base fiel de militantes e uma longa historia de radicalismo, caiu nos modelos de comportamento mais tradicionais depois de redefinir suas prioridades estratégicas. Se até 0 PT, a0 adotar uma estratégia de vote-maximization dentro do contexto do sistema politico brasileiro, nao péde resistir & utilizacao de medidas questiondveis, é altamente improvavel que qualquer outro partido poderia. Portanto, o PT representa 0 caso de um partido radical programatico que foi transformado pelo “sistema” em um partido menos “diferente”. ‘Ao mesmo tempo, os escdndalos de 2005-2006 refletem a trajet6ria hist6rica do PT desde 1980. Por exemplo, o relacionamento distante com 0 empresariado, devido ao prévio engajamento do PT com o socialismo e com reformas progres- sistas ambiciosas (como a reforma agréria), explica parcialmente o comeco do caixa dois. Conflitos internos entre as facgdes e as tendéncias, as relutancias internas a construcao de aliangas com partidos nao-esquerdistas e a resisténcia & diluicao da ideologia petista estao refletidas na escolha do governo de “comprar” 0s parlamentares individuais em vez de cooptar seus partidos, ao oferecer-Ihes ministérios. Resumindo, por causa do seu legado histérico e cultura interna, c PT se encontrou preso entre os incentivos do sistema politico brasileiro e os obstdculos a uma adaptacao integral a esse mesmo sistema. A logica deste argumento sugere que existem espacos para reformas, tant dentro do sistema quanto dentro do PT. © primeiro passo seria o financiamento piblico das campanhas e uma legislagao mais forte sobre as declaracdes das contribuicoes partidarias. Medidas para desenvolver partidos mais fortes e reduzir a fragmentacdo partidéria no Congresso iriam também atenuar as pressoes financeiras das campanhas, j4 que 0 dinheiro é normalmente visto como um substituto para as estratégias organizacionais de longo prazo, e as ‘campanhas individualistas so consideradas sempre as mais caras. A redug3o da fragmentagao também contribuiria para a maior governabilidade. Apesar de 08 poderes presidenciais serem comparativamente fortes no Brasil, o presidente nao € onipotente e realmente depende de apoio legislativo para diversos fins, A capacidade de FHC de construir uma coalizao ampla e duradoura se baseou em varios fatores conjunturais que nao so facilmente reproduziveis no futuro, As dificuldades de Lula sugerem que as relacdes Executivo-Legislativo no Brasil se dao sobre uma fundacao muito fraca, devido a falhas estruturais ~ ou seja, fraquezas institucionais. Quanto ao Partido dos Trabalhadores, seria aconselhavel alcancar um maior consenso interno sobre qual tipo de partido o PT quer ser no futuro. Por um lado, no hd duvida de que a relag’o dinamica entre a ala pragmatica, mais preocupada com 0 desempenho eleitoral, e as fac¢des do partido mais ligadas aos movimentos sociais serviu como um ponto positivo para o desenvolvimento do PT nos seus primeiros anos. Por outro lado, se foi a indefinigdo ou a falta de consenso interno no partido que o levou a seus problemas atuais desde entao, a implicacao légica é que o partido deve decidir em que direco avangar. Reco- nhecendo aqui o risco de super-simplificacao, as opcées so duas. Primeira, o partido poderia retroceder, se submeter a um processo interno de autocritica e depois decidir se tentaria recuperar a sua énfase nos valores que pregava no passado. Segunda, o PT poderia se render irreversivelmente ao mainstream politico e vestir a roupa de partido convencional até muito mais inequivocamente do que tem sido o caso desde 2002. 166 -INSTITUIGOES REPRESENTATIVAS NO BRASIL Areeleicao de Lula em outubro de 2006 exercerd uma forte influéncia sobre a futura direcao do partido. O governo capitaneado pelo PT iré, com certeza, se deparar com novas pressdes de contflito, e possivelmente sem o mesmo nivel de apoio no Congresso que recebeu no primeiro mandato. Justamente por isso, 0 fato de Lula ocupar novamente Planalto por mais quatro anos iré certamente diminuir o interesse e a capacidade do partido de empenhar-se em um proceso de autocritica e reforma interna. Tudo sugere que continuar no poder ird, no final das contas, impulsionar 0 PT a convergir mais e mais com os partidos do mains- tream. Tal desfecho deixaria os eleitores sem uma alternativa clara a “politica tradicional” e iria, sem divida, empobrecer o sistema partidario brasileiro. Notas ‘eros textos de Nicola ede Despost, nesta coltines. ‘Uma cls debra saris neds na eis 2006, Un prio pcr de bter pelo mencs 5 por cento do ‘ero nacional com pelo menos 2% ume dos evade para ets presets ellos grarem de tuncinameno Parlamenie” no Conrsso, Condo, 2 clusula fl anulada pelo STF no da 7 de dezemi de 2006 endo tveefio Sobrea epsaturaerpessada em 1 de fever de 2007 Ver Samuels (199, p. 306512 para um excelente esumo dos proceimenos quanto ao rerum de candids © controle partir sobre as nomeacbes ra fraleido pa recusa do PT em seguira pica de “candid nat, va Instugso que at 2002 gratia a depts eletos na aia cleico ua vgn auttia a legenda do pro no Préximo peo. Ver Mainwaring (1999, . 255) puta una ania desa praca. Evidences do scesio do PT 2 cular os ots de legendas encanta no Estudio ~ fsb, de 2002 Cosiderado que 93% dos ponders foram capazes de associat ondmero 13 ou com oPT 77%] oucomoLla 16%), rienos que 1 consgul entice comtaments os autos eros que aparece nas cls etal ve erga Sedo eb 2002, Embusca do ionsrio Heal Va Online, 27 fe, 2002. Fala de recurs trapalh oP. fal do Bras, 1 a0, 1994 Ver, or examplo “Lula se Redne com Banque” (oral Tac, 30 jun. 1993 “Lula no convence empeesiio de ue conla PT” Vora de Bai, 23 jun. 1983) 1“. defende doaies de eroiteis”Uomal Tarde, 30 nov. 1998; Busi também recebeu doacSo da Obrecht™ oral do Basil, 29 now. 1994, p. 5, Presso ds bases obvi PY x devolves dnhei” (Caro Brezlinse, 29 nov. 1958 “Meech una peso Companhia (Corel Branliense, 4 de. 1994, 7) ‘Uma entrevista datos co Paula Vannuchi (17 ag. 2006 confmo qe aaa eeqerdsa tinh rested quanto 20 patio ter un relaconarento mais roxio com o enprestado, Vannuch tomou a lta de organza Insite idan em prt pas dr ula maior autonoma pre cltvaragos com os empress mas inpantates, "2 How a ude revving rai furore over compton. Finacial Times, London, 28 mar 2006, p15 1 Alm de stb ministrios mis roporcinaiment, 8 alerativas normals par subome de legos inviduais ‘So. wo eatin do par de agua presencia a execu de eres dos paramentares 0 Oren. Devido ‘ade spa, ete rabalho limita o seu aco & ave de por que 0 govema Lula ecru a0 mesalo em vez de investi nopresdencalsmo de colo, “Ver texto de Amor Neto, nesta coltines tab Pra Power 2006). mpl, ochele da Constora Leta da lepuaos pats param ajuda da Corto compos com pramentare outros ps valer da asistencia insttucinal, Uma pesquiador da Co pei ajuda detent a la fem logar de utlzarem © tora confidenclowsne eimento cometo de aque ino Referéncias Bibliograficas Rode Janeiro v.31, 1,0. 534,198 clsmo de coalzo: olen institucional base. Dados, AMES, Bary. The deadlock o Bras 198972002 FLYNN, Peter Brasil and and Change in Political Penpecive Third World Quartet UNTER, Wendy. Growth nd Tran mation ofthe Worker’ Party in ral, 19692002. In KELLOGG INSTITUTE MACHADO, loo; VANNUCHI, Paulo, Mos br, Teoria € Debate v.13, p40, ev. 1991 cl: Weak Parties, Fecklss Democracy. In: MAINWARING, Scot: SCULLY, Timothy R anor Waveof Democratization the Case of Brazil Stan PAYNE). 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