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Beja snruvo pourécnico oe sea PROVAS ESPECIALMENTE ADEQUADAS DESTINADAS A AVALIAR ACAPACIDADE PARA A FREQUENCIA DO ENSINO SUPERIOR DOS MAIORES DE 23 ANOS PORTUGUES NOME: Ne BILHETE DE IDENTIDADE: (CURSO(S) A QUE SE CANDIDATA: CLASSIFICAGAO: Esta prova, de 10 paginas, 6 constituida por trés grupos de resposta obrigatoria, ‘As folhes do enunciado no poderdo ser destacadas. Nao é permitido 0 uso de dicionério ou de qualquer outro livre ou | texto de apoio, Seréo assites as duas normas orlogréficas aluaimente em vigor. ‘A prova tem a duragéo de 2 horas. 10 8 30 GRUPO! Leia atentamente o texto responda ao questionirio que se segue, -Anfigamente o Largo era o centro do mundo. Hoje, @ apenas um cruzamento de estradas, com casas em volla & uma rua que sobe para a Vila, O vento dé nas falas ¢ a ramariafarfaina num suave gemido, o pé redemoinha e cai sobre o chao desert, Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado de Vila. 0 camboio matou o Largo. So o rumor do rodado de ferro morreram homens que eu supunha eternos. O senhor Pima Branco, alto, seco, rodeado de respeio. Os trés iemlos Montenegro, espadalidos e graves. Badina, faco @ Tepontdo, O Estroina, bébado, trocando as pemas, de navalha em punho, |... E, 18 ao cimo da rua, esgalgado, um hhomem que eu nunca soube quem era e que apareciasubitamente& esquine,clhando chelo de espanto para o Largo. NNesse tempo, as fias agitavam-se, vigosas, Acenavem rudemente os bragos e eram parte de todos os grandes -acontecimentas. sua sombra, os palhapos faziam habildades e dangavam ursos selvagens. A sua sombra, batiam- -S° 08 valentes; junto do tronco de ume fala oalu moro Anténio Valmorim, temido pelos homens e emado peas mulheres. rao centro da Vila. Os vejantes apeavam-se da diigéncia e contavam novidades. Era através do Largo que o ovo comunisava com o mundo. Também,& falia de noticias, ea ai que se inventava alguma coisa que se parecesse ‘oma verdade, O tempo passeva, ¢ essa qualquer coisa inventada vinha a sera verdade. Neda a destrua:tinha vindo do Largo, Assim, o Largo era o centro do mundo, [..] Os senhores da Vila desciam ao Largo 6 falavem de igual para igual com os mestres alvanéis, os mestres- ferreros. E alé com os donos do coméicio, com os camponeses, com os empregades da Camara. Al, de igual para igual. com os melieses, os misteiosos @ arogantes vagabundos. Era ai o lugar dos homens, sem distingdo de classes. Dasses homens antiges que nunca se descobriam diante de ninguém e apenas tavam o chapéu para deltar- +e, Também era 18 @ mehor escola das crtangas. Al aprendiam 2s artes ouvindo os mesties artfces, olhando os seus gestos graves. Ou aprendiam a ser valentes, ou béberlos, ou vagabundos. Aprendiam qualquer colsa e tudo era vida. O Largo estava chelo de vida, de valentis, de tragédias. [..] ‘Vio 0 comboia @ maxiou a Vila, As fojas encheram-se de utensiios que, antes, apenas se vendiam nos ferreiros € nos carpiniies. © comércio desenvolveu-se, construk-se uma fabrica. As ofcinas falram, os mestes-ferriros desceram a operérios, os alvanéis passaram a chamar-se pedieiros e também se transformaram em operéries. Apareceu a Guarda, subsfiuiy 0s pachorrertos cabos de paz, © prendeu os valentes. As mulheres cortaram os ccabelos, pintaram a boca e saem sozinhas, Os senhores fam agora os chapéus uns aos outros, fazem grandes venias © apertan-se as méos 2 fods a hors. Vao 4 missa oom 2s mulheres, passam as terdes no Clube, ¢ ja no soem 20 Largo. [.} Hoje, 2s noticias chegam no mesmo oa, vindas de todas as partes do mundo, Quvem.se em todas as vendas & os numerosos cafés que abrir na Vila, As felefonias gritam tudo que acontece & supetticie da tera e das aguas, no ‘af, ro fundo das minas e dos ooeancs. © mundo esté em foda a pare, tomou-se pequeno e into para todos. (.] AVila diviiu-se. Cada ceé tem a sua cientela propria, segundo a condigao de vida. O Largo que era de todos, ¢ 38 40 45 55 ‘onde apenas se sabia aqullo que a alguns interessava que se soubesse, morreu. Os homens separaram-se de acordo ‘comos interesses © as necessidades. ..) AS gransies feias ainda marginam 0 Largo como aniigamente e, 8 sua sombr, Jodo Gadunha ainda teima em continar @tradigSo, Mas nada é ja como era...) ogo Gedunha, 0 bébado, fala de Lisboa, onde nunca fo... J Gadunha supte que em Lisboa ainda ha lagos e homens como ele conheceu, ai, naquele Largo marginado poles velhes feias. A sua voz ressoa, animadar — Querem vooés saber? Lina tarde, estava eu no Largo do Rossi. — No Largo do Rossio? — Sim, repaz! — afima Gadunta erguenco a cabega, cheio de importancia. —Estava eu no Largo do Rossio 2 vero movimento, [..] Nis, dou com um tipo a olhar-me de esgualha. C8 esté um larépio, pensei eu, Ora se eral Veiose chegando, assim como quem nao quer a coisa, e metet-me a mo por bao da jaqueta. Mas eu ja estava & ‘esperel.. Salto para o lado e, zas,alicthe uma punhada nos quelios:o tipo fol de gangéo, bateu com a cabega num ‘eucaliptoe caiv sem sentidos! Uma gargalhada aoolhe as iimas palavres do Gadunha, —Um evcalpto? ‘Apenas por um pormenor, estragou uma t89 bela historia. Fosse antigamente, todos ouviriam calados. Agora, ssabem tudo eriem-se, Mas Gadunha teima, Diz ue sim, que jéesteve no Largo do Rossio, la em Lisboa...) Todos se afastam, rindo, ‘Jodo Gadunta fica sozinho e tite, Os olhos arrasam-se-he de gua, a bebedelra dé-he para chorar. Agana-se 2s falas, abraga-e, ¢ fala-hes carinhosamente, Aperta-as contra o pelo, como se tentasse abarcar o passado. E as suas lagrimas motnam 0 tronco carunchoso das fies, Vai moendo assim o Largo Fonte: Manvel da Fonsecs (1981), «O Lares. O Fogo ea Giza Lshoa: Cantos. 2885. 1. Classtfique o narrador quanto & presenca, Justiique com base no texto. 2. Ao longo do texto, 0 narrador refere-se a duas épocas distintas, idenfifique essas époces © explicite como se operou a transiggo de uma para outa, justiicendo com exemplos extraidos do texto 3. Evidencie trés motives que levam 0 narrador a afimar que «(..] 0 Largo era 0 centro do mundo» (linha 1). Justifique a resposta, com base em excertos textuais. 4. Identfique trés aspetos caracterizadores da evolugo das relagbes sociais na Vila 5. Explique 0 motivo por que o narrador afirma: «Fosse antigemente, todos ouviiam calados.» (inka 51), 6. Comente 0 valor simbalico associado as faias a0 longo do texto. 7. «Vai morrendo assim o Largo.» (linha 57). Identlique a figure de estilo presente na frase transcrita e comente a sua expressividade. GRUPO II 1, Analise morfologicamente as seguintes palavras do text. 1.1. eAntigamentes (linha 1) 1.2. «feo» (linha 4) | 1.3. cespadatidoso (linha 5) 1.4, aNessen (linha 8) 2, Repare nas seguintes passagens do texto: a) «A sua sombra, batiam-se os valentes [..] (linha 9) +b) «[...] junto do tronco de uma faia caiu morto Antonio Vatmorim, temido pelos homens & amado petas mulheres.» (inhas 9-11) 2.1. Classique as formas verbais sublinhadas quanto ao modo, ao tempo, & pessoa @ 20 niimero. 2.2. Passe a frase a) para o Futuro do Indicativo. 3. Analise sintaticamente 2 frase: «Uma gargaihada ccolhe as uiltimas palavras do Gadunha,» (linha 49). GRUPO Ill Releia o seguinte passo do texto de Manuel da Fonseca apresentado no Grupo | «Ho, as noicies chegam no mesmo dia, vindas de fods as partes do mundo. Ouvern-se em todas as vandas e nos numerasos cafés que abriram na Vil. As telefonias grtam tudo que acontece & superficie dia fra e das aguas, no af no fundo ds minas e dos oceanos. O mundo esté em toda 2 pate, tonou-se pequene @ intima para todos.» linhas 31-23) ‘Tendo como ponto de pattie uma reflexdo sobre 0 excerto transctto, redija um texto expositive ssubordinado a0 tema «0 Impacto da Evolugo dos Meios de Comunicagdo na Sociedade». O seu {texto deveré ser estruturalmente adequado e correto do pont de vista inguiste. Escreva 20-25 linhas (excluindo o titulo). Utlize a pagina seguinte para a redaySo do texto Uilize estas duas paginas para evenluals coneqSes. deniiquo, deforma inaquvoca, a questao a qua Se refer. 10 coTagées GRUPO! GRUPO GRUPO MI (@.0 valores) {6,0 valores) (6.0 valores) 10 20 60 076 15 5 15 10 o7s 18 10 18 TOTAL ne 20,0 valores

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