Em junho de 1936, um decreto proibindo o aborto foi institudo em
todo o territrio sovitico. Qualquer mdico que fizesse um procedimento
abortivo que no estivesse ligado ao risco de vida da paciente, poderia ser preso e a paciente pagaria uma multa.
Na Rssia pr-revolucionria as mulheres abortavam por diversos
motivos, os mais comuns estavam ligados pobreza e ao risco da maternidade. Nas cidades mais pobres e srdidas, as condies sanitrias colocava a vida das gestantes em risco, o aborto tornava-se mais seguro do que a natalidade. No incio dos anos vinte, um especialista diseminou uma pesquisa que apontou que a maior parte dos abortos estavam ligados a extrema pobreza. Em 1926, foram realizados 1151131 abortos na Unio Sovitica, alguns tericos diziam que a quantidade de abortos no afetavam o crescimento populacional. No entanto, em diversas provincas a taxa de natalidade era inferior a taxa de mortalidade.
Aps a criminalizao do aborto em 1936, a quantidade de abortos
deveria cair de maneira significativa, todavia, no foi isso que ocorreu: houve mais abortos em 1938 do que em 1926 quando a prtica era legalizada e realizada gratuitamente em diversas uniddes hospitalares. O nmero de abortos registrados em hospitais declinou, agora as mulheres recorriam s clnicas clandestinas.
Um fato pode ser observado desde a legalizao do aborto em 1920; a
Rssia revolucionria foi o primeiro pas no mundo a permitir a prtica abortiva de maneira legal, tanto por motivos ideolgicos que confluiam com a perspectiva bolchevique do declnio da famlia tradicional, e tambm pela situao socioeconmica que motivava mulheres a arriscar suas vidas com mtodos abortivos severos; por outro lado, a motivao em relao pobreza que levou milhares de mulheres a abortar nos anos vinte, foi a mesma que motivou milhes a abortar nos anos trinta. A Unio Sovitico aps seu segundo Plano Quinquenal, em 1938, era considerada uma potncia industrial, porm, uma potncia com ps-de-barro. O alto ndice de abortos no s enfatiza uma sociedade onde as mulheres no estariam mais ligadas ao crcere do lar, mas uma sociedade depauperada pela pobreza.