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A Biblioteca Escolar e a Web 2.

A revolução tecnológica operada pela Internet transformou o modo tradicional de aceder à


informação. Os recursos disponibilizados e de fácil acesso, permitiram ao utilizador gerir a sua
própria informação, agora menos dependente de intervenções “autorizadas”.
Esta revolução iria ter implicações profundas ao nível do processo de ensino aprendizagem. As
metodologias tradicionais começavam a demonstrar alguma ineficácia face à oferta
informacional que era divulgada pelas TIC e mais especificamente pela Web.
A partir de 2003, com o aparecimento da Web 2.0, a urgência de mudar as metodologias
tradicionais do ensino, para metodologias mais dinâmicas e interactivas, tornava-se imperiosa.
A sociedade da informação e do conhecimento impôs-se definitivamente na escola, nas
empresas, nos serviços e nas Bibliotecas. São precisamente as bibliotecas, locais onde sempre
se organizou e se disponibilizou a informação, que necessitam de actualizar os seus
procedimentos face às exigências e necessidades dos novos leitores digitais.
Nos novos ambientes digitais, o utilizador não é apenas um receptor de informação, mas um
parceiro com o qual é necessário interagir, garantindo-se não só uma difusão dessa mesma
informação mas a troca de conhecimentos numa lógica de gestão centrada no utilizador.
Ao utilizador pedem-se, também, competências novas, não só tecnológicas mas criticas, para a
construção do seu próprio conhecimento, ou mesmo, do conjunto de conhecimentos que
passam a ser geridos pela comunidade virtual a que, porventura, possa pertencer.
A Web 2.0 sendo uma Web de comunicação sensitiva, tendo como matriz o diálogo (Maness,
2007), constitui-se como um ambiente digital mais interactivo que a Web 1.0, rico em
aplicações multimédia, utilizando programas de animação e bancos de dados mais sofisticados.
Perante as novas funcionalidades da Web 2.0, a biblioteca tradicional tem de assumir-se como
uma Biblioteca 2.0, ou seja, uma biblioteca aberta aos desafios lançados pelo mundo digital e
às potencialidades que a Web 2.0 gera continuamente. A Biblioteca 2.0, é definida por Miller
(2005), como a aplicação de interacção, colaboração, e tecnologias multimídia baseadas em
Web para serviços e colecções de bibliotecas baseados em Web.
A Biblioteca 2.0 face à biblioteca tradicional passa a dispor de um conjunto de ferramentas que
vão desde as mensagens instantâneas (MI) ou mensagens síncronas, à utilização de programas
áudio e vídeo, blogs, wikis, programas de redes sociais como o Diigo, Del.icio.us, MySpace,
programas de etiquetagem como o Library Thing e os RSS feeds (agregadores de conteúdos).
Deste modo a Biblioteca 2.0 é, assim, definida como uma biblioteca centrada no utilizador, ou
seja, os utilizadores participam na criação de conteúdos; oferece uma experiência multimédia,
devido aos seus componentes áudio e vídeo; é socialmente rica, devido à possibilidade de
comunicar de forma síncrona e assíncrona, criando comunidades de utilizadores digitais, que
interagem entre si, partilhando ideias e conhecimentos, portanto é comunitariamente
inovadora.
Perante esta panóplia de funcionalidades a Biblioteca tradicional corre o risco de morrer, se
não se adaptar aos novos desafios e exigências da Sociedade da Informação.
Deste modo, a Biblioteca 2.0, tem que ser, em contexto educativo, uma Biblioteca Escolar 2.0,
sob a pena de não encontrar um dialogo rico e significativo com os seus
utilizadores/alunos/comunidade escolar.
Utilizando as ferramentas disponibilizadas pela nova Web (2.0...), a Biblioteca Escolar deve
responder aos desafios anteriormente enunciados procurando, antes de tudo, melhorar os
seus serviços e responder com eficácia às necessidades dos utilizadores, oferecer os novos
serviços Web, implicar o utilizador e envolver a comunidade na criação de conteúdos e na
gestão da informação.
Mas o desafio é, também, tecnológico. A Biblioteca Escolar 2.0 não poderá gerir com eficácia
os seus serviços e recursos se não possuir recursos humanos tecnologicamente qualificados;
professores bibliotecários preparados para definirem novas politicas de disponibilização da
informação e de criação de novas ferramentas; nova concepção de colecção alargada aos
novos formatos digitais; formar utilizadores dos novos ambientes tecnológicos, com
competências literácicas.
Mais do que criar repositórios de informação com ligações à leitura, ao entretenimento ou aos
vários domínios curriculares e das interacções que no âmbito da Web consiga estabelecer com
os utilizadores, cabe uma enorme tarefa: a de preparar os seus públicos para as literacias
necessárias ao acesso e uso da informação em ambientes digitais. Literacias de natureza
operacional, mas também e acima de tudo de natureza critica. (Pinheiro e Proença, 2010)
A mudança que a Biblioteca Escolar 2.0 deve operar é uma mudança paradigmática. Biblioteca
2.0 não é sobre o buscar, mas sobre encontrar; não é sobre acesso, mas compartilhamento.
Biblioteca 2.0 reconhece que os humanos estão buscando e utilizando informação não
enquanto indivíduos, mas enquanto comunidades...As bibliotecas devem se adaptar a ela,
assim como se adaptaram à Web originalmente, e devem continuar se adaptando às
previsíveis mudanças futuras (Maness, 2007)
A Biblioteca Escolar 2.0 terá como primordial missão a de introduzir na escola esta mudança
paradigmática e ser o motor da transformação das aprendizagens com vista ao verdadeiro
sucesso escolar e educativo.

António Nogueira

Referências:
Pinheiro, Carlos e Proença, João (2010). A Web 2.0: Potencialidades para as Bibliotecas
Escolares. Acessível em: http://forumbibliotecas.rbe.min-edu.pt/file.php/1
Maness, Jack (2007). Teoria da Biblioteca 2.0 e as suas implicações para as bibliotecas.
Acessivel em: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/831
Lancaster, Nigel e Sintorn, Jerk (2008). Web 2.0 - hype or helpful?Acessivel em:
http://forumbibliotecas.rbe.min-edu.pt/mod/resource/view.php?id=12120

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