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Festa
– Na ausência de Tomé.
– A sua incredulidade.
– A sua fé.
O Apóstolo São Tomé é conhecido por não ter acreditado na notícia da Ressurreição de
Jesus. A sua falta de fé, que se desvaneceu com a aparição de Cristo, deu ocasião ao Senhor
para nos convidar a fortalecer-nos nessa virtude, cujo ponto de apoio é o fato histórico da
Ressurreição. Pouco sabemos da vida do Apóstolo, pois não dispomos de outros dados a não
ser as breves referências contidas no Evangelho. Segundo a Tradição, evangelizou a Índia.
Desde o século VI, celebra-se a sua festa no dia 3 de Julho, data do traslado do seu corpo
para Edessa.
Mais tarde, durante o discurso de despedida na Última Ceia, Tomé fez uma
pergunta ao Mestre que nos deve deixar agradecidos, pois permitiu que Jesus
nos legasse uma das grandes definições de Si próprio. O discípulo perguntou-
lhe: Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?
Jesus respondeu-lhe com estas palavras, tantas vezes meditadas: Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim2.
Mas Tomé não estava com eles. Era o único que faltava. Por que estava
ausente? Foi por simples acaso? São João, o Evangelista que nos narra esta
cena com todo o detalhe, talvez tenha calado por delicadeza que Tomé não
somente sofrera com a paixão do Senhor, como os outros, mas tinha-se
afastado do grupo e estava mergulhado num verdadeiro desespero4.
Mais tarde, Tomé agradeceria que tivessem feito com ele todas essas
tentativas, e que, apesar da sua teimosia, não o tivessem deixado sozinho em
Jerusalém. É uma lição que pode servir-nos para que examinemos como é a
qualidade da nossa fraternidade e da nossa fortaleza junto daqueles cristãos,
nossos irmãos, que num dado momento podem cair no desalento e na solidão.
Não podemos abandoná-los.
O Senhor nunca nos falhará. Não falhemos nós aos nossos irmãos. Não nos
esqueçamos de que todos – nós também – podemos passar por fases de
cegueira e de desalento. Ninguém na nossa família e entre os nossos amigos é
irrecuperável para Deus, porque contamos com a poderosa ajuda da graça, da
caridade e da oração, de uma oração que adquire nestes casos manifestações
e acentos tão diversos, mas sempre eficazes diante do Senhor.
III. QUANDO TOMÉ VIU e ouviu Jesus, exprimiu em poucas palavras o que
sentia no seu coração: Meu Senhor e meu Deus!, exclama comovido até o
mais fundo do seu ser. É um ato simultâneo de fé, de entrega e de amor.
Confessa abertamente que Jesus é Deus e reconhece-o como seu Senhor.
Jesus respondeu-lhe: Tu creste, Tomé, porque me viste; bem-aventurados os
que não viram e creram11. E comenta João Paulo II: “Esta é a fé que nós
devemos renovar, na esteira de incontáveis gerações cristãs que ao longo de
dois mil anos confessaram a Cristo, Senhor invisível, chegando até ao martírio.
Devemos fazer nossas, como muitos outros fizeram suas, as palavras de Pedro
na sua primeira Epístola: Este Jesus, vós não o vistes, mas o amais; vós
também agora credes n’Ele sem o ver; e, crendo, exultais com uma alegria
inefável (1 Pe 1, 8). Esta é a autêntica fé: entrega absoluta às coisas que não
se vêem, mas são capazes de satisfazer e enobrecer toda uma vida”12.
A partir daquele momento, Tomé foi outro homem, graças em boa parte à
caridade fraterna que os demais Apóstolos tiveram com Ele. A sua fidelidade
ao Mestre, que parecia impossível naqueles dias de trevas, foi para sempre
firme e incondicional. Essas suas palavras têm-nos servido muitas vezes para
fazer um ato de fé – Meu Senhor e meu Deus! – ao passarmos diante de um
Sacrário ou no momento da Consagração na Santa Missa. A sua figura é hoje
para nós um motivo de confiança no Senhor, que vela por nós constantemente,
e um motivo de esperança em relação aos que temos mais perto de nós, se por
vontade divina passam por momentos de desconcerto na sua fidelidade a
Deus. Nessa situação, o nosso alento e a graça divina farão milagres.
A Virgem, que estava naqueles dias tão perto dos Apóstolos, deve ter
seguido atentamente a evolução da alma de Tomé. Talvez tenha sido Ela quem
impediu que o Apóstolo se afastasse definitivamente. Nós confiamos-lhe hoje a
nossa fidelidade ao Senhor e a daqueles que de alguma maneira Deus colocou
sob os nossos cuidados. Virgem fiel..., rogai por eles..., rogai por mim!
(1) Jo 11, 16; (2) Jo 14, 5-6; (3) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota a Jo 20, 19-20;
(4) cfr. O. Hophan, Los Apóstoles, Palabra, Madrid, 1982, pág. 216; (5) Jo 2, 25; (6) Jo 20, 25;
(7) cfr. Jo 17, 9; (8) Jo 20, 26-27; (9) cfr. Jo 17, 20; (10) J. Abad, Fidelidade, Quadrante, São
Paulo, 1989, págs. 39-40; (11) Jo 20, 29; (12) João Paulo II, Homilia, 9-IV-1983.