Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
– Não é possível amar, seguir ou escutar Cristo, sem amar, seguir ou escutar a Igreja.
Depois, quando estava prestes a partir para o Céu, para junto do Pai,
sabendo que sempre precisaríamos d’Ele, o Senhor preparou os meios para
que em qualquer época e lugar pudéssemos receber as infinitas riquezas da
Redenção: fundou a Igreja, bem visível e localizável. Procuramos nela o
mesmo que as pessoas procuravam no Filho de Maria. Estar com a Igreja é
estar com Jesus, unir-se a esse redil é unir-se a Jesus, pertencer a essa
sociedade é ser membro do seu Corpo. Somente nela encontraremos Cristo, o
próprio Cristo, Aquele que o Povo eleito esperava.
II. NINGUÉM PODE DIZER que ama a Deus se não escolhe o caminho –
Jesus – estabelecido pelo próprio Deus: Este é o meu Filho amado [...],
escutai- o8. E é ilógica a pretensão de sermos amigos de Cristo desprezando as
suas palavras e os seus desejos.
Por meio dos sacramentos, os méritos infinitos que Cristo nos conquistou
chegam aos homens de todas as épocas e são, para todos, firme esperança de
vida eterna. Na Sagrada Eucaristia, que Cristo mandou a Igreja celebrar,
renovamos a sua oblação e imolação: Isto é o meu corpo, que é dado por vós;
fazei isto em memória de mim11; e só a Sagrada Eucaristia nos garante essa
Vida que Ele conquistou para nós: Se alguém comer deste pão, viverá
eternamente, e o pão que eu lhe darei é a minha carne para a vida do
mundo...12
Em primeiro lugar fé, que significa crer naquilo que, em tantas ocasiões, não
é evidente. Os contemporâneos de Jesus viam n’Ele um homem que
trabalhava, que se cansava, que precisava de alimento, que sentia dor, frio,
medo..., mas aquele Homem era Deus. Na Igreja, conhecemos pessoas
santas, que muitas vezes permanecem na obscuridade de uma vida normal,
mas também vemos homens fracos como nós, mesquinhos, preguiçosos,
interesseiros... Mas se foram batizados e permanecem em graça, apesar de
todos os defeitos estão em Cristo, participam da sua própria vida. E se são
pecadores, a Igreja também os acolhe no seu seio, como membros mais
necessitados.
E se devemos a Deus caridade, amor, esse deve ser o nosso mesmo sentir
em relação à nossa mãe a Igreja, pois “não pode ter a Deus por Pai quem não
tem a Igreja por Mãe”19. Ela é a mãe que nos comunica a vida: essa vida de
Cristo pela qual somos filhos do Pai. E uma mãe deve ser amada. Só os maus
filhos é que se mostram indiferentes, e às vezes hostis, em relação a quem
lhes deu o ser.
Nós temos uma boa mãe: por isso doem-nos tanto as feridas que lhe
causam os que estão fora e os que estão dentro, e as doenças que podem
atingir outros membros. Por isso, como bons filhos, procuramos não ventilar as
misérias humanas – passadas ou presentes – destes ou daqueles cristãos,
constituídos ou não em autoridade: não misérias da Igreja, que é Santa, e tão
misericordiosa que nem aos pecadores nega a sua solicitude maternal. Como
se pode falar friamente da Igreja, com palavras duras ou indiferentes? Como se
pode permanecer “imparcial” quando se trata da própria mãe? Não o somos
nem queremos sê-lo. O que é dela é nosso, e não nos podem pedir uma
atitude de neutralidade, própria de um juiz diante de um réu, mas não de um
filho em relação à sua mãe.
(1) Mt 9, 20-22; (2) Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, VI, 56; (3) At 9,
5; (4) São Beda, Comentário aos Atos dos Apóstolos; (5) 1 Cor 12, 27; (6) 1 Cor 1, 13; (7) Rom
12, 5; (8) Mt 17, 5; (9) Lc 10, 16; (10) Hebr 5, 5; (11) Lc 22, 19; (12) Lc 6, 51; (13) Mt 28, 19;
(14) Mc 16, 16; (15) Jo 20, 23; (16) Mt 16, 19; (17) Jo 21, 15-17; (18) Mt 16, 18; (19) São
Cipriano, Sobre a unidade, 6, 8; (20) Paulo VI, Alocução, 21-XI-1964.