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PONTES

Hudson Goto
Projeto de uma ponte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os aparelhos de apoio: de concreto, metálicos e elastoméricos.


 Relacionar as principais normas de projeto.
 Expressar graficamente um projeto de ponte.

Introdução
O entendimento da interligação entre partes da estrutura de uma ponte,
como a superestrutura e a mesoestrutura, que pode ser efetuada com a
utilização dos aparelhos de apoio, é importante para que o conjunto de
toda a obra funcione de forma adequada, sem a ocorrência de esforços
ou manifestações patológicas em locais indesejáveis. Mantendo essa visão
holística da estrutura de uma ponte, as normas brasileiras oferecem um
conjunto de informações gráficas apropriado para a construção dessas
obras de arte.
Esses conceitos devem ser estudados e revisados periodicamente,
pois os avanços tecnológicos são constantes, resultando na produção
de novos materiais, como aparelhos de apoio, o que deve acarretar a
revisão das normas anteriormente elaboradas.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos que auxiliam na elabo-
ração de projetos de pontes, como as definições e os tipos de aparelhos
de apoio, as normas utilizadas para fundamentar os parâmetros adotados,
bem como os detalhes do projeto de uma ponte.

Aparelhos de apoio de pontes e viadutos


Segundo Vitório (2002), Marchetti (2008) e El Debs e Takeya (2010), os apa-
relhos de apoio são os elementos instalados entre a mesoestrutura (pilares ou
encontros) e a superestrutura (tabuleiro), com a função de transmitir as reações
da superestrutura para a mesoestrutura, permitindo determinados movimentos
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da superestrutura. Ainda segundo os autores, em certos tipos de pontes, esses


elementos podem não ser verificados, como em pontes com superestrutura em
pórticos biengastados diretamente na mesoestrutura, nos quais a infraestrutura
será constituída apenas pela fundação. Assim, os aparelhos de apoio vinculam
determinadas partes da superestrutura, permitindo os movimentos previstos em
projeto, resultados de esforços gerados, protensões, variações de temperatura
ambiente, retração hidráulica do concreto, entre outros.
Para obras de grande porte, como as pontes e os viadutos, a estrutura deve
funcionar de acordo com as hipóteses previstas no cálculo. Logo, os aparelhos
de apoio se tornam necessários para garantir a possibilidade de movimentos
em determinados pontos preestabelecidos. Os aparelhos de apoio são classi-
ficados em três tipos, de acordo com os movimentos de rotação e translação
que podem ocorrer: articulações fixas, articulações móveis e articulações
elásticas, como afirmam Vitório (2002) e El Debs e Takeya (2010).
As articulações fixas permitem movimentos de rotação no vínculo e im-
pedem os de translação, resultando em reações verticais e horizontais (Figura
1a). As articulações móveis permitem movimentos de rotação e translação no
vínculo, resultando apenas em reações verticais. Reações horizontais também
podem surgir devido ao efeito de atrito; porém, em casos usuais, essas reações
podem ser desprezadas devido ao seu valor ser relativamente pequeno (Figura
1b). Já as articulações elásticas permitem ambos os movimentos de rotação
e translação, resultando em reações verticais, bem como reações horizontais
que, nesse caso, não podem ser desprezadas como nas articulações móveis.
Em geral, as articulações fixas e móveis são produzidas em material me-
tálico (normalmente aço) ou concreto, enquanto as articulações elásticas
são constituídas de elastômeros (borracha sintética), também denominados
comercialmente de neoprene.
Os aparelhos de apoio metálicos são obtidos combinando-se chapas e
roletes metálicos. No caso das articulações fixas, as chapas possuem cavidades
usinadas e lubrificadas, nas quais se encaixa o rolete. Também podem ser
produzidas combinando-se duas chapas metálicas, uma com superfície plana
e outra com superfície curva e convexa (Figura 1a). Já para as articulações
móveis, um ou mais roletes ficam confinados entre chapas planas (Figura 1b).
Os aparelhos de apoio metálicos demandam manutenção regular, devido ao
acúmulo de sujeira e à ocorrência de corrosões no metal, que podem prejudicar
o seu correto funcionamento, como afirmam El Debs e Takeya (2010).
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Viga

Pilar

CORTE

a) b)

Figura 1. (a) Articulações fixas e (b) articulações móveis em rolo metálico.


Fonte: Adaptada de Vitório (2002) e El Debs e Takeya (2010).

Os aparelhos de apoio de concreto são construídos junto com a própria


estrutura, utilizando os mesmos materiais, podendo ser classificados como
articulações de contato de superfície, articulações Mesnager, articulações
Freyssinet e pêndulos de concreto, sendo que os três primeiros são articulações
do tipo fixo, e a última, uma articulação do tipo móvel, conforme expõem El
Debs e Takeya (2010).
As articulações de contato de superfície são constituídas por duas su-
perfícies cilíndricas em contato, sendo uma delas de superfície convexa e a
outra côncava, com um raio de curvatura ligeiramente maior, para permitir os
movimentos de rotação. Para que haja uma adequada distribuição das tensões
geradas, essas superfícies requerem um acabamento cuidadoso, que pode ser
obtido com o uso de chapas delgadas de chumbo ou aço (Figura 2a).
Já as articulações de Mesnager são formadas a partir do estrangulamento
da seção do elemento de concreto; esse trecho não é considerado um elemento
resistente às reações transmitidas, tendo a única função de proteger a armadura
dimensionada para resistir a esses esforços (Figura 2b).
As articulações Freyssinet são também obtidas pelo estrangulamento da
seção do elemento de concreto, mas, nesse caso, as reações são transmitidas
apenas pelo trecho de concreto estrangulado. Seu funcionamento considera
que o concreto do trecho estrangulado fica sujeito aos efeitos de cintamento
provocados pelo alargamento das seções vizinhas, criando-se um estado duplo
de tensões favorável, o que permite elevar o valor das tensões de compressão
axial do concreto. Recomenda-se a execução de armadura na seção estrangulada
quando a reação horizontal ultrapassar 1/8 da reação vertical ou quando há
a possibilidade de surgimento de reações negativas causadoras de tração no
concreto (Figura 2c).
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Por fim, os pêndulos de concreto são elementos vinculados à superes-


trutura e à mesoestrutura por meio de uma das três articulações descritas
anteriormente ou por meio de placas de chumbo ou elastômero (Figura 2d).

Viga

Pilar

Figura 2. Aparelhos de apoio de concreto: (a) articulação tipo contato de superfície; (b)
articulação tipo Mesnager; (c) articulação tipo Freyssinet; (d) pêndulo de concreto.
Fonte: Adaptada de Vitório (2002) e El Debs e Takeya (2010).

Os aparelhos de neoprene, um tipo de elastômero (borracha sintética)


à base de policloropreno, apresentam módulos de deformação transversal e
longitudinal muito baixos, tensão normal de compressão de serviço com valor
aceitável, próximo dos concretos usuais, e boa resistência às intempéries,
conforme expõem El Debs e Takeya (2010).
As placas de neoprene formam articulações elásticas, nas quais os movi-
mentos de translação e de rotação ocorrem devido à grande deformabilidade
transversal e longitudinal do neoprene, como consequência dos baixos módulos
de deformação transversal e longitudinal. Placas de neoprene também podem
apresentar dimensões compatíveis com as estruturas de concreto, dispensando
manutenções rigorosas em relação aos apoios metálicos e de concreto.
Para baixos valores de reações de apoio, pode-se utilizar placas pequenas
apenas de neoprene. Já para reações de valores maiores, como nos casos usuais
de pontes, são utilizadas placas de neoprene intercaladas com chapas de aço
vulcanizadas no neoprene, formando um bloco único. Essas chapas de aço
têm a função de gerar o efeito de cintamento sobre as placas de neoprene,
reduzindo a deformação excessiva e aumentando as tensões admissíveis no
apoio, sendo denominadas de neoprene cintado ou fretado. Quando há a
necessidade de maior mobilidade horizontal, pode-se utilizar os apoios de
neoprene tipo deslizantes, constituídos de neoprene associado com camadas
de teflon (politetrafluoretileno), já que o teflon é uma resina que sob altas
pressões apresenta coeficiente de atrito muito baixo (Figura 3).
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Revestimento externo de elastômero

Camadas de elastômero
Chapa de aço
Chapas de aço
Teflon colado
na chapa

b Neoprene
Teflon colado na
h chapa de fretagem
Chapas de fretagem
c c
a

a) b)

Figura 3. Aparelhos de neoprene: (a) tipo cintado ou fretado e (b) politetrafluoretileno


(teflon).
Fonte: Marchetti (2008);El Debs e Takeya (2010).

Nos projetos de pontes com grande comprimento são previstas interrupções estru-
turais no tabuleiro, de modo a permitir os movimentos provocados pela variação de
temperatura, retração e fluência do concreto. Em alguns locais, como nas juntas do
vigamento principal, são colocadas juntas de dilatação, cujos detalhes podem ser
verificados na Figura 4.

lábio polimétrico
selante
berço de concreto

pavimentação
asfaltica

laje do tabuleiro

Figura 4. Detalhes das juntas de dilatação.


Fonte: Vitório (2002).
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Normas para o projeto de pontes


Em relação às normas que apresentam diretrizes a serem seguidas para a
elaboração de projetos de pontes, pode-se citar as seguintes:

 NBR 6118:2014 — Projeto de estruturas de concreto — Procedimento;


 NBR 7187:1987 — Projeto e execução de pontes de concreto armado
e protendido;
 NBR 10839:1989 — Execução de obras de arte especiais em concreto
armado e concreto protendido;
 DNIT 120/2009 — Pontes e viadutos rodoviários — Fôrmas — Espe-
cificações de serviço;
 DNIT 122/2009 — Pontes e viadutos rodoviários — Estruturas de
concreto armado — Especificações de serviço;
 DNIT 124/2009 — Pontes e viadutos rodoviários — Escoramentos —
Especificações de serviço;
 NBR 7188:1982 — Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de
pedestre;
 NBR 7480:2007 — Aço destinado a armaduras para estruturas de
concreto armado;
 DNIT 118/2009 — Pontes e viadutos rodoviários — Armaduras para
concreto armado — Especificações de serviço;
 NBR 9783:1987 — Aparelhos de apoio para elastômero fretado;
 NBR 12624:2004 — Perfil de elastômero para vedação de junta de
dilatação de estruturas de concreto ou aço.

A NBR 6118:2014 define critérios gerais que regem o projeto das estruturas
de concreto, sejam de edifícios, pontes, obras hidráulicas, portos ou aeroportos,
etc., executados em concreto simples, armado ou protendido, exceto aqueles
que utilizam concreto leve, pesado ou outros especiais. Essa norma deve
ainda ser complementada por outras normas que estabeleçam critérios para
estruturas específicas.
A NBR 7187:1987 estabelece as condições gerais que devem ser obedecidas
em projeto, durante a execução e o controle de pontes de concreto armado ou
protendido, exceto aquelas que utilizarem concreto leve ou outros concretos
especiais. Ainda de acordo com essa norma, os documentos técnicos mínimos
que devem constituir um projeto são:
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 Elementos básicos do projeto: aqueles indispensáveis à elaboração do


projeto, que indiquem a finalidade da obra, permitindo o lançamento
estrutural adequado, a implantação segura das fundações e a correta
avaliação das ações específicas locais da estrutura. Podem incluir:
elementos geológicos, geotécnicos, hidrológicos, gabaritos e outras
condicionantes.
 Memorial descritivo e justificativo: contém a descrição da obra e dos
processos construtivos propostos, junto com as justificativas técnica,
econômica e arquitetônica da estrutura adotada.
 Memorial de cálculo: apresenta todos os cálculos para a determinação
das solicitações e verificações dos estados limites, em sequência lógica,
de fácil entendimento, interpretação e verificação.
 Desenhos: em formato normalizado e em escala adequada, contendo
todos os elementos necessários à execução da obra e condizentes com
os cálculos efetuados. Devem apresentar, entre outras, informações
referentes à execução de fôrmas e armaduras, à sistemática construtiva
prevista, aos planos de concretagem e às juntas.
 Especificações: todas aquelas orientações necessárias à execução
da obra, não previstas nos demais itens, elaboradas sob a forma de
especificações.

Em relação às estruturas, ainda segundo a NBR 7187:1987, estas devem


ser projetadas e calculadas para atender a todas as combinações de ações
suscetíveis de ocorrer durante a construção e a utilização da estrutura, nos
estados limites últimos e de utilização exigidos, considerando a atuação de
ações permanentes (peso próprio, pavimentação, lastro ferroviário, dormentes,
empuxos de terra e água, etc.), variáveis (cargas móveis, de construção, de
vento, dinâmicas, por movimento de águas, etc.) e excepcionais (choques, etc.).
Essa norma ainda estabelece critérios referentes à resistência dos materiais
(aço e concreto), à determinação de solicitações e deslocamentos nos estados
limites últimos e de utilização, à verificação de segurança, à análise estrutural,
às disposições construtivas e à execução de obras.
Complementando a NBR 7187:1987, tem-se a NBR 10839:1989, que estabe-
lece condições que devem ser exigidas para a execução e o controle de obras
de arte especiais em concreto armado e concreto protendido, exceto aquelas
em que se empregue concreto leve ou outros concretos especiais. Referente a
esse tema, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes também
estabelece algumas normativas, como a DNIT 120/2009, a DNIT 122/2009
e a DNIT 124/2009.
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A norma DNIT 120/2009 tem por objetivo fixar as condições exigíveis


para a execução e o controle das fôrmas — moldes do concreto plástico —
de acordo com os elementos constantes no projeto estrutural, em pontes e
viadutos rodoviários de concreto armado. Essa norma ainda enfatiza que, em
virtude da sua importância, responsabilidade, custo relativo e multiplicidade de
soluções, as fôrmas devem ser projetadas e dimensionadas com antecedência,
antes do início da construção. Devem ser consideradas como cargas atuantes
as cargas verticais, a pressão lateral do concreto fresco, as cargas horizontais
e os fatores que afetam a pressão lateral do concreto.
A norma DNIT 122/2009 tem como objetivo fixar as condições exigíveis
na execução e no controle das estruturas de concreto armado em pontes e
viadutos rodoviários. Essa norma cita, como condições gerais, que as patologias
de pontes e viadutos rodoviários de concreto armado são reveladas, princi-
palmente, por trincas e fissuras de origens diversas, embora tais patologias
sejam próprias do concreto armado, sendo que sua configuração, localização,
número e abertura definem o grau de comprometimento da estrutura. Antes
de qualquer obra de reparo, uma avaliação do grau de perigo dessas trincas e
fissuras para a durabilidade da estrutura deve ser efetuada, trabalho este que
deve ser realizado por profissional experiente.
A norma DNIT 124/2009 tem por objetivo fixar as condições exigíveis
para a execução de escoramentos, com a finalidade de suportar a estrutura
na fase de construção, citando ainda que se deve efetuar supervisão cuida-
dosa e inspeções frequentes durante as etapas de execução do escoramento,
da concretagem e da retirada do escoramento, pois as causas principais de
colapsos dos escoramentos são materiais e equipamentos de baixa qualidade,
erros humanos e projetos inadequados. Ainda segundo essa norma, o projeto
do escoramento deve considerar os efeitos das sobrecargas de construção,
dos pesos dos equipamentos, da ação do vento, da velocidade da colocação
do concreto e dos equipamentos utilizados para sua compactação. Atenção
especial também deve ser dada ao comportamento das fundações do esco-
ramento, bem como a eventuais assentamentos e deformações que possam
ocorrer, devendo-se efetuar correções imediatas, se necessário.
Para a definição das cargas móveis a serem consideradas no cálculo es-
trutural de pontes rodoviárias, a NBR 7188:1982 trata especificamente desse
assunto, considerando como toda e qualquer estrutura destinada a permitir a
transposição de um obstáculo, natural ou artificial, por veículos rodoviários
passíveis de trafegar na via terrestre da qual a ponte faz parte. De acordo com
essa norma, é definida como o sistema de cargas representativo dos valores
característicos dos carregamentos provenientes do tráfego a que a estrutura
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está sujeita. No caso específico de pontes rodoviárias, esse carregamento


também pode ser denominado, que pode classificar as estruturas de pontes
conforme o seguinte:

 classe 45 — considera-se um veículo-tipo de 450 kN de peso total;


 classe 30 — considera-se um veículo-tipo de 300 kN de peso total;
 classe 12 — considera-se um veículo-tipo de 120 kN de peso total.

O trem-tipo é composto de um veículo e de cargas uniformemente distribu-


ídas, supondo-se que esse trem-tipo ocupa uma área supostamente retangular,
com 3,0 m de largura e 6,0 m de comprimento, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5. Trem-tipo.
Fonte: ABNT (1982).

A NBR 7480:2007 estabelece os requisitos básicos para encomenda, fabri-


cação e fornecimento de barras e fios de aço para utilização como armaduras
de estruturas de concreto armado, com ou sem revestimento superficial. Essa
norma considera barras os produtos com diâmetro nominal maior ou igual a
6,3 mm, obtidos por laminação a quente sem processo posterior de deformação
mecânica, enquanto os fios são aqueles com diâmetro nominal menor ou igual a
10 mm, obtidos por trefilação ou laminação a frio. Ainda segundo essa norma,
as barras nervuradas, da categoria CA-50, devem ser providas de nervuras
transversais oblíquas (Figura 6), enquanto os fios da categoria CA-60 podem
ser lisos, entalhados ou nervurados. Os fios de diâmetro nominal igual a 10
mm devem ter obrigatoriamente entalhes ou nervuras.
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nervuras transversais obliquas

Figura 6. Configuração geométrica de nervuras transversais oblíquas em barras, onde e =


espaçamento entre nervuras e β = ângulo entre o eixo da nervura oblíqua e o eixo da barra.
Fonte: ABNT (2007).

De forma complementar, pode-se citar a norma DNIT 118/2009, que também


tem como objetivo fixar condições exigíveis para o recebimento e manuseio de
armaduras em pontes e viadutos rodoviários de concreto armado. Essa norma
estabelece que projetos de estruturas de concreto armado devem utilizar aços
classificados segundo a NBR 7480:2007, com valor característico de resistência
de escoamento nas categorias CA-25, CA-50 e CA-60, com seções transversais
nominais estabelecidas pela mesma NBR 7480. Outros aços somente podem
ser utilizados após a elaboração de normas particulares do projeto em questão,
e os ensaios de recebimento e aceitação devem ser feitos em laboratórios
nacionais de reconhecidas capacidade e idoneidade.
A NBR 9783:1987 estabelece critérios para o recebimento dos aparelhos de
apoio em elastômero fretado que, segundo essa norma, é definido como um
produto constituído por uma ou mais camadas de elastômeros, recobrimentos
e chapas de aço, revestidos ou não com politetrafluoretileno (PTFE), com a
finalidade de estabelecer vínculo entre elementos estruturais distintos. Essa
norma ainda especifica que o aparelho de apoio, em ensaios, deve suportar uma
solicitação de compressão de 60 MPa, com distorção horizontal correspondente
a duas vezes a altura do aparelho, sem que ocorram fissuras no elastômero ou
descolamento das chapas fretantes.
A NBR 12624:2004 estabelece os requisitos mínimos exigíveis no recebi-
mento de perfil elastomérico, para vedação de junta de dilatação de estrutura
de concreto ou aço. De acordo com essa norma, o perfil deve ser produzido
com elastômero contendo resinas, plastificantes, estabilizadores ou materiais
adicionais necessários, assegurando a formação de um composto homogê-
Projeto de uma ponte 11

neo, livre de bolhas ou outras imperfeições. O perfil ainda deve ter forma,
dimensões e respectivas tolerâncias dimensionais conforme indicadas nos
desenhos que acompanham as especificações de projeto. Essa norma ainda
estabelece critérios para inspeção, amostragem, ensaio, aceitação e rejeição
desses materiais.

Para obter mais informações sobre as normas técnicas dispo-


níveis, você pode acessar o site da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) no link ou código a seguir:

https://goo.gl/GKWWg

Projeto de uma ponte


Para a expressão adequada de projetos de pontes, recomenda-se a apresentação
de alguns elementos gráficos, como cortes longitudinais, vista inferior, planta
do tabuleiro, detalhes dos encontros entre elementos estruturais, locação de
pilares (mesoestrutura), vistas e cortes das seções transversais e detalhes dos
aparelhos de apoio, necessários para a compreensão da concepção da obra.
Dessa forma, Marchetti (2008) apresenta um conjunto básico desses desenhos,
de forma sequencial, conforme as Figuras 7 a 14 apresentadas abaixo.

Figura 7. Corte longitudinal de uma ponte sobre rio.


Fonte: Marchetti (2008).
12 Projeto de uma ponte

Em relação ao corte longitudinal da Figura 7, pode-se ainda identificar no


desenho o nível máximo que o curso de água pode atingir, conforme critérios
adotados durante os estudos hidrológicos da bacia.

Figura 8. Detalhe (parcial) da vista inferior e do tabuleiro da ponte.


Fonte: Marchetti (2008).

Figura 9. Detalhe 1 da Figura 7.


Fonte: Marchetti (2008).
Projeto de uma ponte 13

Figura 10. Detalhes 2 e 3 da Figura 7 e detalhe 4 da Figura 9.


Fonte: Marchetti (2008).

Figura 11. Detalhe (parcial) da mesoestrutura.


Fonte: Marchetti (2008).

Figura 12. Vista da seção.


Fonte: Marchetti (2008).
14 Projeto de uma ponte

Figura 13. Corte transversal C da Figura 8.


Fonte: Marchetti (2008).

Figura 14. Detalhe 5 da Figura 13 e detalhe dos aparelhos de apoio elásticos em neoprene.
Fonte: Marchetti (2008).

Outros projetos complementares também são geralmente elaborados, como


aqueles que detalham fôrmas, armaduras, escoramentos, drenagem superficial,
aparelhos de apoio e juntas, entre outros, conforme a necessidade técnica e
executiva de cada obra de arte a ser planejada.
Projeto de uma ponte 15

1. Você foi contratado para efetuar a b) Concreto armado com as


troca dos aparelhos de apoio de mesmas propriedades físicas e
uma ponte em concreto armado químicas das demais estruturas.
que se encontram totalmente c) Neoprene do tipo
deteriorados. Após a vistoria, você cintado ou fretado.
identificou que esses aparelhos d) Concreto simples com baixa
são do tipo pêndulo de concreto. relação água/cimento.
Diante disso, visando amanter a e) Aço liso de baixa aderência
mesma concepção estrutural da ao concreto e elevada
ponte, assinale a alternativa que movimentação horizontal.
apresenta o aparelho de apoio mais 3. De acordo com a NBR 7187:1987,
apropriado a ser instalado. assinale a alternativa que apresenta
a) Em concreto, com articulação os documentos técnicos mínimos
tipo Mesnager. que devem fazer parte de
b) Metálico, com roletes um projeto de ponte.
entre chapas planas. a) Elementos básicos, memorial
c) Em concreto, com articulação descritivo, memorial de cálculo,
tipo Freyssinet. desenhos e especificações.
d) Em concreto, com articulações b) Elementos básicos, memorial
de contato de superfície. de cálculo e especificações.
e) Metálico, com articulações c) Elementos básicos, memorial
fixas, com cavidades descritivo, memorial de cálculo,
usinadas e lubrificadas. anteprojetos e especificações.
2. Considere que você está elaborando d) Elementos básicos, memorial
o projeto dos aparelhos de apoio descritivo, anteprojetos
de uma ponte em concreto e especificações.
armado. Visando ao menor e) Elementos básicos, memorial
número possível de manutenções de cálculo, anteprojetos
corretivas durante a vida útil da e especificações.
estrutura, o cliente solicitou que os 4. Sobre a determinação das cargas
aparelhos apresentassem elevada móveis sobre uma ponte, de acordo
durabilidade às intempéries. Diante com a NBR 7188:1982, assinale a
disso, assinale a alternativa que alternativa correta que define o
apresenta o aparelho de apoio que significado de “trem-tipo”.
deve ser especificado. a) Sistema de cargas que representa
a) Aço nervurado com elevada os valores de cálculo dos
aderência ao concreto, evitando a carregamentos do tráfego sobre
formação de fissuras e corrosões. a estrutura, especificamente
para pontes ferroviárias.
16 Projeto de uma ponte

b) Sistema de cargas devem ser consideradas no


exclusivamente horizontais dimensionamento e projeto das
que representa os valores estruturas de fôrmas para pontes
característicos dos em concreto armado:
carregamentos do tráfego sobre a) cargas radiais, pressão lateral
a estrutura, especificamente do concreto endurecido (seco)
para pontes rodoviárias. e fatores que podem alterar a
c) Sistema de cargas pressão vertical do concreto.
exclusivamente horizontais b) cargas radiais e verticais
que representa os valores do concreto fresco, cargas
característicos dos horizontais e fatores que
carregamentos do tráfego sobre podem alterar a pressão
a estrutura, especificamente lateral do concreto.
para pontes ferroviárias. c) cargas verticais, pressão lateral
d) Sistema de cargas que representa do concreto endurecido
os valores característicos dos (seco), cargas radiais e fatores
carregamentos do tráfego sobre que podem alterar a pressão
a estrutura, especificamente lateral do concreto.
para pontes rodoviárias. d) cargas verticais, pressão lateral
e) Sistema de cargas que representa do concreto endurecido
os valores característicos dos (seco) e cargas horizontais.
carregamentos do tráfego sobre e) cargas verticais, pressão
a estrutura, especificamente lateral do concreto fresco,
para pontes ferroviárias. cargas horizontais e fatores
5. De acordo com a norma DNIT que podem alterar a pressão
120/2009, as seguintes cargas lateral do concreto.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de


concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: projeto e execução de
pontes de concreto armado e protendido: procedimento. Rio de Janeiro, 1987a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188: cargas móveis em ponte
rodoviária e passarela de pedestre. Rio de Janeiro, 1982.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: aço destinado a armaduras
para estruturas de concreto armado. Rio de Janeiro, 2007.
Projeto de uma ponte 17

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9783: aparelhos de apoio de


elastômero fretado: especificação. Rio de Janeiro, 1987b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10839: execução de obras
de arte especiais em concreto armado e concreto protendido. Rio de Janeiro, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12624: perfil de elastômero para
vedação de junta de dilatação de estruturas de concreto ou aço. Rio de Janeiro, 2004.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT). DNIT
118: pontes e viadutos rodoviários: armaduras para concreto armado: especificações
de serviço. Rio de Janeiro, 2009a.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT). DNIT 120:
pontes e viadutos rodoviários: fôrmas: especificações de serviço. Rio de Janeiro, 2009b.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT). DNIT
122: pontes e viadutos rodoviários: estruturas de concreto armado: especificações
de serviço. Rio de Janeiro, 2009c.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT). DNIT
124: pontes e viadutos rodoviários: escoramentos: especificações de serviço. Rio de
Janeiro, 2009d.
EL DEBS, M. K.; TAKEYA, T. Introdução às pontes de concreto: texto provisório de apoio
à disciplina de pontes SET 412. São Carlos, 2010. (Apostila).
MARCHETTI, O. Pontes de concreto armado. São Paulo: Blucher, 2008.
VITÓRIO, A. Pontes rodoviárias: fundamentos, conservação e gestão. Recife, CREA-PE,
2002.

Leituras recomendadas
AGUSTINI, M.; MUNHOZ, G.S.; SCOZ, L.M.O. Comparação entre diferentes códigos
normativos frente à instabilidade lateral de vigas pré-moldadas de pontes para a
definição de dimensões mínimas de mesas de compressão. In: CONGRESSO BRASI-
LEIRO DE PONTES E ESTRUTURAS, 10.,2018, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2018.
GOMES, M. M. Introdução à vulcanização. Disponível em: <http://www.rubberpedia.
com/vulcanizacao.php>. Acesso em: 1 jul. 2018.
MENDES, L. C.; PUGA, M. H. R. G.; ALVES, V. R. A importância dos aparelhos de apoio
na reabilitação de estruturas de pontes. In: CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE
PATOLOGIA Y RECUPERACIÓN DE ESTRUCTURAS (CINPAR), 6., 2010, Córdoba. Anais...
Córdoba, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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