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SISTEMA

ESTRUTURAL
DE CONCRETO
ARMADO
O aço no edifício
Eduarda Pereira Barbosa

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Determinar os métodos de estabilização da moldura estrutural em aço das


edificações.
> Entender o processo de montagem dos perfis de aço em obra.
> Identificar as principais técnicas de resistência ao fogo utilizadas pelos
projetistas de perfis de aço.

Introdução
O aço é uma das ligas metálicas mais utilizadas pelo ser humano. Ele tem diversas
aplicações, inclusive na construção de edificações, por meio do uso de perfis que,
unidos, formam a sua estrutura. Esse material apresenta inúmeras vantagens
e é cada vez mais utilizado em obras de edifícios de múltiplos pavimentos,
principalmente residenciais ou comerciais.
Neste capítulo, você vai conhecer os principais sistemas estruturais
utilizados para a construção de edifícios em estruturas de aço e os tipos de
contraventamento para estabilização da estrutura. Além disso, vai ver os principais
requisitos utilizados para o processo de montagem dos perfis de aço em obra.
Por fim, vai estudar as técnicas utilizadas para conferir a resistência ao fogo às
estruturas de aço.

Métodos de estabilização da moldura


estrutural em aço das edificações
A definição do sistema estrutural de uma edificação é de grande importância
para o resultado de uma construção, principalmente em relação ao peso da
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estrutura, à facilidade de fabricação, à rapidez de montagem e ao custo da


obra. Os sistemas estruturais são compostos por elementos horizontais,
como as vigas, que são divididas em vigas principais, as que ligam os pilares
uns aos outros, e vigas secundárias, que se ligam às vigas principais. Os
elementos verticais são os pilares, que são divididos em pilares internos e
externos. Além disso, existem componentes como os contraventamentos, as
lajes e os painéis. A Figura 1 mostra a disposição desses componentes em
um sistema estrutural.

Figura 1. Componentes estruturais de um edifício.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 74).

De acordo com Bellei, Pinho e Pinho (2008) e Franca (2003), os principais


sistemas estruturais utilizados são variações desses componentes estruturais;
veja a seguir.

Pórticos contraventados: combina uma estrutura em quadro rotulado ou


rígido com uma treliça vertical. O quadro absorve as cargas verticais, e as
treliças formadas pelos contraventamentos são responsáveis por absorver
as ações do vento ou sísmicas. A Figura 2 mostra um exemplo.
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Figura 2. Pórticos contraventados.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 79).

Pórticos rígidos: quadros verticais são formados por pilares e vigas


ligados por nós rígidos resistentes a momentos. A rigidez desse tipo de
pórtico depende da resistência a momentos fletores das vigas, colunas
e ligações. Uma das principais desvantagens de utilizar esse sistema
em estruturas é o alto custo das conexões utilizadas. Esse sistema é
recomendado para prédios de pequena e média altura, geralmente de
até quatro pavimentos.

Sistema misto contraventado e aporticado: esse sistema é composto por


contraventamento em um dos sentidos e pórticos em outro, uma vez que a
arquitetura das edificações muitas vezes não permite o contraventamento
em dois sentidos.

Pórtico com núcleo central: esse sistema consiste no uso de grandes núcleos
de concreto que apresentam grande rigidez e trabalham de forma isolada ou
em conjunto com os pórticos rígidos da edificação. Esses núcleos geralmente
ficam localizados nas caixas dos elevadores e em escadas. Em função de
sua elevada rigidez lateral, permitem a construção de edifícios com grande
altura. A Figura 3 mostra um exemplo.
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Figura 3. Pórtico com núcleo central.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 79).

Treliças interpavimentos: esse sistema reduz a necessidade de usar


contraventamentos e diminui a flexa ocasionada pelas cargas horizontais. As
treliças são assentadas para que os pisos sejam apoiados de forma alternada
na corda superior ou inferior.

Pisos suspensos: esse sistema utiliza o emprego de tirantes (ao contrário


de colunas) para suportar a carga dos pisos. Esses elementos transmitem
as cargas até as vigas em balanço fixadas no núcleo do topo central, que
normalmente é uma treliça.

Vigas em balanço: esse sistema permite que a área no núcleo fique livre, sem
colunas. É limitado a pequenos vãos e suporta os vãos a partir de um núcleo
central ou um sistema de vigas contínuas em balanço.

Para conferir estabilidade à estrutura em decorrência da ação das


cargas horizontais, são utilizados contraventamentos nas estruturas. O
contraventamento treliçado é um método de grande eficiência. Nele, os
pilares, as vigas e as diagonais são ligadas para formar uma treliça vertical
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em balanço (FRANCA, 2003). As estruturas contraventadas apresentam


melhor desempenho quando comparadas a estruturas puramente
aporticadas.
Os tipos de contraventamento mais eficientes também são considerados
mais obstrutivos e formam treliças verticais em triângulos totais em cada
um de seus tramos. Assim, podem ser utilizados formatos como diagonais
simples, treliças em X, V e V invertido (Figura 4). Geralmente, são posicionados
onde não há circulação, como em poços de elevadores, fachadas e áreas de
serviço (FRANCA, 2003).

Figura 4. Contraventamento em triângulos totais.


Fonte: Franca (2003, p. 20).

Outros contraventamentos que oferecem menores níveis de obstrução à


arquitetura da edificação e permitem a abertura de portas e janelas são os
compostos de treliças formadas por triângulos parciais (Figura 5), chamados
de contraventamentos excêntricos. São menos rígidos aos esforços laterais
e, consequentemente, apresentam desempenho inferior ao método dos
triângulos totais (FRANCA, 2003).

Figura 5. Contraventamento em triângulos parciais.


Fonte: Franca (2003, p. 20).
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Outra solução adotada para a execução de contraventamentos é a


utilização de treliças em grande escala ou em grandes módulos (Figura 6),
que englobam dois ou mais andares (FRANCA, 2003).

Figura 6. Contraventamento em grandes módulos.


Fonte: Franca (2003, p. 22).

Na próxima seção, vamos abordar o processo de montagem de perfis de


aço em obra.

Montagem dos perfis de aço em obra


As estruturas de aço são formadas por um conjunto de peças que, ao
serem unidas, formam um conjunto estável que tem a função de sustentar
a edificação. Elas são produzidas em fábricas, sendo posteriormente
transportadas para o canteiro de obras para a união das peças e posterior
formação do conjunto da estrutura. Esse ato de união das peças é chamado
de processo de montagem (BELLEI; PINHO; PINHO, 2008). Na montagem
das estruturas, são utilizados equipamentos de içamento vertical. Esses
equipamentos são essenciais; veja a seguir os principais (BELLEI; PINHO;
PINHO, 2008; PINHO, 2018).
As gruas têm uma torre na qual se apoia uma lança horizontal. Geralmente,
são utilizadas na montagem de edifícios de múltiplos andares. Existem três
tipos principais de gruas: estacionárias, ascensionais e móveis (BELLEI; PINHO;
PINHO, 2008; PINHO, 2018).
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Entre as gruas estacionárias, há a grua fixa, cuja lança gira sobre a torre,
que permanece fixa no solo sobre blocos de fundação. A lança é dividida
em duas partes, sendo separadas pela cabina do operador. Na parte mais
longa, há o trote, que desliza ao longo desse comprimento e contém o
gancho utilizado para o levantamento de cargas. Na parte mais curta da
lança, há o guincho e o contrapeso, responsáveis por equilibrar o conjunto
(BELLEI; PINHO; PINHO, 2008; PINHO, 2018). A Figura 7 mostra as principais
partes de uma grua fixa.

Figura 7. Partes de uma grua fixa.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 243).

Existem outros tipos de gruas fixas, como a grua ascensional. Montada


na própria edificação, sua torre tem comprimento reduzido e permanece
apoiada sobre os últimos pavimentos do edifício. A grua é içada para os
próximos pavimentos à medida que eles vão sendo construídos (BELLEI;
PINHO; PINHO, 2008; PINHO, 2018). A Figura 8 mostra um exemplo de grua
ascensional.
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Figura 8. Grua ascensional.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 246).

No grupo das gruas móveis, temos as gruas sobre trilhos, cuja base é
instalada sobre chassis metálicos com rodas que se deslocam sobre uma
linha férrea. As gruas montantes também fazem parte desse grupo, e sua torre
fica sobre chassis sobre pneus ou patolas. A torre é formada por estágios
que, quando acionados por um guincho, passam a ter o comprimento final. A
grua sobre pórtico é fixada sobre um pórtico duplo que desliza sobre trilhos.
Além disso, há a grua sobre caminhão, que é montada sobre chassis de um
caminhão (BELLEI; PINHO; PINHO, 2008; PINHO, 2018).
Os guindastes também são equipamentos de içamento vertical. Eles são
montados sobre veículos e, por isso, são conhecidos como guindastes móveis.
Esses equipamentos têm uma lança conectada na base do veículo, e essa
lança apresenta movimentos variados, o que permite que as cargas sejam
levantadas em diferentes posições. Os principais tipos são os guindastes
treliçados, que têm uma lança treliçada de seção quadrada ou triangular
formada por tubos cantoneiras. Nesse grupo encaixam-se os guindastes
sobre caminhão, sobre esteiras, com mastro, veiculares e hidráulicos (BELLEI;
PINHO; PINHO, 2008; PINHO, 2018).
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As estruturas de aço em uma edificação são formadas pela união de vigas


e colunas nos pavimentos, e a sequência de montagem é um dos principais
pontos na construção das edificações. Esse procedimento deve ser realizado
com os cuidados e procedimentos necessários, para que não apresente
grandes dificuldades. Deve ser realizado por meio de um plano de montagem
com os seguintes pontos (PINHO, 2018).

„ Núcleo de contraventamento a ser montado inicialmente.


„ Dimensionamento do equipamento, com seu posicionamento para a
montagem das peças principais.
„ Sequência de montagem a partir do núcleo de contraventamento inicial.
„ Dimensionamento e posicionamento das estruturas provisórias de
estabilização, caso haja.

As primeiras peças a serem montadas são as colunas. São utilizados dois


tipos de ligações com as fundações: a engastada, em que a coluna transmite
os esforços de flexão da coluna para a fundação, e a rotulada, de menor
rigidez, em que ocorre o vínculo entre a coluna e a fundação sem transmissão
de momento (PINHO, 2018). De acordo com o autor, para garantir a segurança
da montagem, é recomendado o início da montagem da estrutura pelo núcleo
de contraventamento, com progressão a partir desse módulo considerado
estável. Em seguida, inicia-se a montagem das vigas principais que ligam as
colunas umas às outras para formação de pórticos mais estáveis. É importante
não deixar coluna alguma totalmente livre de um dia para o outro; todas
devem ser estabilizadas.
De acordo com Bellei, Pinho e Pinho (2008) e Pinho (2018), esta é a sequência
indicada para a montagem em edifícios de múltiplos andares:

1. montagem das colunas do vão de contraventamento;


2. verificação do prumo das colunas;
3. montagem do contraventamento;
4. montagem das vigas principais que ligam as colunas umas às outras;
5. montagem das vigas secundárias, que são apoiadas nas vigas principais;
6. verificação do prumo, alinhamento e esquadro;
7. realização de torque em ligações parafusadas;
8. soldagem das ligações soldadas;
9. progressão para a montagem a partir do núcleo inicial.
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A Figura 9 apresenta o esquema da sequência de montagem recomendada.

Figura 9. Sequência de montagem de uma estrutura de aço.


Fonte: Bellei, Pinho e Pinho (2008, p. 275).

As ligações entre vigas e colunas formam o conjunto das estruturas. Assim,


é importante que você conheça os principais tipos de ligações utilizadas. Veja
a seguir (BELLEI; PINHO; PINHO, 2008).

„ Viga conectada na alma da coluna: a viga se estende de uma coluna


para a outra, sendo fixada à alma desta.
„ Viga conectada na falange da coluna: a viga se estende de uma coluna
para a outra, sendo fixada nos flanges.
„ Viga conectada à viga: caso exista uma cantoneira soldada na viga
principal, para que seja montada a viga secundária existem dois
trajetos possíveis. O primeiro é introduzi-la entre os flanges das vigas
principais e deslocá-las horizontalmente. Caso as cantoneiras estejam
em posições invertidas, posiciona-se a peça na diagonal e gira-se até
a posição das cantoneiras.

Na escolha do processo de montagem, é importante considerar as


informações a seguir sobre o local (PINHO, 2018):

„ disponibilidade no canteiro para a estocagem das peças;


„ condições de circulação das peças e equipamentos de montagem;
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„ disponibilidade de energia e água potável;


„ edificações próximas;
„ interferências na superfície, subterrâneas ou aéreas;
„ disponibilidade dos materiais utilizados no mercado local;
„ disponibilidade de equipamentos para locação.

Na próxima seção, vamos abordar as técnicas de proteção ao fogo utilizadas


nos perfis de aço.

Principais técnicas de resistência ao fogo


utilizadas em perfis de aço
A segurança contra incêndio nas edificações tem como objetivos principais
minimizar o risco à vida dos usuários e reduzir a perda do patrimônio. O risco
à vida corresponde à grande exposição dos usuários da edificação e da equipe
de combate a incêndio ao fogo e a fumaça, além de possíveis desabamentos.
Por perda de patrimônio entende-se a destruição parcial ou total da edificação,
além de danos às edificações da vizinhança (VARGAS; SILVA, 2005).
Uma estrutura é considerada segura em condições de incêndio quando tem
a capacidade de suportar os esforços sem colapso, considerando a redução
da resistência dos elementos estruturais em função da exposição a elevadas
temperaturas (SILVA; VARGAS; ONO, 2010). As edificações de pequeno porte,
com facilidade de desocupação, exigem menos dispositivos de segurança,
e pode ser dispensada a verificação do comportamento da estrutura em
situação de incêndio. Por sua vez, edificações de maior porte, em razão
de sua complexidade, podem dificultar a desocupação de forma rápida,
exigindo maior nível de segurança contra incêndio, inclusive com verificação
da estrutura (SILVA; VARGAS; ONO, 2010).
Os materiais de uso comum na construção civil, como o concreto, o aço, a
madeira e o alumínio, apresentam grandes mudanças em suas propriedades
quando são submetidos a altas temperaturas. Assim, é de grande importância
a avaliação da resistência da estrutura sob elevadas temperaturas, tendo
em vista que as edificações devem ser resistentes ao fogo, para permitir a
desocupação da edificação em tempo adequado (PANNONI, 2015). Na Figura
10, é possível observar a perda de resistência de materiais como o aço, o
concreto e o alumínio à medida que são submetidos a altas temperaturas.
Note que, no aço, a perda de resistência é mais abrupta, a partir dos 400°C.
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Figura 10. Perda de resistência e rigidez dos materiais quando aquecidos.


Fonte: Pannoni (2015, p. 71).

A intensidade e a duração de um incêndio em uma edificação estão


relacionadas aos seguintes fatores (VARGAS; SILVA, 2005):

„ atividades desenvolvidas no edifício;


„ forma do edifício;
„ condições de ventilação do ambiente;
„ propriedades térmicas dos materiais que constituem as paredes e o
teto;
„ medidas de segurança contra incêndio.

O sistema de segurança contra incêndios é composto por um conjunto


de medidas divididas em medidas de proteção passivas e ativas. A proteção
passiva é incorporada à construção da edificação e deve ser prevista em
projeto. Veja a seguir alguns exemplos (SILVA; VARGAS; ONO, 2010):

„ compartimentação;
„ saídas de emergência;
„ reação ao fogo dos materiais de acabamento e revestimento;
„ resistência ao fogo dos elementos estruturais;
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„ controle de fumaça;
„ separação entre as edificações.

Por sua vez, as medidas de proteção ativas somente devem entrar em


ação na ocorrência de incêndio, sendo complementares. São constituídas
principalmente de instalações prediais utilizadas para detectar e alarmar o
incêndio, além de oferecer o primeiro combate, como chuveiros automáticos,
extintores, hidrantes, entre outros.
Os materiais que podem oferecer proteção passiva ao aço na ocorrência
de um incêndio devem ter boas propriedades de isolamento térmico a altas
temperaturas, além de permanecerem íntegros durante a evolução do fogo
e impedirem que o aço fique diretamente exposto ao calor (BELLEI; PINHO;
PINHO, 2008). Os materiais devem apresentar as seguintes características
(SILVA; VARGAS; ONO, 2010):

„ baixa massa específica;


„ baixa condutividade térmica;
„ alto calor específico;
„ boa resistência mecânica;
„ integridade com a evolução do incêndio;
„ custo compatível.

Os principais materiais utilizados para oferecer proteção ativa às estruturas


de aço são divididos em oito grupos; veja a seguir (BELLEI; PINHO; PINHO,
2008; DIAS, 2015).

Materiais à base de argamassa: existem argamassas à base de vermiculita


com cimento ou gesso. A espessura de aplicação do produto varia entre 10 e 50
mm, sendo aplicada em forma de spray ou por processos manuais com o uso
de espátulas. A superfície metálica precisa ser previamente pintada e devem
ser colocadas telas com o intuito de melhorar a aderência da argamassa com
a superfície do aço. A vermiculita é um mineral esponjoso que retém grande
quantidade de água e, quando aquecida, perde água. Além disso, seu ponto
de fusão é de aproximadamente 1.370°C. Também existem argamassas à base
de gesso com fibras ou resinas misturadas ao cimento que são aplicadas
em espessuras que variam de 10 a 70 mm, dando a resistência requerida ao
fogo. São aplicadas com o uso de jato úmido, porém sem a necessidade de
pintura da superfície e colocação de telas. Veja um exemplo de aplicação da
argamassa à base de vermiculita na Figura 11.
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Figura 11. Aplicação de argamassa à base de vermiculita.


Fonte: Dias (2015, p. 189).

Alvenarias: as alvenarias oferecem resistência ao fogo em torno de 2 a 4


horas. Os tipos mais comuns são produzidos com tijolos vazados de barro
ou concreto celular.

Tintas intumescentes: esses tipos de tintas têm propriedades químicas que


retardam a ação do fogo. Esse processo ocorre porque o calor provoca uma
reação em cadeia na camada de tinta, que tem uma fina espessura, formando
uma bolha de ar. Essa bolha passa a agir como um isolante térmico. Tais
tintas são aplicadas onde se deseja deixar a estrutura aparente e oferecem
resistência ao fogo entre 30 e 60 minutos, mas apresentam elevado custo.
Na Figura 12 é possível ver a aplicação desse material.

Figura 12. Aplicação de pintura intumescente.


Fonte: Dias (2015, p. 191).
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Mantas cerâmicas: é um material flexível composto por um aglomerado de


fibras sílico-aluminosas com baixa densidade, de material incombustível.
Esse material pode ser utilizado como revestimento tipo caixa ou contorno.
O método tipo caixa é mais econômico, pois envolve menores áreas a revestir
e não se recomenda seu uso em perfis com altura de alma maior que 150 mm.
No método de contorno, a manta pode ser fixada por meio de pinos soldados
às peças metálicas, arruelas ou cintas metálicas para travar o sistema. Na
Figura 13, veja a aplicação da manta cerâmica na estrutura.

Figura 13. Aplicação de manta cerâmica.


Fonte: Dias (2015, p. 190).

Forros de gesso acartonado: forros suspensos de gesso acartonado oferecem


proteção ao fogo em torno de 30 minutos. Eles podem oferecer a proteção
necessária para pisos ou coberturas e devem ter seu desempenho testado
em laboratório.

Chapas de fibras minerais ou gesso: são chapas de fibrossilicato, vermiculita


com a adição de cimento ou gesso e podem oferecer proteção ao fogo de até
4 horas, dependendo da espessura utilizada. O perfil é protegido por meio
de um caixão que o envolve.

Concreto: o concreto funciona como um material protetor para o aço, desde


que tenha a espessura adequada para oferecer o tempo de resistência ao
fogo. Geralmente, são utilizadas as espessuras mínimas de 25 mm para 60
minutos, de 30 mm para 90 minutos e de 40 mm para 120 minutos de proteção.

Sistema misto: pode ser utilizado com o uso de alvenaria junto ao uso de
argamassas.
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Neste capítulo, você conheceu os principais sistemas estruturais utilizados


em edificações construídas em estruturas de aço e os tipos de contraventa-
mento utilizados para estabilizar a estrutura. Além disso, estudou o processo
de montagem dos perfis de aço em obra. Por fim, viu as técnicas utilizadas
para conferir resistência ao fogo aos perfis de aço.

Referências
BELLEI, I. H.; PINHO, F. O.; PINHO, M. O. Edifícios de múltiplos andares em aço. 2. ed.
São Paulo: Pini, 2008.
DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. São Paulo: Zigurate,
2015.
FRANCA, M. P. A. Estudo da eficiência dos contraventamentos treliçados em edifícios
com estrutura de aço. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 2003.
PANNONI, F. D. Princípios da proteção de estruturas metálicas em situação de corrosão
e incêndio. 6. ed. São Paulo: Gerdau, 2015.
PINHO, M. P. Transporte e montagem. Rio de Janeiro: CBCA, 2018.
SILVA, V. P.; VARGAS, M. R.; ONO, R. Prevenção contra incêndio no projeto de arquitetura.
Rio de Janeiro: IABr/CBCA, 2010.
VARGAS, M. R.; SILVA, V. P. Resistência ao fogo das estruturas de aço. Rio de Janeiro:
IBS/CBCA, 2005.

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