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JSD Paranhos

O 25 de Abril, o PREC e o 25 de Novembro


Enviado por Bruno Sousa
01-Fev-2007

O 25 de Abril foi há 32 anos.

O 25 de Abril foi há 32 anos.

Esta expressão mais do que querer dizer que há uma geração que nasceu e cresceu no período pós-revolução, revela
também que não há nenhum militante da JSD que fosse nascido a 25 de Abril de 1974. Nesse sentido, a JSD
Paranhos, achou por bem criar um pequeno documento que relate de forma resumida o período desde 25 de Abril de
1974 a 25 de Novembro de 1975 e como o nosso partido nasceu precisamente nesse período.

Os acontecimentos do dia 25 de Abril de 1974 são por demais conhecidos. O regime vigente estava desgastado e há
muito que se previa que algo pudesse acontecer, sobretudo após a publicação do livro de António de Spínola, Chefe Do
Estado-Maior General das Forças Armadas intitulado “Portugal e o Futuro” que fazia um relato muito cáustico do que se
passava nas nossas províncias ultramarinas.

Na realidade, após a substituição do Prof. António de Oliveira Salazar por Marcelo Caetano e o seu discurso de tomada de
posse em que ficou célebre a expressão “renovação na continuidade”, este tinha dado uma esperança de que a transição
para a Democracia iria ser dada de forma pacífica, algo que não aconteceu seis anos volvidos.

Assim, na madrugada de 25 de Abril, um golpe militar ganha força e acaba com a demissão de Américo Tomás e
Marcelo Caetano, respectivamente Presidente da República e do Conselho.

Para muitos este dia foi o dia da Liberdade. Para outros, o 25 de Abril não passou de um movimento com o intuito de
substituir o regime por uma ditadura comunista.

Poucos dias após a Revolução, a denominada “ala liberal” do marcelismo e muitos dos tecnocratas da SEDES juntaram-se a
militantes de movimentos cristãos e entenderam-se numa frente ideológica que seria a base de sustentação do nosso
partido fundado a 6 de Maio por Joaquim Magalhães Mota, Francisco Pinto Balsemão e Francisco Sá Carneiro.

Estávamos num período em que os partidos de esquerda se multiplicavam, alguns com uma representatividade quase
nula, mas preenchiam os órgãos de comunicação social com discursos inflamados e extremados à esquerda. Mesmo os
partidos que hoje reconhecemos como de centro-direita diziam-se então de centro-esquerda mas não deixavam de ser
acusados de fascistas pelos movimentos esquerdistas.

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O período compreendido entre a Revolução de Abril e o 25 de Novembro de 1975 que falaremos adiante é conhecido
como PREC (período revolucionário em curso) e é caracterizado por um resvalar de Portugal em direcção às ideologias
marxistas/leninistas.

António de Spínola que tentava segurar o país é afastado do cargo de CEMGFA e é substituído por Costa Gomes que
indica o coronel Vasco Gonçalves para formar governo apoiado pela ala marxista do MFA, PCP e MDP/CDE. O assalto
comunista ao poder tinha começado. É o tempo do COPCON mais o Otelo Saraiva de Carvalho e os mandados de captura
em branco. É a aliança Povo-MFA. As ocupações selvagens de casas e terras. É a 5ª divisão e as campanhas de alfabetização
e dinamização cultural. É o princípio de irreversibilidade das nacionalizações nos mais diversos ramos-banca, seguros,
transportes e comunicações, siderurgia, cimento, indústrias químicas e celuloses. É a reforma agrária. A descolonização
sem regra esquecendo a dignidade humana de centenas de milhares de portugueses que viviam em África. É o cerco ao
Patriarcado, a S. Bento e ao Palácio de Cristal onde o CDS realizava o seu I Congresso. É a Intersindical. O Serviço
Cívico obrigatório. É os “Soldados unidos vencerão”. A Cintura industrial e o controlo operário. É o companheiro Vasco e o
discurso de doido em Almada. É os saneamentos. O juramento de bandeira de punho fechado no Ralis. É o Conselho da
Revolução. A via para o Socialismo da Constituição. É o poder popular. Enfim, é Portugal a fervilhar e a confundir-se com
Cuba ou qualquer uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Em Fevereiro de 1975 os comunistas fizeram circular o boato, segundo o qual, todos os oficiais do MFA conotados com
o spinolismo seriam eliminados pelo sector mais radical do movimento no que ficou conhecido pela Matança da Páscoa.
Já antes, a 28 de Setembro os mesmos comunistas tinham boicotado uma manifestação popular a favor das ideias de
Spínola.

Precipitadamente estes militares tomaram armas e tentaram a 11 de Março, fazer um golpe de estado que invertesse o
rumo dos acontecimentos. Este falhou, e foi motivo para radicalizar ainda mais o processo revolucionário. Estávamos à
beira de uma guerra civil.

Este processo revolucionário é aparentemente rejeitado pelo povo quando, a 25 de Abril de 1975, data das eleições
para a Assembleia Constituinte, o PCP é reduzido a uma modesta representação parlamentar, os inúmeros partidos
marxistas (AOC, LCI, PSR, PRT, FEC-ML, UDP, entre outros) têm votações residuais, sendo as eleições ganhas pelo
Partido Socialista (37,87%-116 deputados), tendo o PPD obtido 26,39% dos votos e 81 deputados.

Com estes resultados há uma escalada nas tomadas de posição de Vasco Gonçalves e do COPCON que julgavam ter
ainda total legitimidade para levar avante o processo de socialização da economia.

As ocupações de casas, fábricas, latifúndios, etc. proliferam. No entanto, no Norte, sobretudo minifundiário e sob
grande influência da Igreja Católica, surgem grupos de contra-revolução como o MDLP, ELP e o grupo Maria da Fonte. A
violência é imensa – sedes partidárias vandalizadas, a embaixada de Espanha incendiada e as nacionalizações de
grandes empresas como a companhia dos tabacos, CUF e Lisnave continuam.

É neste clima que se dá o 25 de Novembro, um golpe militar contra-revolucionário há muito em preparação que visava
pôr fim à influência do PCP e ao processo revolucionário, restabelecer uma hierarquia e disciplina nas forças armadas e
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extinguir o MFA bem como entregar à Sociedade Civil a decisão do seu futuro político.

O movimento que levou a cabo o 25 de Novembro era constituído por dois grupos dirigentes. Um militar, inicialmente
composto por Ramalho Eanes, Garcia dos Santos, Vasco Rocha Vieira, Loureiro dos Santos, Tomé Pinto e José
Manuel Barroso e outro político, do qual fazia parte o “Grupo dos Nove”

Assim a Cronologia dos momentos relevantes desta contra-revolução é a seguinte:

Setembro de 1975 – colocação de Pires Veloso no Norte, substituindo o pró-PCP Corvacho. Não terá sido por acaso que
no dia 25 de Novembro vieram ajudar o golpe várias companhias do Norte que depois levaram os presos para Custóias.

12 de Novembro – os partidos moderados pretendiam, mesmo antes de ser aprovada uma Constituição, que a Assembleia
Constituinte, na sequência dos resultados eleitorais de 25 de Abril, se transformasse de imediato num orgão de poder
para aprovar leis gerais e escolher novo governo (cujo 1º Ministro seria Mário Soares). Foi assim que um grupo de
trabalhadores se concentrou em frente a S. Bento com objectivo alegadamente de carácter reivindicativo-laboral. O que
é certo, é que os deputados do PCP saíram da Assembleia debaixo de aplausos enquanto muitos outros tiveram de
fugir pelos jardins do palácio.

15 de Novembro – Juramento de bandeira no RALIS – os soldados quebram as normas militares que regulamentam os
juramentos de bandeira e fazem-no de punho fechado.

20 de Novembro – O Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no comando
da Região Militar de Lisboa. O Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de
segurança para exercício do governo do país".

Manhã de 25 de Novembro – Na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, CEMFA, que dias antes tinha
mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, paraquedistas da Base Escola de
Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas. Detêm o general Pinho Freire e
exigem a demissão de Morais da Silva. Este acto é considerado pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o
indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses
militares apoiados pelos partidos políticos moderados PS e PPD e depois do Presidente da República, General
Francisco da Costa Gomes, ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e
apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar inequivocamente o destino
político do país.

Tarde de 25 de Novembro – Elementos do Regimento de Comandos da Amadora cercam o Comando da Região Aérea
de Monsanto.

Noite de 25 de Novembro – O Presidente da República decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa. Militares afectos
ao governo, da linha do Grupo dos Nove, controlam a situação. Prisão dos militares revoltosos que tinham ocupado a
Base de Monsanto.

26 de Novembro – Comandos da Amadora atacam o Regimento da Polícia Militar, unidade tida como próxima das forças
políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição da PM, há vítimas mortais de ambos os lados. Prisões dos militares
revoltosos.

27 de Novembro – Os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos
de Chefe de Estado-maior do Exército e de Comandante do COPCON. O General António Ramalho Eanes é o novo
Chefe de Estado-maior do Exército. Por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja
Católica.

28 de Novembro – O VI Governo Provisório retoma funções. O Conselho de Ministros promete o direito de reserva aos
donos de terras expropriadas.

E o nosso partido? Naturalmente diferente hoje do que era em pleno PREC há princípios basilares que se mantêm 32
anos depois. São eles: Democracia civil sem tutelas militares, Autoridade do Estado. Sistema de governo misto. Abertura
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à democracia referendária e participativa. Estabilidade política. Preocupação com a verdade nas relações entre governantes
e governados e com a ética no comportamento daqueles. Economia menos estatizada e mais aberta à iniciativa das
pessoas e dos seus grupos. Nacionalismo democrático e europeísmo militante. Sentido de responsabilidade crítica
perante o mundo que fala português e inequívoco reconhecimento do papel estratégico das nossas comunidades
dispersas pelos cinco continentes.

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