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' ANTONIO S | GANDIDO . 21300010781 ‘S80-FFLCH-USP sew MAIIUQI Série ¢ Temas volume 4 Estudos eriioe SUMARIO Mac SE he oe a dos origina ara Bila Macedo se Olvera cove ‘cy Sima Normanha Falgso de arte (nto) atin do Xan Racha Produ grfien laine Regine we Olvera © Fe ee tee ee Primeira parte 1. A educagho pela noite iia 2 Gs pennies bavcealsancs 3 (a ——————? 4 Poesin gto ne autobogaa 1 Segunda parte cei Sy 6 Tener 6o roxas 4, Fora do texto, dento da vide 100 8 Ono eaten 12 . Terceire parte ISBN 85 08 01725 + |) We) atestos © subsesenvotincao sao Petes) os cas gues 168 180 ¢ acakea_——_ (an 980 a 193 ‘adn oda snares Nee steno tern. pias ae re ASR Re ie Se pe 110 {eves —— “el: (Ax) 28822 — Capa Postal B58 218 nage Garde! Sto Poe 2s on ee 9 LITERATURA E SUBDESENVOLVIMENTO 1 | Mitio Vieira de Mello, um dos poucos que abordaram 0 pro- blema das relagbes entre subdesenvolvimento-e cultura, estabelece pata o caso brat uma ditingao que taribCHr& Wlda pare toda 4 Amétiea Latina Diz ele que houve alteragio mareada de pers- Peetvas, pois aié mais ou menos o decénio de 1930 predominava tntre nés a nogio de “pais nova", que ainda nto pudeta realizarse, mas que alcbuia 2 si mesmo grandes posiblidades de progress futuro. Sem ter havido modifeagao essencial na distincia que nos Separa dos paises ricos, o que predomina agora & a nogao de “pals subdesenvolvido". Conforme 4 primeira perspectiva salcntave-se A pujanga virtual e, portanta, & grandeza ainda nfo. relizada, Conforme a segunda, destaca-se a pobreza ual, a atrofia; 0 que falta, nfo 0 que sobra As conseqiéacias que Mério Vieia de Mello extrai desta ds- tingao no me parecent vélidas, mas tomida em si ela & justa aaurilia e compreende certos aspecios fundamentas da ciagao Ite- ria na América Latina.’ Com efetol.aidéia de pals novo produz a Titeraturaalgumas aiudes fundamentais, derivadas da surpresa, Matto, Mito Visira de, Deserotsinenio« eae. 0 probleme do exe timo no Brat. Sia Pato, Nason 196, 9.317 o interesse pelo exstico, de um certo resplto pelo grandio 4s esperanga. quanto as possibilidades.) A juéia de que a América constiuia um lugar privlegiado se exprimiu em projegtes wt6pic (que atueram na fsionomia da conquisa e da colonizagdo; © Pedro Henriguez Urea lembre que o primeico documento relativa a0 nosso continente, a carta de Colombo inaugura-o tom de deslum- brameato exaltagio que se comunicaria & porteridede! No século XVI, misturando-pragmatismo e profesmo, Antonio Vieira acon sethow a transferéacia da monarquia portuguesa para © Brasil, que ‘otaria fadado a realizar or main ltor finn da HittSria como 228 ddo Quinto Império,. Mais adiante, quando as eoatradicdes do este ‘tuto colonial levaram_as camadas dominantes & separacio politica fm relaclo As metropoles, surge a ideia complemeatar de\que a ‘América tnha sido prodostinada a ser a péisia da Uberdade, ¢ assim consumar o¥ aestinos do Romem do Ocidente Esse esiado de_eufaria foi herdado pelos intleetuais ltino- americanos, que o Wansformaram em instrumentos de afirmacio nacional e em jostificativa idel6gica. A literatura se Tez lingvager de exlebragdg © temo apego,, favorecida pelo Romantismo, com apoio nz-hipésbole-e na ttanstormagio do exatisma_em estado de alma. (O nosso e6u era mals azul, ab nossis flores mals Vigoss, @ nossa paltagem mals inspiradara que a de outros lugares, como se Te num poema que sob este aspecto vale como paradigms, 8 "Can lo do exilio", de_ Goncalves Diss, que poderia ter sido assinado. Pa gualgr tm ds seus comnpotnes[atno-ame ©: México e a Tarra do-Togs-"] ‘A idéia de patra se VinGulava estecitamente & de matureza\_ e em parte exiata- Jele-1 Wa jusilicava, | Ambas conduriam “uma Itergiura que compeasava o atrato material ¢ a de ade, ‘ds nsituigbes por meio. da supervalorizagso. das aspectos eglo- has, fazendo do exotismo razéo de otimismo social. JNo Santos Vega, Uo argentino Rafael Obligado, jf quase no siulo XX, a cextltagio natvista se projeta sobre o civismo propriamente dito ¢ © poeta distingue implicitamente petra (institucional) ¢ terra (na- tural), ligandovas poném no mesmo movimento de identifeasdo fal 1a conviceiin de que et mia 1a patra de Behoter, Ea Horr de Santor Vers LUPéiria do penssdor, tera do caniador. Um dos pressupostos costensvos ou latentes di literatura latino-americana fol esta conta rinacio, geralmente eufrica, entre terra © a pri, consideran- do-se que a grandeca da segunda seria uma espécie de desdob Steav ‘tural da pojnga atbuida 8 primeian At nossas Ther turas se nusram dat "promessas divges da speranga® — para iar um vero famowo do Romntima braseiro Mas no outro ado da medain,tambim a vises dessenadas dependian Us mesma ordem de ssioagtes, como se a dbiidade fu desorganiagto. Gs inugges constitute wm paradoxo ‘teoncebvel em fae das grandostecondigbes natures. (Na AME fica tao & grande, +0 0 omen & peguena”) (Lom, dada esa tgacto causal “tena bela — ato € dificil ver_a repercussio_que i olsen como muudancade-pespecica, que eidendou 8 Fealidade dor solos pobren, das tétiasarcaicas da msn pak tnoss Gas popuagbes da tua incurs paras A visio que renlla € pesinisia Guato ap presente ¢ problemiic quanto 80 faturo, © © doin testo de mitaarismo da fase anterior faves sea ‘songs com qo a smite ie & Tendo do ingealino is, por 85, 4 rogresot Mas en gera, n= trai mal dein pom de visa pasivo. Desprovido de eufora, tiv agonicoe leva & dectto de tar, pois 0 taumatsma causado 8 conslaca pela veifagdo de quanto 0 sraso & catsico ftsoite reformulagdes politens.| O_precedente-gigantismo de base Palngiica apaeso-nioo-n. sua Sagi vende — cag cog = ‘uso compensadora. /Dal a Aisposigdo de combate que se alssira pelo continente, tomando, Adin de athsreenvolvimenta ama forca. nronulsara, que li nave ‘eunho 20 tradicional empenho politico dos nossosintlectuais, WA conscincia do subdeseavolvimento ¢ posterior & Segunda Guetra Mundial e se manifesion claraments partir dos anos de 1950.) Mas desde o decinio de 1930 tinha havido mudanca de orientagdo, sobretudo na ficgdo repionalsta, que pode ser tomada como termémetro, dadas sua generalidade e perssténca.| Ela fbindona, entio, a amenidade e curiosidade, presentindo ou per txbendo © que havia de mascaramento no encanto_pitoresco, ov ‘no cavalheirsmo ornamental, com que antes se abordava 0 homem {istic Neo ¢ falso dizer que, sob este aspecto, o romance adgui- tin uma forca desmisticadora que precede e tomada de coascién- cia. dos economistas © politicos. I Neste ensaio falarei,alterntiva ov comparativamente, das caractristcat Ierdriat ma fase de consciéncia amena de, atsao,> correspondente 3 ideologia de “pais novo" © na fase da conscitn- fla catasréica de atraso, correspondente & nogao de “pais subde- nie | senvolvido". Isto, porque ambas se entrosam intimamente © & 10 | wa. passado imediato e remoto que percebemos as linhas do presente, ‘Quanto a0 método, seria possiveleltudar as condigées da difusto ou as da producio das obras.) Sem esquecer 0 primeiro enfoque, prefer destacer 0 segundo, que, embora nos afaste do rigor das ‘Ssatsiens, nos aproxima, em compensagi, dos interests eepeak Tieos da eritiea Medi, a 2 Se penarmos nas condiges materials de eitncia da tera tur, foo basco taver sea 0 azalabetsmo, que nos pater de tallis pré-clombiana adanada € agravado pela plurailade I (gat dade Vigeie: Eas a eRe tea tolich ngs 0 ea figar 20 a0 Com efi game 20 analibetsmo as maniste- ses de debidade cluraitatia de meios de comuniagio‘e difusto {eaitocas, bltees, revsts Jorma); inexiseneia Gepersto.¢ {faquera ‘dos pllecscisponiels pare a lteratura, devido 20 Geno meio de ‘eres reals (aulo menor que 9 atineo id ‘durido de alfabetzador); impossblidade de cpecaizagto = CSetiores em suis ‘artes letras, gerainente renlzades come {atefar marginals ou mesmo amadorsteas; falta ds reitendta oo E assim vemos que analfabe- tismo e requinte, cosmopolitsmo e regonelismo, podem ter raizas aisturadas no solo da incaltra e do eslorgo para supecsla Tnlluéncia mais grave da debilidade cultural sobre a producto Iierria sao 0s fatos de atraso, anacronismo, degradasio e coafusso de valores ta Tndcsso a Desio de Almeids Prado ‘Toda literatura apresentaaspectos de retardamento que so ‘normais a0 seu modo, podendo-se dizer que « média da producso ne tum dado instante Jé © ibulrin do pasado, enquanto es van- nee Eee Uitte uaeiae diag viewers ice, ‘Um problema que vem rondando este ensaio e Iucra em ser Aiscutido luz da dependéncia causada pelo alraso cultural é 0 das Sarginal © provincana, ge st peas Academics. Mas 4 OS ae oe ed influéniasde viio tipo, boas © mis, ineviGvels ¢ desnecetéras, Sideadas vias obras eteticamente anaeronzas to ato de obras (CAs noses Tteraturas latino-anerieanss, como também as da secuadarias serem acolhides pela melhor opinido critica e durarem ‘Amériea do Norte, sio basicamente galhos das metropolitanas. E seeundingsrem seit Po uowy cues deveram et «alias ot minds do-orguho-nasonal. veremos ue, Seer a Oe eee ees Sreur 2 auonninls aie [at Mama om acta Imanifestagdo Ge sobrevivecie Indes. Citemos apenas estanho anda sho em pate referas. No cao dos paises de fal epanhola ho do pocma Tabare, de Juan Zorrila de San Marts, tentativa € portoguss, © proceso de sufonomia coi, nama bos pat, case poem ata ico fim do sceuo XIX, lvada.a —«, «nsec a dependéncia, de modo que outras Heratiras euro de spond national rusia £0 Mmebda‘c sccataa roginda -«—=«éAE do-meropolitana,sobretado a frances, foram se tormando ee puanionan Inodelo s partir do séeuio XIX, 0 qu aliée dcorrew também na: ants metcpoes, intensameneatranesadas = eat € pre- ples, demora cultural & 0 que ocorre com o Naturalismo no ro- ee ee ah aaah atiae deren aoe IO See te eh ance, que chegou um pouco tarde ese prolongou até nowsos dias Wye Lose eG a [unease un carattiaresorsssenaencieszust [Esta € a que se poderia chamar deSinfludnca ineyitivel,socio~ et | loscamentevinculada & nossa dependénciayesde a propria colon ‘Ouiras vezes 0 atraso nada tem de chocante, sgnificando sim- | modalidades.0 fato de ]’ problemas de ajustamento e luta com o melo, assim como proble- ‘ago ¢ do teausplante por vezes Brutalmente forgido das culturas Se cued eapeaspaeiemamn a 0 que daa 4 sespeto Juan Vales no fim do século passa FY sta com os fatores tics © biolbicos Em tas casos 0 peso da De ste Indo y del ota dl Attic, ve0 y coafeo, eI gente realidade local produ uma espécie de Jegitimagio da iflotncia Ae engun eal, meses Sepndencn de to franc, 9, bat ‘etardada, que adguize sentido criador,) Por isso, quando na Europa sero. punto, lo ereo ineludible: pero ni yo rebajo el metito de | \o Naturtisino era uma sobrevvencia, ene nds ainda pouls vet Jn Glencin vn orin en | | fgredient de formulas leriiaslegtimas, como ss do romance. Ce Sea eh Sener ree AD social dos dectnios de 1930 © 1940, eae atercetirhedioneeMesteiees Seer aes TH oitos cates francamentedesaross: os de provacans+ [Lo gue yo sotengo es que musta admiracion no debe sr mmo cultural, que leva a perder o senso des medidas e aplicar @ cia, ines tc sn een, y que convene tomar To ‘obras som valor o tipo de reconbecimento e avaliagfo utlizados ue fomemos con dbcerinieno y prodencia.® ta Europa pra op lvaos qualidade. Que ev, and, a fend- nerninniesertereaiciee ree ; ; menos de Vtdadsia,depadaca clr), fzeado. paar obras Pee ey a rt Spay no seta de duc pre om conrabendo,devido& fe + | Data Barbar (Que & una especie J apteose do bom patio) fen de repens ue, nn on tages a Georg Grozs que ceaervee Inns em Kara os Jorge Amado, em eujos heros ou esta de. roresco © nelodramdico € dalndo pelo dewmaecaramento so: Ea teen ponent a pasagem da “comseiacia de pals 20" "Sconsctenis We pas_sobdeemvodo™ com at conoqiencas Polieas que to impor ‘Apear de. muitos desis etcttres se caracterizarem pela lingiagem espontinea eeu, o peso da conscinea socal tut por vets eatlo como for postve, dando Toga & procera Ineresantes olugoen adapadar brepresetago. da, desigvaldde 2 n inusiga} Sem falar to meste soasumado que & Astras em tiguns dos sfor Leos, mexmo um romancha cursivo eomo Tear deve a sia drabiidade, menos 2 debateracio idignada ot 30 Ra peat orrerc dior nitcsimaniigten es cea fesuros de etlo que encontov para exprmic 3 miséaa. 0 oso, em Hvarpungo de cero emprego diminsvo des pala, 16 do ritmo de pranto na fala, da redugio ao nivel do animal; tudo junto encama uma espécie Je diminuigéo do homem, sua redugio. as fuagies elementares, que se associa a0 balbucio lingistico para simbolizar a privagao. "Em Vidas secas, Graciliano Ramos leva a0 Iiximo ¢ sua costumeira contengio verbal, clsborando uma ex- pressio reduzida & elipse, ao monossiabo, abs sintagmas minimos, para exprimic 0 sufocemento humano do’ vaqueiro confinado aot ‘niveis minimos de sobrevivenca. T Vem & propéisita dizer que 0 caso do Brasil & talvez peculiar, pois agut o regionalismo inicil, que principia com o Romantsmo, fntes dos outros paises, nunca produziu obras consideradas de primeizo plano, mesmo polos contemporineos, tendo sido tendéncia Fecudira, quando no Trancamentesublirdia, em prosa e verso. (Os melhores produtos da fgao brasileira foram sempre urbanos, a6 mais dat vezes desprovidos de qualquer pitoresco, sendo que 0 seu maior repreventante, Machado de Assis, mostava desde os anos {de 1880 a fragilidacte clo descritvismo e da cor local, que bani dos feus livros extaordinariamente requintados." De tal modo que sb 4 partic mais ou menos de'1930, numa segunda fase que estamos fentando caracterizar, a8 tendéncias repionalsas, ja sublimadas © como transiguradas pelo realismo social atingram o nivel das obras Aignificaivas, quando em outros paises, sobyetudo Argentina, [Urugua, Chile, estavam sendo postas de lado. ‘A superacio destas modalidadese o alaque que vém sofeendo por parte de critica sio demonstragées de amadurecimento. Por Rroymuitor autores rjetaram como poche 0 qualiiativo do tio alist, que de fato no tem mais Sonido. Mas ito ngo impede {que a dimensio regional continue presente em multas obras da Iaior importéncia, embora sem qualquer caréter de. tendéncia imposiive, ou de requisita duma equivocada canscéncia nacional, (© que vemos agore, sob este aspecto, & uma florada nove- listica marcada pelo efinamento téenico, gracas 20 qual a5 regibes, se transfiguram ¢ 0 seus contornos humanos se subvertem, levando ‘0s tragos antes pitorescos a se descarnarem © adguirirem universte Tidade. ‘os Descartando o seatimentalismo a retGrca; nutrida de cle ‘mentos nfo-reaisas, como 0 absurdo, a magia das stuagdes; ou de téenicas antinatualists, como 0 monélogo interior, Vi simulldnea, 0 escoreo, 2 elipse — ela implica nfo obstante em sproveltamento do que antes era a propria substincia do nativismo, fia erotisme edo documentiria social. Isto levaria a propor a distingto de uma tercoira fase, que se poderin (pensando em suse realism, o¥ supet-realismo) chanar de super-repionalista,- Ela corresponde consciéncia dilacerada_ do subdesenvolvimento. © ‘opera uma explosio do tipo de naturalismo que se baseia na refe- Tlacia a uma visio empiriea do mundo; naturalismo que foi a {endéncia estctica pecllar a uma época onde triunfava a mentalids- de burguesa ¢ correspondia 4 consoidacio das nossa lteraturas, este super-egionalismo € txibutésia, no Brasil, a obra revo~ taciondea de Guimaries Rosa slidamente plantada no que poderia, thamar dea universlidade da repito. Eo fato de estarem ulta- c0 € 0 documentirio nfo tora menos viva a Jo em obras como as de Juan Ralfo — quer na Fealidade [ragmentéria e obsessiva de Llano en llamas, quer na fobriedade fantasial de Pedro Péramo. Por isso € preciso matizar juios drésticns e no undo justos, como os de Alejo Carpentier no preticio de El reyno de este mundo, onde escreve que 0, nosso Fomance nativista 6 ume espécle de teratura oficial dos liceus fo encontraletores nem mais nos lugares de origem. Sem dGvida “ce pensarmos aa primeira fase da nossa tenttiva de classifeagio;, ln certo ponto — se pensirmos na segunda; de moda algum — se Tembrarmos que @ terceira carrega uma dose importante de ingre- Gentes regions, devido ao proprio fato do subdesenvolvimento. ‘Como ficou dito tis ingrediontes constituem a atuacio esiizada Gas condigdes dramticas pecullaes a ele, inererindo na selegio dos temas e dos assuntos, bem como na propria elaboraglo da Tinguagen. Nao se exigich mais, como antes se exigcia explicit ou implittamentes que, Cortézar cante a vide de Jua Moveyra, ou Glarice Lispector explore 0 yocsbulirio sectanejo. Mas aio se Geixarh iguslmente de reconhecer que, escrevendo com requinte © Superando o naturalismo académico, Guimaries Rost, Juan Rulfo, ‘Vargas Llose praticam em suas obras, no todo ou em parte tanto ‘guanto Cortizar ou Clarice Lispector no universo dos valores ur- finos uma espécie nova de Iteratura, que ainda se articula de modo transfigurador com 0 prOprio material daquilo que foi um dia 0 natvisme. eaLO) LITERATURA DE DOIS GUMES ‘Tragar tm paralelo puro e simples entre o desenvolvimento 4a literatura. brasileira ea hist6ria. social do Brasil seria no apenas enfadonho ms perigoso, porque poderia parecer um convite para olhar a realidade de maneira meio mecdnica, como se ot | fatos histiens fossem determinantes dos faos literios, ou como {seo significado e a rarto-de-ser da Iteratura fossem devidos 1 sus Correspondinela 00s fatos hstricos 'A criagio literésia traz como condigdo necessiria uma carga de liberdade que a torna independent sob muitos aspects, de tal ‘ancra que & explicapio dos seus produtos & encontrada sobretudo eles mesmos. Como conjunto de obras de arte a literatura se Caracteriza por esse iberdade exteaordingria’ que transcende as noses servidoes, Mas na medida em que & um sistema de produtos (ue so também instrumentos de comunicagio entre os homens, ‘oss fantasligagdes com a vida social, que vale a pena estudar @ orrespondéncia e a interacio entre ambas. Nesta palestra a literatura do Brasil seré encarada mais como fato histrico do que como fato estético, pois tentarei mostrar de ‘que mancira est ligada a aspectos fundamentais da orgsnizagio Social, da mentalidade ¢ da eultura brasileira, em virios momentos da sua formacio, Se houvesse tempo, procararia demonstrar que isto $6 pode ser bem compreendigo por meio da andlise de textos Significativos, pois a ligagio entre a literatura e a socedade & pet-

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