Estruturas Antropolgicas do Imaginrio Gilbert Durand Excertos
do Prefcio
As teses que defendia h justamente vinte anos, na vanguarda
dos estudos promovidos pela psicanlise, pelo surrealismo e pela fenomenologia bachelardiana, foram sendo, ano a ano, confirmadas pela corrente de pensamento que marca a grande virada de civilizao que vivemos desde h um quarto de sculo.
Prefcio da 3 edio
Se para Chomski h uma gramtica generativa e uma espcie
de infraestrutura criacional da linguagem, se para Lupasco toda estrutura profunda um sistema material de foras em tenso, para ns a estrutura fundamental, arquetpica, nunca deixou de considerar os materiais axiomticos logo as foras do imaginrio. Por detrs das formas estruturadas, que so estruturas extintas ou arrefecidas, transparecem, fundamentalmente, as estruturas profundas que so, como Bachelard ou Jung j o sabiam, arqutipos dinmicos, sujeitos criadores. O que os trabalhos de Chomsky confirmam esplendidamente que h uma estrutura dinmica na inteno geral das frases muitos mais do que nas formas mortas e vazias das categorias sintticas ou lexicolgicas. (...) Como teremos ocasio de precisar numa prxima obra, s se pode falar de estrutura quando as formas deixam o domnio da troca mecnica para passar ao do uso semntico, quando o estruturalismo aceita de uma vez por todas ser figurativo. Sem esta condio a tentativa estruturalista se perde na procura estril do que Ricouer chamava de o sentido do no- sentido. A reflexologia vem tomar lugar nas estruturas do trajeto antropolgico e no o inverso. O reflexo dominante nunca foi para mim princpio de explicao, quando muito foi elemento de confirmao, de ligao aos serssimos trabalhos da Escola de Leningrado.
O Imaginrio ou seja, o conjunto das imagens e relaes de
imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens aparece- nos como o grande denominador fundamental onde vm se encontrar todas as criaes do pensamento humano. (...) Para poder falar com competncia do Imaginrio, no nos podemos fiar nas exiguidades ou nos caprichos da nossa prpria imaginao, mas necessitamos possuir um repertrio quase exaustivo do Imaginrio normal e patolgico em todas as camadas culturais que a histria, as mitologias, a etnologia, a lingustica e as literaturas nos propem. E a, mais uma vez, reencontramos a nossa fidelidade materialista ao frutuoso mandamento de Bachelard: A imagem s pode ser explicada pela imagem...