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B al Aspectos legais e institucionais 13.1. Introdugéo Mesmo com 0 conhecimento dos efeitos adversos resultantes de um modelo de desenvolvimento econdmico desvinculado do meio ambiente, ainda hoje se faz necessério utilizar mecanismos, muitas vvezes coercitivos, na tentativa de harmonizar as relacdes entre o Homem eo meio ambiente. Como primeiro instrumento de concilia¢ao foi desenvolvido um sistema conhecido como "coman- - doe controle”, que consistiu na criagao de normas e padres ambientais para proteger 0 meio ambiente € ‘0 proprio Homem dos efeitos associados & exploragao irracional dos recursos naturais dispontveis. m De uma maneira geral, por muito tempo, no Brasil e em outros paises, a0 poluigso era vista como um indicativo de progresso — uma percepco que perdurou até os problemas se tornarem evidentes. As | primeiras iniciativas relacionadas ao controle da poluigao tiveram como foco a protecao do trabalhador, ~ t no ambiente de trabalho, por meio do desenvolvimento de normas de satide e seguranga ocupacional, _ h cujas primeiras sementes, nos Estados Unidos da América, foram plantadas no inicio do século XX (BLS, 2004). Posteriormente, a preocupacdo passou a ser a populagao situada nos arredores de inddstrias e ou- tos empreendimentos responsdveis pela emissao de poluentes para o meio ambiente. Dentre as principais formas de poluigéo, a atmos(érica foi a que se manifestou com maior inten- oS sidade, levando & necessidade do estabelecimento de normas para o seu controle. Também nos Estados - I Unidos da América, no inicio da década de 1970, foi criada uma norma para controle da poluicéo do ar, { Clean Air Act, a qual foi resultado de um esforgo iniciado em 1955, com a publicacao da lei publica 84- - } 159, conhecida como Air Pollution Control Act of 1955 (AMS, 2004). - i ‘Apés esses eventos, outras normas de controle da poluigao ambiental foram editadas pelo Poder - } Piblico, de maneira a abranger todas as formas de polui¢ao do meio ambiente. = No Brasil, a evolucao da legislagao ambiental, de certa forma, foi semelhante & que ocorreu em _ outros paises, tendo sido criada uma estrutura bastante complexa para seu desenvolvimento e implan- i taco. o Por se tratar de uma Repablica Federativa, no Brasil, o estabelecimento das normas de controle am- - biental considera trés niveis hierarquicos, como ocorre no caso das normas relacionadas a outros temas, Qs cou seja, & Unio cabe 0 estabelecimento de normas gerais que sio vlidas em todo o territrio nacional; _ aos Estados cabe 0 estabelecimento de normas peculiares; enquanto aos Municipios cabe o estabeleci- mento de normas que visem atender aos interesses locais (Machado, 1992). a Com uma melhor compreenséo dos efeitos resultantes das atividades humanas sobre o meio am- - biente, houve uma evolucao no modelo de regulamentacao ambiental, que passou a incorporar os concel- ~ tos de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, além dos mecanismos de coergdo. ze ‘Atualmente, existe uma farta legislacdo de protecdo ambiental e de gestdo de recursos ambientais, . co que, em tese, poderia parecer suficiente para assegurar a sua preservacio ou manejo sustentado. Hé, no ‘entanto, necessidade de uma andlise profunda dos instrumentos existentes e de sua reformulagao para que i possam, realmente, conduzir ao desenvolvimento sustentével — assunto exaustivamente discutido durante - a Conferéncia Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92. -~ 13.2 _ Principias constitucionais relativos a0 meio ambiente e aos recursos ambientais Referéncias constitucionais ‘A introducao da matéria ambiental na Lei Maior brasileira é um marco hist6rico de inegavel valor, dado que as constituigoes que precederam a de 1988 jamais se preocuparam com a protecio do meio ‘ambiente de maneira especifica e global. Nelas, sequer uma vez foi empregada a expressao ‘meio ambien- te’, revelando a total despreocupaco com 0 préprio espago em que vivernos. Hoje, em 18 passagens, hd referencias a essa locugdo. Na Constituigdo Federal (CF), 0 Capitulo VI, referente especificamente ao meio ambiente, incorpora varias disposig&es de lei federal anterior, a Lei n®, 6.938, de 31.8.81, tida como um marco na area ambien- tal, dando a essas disposi¢&es status constitucional. Além disso, a partir da promulgac3o da Constituigo Federal, passou-se, obrigatoriamente, a tratar a questo ambiental inserindo-a na luta pela melhoria da qualidade de vida da populagdo, ja que o Capitulo VI faz parte do Titulo Vill da Constituigao, denominado "Da Order Social’. Mais importante que a existéncia desse Capitulo € 0 fato de o meio ambiente, assim como a preservago adequada dos recursos naturais, estar contemplado ao longo de todo o texto consti- tucional, incluindo a dimensao ambiental nos varios setores do Pais. ‘A seguir, indicamos alguns dos principais artigos que constituem, juntamente com as leis existentes, a base da formulagao de politicas e execugdo de aGdes relativas a0 meio ambiente e gestao dos recursos naturais, que serdo comentados posteriormente no item 13.3 deste capitulo, Para mais detalhes, ha neces- sidade de consulta ao texto constitucional: art. 5° (incisos XIV € XXXtII) — garantia de acesso a informa- (Gdes; art. 5°(inciso LXXIll) — acdo popular contra ato lesivo ao patriménio publico; arts. 20 a 32 — bens da Unido e Estados e competéncias da Unido, Estados, municipios e Distrito Federal; art. 129 {incisos Ill e VI) — fungdes institucionais do Ministério Pablico referentes ao meio ambiente; art. 170 {incisos II e VI) —Principios da Ordem Econémica; art. 174 § 1° Politica de Desenvolvimento Urbano; art. 186, Il — fun- ‘580 social da propriedade; e o art. 225, que trata especificamente do meio ambiente, o qual & transcrito a seguir: Constituicdo da Repiblica Federativa do Brasil TITULO Vill DA ORDEM SOCIAL, CAPITULO VI DO MEIO AMBIENTE Art, 225 — Todos tém direito 20 meio ambiente ecologicamente e equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pablico e & coletividade o dever de defendé-lo e preservé-lo para as presentes e futuras geracoes. § 1°— Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Publico: | — preservar e restaurar os processos ecol6gicos essenciais e prover o manejo ecolégico das espécies e ecossistemas; Il — preservar a diversidade e a integridade do patriménio genético do Pais e fiscalizar as entidades dedicadas & pesquisa e manipulago de material genético; Ill — definir, em todas as Unidades da Federac3o, espacos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteracao e a supressao permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilizagzo que comprometa a integridade dos atributos que justifi- quem sua protecao; 1V —exigit, na forma da lei, para instalacdo de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradagéo do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dard publicidade; V— controlar a produgao, a comercializacao e o emprego de técnicas, métodos e substan- cias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida ao meio ambiente; VI —promover a educagao ambiental em todos os niveis de ensino e a conscientiza¢ao pi blica para a preservacao do meio ambiente; VII — proteger 2 fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as praticas que coloquem em risco sua fungdo ecolégica, provoquem a exting’o de espécies ou submetam os animais & crueldade. § 2°— Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solugao técnica exigida pelo é1g20 publico competente, na forma da lei. § 3°— As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitardo aos infra- tores, pessoas fisicas ou juridicas, a sancdes penais e administrativas, independentemente da obrigacao de reparar os danos causados. § 4°—A Floresta Amaz6nica Brasileira, a Mata Atlantica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira s4o patrimdnio nacional, e a sua utilizacao far-se-4, na forma da lei, dentro de condigdes que assegurem a preservagao do meio ambiente, inclusive quanto 20 uso dos recursos naturais. § 5°— Sao indisponiveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ages discri- minatérias, necéssérias & protec3o dos ecossistemas naturais. '§ 6°— As usinas que operem com reator nuclear deverdo ter sua localizagao definida em lei federal, sem o que nao poderdo ser instaladas. Repartigdo de competéncias , _ Embora o art, 5® da CF, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, nao tenha destacado um inciso especifico conferindo diretamente ao individuo o direito de desfrutar de uma vida sadia, de alguma forma se preocupou 0 legislador em legitimar qualquer cidadio, para propor a¢ao popular em protecio ao meio ambiente e ao patrimOnio historico e cultural, conforme inciso LXXIlI do art. 52 ‘ACF mudou profundamente o sistema de competéncias ambientais, podendo agora a parte global das matérias ambientais ser legislada nos trés planos, conforme arts. 21, 22, 23 e 24. Assim, o meio am- biente nao ficou de competéncia exclusiva da Unido, apesar de alguns setores ambientais importantes estarem na competéncia privativa federal. Em matéria de distribui¢go de competéncias, a Constituigao mostrou-se bastante descentralizadora, em contraposi¢ao a anterior, que enfaixava nas maos da Unido praticamente toda a competéncia para disciplinar o uso dos recursos naturais. ‘As competéncias privativas da Unido vém descritas nos arts. 21 ¢ 22 da CF. As do art. 21 sio de ordem administrativa e as do art. 22, de ordem legislativa. Notamos que, para atuar administrativamente em relacdo as atividades previstas no ant. 21, a Unio tem antes de legislar sobres esses assuntos. Observamos que 0 municipio nao foi mencionado no art. 24 como detentor da competéncia con- corrente para disciplinar as matérias ali relacionadas. Isso nao significa, contudo, que essa atribuigao tenha Ihe sido vedada. Conforme expressamente previsto no art. 23, € também competéncia dos municipios proteger o meio ambiente, combater a poluicdo, preservar as florestas, a fauna e a flora. Portanto, seja atendendo a assuntos de interesse local (art. 30), seja complementando a legislagao federal e a estadual, esta aberta a porta para legislaco municipal na defesa do meio ambiente. Porém, diferentemente da Unido e dos Estados, os municipios precisam articular sua competéncia suplementar (art. 30, Il, CF), em que essa ‘competéncia suplementar’ é ‘no que couber’. O controle da poluiggo, por sua vez, encontrava seu fundamento na disposi¢ao sobre ‘normas gerais de defesa e protecdo da satide’ (art. 80, XVII, ‘c’, da Emenda Constitucional n° 1, de 17.10.69), exer- cendo, os Estados, a competéncia supletiva sobre a matéria. No exercicio e sua competéncia, a Unido vinha editando normas bastante genéricas sobre 0 con- trole da poluigo ambiental, deixando a matéria para ser disciplinada quase totalmente em nivel estadual. Contudo, essa atitude comegou a ser modificada com a edigo, a partir de 1975, de legislacdo que dispoe yyy —y ‘ sobre o controle da poluigdo industrial e a fixagao de normas e padres ambientais. Tal tendéncia vern se ‘acentuando bastante, podendo-se observar que, atualmente, a Unigo nao mais se limita a editar normas gerais, ocupando-se quase totalmente dessa atribuicdo e pouco deixando para ser estabelecido em outros niveis. No entanto, enquanto isso ocorre no campo legislativo, o mesmo nao se verifica com as ages de controle da poluico ambiental e com a fiscalizagao da legislacio vigente. Nessa érea, vem sendo mantida a politica de deixar aos poderes locais (estaduais e municipais) a fiscalizacao do cumprimento das normas legais e 0 efetivo controle da polvigao do meio ambiente. Ao érgio federal, no caso o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente ¢ dos Recursos Naturais Renovéveis (bama), incumbe apenas a atuago supletiva nes- sa rea, ou seja, a Unido somente atua no siléncio ou omissao do érgao estadual competente no caso da sua inexisténcia ou em situagbes que extrapolem o territério de um Estado, causando efeitos nos Estados vizinhos. Quanto a gestdo dos recursos naturais, a tonica tem sido a celebracao de convénios entre 0 rgio federal e 61gdos estaduais, com o primeiro delegando aos segundos grande parte das atribuicdes de fisca- lizagao. Por outro lado, a partir da Constitui¢do CF/88 foram abertos novos caminhos para atvago dos municipios, com a geracdo de instrumentos que possibilitam a aco e 0 controle do uso da propriedade privada fungo social por meio dos Planos Diretores. No art. 120 esto descritos os principios gerais da COrdem Econémica, entre eles a soberania nacional, afungao social da propriedade e a defesa do meio am- biente. O art. 182, § 1°, coloca em evidéncia a expressdo Plano Diretor e torna obrigatéria sua elaboracso @ adogao em 4reas urbanas com populagdo igual ou superior a 20 mil habitantes. Observamos que a propriedade urbana cumpre sua fungao social quando atende as exigéncias fundamentais expressas no Plano Diretor (§ 2°do art. 182) e o rural, quando atende simultaneamente as seguintes exigéncias: |. aproveitamento racional e adequado; 1. utilizagao dos recursos naturais disponiveis e preservacao do meio ambiente; IIL, observancia das disposigdes que regulam as relagdes do trabalho; IV. exploragao que favoreca o bem-estar dos proprietarios e dos trabalhadores (art. 186, CF. 133 Legislagiio de protegdo de recursos ambientais e da Politica Nacional do Meio Ambiente Na década de 1960, foram promulgadas varias leis federais de grande importancia, como 0 Estatuto da Terra, Lei n® 4.504, de 30.11.64, alterada pela Lei n®6.476/79, com dispositivos referentes & conserva- ‘¢a0 dos recursos naturais renovaveis; a Lei n® 4.771, de 15.9.65, que instituiu 0 Cédigo Florestal, alterada pela Lei n® 7.803/89; 0 Decreto-lei n?221, de 28.2.67, estabelecendo o Cédigo da Pesca; 0 Decreto-lei n® 227, de 28.2.67, instituindo 0 Cédigo de Mineragdo, mais tarde regulamentado pelo Decreto n? 62.934, de 2.7.68; e a Lei de Protecdo a Fauna, Lei n®5.197, de 3.1.67, com redagdo dada pela Lei n®7.653, de 17.2.88. A Lei n® 6.902, de 27.4.81, dispds sobre a criacao de estacdes ecolégicas ¢ areas de protegao am- biental e foi regulamentada pelo Decreto n*99.274, de 6.6.90. A Lei Federal n®6.938, de 31.8.81, estabeleceu a Politica Nacional do Meio Ambiente, fixando principios, objetivos € instrumentos. Estabeleceu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e criou © Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Além disso, era reconhecida nessa lei a legitimidade do Ministério Pablico da Unio para propor aces de responsabilidade civil e criminal por danos causados a0 meio ambiente. ‘Ap6s sua promulgacao, a Lei n® 6.938 sofreu algumas alteracdes pelas Leis n* 7.804, de 18.7.89, € 1 8.028, de 12.4.90, sendo atualmente regulamentada pelo Decreto n® 99.274, de 6.6.90, com alteracdes dadas pelo Decreto n® 99.355, de 27.6.90. Capiony 1 = Aspectas legats e insttefonas ke Essa foi, na realidade, a primeira lei federal a abordar o meio ambiente como um todo, abrangendo 1 diversos aspectos enwvolvidos e as varias formas de degradacdo ambiental, e ndo apenas a poluigo cau- sada pelas atividades industriais ou 0 uso de recursos naturais, como vinha ocorrendo até entio, interessante notar que a Lei n?6.938/81 ampliou sensivelmente o conceito de poluicdo, jé que ex- pressamente a define como a ‘degradagao da qualidade ambiental’, o que inclui ndo apenas o langamento de matéria ou energia (poluente) nas aguas, no solo ou no ar, mas também qualquer atividade que, direta ou indiretamente, cause os efeitos ali descritos. Observa-se também que a Lei n# 7.604/89, que alterou a Lei n* 6.938/81, previu o ‘crime ecol6- gico’. O Decreto n* 97.822, de 8.6.89, instituiu o Sisterna de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturals por Satélite (Simarn). O Fundo Nacional do Meio Ambiente foi insttuido pela Lei n* 7.797, de 10.7.89, com alteragées posteriores pela Lei né 8.028, de 12.4.90. O Decreto n? 98.161, de 21.9.89, com alteragao introduzida pelo Decreto n#99.249, de 1.5.90, fixou regras sobre a administracao do Fundo Nacional do Meio Am- biente. Prineipios e objetivos da Politica Nacional do Meio Ambiente Pela Lei n® 6.938, de 31.8.81, art. 2°, a Politica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservacdo, melhoria e recuperacao da qualidade ambiental propicia a vida, visando assegurar, no Pats, condigdes a0 desenvolvimento socioecondmico, aos interesses da seguranca nacional e 2 protecdo da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princfpios: * aco governamental na manuteng3o do equilibrio ecolégico, considerando o meio ambien- te como patriménio pablico a ser, necessariamente, assegurado e protegido, tendo em vista 0 us0 coletivo; racionalizagao do uso do solo, do subsolo, da agua e do ar; planejamento e fiscalizacdo do uso dos recursos ambientais; \ * protecaio dos ecossistemas, com a preservacao de dreas representativas; | * controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; * incentivos ao estudo e a pesquisa de tecnologias orientadas para uso racional e a proteco dos recursos ambientais; * acompanhamento do estado da qualidade ambiental; *+ recuperacdo de areas degradadas; * protecdo de Sreas ameagadas de degradacio; e + educa¢do ambiental em todos 0s niveis de ensino, inclusive a educago da comunidade, objetivando capacité-ta para participacao ativa na defesa do meio ambiente. Entre esses principios, merece especial destaque o que declara ser o meio ambiente um patriménio pablico, a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Tal principio traz uma série de conseqdéncias no campo pratico, pois amplia sensivelmente a possibilidade de atuac3o da comunidade em defesa do meio ambiente. A Lei n® 6.938, com redagao dada pela Lei n® 7.804, de 18.7.89, estabelece que, para os fins pre vistos na lei, entende-se por: ‘+ meio ambiente: 0 conjunto de condicdes, leis, influéncia e interagdes de ordem fisica, qui- mica e biol6gica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; * degradacao da qualidade ambiental: a alteracdo adversa das caracteristicas do meio am- bien * poluiga retamente a) prejudiquem a satide, a seguranga eo bem-estar da populago; ») criem condicdes adversas is atividades sociais e econdmicas; )_afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condigdes estéticas ou sanitérias do meio ambiente; e degradacao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indi- a @) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrdes ambientais estabelecidos. ~ + poluidor: a pessoa fisica ou juridica, de dreito pablico ou privado, responsével, deta ou ~ indiretamente, por atividade causadora de degradagio ambiental; € «recursos ambientais: a atmosfera, as 4guas interiores, superficiais e subterraneas, os estua- rios, 0 mar territorial, 0 solo, 0 subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. ‘A Lei n? 6.938, de 31.881, no seu art. 4°, estabeleceu que a Politica Nacional do Meio Ambiente visaré + Acompatibilizaggo do desenvolvimento econémico-social com a preservacao da qualidade do meio ambiente e do equilibrio ecolégico; «3 definicao de areas prioritérias de aco governamental relativa & qualidade e ao equilibrio 7 ‘ecolégico, atendendo aos interesses da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territé- ~ rios e dos municipios; - «a0 estabelecimento de critérios e padres da qualidade ambiental e de normas relativas a0 uso e manejo de recursos ambientais; «+ 20 desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; ~ «» Adifusdo de tecnologias de manejo do meio ambiente, a divulgagio de dados e informacoes = ‘ambientais e a formacao de uma consciéncia publica sobre a necessidade de preservacao ~ da qualidade ambiental e do equilibrio ecol6gico; + a preservagao e restauracio dos recursos ambientals com vistas & sua utlizagao racional e disponibilidade permanente, concorrendo para manutengo do equilfbrio ecolégico propi- cio a vida;e +3 imposigio, a0 poluidor e ao predador, da obrigacto de recuperar e/ou indenizar os danos i ausados e, 20 usurio, da contribuigao pela utilizagao de recursos ambientais com fins eS econémicos. fs Instrumentos da Politica Nacional do Meio Ambiente ~ ‘A seguir listamos os instrumentos da Politica Nacional do Meto Ambiente, conforme a Len? 6.938, de 31,8.81, e posteriores alteracdes pela Lei n# 7.804 e Lei n® 8.028, de 12.4.90: |. oestabelecimento de padres de qualidade ambiental; {1,0 zoneamento ambiental; Ill, a avaliagao de impactos ambientais; IV. olicenciamento ea revisio de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V._ os incentivos 8 produco e instalacdo de equipamentos ea criagao ou absorcao de tecno- logia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; Vi. a criagdo de espacos territoriais especialmente protegidos pelo Poder Publico Federal, Estadual e Municipal, tais como areas de protecao ambiental, de relevante interesse eco- logico e reservas extrativistas; . Vil, o sistema nacional de informagdes sobre o meio ambiente; ‘Vill, o Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental; IX. as penalidades disciplinares ou compensatorias 20 ndo-cumprimento das medidas neces- sirias & preservagio ou correcao da degradagio ambiental; ~ X. a instituigdo do Relatério de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturals Renovaveis {(Ibama); XI. a garantia da prestacdo de informagdes relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Publico a produzi-las, quando inexistentes; € i XIl. 0 Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos al recursos ambientais. ‘ ‘Alguns dessesinstrumentos, da maior importancia, sio detalhados a seguir, © Extabelecimento de padrées de qualidade ambiental 4 Esse estabelecimento diz respeito a normas gerais sobre a defesa ambiental baixadas pela Unido (§ - 1°, ant. 24 da CP), podendo os Estados e o Distrito Federal baixé-los em cardter suplementar. a © Zoneamento ambiental a © zoneamento ambiental deve ser efetuado em nivel nacional (macrozoneamentol, regional e mu- nicipal. ACF deu competéncia & Unido para ‘elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- 40 do territério e de desenvolvimento econdmico e social’. No desenvolvimento social, deve ser inserido ‘0 meio ambiente que faz parte do Titulo Vill — Da Ordem Social. eS Os Estados, com base na competéncia comum e na concorrente, poderao estabelecer seus zoneamen- ~ tos ambientais. Aliés, a Lei n® 6.803, de 2.7.80, que dispde sobre as direrizes bésicas para 0 zoneamento industrial, prevé que os Estados estabelecam leis de zoneamento nas reas criticas de poluigdo que com- patibilizem as atividades industriais com a protego ambiental. O municipio deverd prever na Lei do Plano Diretor, conforme art. 182, § 1°da CF, 0 zoneamento - ambiental a0 lado do urbanistico, que se confundirao por meio de lei propria em um s6 esquema. © Avaliagéo de impacto ambiental A avaliagao de impacto ambiental € um dos instrumentos mais importantes para a protecdo dos recursos ambientais, tanto que a Constituigao declarou como sendo um dos deveres do Poder Piblico ‘exigir, na forma da Lei, para instalacao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa - degradacao do meio ambiente estudo prévio de impacto ambiental a que se daré publicidad’ (art. 225, e inciso IV, §19). Anteriormente, a Lei n# 6.938/81 4 tinha estabelecido a avaliagao de impacto ambiental como um dos instrumentos da Politica Nacional do Meio Ambiente. Posteriormente, a Resoluc3o Conama n® 001, de 23.1.86, veio estabelecer a exigéncia de realizago de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e apresentagao do respectivo Relatério de Impacto Ambiental (Rima) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente. Tal resolugao relaciona algumas - atividades que estariam sujeitas & elaboragao de estudo de impacto ambiental, devendo ser observado que essa relacao é apenas exemplificativa e que outras nao constantes daquele rol poderdo sujeitarse as rmesmas exigéncias. Entre as obras e atividades enumeradas, além de estradas, ferrovias e aeroportos, podem ser citados, 05 troncos coletores e emissérios de esgotos sanitérios e também os aterros sanitérios, processamento € - destino final de residuos téxicos ou perigosos e, ainda, obras hidréulicas para exploracao de recursos hi- - dricos, tais como barragens para fins hidrelétricos, de saneamento ou de irrigagao, retficagdo de cursos de gua e outros. Além desses, constam os projetos urbanisticos acima de 100 ha ou em reas consideradas de relevante interesse ambiental a crtério do Ibama e de érgios municipais e estaduais competentes, 05 distritos industriais e as zonas estrtamente industriais etc. ‘A decisio dos 6rgaos competentes sobre a possibilidade ou nao de licenciamento de qualquer das atividades sujeitas & elaborago de estudo de impacto ambiental vai depender das condic6es desse impac- - toe da andlise a ser feita pela autoridade ambiental, merecendo ser observado que o referido estudo no se limita a demonstrat os efeitos da realizacdo do projeto sobre o meio ambiente, mas analisa, também, as conseqiiéncias de sua ndo-execucao. - © Rima é acessivel ao piblico, e suas c6pias devem permanecer & disposi¢ao dos interessados - @, conforme 0 caso, deverd ser feita audiéncia piblica para exame e discussao de seu contetido, As Au- S diéncias Pablicas foram disciplinadas pela Resolucao Conama nf 9, de 3.12.87, publicada somente em . 5.7.90. ‘AResolucdo Conama n° 6, de 16.9.87, veio estabelecer normas as concessionarias de exploracao, - geragio e distribuigo de energia elétrica no tocante a subjungio do empreendimento ao licenciamento = @ elaboracio de estudos de impacto ambiental. Porém, embora se referindo, em seu art. 1%, as empresas ~ de energia elétrica, tal resolugao ver sendo aplicada as grandes obras executadas por érgios piblicos ~ (ou suas concessionérias e atinge, também, empreendimentos iniciados antes da vigéncia da Resolugao n® . 001/86. Licenciamento Embora na época da promulgacdo da Lei n#6.938/81 o sistema de licenciamento jé estivesse pre- visto na legislagdo de varios Estados, ele foi disciplinado por essa lei, em nivel nacional, tornando-se obrigatério em todo o Pats, A referida lei deu origem ao sistema da triplice licenga, instituido por meio da resolugao Conama nt 237, de 19.12.1997: Licenga Prévia (LP) — fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos basicos a serem atendidos nas fases de localizagao, instalagao e operacao, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. E nessa fase que deve ser solicitado, quando for 0 caso, 0 estudo de impacto ambiental Licenga de Instalacao— autoriza o inicio da implantacao, de acordo com as especificagbes constantes do projeto executivo aprovado. Licenga de Operacdo — autoriza, apés as verificagbes necessérias, 0 inicio da operagio da atividade licenciada e 0 funcionamento de seus equipamentos, de acordo com 0 estabeleci- do nas licengas prévias e de instalagio. De acordo com a norma federal, esto sujeitas a licenciamento as obras ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradac3o ambiental. Essa definicao é bastante genérica, mas a grande maioria dos Estados optou por relacionar as obras ou atividades sujeitas ao sistema de licenciamento ou estabele- cer critérios para sua identificagio. ‘A Lei Federal n® 6.938/81 consagrou o principio da publicidade do licenciamento, estabelecendo que, resguardado 0 sigilo industrial, os pedidos de licenca deverdo ser objeto de publicacao resumida, em dois jornais, paga pelo requerente ‘As licengas s80 normalmente expedidas pelos 61gaos de controle ambiental dos Estados, cabendo a0 Governo Federal, por meio do tbama, o licenciamento de Ambito nacional ou regional, \ No caso do licenciamento de estabelecimentos destinados a produzir materiais nucleares e/ou a ulilizar energia nuclear e suas aplicacées, 0 licenciamento compete & CNEN, mediante parecer do Ibama, e ouvidos os érgaos estaduais e municipais de controle ambiental 13.4 Sistema Nacional do Meio Ambiente Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), criado pela Lei ne 6.938/81, tem sua estrutura, composicdo e competéncias estabelecidas pelo Decreto nt 99.355, de 27.6.90. O Decreto n°99.274, de 6.6.90, alterou a composigao do Conama. Pelo art. 3° do Decreto n#99.355, de 27.6.90, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), constituldo pelos érgios e entidades da Unido, dos Estados, do Distrito Federal, dos municipios e pelas fundacées instituidas pelo Poder Pablico responsaveis pela protecdo e melhoria da qualidade ambiental, tem a seguinte estrutura: + Orgao Superior: 0 Conselho de Governo; Orgao Consultivo e Deliberativo: 0 Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama); Orgao Central: 0 Ministério do Meio Ambiente (anteriormente Secretaria do Meio Ambiente da Presidéncia da Republica (Semam/PR)); ‘Orgao Executor: 0 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renova- veis (Ibama}; ‘+ Orgaos Seccionais: os érgaos ou entidades da Administragao Pablica Federal Direta e In- direta, as fundagdes instituidas pelo Poder Paiblico cujas ativicades estejam associadas as de protecéo ambiental ou aquelas de disciplinamento do uso de recursos ambientais, bem assim 05 Orgios e entidades estaduais responséveis pela execusao de programas e projetos e pelo controle efiscalizagio de atividades capazes de provocar a degradagao ambiental; e } t h Fi mensurdveis. + Orgaos Locais: os 6rgaos ou entidades municipais responséveis pelo controle e fiscalizagio das atividades referidas nas suas respectivas jurisdicoes. So as seguintes as competéncias do Conama: LL assessorar, estudar e propor 20 Conselho de Governo as dire mentais para o meio ambiente e recursos naturais; es de politicas governa- Il, baixar as normas de sua competéncia necessérias & execugao e implementagao da Politi ca Nacional do Meio Ambiente; Ill, estabelecer normas e crtérios para licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal; IV, determinar, quando julgar necessério, a realizacao de estudos sobre as alternativas € possiveis consequéncias ambientais de projetos pblicos ou privados, requisitando aos ‘rgios federais, estaduais ou municipais, bem assim a entidades privadas, as informagdes indispensaveis a apreciagao dos estudos de impacto ambiental e respectivos relatorios, no caso de obras ou atividades de significativa degradacao ambiental; \V. decidir, como tiltima instancia administrativa, em grau de recurso, mediante depésito prévio, sobre multas e outras penalidades impostas pelo Ibama; VI. homologar acordos visando a transformacdo de penalidades pecuniarias na obrigacao de executar medidas de interesse para a protecao ambiental; Vil. determinar, quando se tratar especificamente de matéria relativa a0 meio ambiente, a perda ou restricao de beneficios fiscais concedidos pelo Poder Publico, em cardter geral ou condicional, e a perda ou suspensio de participacao em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; Vill. estabelecer, privativamente, normas e padres nacionais de controle da poluicgo causada or verculos automotoresterestes, aeronaves e embarcagées, apés audiéncia aos Minis- \érios competentes; IX. estabelecer normas, critérios e padrdes relativos ao controle e 8 manutencao da qualidade do meio ambiente com vistas 20 uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hidricos; X. _estabelecer normas gerais relativas as Unidades de Conservacao e &s atividades que po- dem ser desenvolvidas em suas éreas circundantes; XI. estabelecer 0s critérios para a declaragao de areas crfticas, saturadas ou em vias de satu- ragao; XIl. submeter & apreciacao dos 6rgaos e entidades da Administracao Publica Federal dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos municipios as propostas referentes & concessao de incenti- vos e beneficios fiscais e financeiros, visando a melhoria da qualidade ambiental; XIIl criar e extinguir Camaras Técnicas; e XIV, aprovar seu Regimento Intemo. §1°— As normas e critérios para o licenciamento de atividades potencial ou efetivamente poluidoras deverdo estabelecer os requisitos indispenséveis & protegio ambiental, § 2°—As penalidades previstas no inciso Vil deste artigo somente sero aplicadas nos casos previamente definidos em ato especifico do Conama, assegurando-se ao interessado ampla defesa, '§ 3° —Na fixagao de normas, critérios e padrées relativos ao controle e & manutenco da qua- lidade do meio ambiente, o Conoma levard em consideragio a capacidade de auto-re- -generacdo dos corpos receptores e a necessidade de estabelecer parametros genéricos y pyvyy TBS Leide Crimes Ambient Um dos instrumentos legais que ganhou bastante destaque dentro do conjunto de normas para 0 controle da qualidade ambiental foi a Lei n® 9.605, de 12 de fevereiro de 1996, que dispée sobre as san- {des penais e administrativas derivadas de condutas lesivas a0 meio ambiente e dé outras providéncias, a qual passou a ser conhecida como Lei de Crimes Ambientais. ‘A Lei n# 9.605 foi sancionada com 10 vetos e & composta por 82 artigos distributdos em oito capf- tulos, nos quais s4o definidos os crimes ambientais relacionados a degradacao do meio ambiente, as res- pectivas penas e crtérios para a aplicacao dessas, além de apresentar 0s conceitos relacionados &inirac3o ‘administrativa e & cooperacdo intemacional para preservacao do meio ambiente. Nao obstante a importancia da Lei de Crimes Ambientais como um todo, merece atencao especial © Capitulo V, Dos Crimes contra @ Meio Ambiente, que, na segao Il, artigo 54, define o que é crime: Causar poluigo de qualquer natureza em niveis tais que resultem ou possam resultar em da- rnos 3 satide humana, ou que provoquem mortandade de animais ou a destruicao significativa da flora. Pena —reclusio, de um a quatro anos e mult § 19 se o crime é culposo: Pena — detengao, de seis meses a um ano e mutta § 2°—se ocrime: |. tornar uma érea, urbana ou rural, impropria para a ocupagéo humana; I. causar poluigao atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentinea, dos habi- tantes das éreas afetadas, ou que cause danos diretos & satide da populacao; Ill. causar poluigio hidrica que torne necessaria a interrup¢ao do abastecimento piiblico de gua de uma comunidade; IV. dificultar ou impedir 0 uso pablico de praias; V.__ocorrer por lancamento de residuos solidos, liquidos ou gasosos, ou detritos, 6leos ou subs- tancias oleosas em desacordo com as exigéncias estabelecidas em leis ou regulamentos. Pena — reclusao, de um a cinco anos. § 3° — incorre nas mesmas penas previstas no pardgrafo anterior quem deixar de adotar, quan do assim 0 exigir a autoridade competente, medidas de precaucao em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversivel. Outro aspecto a ser destacado na Lei n# 9.605 refere-se a responsabilidade pelos atos ou condutas lesivas ao meio ambiente, pois quem, de qualquer forma, contribui para a prética dos crimes definidos, também respondera pelo crime na medida de sua culpabilidade, ber como o diretor, o administrador, 0 membro do conselho e de érglo técnico, 0 auditor, 0 gerente, 0 preposto ou mandatario de pessoa jurl- dica, que, sabendo da conduta criminosa de outros, deixar de impedir a sua prética, quando podia agic para evitéla. ‘A Lei n® 9.605 foi regulamentada pelo Decreto n® 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispoe so- bre a especificagao das sangées aplicaveis as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providencias, onde esto estabelecidas as multas e penalidades a serem aplicadas 13.6. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos teve sua implantacao ordenada pela Constituicdo de 1988. Em atendimento a esse princfpio constitucional, foi promulgada a Lei n? 9.433, em 9.1.1997, que instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hidricos e criou 0 Sistema Nacional de Gerencia- mento de Recursos Hidricos. $40 objetivos da Politica Nacional de Recursos Hidricos assegurar a necesséria disponibilidade de agua, a ullizagao racional e integrada dos recursos e a prevencao e delesa contra eventos hidroldgicos criticos. Ela se baseia nos principios: + a Sgua é um bem de dominio piblico; + a Sgua é em recurso natural limitado, dotado de valor econémico; « em situagbes de escassez, 0 uso prioritério de Sgua é 0 consumo humano e a dessedentacio de animais; ‘a gestio dos recursos hidricos deve promover 0 uso miltiplo das aguas; a bacia hidrogréfica ¢ a unidade territorial para a gestao dos recursos hidricos; a gestéo dos recursos hidricos deve ser descentralizada e contar com a participagao do Po- der Pablico, dos ususrios e das comunidades. Para a implantaco da Politica Nacional de Recursos Midricos, a Lei n® 9.433 prevé a utilizacao dos seguintes instrumentos: 105 Planos de Recursos Hidricos; ‘0 enquadramento dos corpos de égua em classes de uso; a outorga dos direitos de uso da égua; + a cobranga pelo uso da agua; + 0 Sistema de Informacdes sobre Recursos Hidricos. ‘Aimplantagio da Politica Nacional de Recursos Hidricos e a coordenagdo da gestéo das guas so feitas pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos (SNGRH). ‘O SNGRH € composto pelos seguintes Srgios: * Conselho Nacional de Recursos Hidricos; Conselho de Recursos Hidricos dos Estados e do Distrito Federal; Agencia Nacional de Agua; Comité de Bacia Hidrografica; Orgaos dos poderes piblico federal, estaduais e municipais cujas competéncias se relacio- nam com a gestio de recursos hidricos; € + Agéncias de Agua. oie renpememamerancisica 13.7 Aspectos legais¢ insttucionais relativos ao meio atmosférico Legislagdo basica federal ‘APortaria MINTER né 231, de 27.4.76, estabeleceu padrées de qualidade do ar, em nivel nacional, para quatro poluentes: poeira total em suspensdo, didxido de enxofre, monéxido de carbono e oxidantes fotoquimicos. Essa Portaria ja previa 0 estabelecimento de novos padres de qualidade do ar, quando i houvesse informacao cientifica a respeito. Dando continuidade ao processo de regulamentacao do controle da poluicao atmosférica, em 6 de junho de 1986 foi instituido, em caréter nacional, o Programa de Controle da } Poluigdo por Veiculos Automotores, resolucdo Conama n* 18, com o objetivo de: 4 '» Reduzir os niveis de emiss3o de poluentes por veiculos automotores, com foco no atendi- i mento aos padrées de qualidade do ar; : + Promover desenvolvimento tecnolégico nacional na engenharia automobilistica e em mé- todos e equipamentos para ensaios e medicao da emissao de poluentes; * iar programas de inspego e manutencao de vefculos em uso; Conscientizar @ populagao com relacdo & questao da poluigao do ar por vefculos automo- tores; + Estabelecer condigées de avaliagdo dos resultados alcancados; e , WD tension eae 1 engenarecanbienl + Promover a melhoria das caracteristicas dos combustiveis liquidos utilizados nos vetculos automotores. Em 15.6.1989, 0 Conselho Nacional do Meio Ambiente, editou a Resolugao n* 5, que instituiu 0 Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), com trés objetivos especificos: + melhorar a qualidade do ar; + atender aos padres de qualidade estabelecidos; e ‘+ ndo comprometer a qualidade do ar em areas consideradas nao degradadas. Os padrées de qualidade do ar foram estabelecidos pela Resolugao Conama n? 3, de 28.6.1990, atendendo o que preconizava a portaria MINTER n® 231, consolidando 0 conjunto basico de normas rela- tivas ao controle da poluigo atmostérica. Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar © Pronar foi criado como um dos instrumentos basicos da gestdo ambiental para protegao da satide bem-estar das populagdes e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir 0 desenvolvi- mento econémico e social do Pais, de modo ambientalmente seguro, pela limitago dos niveis de emisséo de poluentes atmostéricos. Foi estabelecida como estratégia basica do Pronar limitar, em nivel nacional, as emissées por ti- pologia de fontes e poluentes prioritarios, reservando o uso dos padrdes de qualidade do ar como agéo complementar de controle. «© Limites maximos de emissio Entende-se por limite maximo de emissio a quantidade de poluentes que pode ser langada por fontes poluidoras para a atmosfera. Os limites maximos de emissao serdo diferenciados em fungdo da classificacao de usos pretendidos para as diversas reas e sero mais rigidos para as fontes novas de polui- ‘¢do. Entende-se por fontes novas de poluigao aqueles empreendimentos que no tenham obtido a licenga prévia do 6rgio licenciador na data da publicago da resolucio. Os limites maximos de emissio s3o definidos por meio de resolugées especiticas do Conama, Padries de qualidade do ar Considerando a necessidade de uma avaliagio permanente das agdes e controles estabelecidos no Pronar, é estratégica a adogio de padres de qualidade do ar como aco complementar e referencial dos limites méximas de emissdo estabelecidos. Foram estabelecidos dois tipos de qualidade do ar: Primarios Constituem os padrbes primarios de qualidade do ar as concentragdes de poluentes que, ultrapassadas, podero afetar a satide da populacdo. Esses padres podem ser entendidos ‘como niveis maximos toleréveis de concentracio de poluentes atmosféricos € sto metas de curto e médio prazos. Secundarios ‘Constituem 0s padres secundérios de qualidade do ar as concentragées de poluentes atmos- {ricos abaixo das quais se prevé 0 minimo efeito adverso sobre o bem-estar da populagio, assim como 0 minimo dano 3 fauna e flora, aos materials e meio ambiente em geral. Esses padres podem ser entendidos como niveis desejados de concentragao de poluentes e sao metas de longo prazo. © Prevengio de deteioragdo signifcativa da qualidade do ar Para a implementagio de uma politica de nao-deterioracao significativa da qualidade do ar, as, areas de todo 0 teritério nacional serio enquadradas de acordo com a seguinte classificagao de usos pretendidos: | | rape Classe] Areas de observacao, lazer e turismo, tais como parques nacionais e estaduais, reservas e estacdes ecoldgicas, estancias hidrominerais e hidrotermais. Nessas éreas devers ser mantida a qualidade do ar em nivel 0 mais préximo possivel do verificado sem a intervenco antropogenica Classe I Areas onde 0 nivel de deterioragao da qualidade do ar seja limitado pelo padrio secundario de qualidade. Classe I Areas de desenvolvimento onde o nivel de dete primério de qualidade. cao da qualidade seja limitado pelo padrao © Monitoramento da qualidade do ar Considerando a necessidade de conhecer e acompanhar 0s niveis de qualidade do ar no Pais como forma de avaliacao das ages de controle estabelecidas pelo Pronar, é estratégica a criagdo de uma rede nacional para monitoramento da qualidade do ar. Por isso, devera ser estabelecida uma rede basica de monitoramento que permitira o acompanhamento dos niveis de qualidade do ar e sua comparago com 0s respectivos padroes estabelecidos. © Gerenciamento do licenciamento de fontes de poluigio do ar Considerando que o crescimento industri ce urbano nao devidamente planejado agrava as questées de poluicao do ar, € fundamental estabelecer um sistema que discipline a ocupagao do solo baseado no licenciamento prévio das fontes de poluicao. Esse mecanismo deverd analisar previamente o impacto de atividades poluidoras, prevenindo uma deterioracao descontrolada da qualidade do ar. an Iiventério nacional de fonts e poluentes do ar Como forma de subsidiar 0 Pronar no que tange as cargas e aos locais de emissio de poluentes, & estratégica a criagao de um inventario nacional de fontes e emissdes que objetive o desenvolvimento de metodologias que permitam o cadastramento e a estimativa das emissdes, bem como o devido processa- mento dos dados referentes & poluicao do ar. + Desenvolvimento nacional na drea de poluiio do ar Afetiva implantagao do Pronar esté intimamente relacionada com a capacidade técnica dos érgios ambientais e com o desenvolvimento tecnolégico na area de poluicao do ar. Assim, 6 estratégia do Pronar promover, junto aos érgaos ambientais, meios de estruturagao de re- ‘cursos humanos e laboratoriais a fim de desenvolver programas regionais que viabilizardo o atendimento dos objetivos estabelecidos. Do mesmo modo, deveré ser promovido pelo Pronar o desenvolvimento cientifico e tecnolégico em questdes relacionadas com a poluigdo atmosférica que envolva 6rgdos ambientais, universidades, setor produtivo e demais instituigdes relacionadas & questo como forma de criar novas evidéncias cientificas ue possam ser titeis a0 Programa. 13,8 Aspectos legais e institucionais relatives ao meio agudtico Legislagio basica federal Apprimeira legislacao federal sobre agua foi o Decreto nt 24.643, de 10.7.1934, Cédigo de Aguas, © qual nunca foi completamente regulamentado, Em termos de legislacao, as diretrizes dadas ao recurso agua estdo também contidas na chamada legislacdo ambiental. A Lei n® 4.771, de 15.9.1965, instituiu o Cédigo Florestal, que estabeleceu as fai- xas de protegio 3 margem dos rios; 0 Cédigo de Pesca, que, além de outros dispositivos que proibiam 2 poluicdo das éguas, estabeleceu condigdes no sentido de nao haver prejutzo a fauna aquética. Em 26 de setembro de 1967, foi sancionada a Lei n? 5.318, que instituiu a politica Nacional de Saneamento e criou ‘© Conselho Nacional de Saneamento, cujo enfoque foi o saneamento basico, os esgotos pluviais e a dre- nnagem, o controle da poluicdo ambiental, o controle das modificagées artfciais das massas de gua e 0 controle de inundagoes e erosdes. ALei Federal n? 5.357, de 17.11.1967, estabeleceu penalidades para embarcacdes e terminais ma- ritimos ou fluviais que langarem detritos ou dleo em aguas brasileiras. Na década de 1980, podemos destacar a Lei n® 6.938, de 31.8.61, e suas alteragdes e regulamenta- es (Lei de Politica Nacional do Meio Ambientel. ‘A Resolucao n® 357, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 17.03.2005 estabele- eu treze classes, em fungo dos usos preponderantes, para Aguas doces, salinas e salobras do Tertitério Nacional. Cabe ressaltar que a resolucao anterior, Conama n® 20, de 18.06.1986 estabelecia nove classes para as Aguas do Territério Nacional. ‘A Lei Federal n? 7.861, de 16.5.88, instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro como parte integrante da Politica Nacional do Meio Ambiente, visando a orientar a utilizacao racional dos recur- 508 da zona costeira, contribuindo para a protecao do seu patrim6nio natural, incluindo as aguas costeiras, fluviais e estuérias ‘A grande evolugio veio com a Lei n® 9.433, de 8.1.97, que instituiu a Politica e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos. Em 17 de julho de 2000, foi editada a Lei nt 9.984, que dispoe sobre a criagdo da Agéncia Nacional de Agua (Ana), entidade federal responsavel pela implementagdo da Politica Nacional de Recursos Hidri- cos e coordenacao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos. 13.9 Aspectos legais ¢ institucionais relativos ao meio terrestre A.Lei n® 6.803, de 2 de julho de 1980, dispde sobre as diretrizes basicas para 0 zoneamento in- dustrial nas areas ctiticas de poluigo, de maneira a compatibilizar 0 desenvolvimento das atividades industriais com a protegio ambiental. Por essa lei, as zonas industriais sao classificadas em categorias, de acordo com a possibilidade de uso: * Zona de uso estritamente industrial: so areas preferencialmente destinadas a localizagao de estabelecimentos industriais cujos residuos ou qualquer forma de emissao de energia possam trazer perigo a satide e ao bem-estar da populagao. '* Zona de uso predominantemente industrial: éreas destinadas preferencialmente a instalagao de inddstrias cujos processos, apés a adocao de medidas de controle e tratamento de seus residuos, no causem incémodos sensiveis As demais atividades urbanas nem perturbem 0 repouso motu '* Zonas de uso diversificado: destinadas a localizagao de estabelecimentos industriais cujo processo produtivo seja complementar das atividades do meio urbano ou rural e sejam compativeis com esas, independentemente do uso de métodos especiais de controle da poluiggo, ndo ocasionando, em qualquer caso, inconveniente a satide, ao bem-estar € & seguranga das populacdes vizinhas. ‘Com relaco ao solo urbano, destaca-se a Lei n® 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta 08 artigos 182 e 183 da Constituigdo Federal, estabelecendlo as diretrizes gerais da politica urbana. Entre as diretrizes gerais dessa lei, estabelecidas no artigo 2", devem ser destacadas: VI. Ordenagao e contrale do uso do solo, de forma a evitar: a) Autilizag3o inadequada dos iméveis urbanos; 'b) A proximidade de usos incompativeis ou inconvenientes; Copiary 13 = Aypectos te cc) Oparcelamento do solo, a edificacao ou 0 uso excessivos ou inadequados em relacao a infra-estrutura urbana; d) A instalagao de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de trafego, sem a previsio da infra-estrutura correspondente; e} A retengao especulativa de imével urbano, que resulte na sua subutilizaco ou nio utilizagao; fA deterioragao das éreas urbanizadas; 8) Apoluicdo e a degradacéo ambiental. Vil. Integragao e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o de- senvolvimento socioeconémico do Municipio e do territério sob sua area de influéncia; Vill. Adogao de padres de producao e consumo de bens e servigos e de expansdo urbana compativeis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econémica do Muni- cipio e do territério sob sua érea de influéncia; IX, Justa distribuigdo dos beneficios e 6nus decorrentes do processo de urbanizacao; XIl. Protego, preservacdo e recuperago do meio ambiente natural e construido, do patrimé- rio cultural, hist6rico, antistico, paisagistico e arqueol6gico; XIll. Audiéncia do Poder Piblico Municipal e da populagao interessada nos processos de im- plantagao de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre ‘0 meio ambiente natural ou construido, conforto ou a seguranca da populagao. Residuos sélidos A situaco brasileira relacionada aos residuos sélidos ainda desperta preocupacio, pois, a0 contra- rio do que ocorre para 0 meio atmosférico e aqustico, ainda nao dispomos de uma Politica Nacional que trate desse tema de uma maneira integrada. Encontra-se, no Congresso Nacional, 0 Projeto de Lei nt 203/191, com 69 apensamentos, para instituir a Politica Nacional de Resfduos Sélidos, o qual ainda aguarda encaminhamentothttp: ‘hveww.camara.gov.br). Jé no Senado Federal tramita o Projeto de Lei do Senado Federal n® 265/1999, que institui a Politica Nacional de Residuos Sélidos e dé outras providencias, o qual foi encaminhado para anélise na Comissao de Constituicao, Justiga e Cidadania em 10.7.2003, pronto para pauta (http: Megis.senado.gov.br/pls/prodasen), ‘Ambos 0s projetos procuram incorporar principios avancados com relacdo a gestdo dos residuos sélidos, destacando-se os seguintes: |. prevencio da poluicao ou reducao da geragao de residuos na fonte; Il. minimizagao dos residuos; II. recuperacdo de materials ou de energia dos residuos ou produtos descartados; IV, tratamento dos residuos; \V. disposi¢ao final dos residuos remanescentes; e VI. recuperacao das areas degradadas pela disposicdo inadequada de residuos. Enquanto 0 Poder Legislativo se mantém debrucado sobre os projetos de lei que definem a Politica Nacional de Residuos, a questao sobre os residuos sdlidos ¢ tratada de maneira fragmentada, ‘APortaria MINTER n* 53, de 1.3.79, do Ministério do Interior, estabelece normas para 0s projetos espectficos de tratamento e disposigao de residuos sélidos, bem como para a fiscalizagao de sua implan- taco, operacéio e manutencao. Conforme a Portaria, compete ao drgdo estadual de controle de poluigéo e de preservacao ambien- tal aprovar e fiscalizar a implantago, operacdo e manutengdo dos projetos especificos de tratamento e disposic&o de resfduos sélidos. Ao Ibama devem ser enviadas c6pias das autorizages concedidas. Esta- belece, também, que os residuos s6lidos que contenham substancias inflamaveis, corrosivas, explosivas, radioativas e outras consideradas prejudiciais deverdo sofrer tratamento ou acondicionamento adequado, no préprio local da produgao e nas condigdes estabelecidas pelo 6rgio estadual de controle da poluigao. Essa Portria esta sendo revisada e jé existem varios estudos para sua completa reformulacdo. tl © Conama avangou muito na questo sobre a regulamentacao associada 20s residuos slidos e passou a editar resolucdes que incorporam mecanismos de gestéo avancados. Por exemplo, a resolucao Conama ni 257, de 30.6.1999, trata dos procedimentos para reutilizacdo, reciclagem, tratamento ou disposicao final de pilhas e baterias, atribuindo aos fabricantes ou importadores a responsabilidade para que tais procedimentos sejam viabilizados. Outra resolugao do Conama que incorpora 0 conceito de responsabilidade pés-consu- mo 6 ade n# 256 de 26,8.1999, que atribui aos fabricantes e importadores a responsabilidade pela coleta © destinagao final de pneus inserviveis. 13.10 _Aspectos legas¢ institucionais nos Estados Conforme mencionado, os estados e municipios também podem estabelecer normas que tratam da protecio do meio ambiente, sendo que a maioria dos estados brasileiros dispbe de uma estrutura espectfi Ca para tratar das questoes ambientais, as quais sao integrantes do Sisnama. Por ter sido um dos primeiros estados onde os problemas de poluicao se manifestaram com maior intensidade, $0 Paulo foi pioneiro no desenvolvimento de instrumentos legais para o controle da polui- Gao, Com 0 passar do tempo, outros estados se defrontaram com tais problemas e também passaram 2 desenvolver uma legislacdo especifica para atender as suas necessidades. 0 Estado de Sao Paulo © Constiuigdo Estadual ‘A partir da Constituicdo Federal de 1988, os estados passarama ter autonomia para a elaboragio de Constituigdo propria. No caso espectfico do Estado de Sao Paulo, em 5 de outubro de 1989 fol promulgada a Constituigao do Estado, que, da mesma forma que a Consttuigao Federal, dedicou um capitulo espect- fico para o meio ambiente, que também aborda os recursos naturais e o saneamento (Capitulo IV) — as questées relativas a0 meio ambiente so abordadas na Secio |, artigos de 191 a 204. Nesses artigos sio abordados os aspectos relacionados & proteco do meio ambiente, licenciamento ambiental, sistema de administracdo ambiental, 4reas de protecdo ambiental entre outros, sendo estabele- cido, no artigo 191, que: © Estado e 0s Municipios providenciarao, com a partcipagao da coletividade, a pre- servacdo, conservacdo, defesa, recuperagao e melhoria do meio ambiente natural, artificial e do trabalho, atendida as peculiaridades regionais e locais e em harmonia como desenvol- vimento social e econdmico. Como pode ser verificado, a Constituigo Estadual jé incorpora o conceito de desenvolvimento sus- tentével, pois considera o desenvolvimento econdmico e social vinculado a protegdo do meio ambiente, que veio a ser proposto formalmente, para todos os pa(ses do planeta, na Agenda 21 © Leint 18, de 29 de juno de 1973, e Decretan® 5,993, de 16 de abril de 1975. ‘Ae n? 118 foi responsavel pela constituigdo da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Basico e de Controle da Poluicao da Agua (Cetesb), sendo atribuida a essa instituigao a responsabilidade, dentre outras, de: + Efetuar 0 controle da qualidade das aguas destinadas ao abastecimento pUblico e a outros Uusos, assim como das Aguas residudrias; «+ Realizar estudos, pesquisas, weinamento e aperfeigoamento de pessoal e prestar assisténcia técnica especializada & operacao e manutencao de sistemas de gua e esgotos e residuos industriais; € oe eo arapteanepamt + Manter o sistema de informacao e divulgar dados de interesse da engenharia sanitéria e da poluicao da aguas, de forma a ensejar 0 aperfeigoamento de métodos e processos para estudos, projetos, execucdo, operacdo e manutengio de sistemas. © Decreto n# 5.993 tratou de alterar a denominacao e atribuigées da Cetesb, que passou a ser de- nominada de Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Basico e de Defesa do Meio Ambiente, recebendo a atribuigao do exercicio do controle da qualidade do meio ambiente — Agua, Ar e Solo — em todo 0 territério do Estado de Sa0 Paulo, assim como as funcdes de pesquisa e de servicos cientificos e tecnolégicos direta e indiretamente relacionados com o seu campo de atuagao. © Lei 97, de 31 de maio de 1976. Uma das primeiras leis referentes ao controle da poluigao ambiental é a Lei n® 997, que dispoe sobre 0 Controle da Poluicao do Meio Ambiente, sendo a mesma regulamentada pelo Decreto Estadual 196.468, de 6 de setembro de 1976, O Decreto n° 8.468 contém 117 artigos, distribuidos em sete titulos, conforme apresentado a seguir. Titulo I: Da Protego do Meio Ambiente (Artigos 1° a 6°); Titulo II: Da Poluigao da Aguas; Capitulo ! — Da Classificaco das Aguas (Artigos 7° a 9°) Capitulo il — Dos Padrées (Artigos 10° a 19°) Titulo Il: Da Poluigo do Ar; Capitulo | — Das Normas para Utilizagao e Preservacao do Ar (Artigos 20° a 28°) Capitulo tl — Dos Padres (Artigos 29° a 42°) Capitulo Ill — Do Plano de Emergéncia para Episédios Criticos de Poluigo do Ar (Artigos 43° a 50) Titulo IV: Da Poluigdo do Solo (Antigos 51° a 56°); * Titulo V: Das Licengas e Registros; Capitulo | — Das Fontes de Poluicao (Antigo 579) Capitulo II — Das Licengas de Instalacdo (Artigos 58° a 61°) Capitulo Ill — Da Licenga de Funcionamento (Artigos 62° a 66°) Capitulo IV — Do Registro (Artigos 67° e 69°) Capitulo V — Dos Pregos para Expedicao de Licengas (Artigos 70° a 75°) ** Titulo VI: Da Fiscalizagao e das Sancoes; Capitulo I — Da Fiscalizagao (Avrtigos 76° a 79°) Capitulo Il — Das infragdes e das Penalidades (Artigos 80° a 91°) Capitulo Ill — Do Procedimento Administrativo (Artigos 92° a 100°) Capitulo IV — Dos Recursos (Artigos 1012 a 107") * Titulo Vil: Das Disposigdes Finais (Artigos 108° a 1179). © Decreto n# 8.468 & um instrumento bastante abrangente, pois trata da questio da poluigdo ambiental em todos os meios (Agua, Ar e Solo), além de tratar dos procedimentos relacionados ao li- cenciamento ambiental e da fiscalizago ambiental, devendo-se observar que esse foi um dos primeiros documentos, em todo 0 territério nacional, que passou a regulamentar as questoes referentes & protegao do meio ambiente. © Decreto n 24.932, de 24 de marco de 1986, O Decreto n# 24.932 foi responsavel pela institui¢do do Sistema Estadual de Meio Ambiente e cria- ‘sd0 da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, visando atender as necessidades de o Estado dispor de um instrumento de coordenacao das atividades ligadas & defesa, preservacao e melhoria do meio ambiente. Por esse decreto, os objetivos do Sistema Estadual do Meio Ambiente séo: " tM Nv Ta A Promover a preservaco, melhoria e recuperacio da qualidade ambiental; Coordenar e integrar as atividades ligadas & defesa do meio ambien Promover a elaboracio e o aperfeicoamento das normas de protecio 20 meio ambiente; € Estimular a realizagao de atividades educativas e a participacao da comunidade no pro- cesso de preservagio do meio ambiente. imbém por esse decreto, cabe a Secretaria do Meio Ambiente: ei Coordenar, orientar e integrar em ambito estadual as atividades pertinentes ao Sistema Esta- dual do Meio Ambiente; Promover medidas junto aos érgios e entidades integrantes do Sistema, para elaboracio € execugao de programas de trabalho integrados; Desenvolver formas de captacao e distribuigao de recursos destinados &s atividades de pre- servagéo, melhoria e recuperagao da qualidade ambiental; Estimular a promocao e 0 desenvolvimento de programas e projetos necessérios a consecu- ‘go dos objetivos do Sistema; Promover o desenvolvimento de gestées junto a entidades privadas para que colaborem na execugo dos programas de preservacio, melhoria e qualidade ambiental; Estimular a participacdo dos diversos segmentos da sociedade interessados na viabilizagao dos objetivos do Sistema; COrganizar e implantar sistemas integrados de informagées necessarias & adequada execu- io da Politica Estadual do Meio Ambiente; Difundir as atividades relativas a defesa, preservacao e melhoria do meio ambiente; Controlar os resultados do Sistema no que diz respeito ao atendimento de seus objetivos; Colaborar com os 6xgdos das administragdes federal, municipais e de outros Estados na formulacao de programas de interesse para o Sistema; Executar, em cardter supletivo e em integracao com os 6rgios competentes, projetos neces- sérios & defesa, preservacao e recuperacao do meio ambiente; Criar e implantar reas de protecao ambiental, de relevante interesse ecolégico e unidades ecol6gicas multissetoriais Secretaria do Meio Ambiente foi reestruturada, reorganizada e regulamentada pelo Decreto n® 30,555, de 3 de outubro de 1989, sendo acrescentadas as suas atribuigdes, as seguintes: © Resolugi ‘A coordenagao, orientacéo e integragao das ag6es relativas a defesa e melhoria no controle da poluicdo das éguas, do solo, da atmosfera e no desenvolvimento de tecnologia apro- priada; Elaborar a Politica Estadual de Meio Ambiente e as tarefas de sua implantacao direta e indireta; Avaliar e aprovar Relatérios de Impacto Ambiental (Rimas) no Estado de So Paulo; icenciar as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, bem como as consideradas causadoras de degradacao ambiental. ‘es da Secretaria do Meio Ambiente Considerando-se as atribuigées recebidas, a Secretaria do Meio Ambiente (SMA) passou a editar resolugdes, visando atender aos objetivos do Sistema Estadual do Meio Ambiente, sendo apresentadas, na Tabela 13.1, a seguir, algumas das resoluges editadas pela SMA. Conta Le pests ies eco — | AQ TABELA 13.1 Resolugdes da Secretaria do Meio Ambiente Recuperacao de Area Minerada, para os empreendimentos que exploram ou'se destinam a exploracdo dos recursos minerais, estabelecido no Decreto Federal n® 97.632, de 10.4.89. SMAI 2.1.90 Dispde sobre apresentacao de EIA/Rima de obra ou atividade, pblica ou privada, que se encontre em andamento, ou ainda Resoluggo | Data. |, ey Titulo ss SMA-12 2.8.89 Dispde sobre publicagao de solicitago e concessao de f | Licengas de Instalacdo e Funcionamento, conforme exigéncia i | da Resolugao Conama n° 6/86. | SMA-18, 23.10.89 | Dispoe sobre as dretrizes, para apresentagao do Plano de i | nao iniciada, mesmo que licenciada, autorizada ou aprovada : por quaisquer orgaos ou entidade publica. SMA-19. 9.10.91 Procedimentos para aridlise de EIA/Rima, no 4mbito da Secretaria do Meio Ambiente. SMA-05 7.1.97 | Institui o compromisso de ajustamento de conduta ambiental | com forga de titulo executivo extrajudicial, no ambito da | Secretaria do Meio Ambiente, da Companhia de Tecnologia |e Saneamento Ambiental (Cetesb e da Fundacao para a | | CCepservacdo e a Producao Florestal do Estado de Sao Paulo | | (Fundagao Florestal) e da providéncias correlatas. SMA-23 | 14/2/2001 Dispoe sobre a implantago do Programa de Inspecdo Veicular Ambiental a que se refere Plano de Controle da Poluicao por Veiculos em Uso (PCPV) para 0 Estado de'Sao Paulo, aprovado pela Resolucao SMA n? 31, de 28 de dezembro de 2000. 1 SMAVSS-01 5.3.2002 Dispde sobre a tritura ou retalhamento de pneus para fins de disposigao em aterros sanitrios e da provi Ww db

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