Você está na página 1de 16
Issn 1677-2091 Sociedade e reino de Deus ee 24 Facunpape Denosiaxa——~=~S*S*S*S*S*‘é CACO SENTRA, Soke sina a0 A FAcuLDAbe Denna ¢ wax eA pant" ASsoclncho DHONI BEA NEUDIONAL 70 FeO me amet ‘Os ae puedrnost vita so de rape Ge ue epecior toe, EP 2010970» That, SP «Br (Enna com be (12) 30258080 19 ‘TEOLOGIA EM QUESTAO esi igen etl Fae Db, hanceler ‘Mariana Woizeuman Diretor Ger: Everio det Santo Cano Editor: Marcal Magni (Constho Eto: “Mavelo Balto Maria Antinie ‘Mario Marea Costa Diagramasio Ronaldo Hideo Inoue Responsivel por peut Ana Agra Lopes 5 Snes CConselho Cento Intemactonal Alf Fp — Eaizoni Dehoniane Bologna (Bologns) (Carle La Suis — Universidad Calica Andes Bell (Caracas) Femando Rodriquez Garapucho — Universidad Pontificia de Salamanca (Salamanca) Jk lacintaF de Farkas — Universidade Catiica Portugues (Lisboa) Josep Famerie — Université Catholique de Louvain (Louvain) ep Kuate — lst Catholique de Yaounde UCAC (Yaounde) aul McGuire —Dehon House (Hales Corners) ‘Stan Tetnte — Cento Internazionale di Stat SCI (Ros) ; ‘Sociedade ¢ reno de Deus Sb Quit pricy cacti do pla SE Dehea? Come ele treo or acta tes do Co ha ete foro spss xpi de Mand seo Se cts Len Debon, nor dor Pas do Seo Gn dea « pate da ese Deon Node oles «tr some ei (© Eprror T|Q 7924 2059 O fim da respublica christiana: as dinamicas confessionais e a pré-historia da nogao de laicidade Rut Luts RODRIGUES! Resume: Ea orga dace 0 coe de cise ro qual dasnparaceu 0 fe publenchrsona,o aJorepeirigto aie 0 sodade ccdeal fae ao Fengo do Mode IMédin: com ish, preeadowe welate sobre os cendSes Fetircon que prspootom eaminha pera o cent de “ciade’, com vitos 0 face sibs pore wre dscasdo mals abrongare sabe os Ini de ma socedade faco Polowmaschoe:Respublea cisions. Laedede dade, Sealorangee oreo 1, Doutor em Hist Soci pels Universidde de Sto Paulo (USP) profesor {de Hiss Modes na Universde stadl de Campiss (Uni) ‘Sociedade « teino de Deus Ti: The end of “Resuiea Chisiona’ — cofesioal dinomies ond born 1 lcy nto ‘Aboct: Ths ale dacuies the eis contin which duopemared the rmspubice Chiston, the sahepreseniaion tat Wesam soci as fmned ‘long he Mile Ages. Our cim orl he hia corto hat ove he woy forte concept of “acy, lowards provde subudes fr @ Troe comprehensive diction on the so a lea sce, Keywords: Respblca Chistona, loisy. Cenlsondizaten. Chisniy Sealatzaton. Iaica pareciam definitivamente garantidos no Ocidente ainda que nosso olhar eurocéntrico nos impedisse de en: ‘ergar quio limitados eram esses contoros frente a outras so- iedades que, por terem feito percurso histrico totalmente di verso, desconheciam essa nogio, Com os processos de descoloni- ‘2acio a partir da década de 1950, e principalmente com as migragdes que trouxeram para a Europa, nas duasciimas déca- das do século XX, numerosos contingentes oriundos de virias partes do majority world, a presenca do ‘outro’, do estranho n0 ‘raprio interior da sociedade ocidental, levou-nos a encarar no- ‘vamente essa questio, Toda a controversia surgida na Panga em ‘tomo do uso dos veus isldmicos em escolas publicas — no por acaso nisma sociedade cuja tajetrie em relacio a lecidade foi ‘especialmente dolorida — dé testemunho claro no s6 da abran- 'géncia desse problema, mas também do quanto ele se imiscui no cotidiano, nas propris tramas da existéncia social e no solo sen- sivel das convicgdes pessoais mais intimas. ‘Um dos principios do Estada laico & 0 respeito por quaisqucr ‘rengasreligiosas. Mas tanto as tentativas de tolherse a liberdade religisa de alguém (proibindo uma mulher de taj 0 véu is mico, por exemple), como as gestbes por impedise, com base em preceits religoses a aprovacio de determinadas leis cvs, mostram que, mais do que conquista definitiva, a laicidade & parimetro norteador que sempre deve ser mantido diznte dos alhos. Nio seria exagero aflrmar que essa heranga da Iustrago ocidentaltalvez E 1m meados do século XX os contornos de uma sociedade © fim da respublca christiana vvenha a ser nossa nica defesa contra 4 barbirie dos que preten- dem tornar suas convicgdes pessoais, ainda que veneriveis, em princpios reguladores da totalidade do corpo socal ( objetivo deste artigo & fornecer 0 pano de fundo do con- texto de crise no qual desaparecea a respublica chrstiana, essa ppercepgio que a sociedade ocidentaltinha de si mesma ¢ que se formou ao longo da Kdade Média; com isto, pretendemos re- ftir sobre as condigdes historcas que prepararam caminho para ‘ conceito de “lacidade”e fornecersubsidios para uma colocagio ‘mais apropriada, hoje, da discussio sobre os limites de uma so- cdedade lnica, 1, Os contornos da respublica christiana As expressbes respublica christiana, christianitas € socitas rmentos sociaistendem a se tornar mais conservadores Parece claro que nossa sociedade precisa chegar a consensos importantes. Passada a efervescéncia da “pés-moderidade’, € provivel que entendamos que a sobrevivéncia social exigih de 1nés que continuemos um pouco “ilustrades", ou seja, que numa base estritamente secular mantenhamos como norte a valorizagio do ser humano, de sua dignidade e de seus direitos inalienives. E sobre essa base comum que adeptos de quaisquer religibes, bem como pessoas sem regio, deverio se encontrar 5 Pr eter dent ret einen i de Inia vero stresantesdvurmentosplcados em SANTOS Anno Clos dos (er)-.O our como prooma O sumer da een ma ‘modo, So Pl: Alsmed, 2010, 32 (© presente nunca ¢ passvel de solugdes ficeis E dbvia a cconstatagio de que nio retomaremos mais a situacio vivida durante a respublica christina. Nio ha retornos na historia; ¢ mesmo para os cristios isso ndo seria de forma alguma deseavel, O cconceito de licidade & nico garante que possuimos para 4 manuteng2o da liberdade religiosa e de consciénci; todavia, por sua prépria natureza esse conceito exige, de todos, aberturs para © “outro e profundo respeito por seus valores. Referéncias AGNOLIN, Adone. suas ¢ Seoages: A a fe no econo ‘aequéticotual american tpi (seulos XVPXVI, So Paulo: Hu ‘manitas, 2007 BARBOZA FILHO, Ruibem, Trio ¢ Arif: Iberismo e Baroco na Formagio America Rio de Jancir/Belo Horizonte: IUPERVEd- tora di URMG, 2000, BATAILLON, Mace. Erasmo y al easmismo, Barcelona: Editorial Cri tica, 1983, BBEICZY,ltvin. Tolerant: A Medieval Concept Jounal ofthe History of Ideas 58,3 (1997) 365-384 CANTIMORL, Delia. Humaniomo ¥ Reignes om el Renacimiento, Te lugs, Barcelona: Peninsul 1984 COX, Harvey: The Seclar City: Secularization and Urbanization in Thealageal Prspectve. New York: Collier Books, Reprint with new introduction, 25" Anniversary ofthe 1 edition, 1990. ELLIOTT, John H. La Europa Dida, 1559-1598, Traducio. Madi Siglo Veintuno, 6" edi, 1988 ERASMO, Opera Omnia Desidert Eras Rotradam, Recogita “Adotatione Critica Insuca Nour Thsraa, Amsterdam North Holland Pablshing Company (virios volumes, publicagso em curso desde 1968), A Guerra © Quen da Pee. Tad 1999, FRANCO JUNIOR, Filiria ‘A castagio de Noe. Iconogaf, falclore « feudlismo’ In IDEM, A Ei Barbada: Ensaos de Mitlogia Me- dla Sto Paul: Edusp, 2” edics, 2010, p. 67-83, Lishoa: Eades 70, 33 Socedede e reno de Deus FURET, Frangois e OZOUF, Mons. Dictionnaire Critique de la Révalttion Francais. Pais: Flammarion, 1998, GGEERING, Loyd. Fundamental: Desafio ao mundo secular. Tadusio. ‘Sto Paolo Fonte Editorial, 2009, GINZBURG, Casa Relage de Fora: Hsia, Retrica, Pro. Tadusio ‘Sto Paslo: Compania das Letes, 2003 HAZARD, Pul. A’ Crie da Consénca Europea, Tradusio, Lisboa Edigbes Cosmos, sem dita, ISRAEL, lonathan. Iino Radic: A Flbsofia © @ Consragto da ‘Moderdade. induce, Sho Paulo: Madkas, 2000 KOSELLECK, Reinhart. Critica e cise: Uma cotbuigi d patoginese do mundo burgus. Tada. Rio de Jani: EDUERMContraponto, 1999, COFSTREICH, Gerhard "Problems esruturas do abslutmo europeu" “TradugSo In HESPANHA, Antonio Manel (org), Poder Insti: tna Europa do Antgn Regime: Colacrinea de Teste, Lisboa: Fandasio CCaouste Gulbenkian, 1984, p. 179-200. PAGDEN, Anthony. Sores de tado el mundo: Lesa det Impeio en spate, Inglatera y Francia (En bs silos XVI, XVI y XVI. Ti dug. Barcelona: Ediciones Peninsula, 1997, POMPA, Cristina. Relig como Trad: Misionrig, Tut Tapuia ‘no Brasil Colona. Baur/Sio Paulo: Edusc/Anpoc, 2003, PRODI, Paolo, Uma histra da usc: do paloma dos foros ao ua Tomo maderna entre consinca edie, Tisdusio, Sio Plo: Martins Fontes 2005; PROSPER, Adriana “Uma discssio com Paolo Prodi’. Txdusia. Re ‘sta de Histiria 160 [2000)- 131-146. REINHARDT, Wolfgang. “Confesionalizzazione forzata? Prolegomeni ‘al una twoia delet confessional’ Traugso. Aral dll Tino ‘rio ial germanica in Tre, 8 (1982): 13-37 "tas dies del poder, Jos funcionarios dal Estado ls clases gobernantes ye crecimiento del poder del Estado. In IDEM (ore), Tas dles del poder y la consrucon del Exado. Taducto. México: Fondo de Cultura Economica, 1997, p 15:35, “Disiplinamento sociale, confesionalizazione, modernizzazio- ‘ne Un discurso storograico”. Tradugie. In PRODI, Paolo (ed), Discpinadelania, dicplina del corpo ediplina della soit ta ‘medion etd moderna. Bolo I Malin, 1994, p. 101-123 4 (© fm da respubice eritiana RUMMEL, Erika, The Humanist Scholastic Debate in the Rentsance sn rman, Cri: Hara Unies Pres, 2 ire, i SANTOS, Antinio Carls dos (ort). © outro como problema: © surg ‘mont da tlrdcia na moderidade. Sto Paulo: Alameda, 2010, SCHILLING, Heinz. Religion, Polical Culture and the Emergency of arly Modern State says in German and Dutch History. Tadusto Leiden/New York EJ. Bil, 1992, = Farty maders europea ceiizaton aod ts poll and cultural ‘damiom. Lebanon: Univerty Press of New England, 2008 VOVELLE, Michel Revlugdo Francesa eonra aTeja: Da Reto ao Ser Supra, Traduca. Rio de Tune: looge Zahar Editor, 1980, 35

Você também pode gostar