Neste ano de 2017, completa-se um século desde que Barue se revoltou contra Portugal. O motivo de fundo era cultural: a violação do código da virgindade e do casamento encomendado por parte dos Tugas. Barue e Mueda foram últimos focos de resistência formal contra as campanhas portuguesas de pacificação. Entre os seculos XVIII e XIX, o governo central de Barue, constituído por um acaudilhamento militar de facto, era simultaneamente forte e instável. Forte porque garantia a independência do reino, mesmo nos tempos em que teve que se submeter aos muenemutapas. Instável porque a decadência do vigor físicos dos chefes, ou com a perda da sua autoridade por erros táticos nas empresas de guerra e caça, ou com a morte do soberano, o surgimento de nova autoridade tinha que ser na base de uma guerra. A habilidade e a força decidiam, por assim dizer, a nova dinastia do reino. Não existiam herdeiros de facto. Através de relatórios, de comerciantes e administradores portugueses sedeados em Sena, é possível reconstituir as várias dinastias que ocuparam o trono em Barue, entre 1560 a 1830. De igual forma, desde que os portugueses começaram a pagar tributo ao reino, é possível descrever o processo da entronização como se segue.
Neste ano de 2017, completa-se um século desde que Barue se revoltou contra Portugal. O motivo de fundo era cultural: a violação do código da virgindade e do casamento encomendado por parte dos Tugas. Barue e Mueda foram últimos focos de resistência formal contra as campanhas portuguesas de pacificação. Entre os seculos XVIII e XIX, o governo central de Barue, constituído por um acaudilhamento militar de facto, era simultaneamente forte e instável. Forte porque garantia a independência do reino, mesmo nos tempos em que teve que se submeter aos muenemutapas. Instável porque a decadência do vigor físicos dos chefes, ou com a perda da sua autoridade por erros táticos nas empresas de guerra e caça, ou com a morte do soberano, o surgimento de nova autoridade tinha que ser na base de uma guerra. A habilidade e a força decidiam, por assim dizer, a nova dinastia do reino. Não existiam herdeiros de facto. Através de relatórios, de comerciantes e administradores portugueses sedeados em Sena, é possível reconstituir as várias dinastias que ocuparam o trono em Barue, entre 1560 a 1830. De igual forma, desde que os portugueses começaram a pagar tributo ao reino, é possível descrever o processo da entronização como se segue.
Neste ano de 2017, completa-se um século desde que Barue se revoltou contra Portugal. O motivo de fundo era cultural: a violação do código da virgindade e do casamento encomendado por parte dos Tugas. Barue e Mueda foram últimos focos de resistência formal contra as campanhas portuguesas de pacificação. Entre os seculos XVIII e XIX, o governo central de Barue, constituído por um acaudilhamento militar de facto, era simultaneamente forte e instável. Forte porque garantia a independência do reino, mesmo nos tempos em que teve que se submeter aos muenemutapas. Instável porque a decadência do vigor físicos dos chefes, ou com a perda da sua autoridade por erros táticos nas empresas de guerra e caça, ou com a morte do soberano, o surgimento de nova autoridade tinha que ser na base de uma guerra. A habilidade e a força decidiam, por assim dizer, a nova dinastia do reino. Não existiam herdeiros de facto. Através de relatórios, de comerciantes e administradores portugueses sedeados em Sena, é possível reconstituir as várias dinastias que ocuparam o trono em Barue, entre 1560 a 1830. De igual forma, desde que os portugueses começaram a pagar tributo ao reino, é possível descrever o processo da entronização como se segue.
Quando Barue era uma monarquia sem herdeiros (esboo de Eusebo
Gwembe)
Neste ano de 2017, completa-se um sculo desde que Barue se revoltou
contra Portugal. O motivo de fundo era cultural: a violao do cdigo da virgindade e do casamento encomendado por parte dos Tugas. Barue e Mueda foram ltimos focos de resistncia formal contra as campanhas portuguesas de pacificao. Entre os seculos XVIII e XIX, o governo central de Barue, constitudo por um acaudilhamento militar de facto, era simultaneamente forte e instvel. Forte porque garantia a independncia do reino, mesmo nos tempos em que teve que se submeter aos muenemutapas. Instvel porque a decadncia do vigor fsicos dos chefes, ou com a perda da sua autoridade por erros tticos nas empresas de guerra e caa, ou com a morte do soberano, o surgimento de nova autoridade tinha que ser na base de uma guerra. A habilidade e a fora decidiam, por assim dizer, a nova dinastia do reino. No existiam herdeiros de facto. Atravs de relatrios, de comerciantes e administradores portugueses sedeados em Sena, possvel reconstituir as vrias dinastias que ocuparam o trono em Barue, entre 1560 a 1830. De igual forma, desde que os portugueses comearam a pagar tributo ao reino, possvel descrever o processo da entronizao como se segue.
Os reis do Barue eram coroados e aclamados com a interferncia dos
portugueses. Morto ou destitudo o rei, todos os prncipes de diferentes dinastias sob influncia do reino, por mais remotas que fossem, se apresentavam em campo como pretendentes. Os povos se dividiam em partidos e se faziam uma cruenta guerra, que por via de regra durava anos, at que um dos pretendentes, tendo suplantado todos os mais e reunido a maioria absoluta dos partidos, aparecia como nico pretendente. Durante a guerra civil, os roubos e a escravatura dos vencidos eram permitidos. A notcia de haver aparecido um rei no Barue era recebida com alvoroo por assegurar a paz e comrcios. A defesa estava ao cargo do novo pretendente.
Feita a proeza, o vencedor comunicava Sena de onde vinha um
representante portugus. Assim que entrava nas terras do Barue, todos os cafres que o avistassem deitavam-se por terra em venerao a mazi-a- manga, isto , agua benta, para a coroao do rei. No lugar onde estavam reunidos e onde havia de ter lugar a cerimnia, a primeira coisa que exigia era ver o pretendente. Assim fazia para no ser enganado, coroando um estranho, porque por vezes acontecia matarem o vencedor na vspera da coroao. Esse enviado do governo portugus era alojado nas melhores palhotas, tratado com maior respeito, com direito a donzelas para o aquecer.
A cerimnia comeava com o encerramento do pretendente em uma casa,
durante trs dias em completo jejum. Depois, era transferido para uma outra casa onde lhe expunham ao fumo desde manh at noite. Depois desta, o tornavam a encerrar noutra casa onde estava um crocodilo vivo, mas seguro de forma que no pudesse fazer danos. Aqui coabitava com a parenta mais prxima que tinha, como me ou irm, com quem passava a noite em completa escurido, sem mesmo procurar saber quem , posto que no ignorava ser sua prxima parente. Logo que era antemanh, ela se retirava e nunca mais a torna a ver porque ia para lugar mais distante do reino onde vivia como soberana no distrito que lhe destinavam. Assim que a parenta se retirava da casa, vinham levar o rei ao rio, onde o lavavam e depois de vestido ao seu uso, era conduzido ao lugar espaoso onde estava um assento ou banco de pau chamado kuite, cercado de numeroso povo. O jejum e o fumo eram para que o rei conhecesse pela experincia a fome e os trabalhos, para poder remediar e acudir aos seus filhos, porque sem nunca os ter passado, no os conhece e por isso no os pode avaliar. uma lio para os povos civilizados, dada pelos selvagens. O crocodilo servia para tirar o medo do rei. Acontecia, por vezes, que o pretendente era devorado durante a noite. Neste caso, cabia ao conselho dos ancios escolher outro no dia seguinte.
Quando se assentava era aplaudido com grande alarido. Ai aproximava-se o
portugus. Reconhecendo-o despejava-lhe sobre a cabea a gua que levava consigo, desde Sena. Ele recebia com submisso ao mesmo tempo que todos se prostravam sobre a terra depois do que era acalmado com muitas vozerias e alaridos. Prximo do kuite estavam um arco, uma flecha e uma enxada. Sem ver, o rei s devia pegar uma coisa e fazer a meno de fazer uso dela. Se, contra a expectativa pblica, tomasse as armas, divisava-se logo um descontentamento geral porque manifesto que o tempo era de guerras. Se pegava a enxada, cavava com ela duas ou trs vezes e a deixava. Ento se manifestava uma ovao geral.
Todos os chefes vencidos, escondidos e acossados, apresentavam-se ao
novo rei por quem eram acolhidos e abraados. Sena era ponto atravs do qual Barue exportava muito ouro e marfim assim como cera e mel.
Foto 1: A capital do reino Barue, com sentinelas no embondeiro, em 1902,
ano da pacificao.
Foto 2: " O Conselheiro Joo de Azevedo Coutinho na campanha do Baru,
debaixo de uma musserisa".
Foto 3 "Joo de Azevedo Coutinho e outros oficiais da coluna de operaes
no Baru".
Foto 4: "Jos de Magalhes e Menezes com um grupo de cipais na campanha do
Baru". Foto 5: Uma donzela selecionada para aquecer membros da comitiva presidencial de Carmona a Moambique em 1939. Ao que tudo indica ou era de Barue ou era da Zambzia, locais onde se achariam moas verdadeiramente virgens.