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ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CONCRETO ARMADO E CONCRETO

PROTENDIDO

Daniel Carvalho de Souza


Harlen Henrique Castilho Paiva
Josias Aparecido Souza dos Reis
Prof. Orientador: Adriano Rodrigues
Colégio CEST

RESUMO

O concreto é mundialmente utilizado e é um material essencial de estruturas


das mais diversas construções. No decorrer dos anos foram desenvolvidas
novas técnicas para a utilização do concreto, como o uso de armadura de
barras de aço formando o concreto armado. Posteriormente, com o objetivo de
melhorar ainda mais as características do concreto, foi desenvolvida a técnica
de protensão, em que armaduras de aço especiais (armadura ativa), são pré-
tensionadas. O trabalho tem a finalidade, através de um estudo bibliográfico
feito, de comparar o concreto armado com o concreto protendido, expondo as
características de cada um. Assim, mostrar que o concreto protendido, apesar
de possuir grandes vantagens, não é viável para qualquer tipo de construção.
Ou seja, a técnica de protensão tem maior viabilidade quando aplicada em
construções de grande porte, como pontes, barragens, viadutos entre outras.

Palavras-Chave: Resistência – Concreto Armado – Concreto Protendido

1. INTRODUÇÃO

As construções em concreto estão presentes em todos os continentes do globo


terrestre. A matéria prima empregada em sua constituição é abundante, o que
proporciona um fácil acesso para a construção civil. Outros fatores como, a alta
resistência e a incomplexidade de aplicação resulta ao concreto a estrutura
predominante no mundo. Essas são encontradas em diversas formas como:
pontes, viadutos, casas, prédios, estacionamentos, aeroportos, portos, etc
(BASTOS, 2014, p.1).
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O concreto simples é constituído de cimento, água, agregado miúdo (areia) e


agregado graúdo (pedra ou brita). Já no concreto específico, pode conter
adições e aditivos químicos, com o propósito de aperfeiçoar suas
características primordiais. Esse processo é obtido por meio da proporção de
cada um dos diferentes materiais, a fim de atribuir ao concreto diversas
características desejadas. Essa dosagem é conhecida como traço do concreto
(BASTOS, 2011, p. 1).

O estudo de resistência dos materiais é um assunto antigo na humanidade. Por


volta do século XVII, o físico e matemático Galileu Galilei, foi pioneiro ao
realizar estudos com o objetivo de atribuir uma explanação em relação ao
desempenho de algumas estruturas expostas a cargas e suas deformações
(CEST, 2014, p.6).

O concreto tem alta capacidade de suportar esforços de compressão, mas em


contra partida, apresenta fragilidade ao ser submetido a esforços de tração.
Para suprir a carência, de resistência à tração, é adicionado ao concreto barras
de aço com finalidade de aumentar a flexibilidade da estrutura, denominado
concreto armado. O ganho de resistência é caracterizado pela aderência dos
materiais atuando em conjunto, com o objetivo de resistir aos esforços
transferidos para estrutura (CEST, 2014, p.3).

A utilização de ferragem para fornecer resistência é uma prática ordinária na


construção civil. Embora a aplicação da ferragem aumente a resistência do
concreto, cria-se uma estrutura limitada pela fissuração do concreto. Para
ajudar a neutralizar as tensões sofridas na estrutura foi desenvolvido uma
técnica de protensão da armadura que proporciona maior aderência por meio
de tensões pré aplicadas. Essa ferragem tracionada é chamada de armadura
ativa (CEST, 2014, p.3).
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No trabalho foi utilizado o método de estudo bibliográfico com o objetivo geral


de comparar o concreto armado e o concreto protendido expondo as
características de cada estrutura. Buscando responder ao seguinte problema
de pesquisa: Quando optar pela utilização do concreto protendido?

2. CONCRETO ARMADO

O concreto não possui uma boa resistência aos esforços de tração, por isso há
a necessidade de juntar-se a ele um material (barras de aço) com alta
capacidade de resistir a tais esforços. Este material deve estar envolvido pelo
concreto com perfeita aderência, formando assim o concreto armado
(BASTOS, 2006, p. 7).

No entanto, o concreto armado é basicamente a união do concreto simples


juntamente com a armadura (BASTOS, 2011, p. 6).

2.1. Características

O concreto possui massa específica que gira em torno de 2400 kg/m³. O aço
possui massa específica de 100 kg/m³, sendo assim o concreto armado
(concreto simples e armadura) adquire uma massa específica em torno de
2500 kg/m³. Outras características do concreto são suas propriedades
mecânicas como a resistência a compressão, resistência a tração e módulo de
elasticidade, sendo a resistência a compressão a mais importante
(PINHEIROS; MUZARDO; SANTOS, 2004, p. 1).
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2.2. Aplicações do Concreto Armado

Mundialmente utilizado, o concreto armado pode ser aplicado em diversos tipos


de construções. É um elemento básico na composição estrutural dos edifícios,
galpões industriais, obras de saneamento, rodovias e outros (PINHEIROS;
MUZARDO; SANTOS, 2004, p. 6).

Segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2004, p. 7), em um edifício comum vale


destacar 4 elementos estruturais fundamentais em que se aplica o concreto
armado, os quais são:

 Lajes: As lajes são placas que recebem as ações exercidas pelos


pavimentos superiores, como o da própria estrutura superior, o peso de
móveis, trânsito de pessoas, enfim, as ações de uso, e transmitem
essas ações para as vigas;

 Vigas: As vigas são barras horizontais de concreto armado que, além


de fazer os travamentos dos pilares, elas devem estar aptas a receber
os esforços transmitidos pelas lajes e transferi-los aos apoios;

 Pilares: Os pilares são barras verticais de concreto armado que


suportam as ações das vigas ou lajes e transmitem estes esforços para
as fundações;

 Fundações: As fundações (sapatas, radiers, blocos, estacas, etc.) são


responsáveis por transferir os esforços da edificação para o solo.
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A figura 1 representa os elementos estruturais de uma edificação constituídos


de concreto armado.

Figura 1- Elementos estruturais


Fonte – ALVES (2014)

2.3. Vantagens

As principais vantagens do concreto armado são economia (agregados


abundantes e fáceis de serem encontrados na natureza); conservação (alta
durabilidade se preparado e usado de forma conveniente); adaptabilidade (fácil
moldagem); rapidez de construção; segurança contra fogo (armadura deve
estar totalmente coberta); impermeabilidade (dosagem correta); resistência a
choques e vibrações (BASTOS, 2011, p. 13).

Outra vantagem, que influencia na rapidez de construção, é a simplicidade de


execução, pois não necessita de um grande número de pessoas
especializadas para a execução das estruturas de concreto armado
(GIUGLIANI, 2014, p. 3).
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2.4. Desvantagens

Em contrapartida o concreto possui algumas desvantagens como peso próprio


elevado, reforma de difícil execução, fissuração (o que é normal e deve ser
controlada) e baixo isolamento termo acústico (BASTOS, 2011, p. 14).

As causas mais comuns de fissuração do concreto são aquelas provenientes


de esforços externos aplicados que geram tensões de tração, como
cisalhamento, flexão, torsão e outros. Além disso, há outros fatores que podem
causar fissuras no concreto armado como movimentação de fôrmas com o
concreto ainda fresco, perda de água precipitada por evaporação, variações
volumétricas em estado ainda fresco devido a altas temperaturas, etc
(CARMONA FILHO; CARMONA, 2013, P. 4).

3. PROTENSÃO DO CONCRETO

Como o concreto possui baixa resistência a tração, há a ocorrência de fissuras


devido aos esforços solicitados. Com o objetivo de minimizar ou eliminar
totalmente essas fissuras surgiu-se a ideia de protender o concreto (ISHITANI;
LEOPOLDO; FRANÇA, 2002, p. 2).

3.1. Concreto protendido

O concreto protendido é um tipo de concreto armado, composto por armadura


passiva, e armadura ativa. Essa armadura ativa é pré-alongada, ou seja é pré-
tensionada, gerando um sistema equilibrado de esforços, obtendo a força de
tração no aço e compressão no concreto, automaticamente aumentando a
resistência e desempenho. A armadura ativa presente no concreto protendido é
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uma das principais diferenças, que o difere do concreto armado (ISHITANI;


LEOPOLDO; FRANÇA, 2002, p.2)

3.2. Realização da protensão

Para realizar a protensão utilizam-se fios ou cordoalhas de aço, especiais que


são submetidas ao tracionamento via macaco hidráulico. Nas extremidades os
cabos são ancorados e na outra é protendido, mas também usa-se traciona-los
por ambas as extremidades (VERÍSSIMO, CÉSAR JR,1998, p.7).

3.2.1. Métodos de protensão

Existem três formas para realizar a protensão, as quais são: protensão com
aderência inicial, com aderência posterior e sem aderência. Elas se diferenciam
por meio de sequência e aderência adquirida (ISHITANI; LEOPOLDO;
FRANÇA, 2002, p.22).

A aderência inicial é realizada durante a construção da placa de concreto. Esse


procedimento proporciona maior interação com a peça de concreto e as
armaduras passivas. É feita a ancoragem da armadura a ser protendida
(armadura ativa) em dois apoios independentes da peça. Depois de ancoradas
as armaduras ativas e aplicadas as protensões necessárias é realizada a
concretagem da peça. A ancoragem é desfeita após o concreto ter endurecido
(ISHITANI; LEOPOLDO; FRANÇA, 2002, p.22). A figura 2 apresenta o método
de aderência inicial de protensão.
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Figura 2- Método de aderência inicial


Fonte - ISHITANI; LEOPOLDO; FRANÇA (2002)

O segundo método, protensão com aderência posterior, é realizada após a


peça já concretada e curada. A concretagem da peça é feita com bainha
embutida ( onde serão passadas as armaduras de protensão). Após o concreto
curado é feito o pré-alongamento das armaduras ativas, as quais são
ancoradas em partes da própria peça. À medida que o aço é tracionado seu
diâmetro vai reduzindo criando espaços vazios dentro da bainha, sendo assim
é feita a injeção de nata de cimento dentro bainha preenchendo esses espaços
e, principalmente, criando a aderência entre o concreto e armadura (ISHITANI;
LEOPOLDO; FRANÇA, 2002, p.23). A figura 3 apresenta o método de
aderência posterior de protensão.

Figura 3- método de aderência posterior


Fonte - ISHITANI; LEOPOLDO; FRANÇA (2002)

O terceiro método, protensão sem aderência, é bem semelhante ao anterior.


Eles se diferenciam por não ser injetada nata de cimento no interior da bainha,
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não criando aderência entre concreto e armadura ativa, a qual é fixada


somente em pontos localizados. É uma técnica utilizada como reforço para
estruturas pré-existentes, devendo ter o cuidado extremo com a corrosão
devido ao espaçamento criado no seu interior (ISHITANI; LEOPOLDO;
FRANÇA, 2002, p.24).

3.3. Aplicações e vantagens

O concreto protendido pode ser aplicado em diversas partes estruturais de uma


construção como vigas, lajes, etc. São aplicados também em construções de
grande porte como viadutos, pontes, barragens, contenções, entre outros. Nas
pontes e viadutos o concreto protendido é amplamente utilizado, pois como ele
tem elevada resistência mecânica, permite grandes vãos sem comprometer a
segurança da estrutura, permitindo assim uma melhor utilização dos espaços
em construção (EMERICK, 2002, p. 1).

O uso do concreto protendido nas vigas e lajes proporciona a construção de


seções mais esbeltas e maiores vãos do que em concreto armado. Com isso,
obtém-se no interior das construções uma maior liberdade arquitetônica pelo
fato de reduzir a quantidade de pilares. Além disso, a utilização do concreto
protendido promove a redução de custos por meio da redução de materiais
utilizados. As lajes protendidas possuem menores espessuras, sendo assim há
uma significativa diminuição do edifício no total, proporcionando maior leveza
na estrutura reduzindo maiores gastos nas fundações (EMERICK, 2002, p. 1).

Outra vantagem interessante no uso do concreto protendido é a redução ou até


mesmo eliminação da ocorrência de fissuras, proporcionando assim maior
durabilidade a estrutura (EMERICK, 2002, p. 1).
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O concreto protendido também permite a recomposição da estrutura após a


atuação de uma sobrecarga não prevista. Onde cessada a sobrecarga, a força
de protensão diminui as fissuras causadas. O uso da protensão também
aumenta à resistência a fadiga na estrutura (VERÍSSIMO, CÉSAR JR,1998,
p.16).

3.4. Desvantagens

O concreto protendido além proporcionar diversas vantagens para a construção


civil, ele também possui algumas desvantagens com seu uso (VERÍSSIMO,
CÉSAR JR,1998, P.16).

Uma dessas desvantagens é a corrosão do aço de protensão. Assim como as


armaduras do concreto armado sofrem com corrosões eletrolíticas, acontece o
mesmo com as armaduras de protensão. Porém o que ocorre com as
armaduras ativas é a corrosão sob tensão, pelo fato dessas armaduras está
sendo tensionadas. Isso propicia uma fragilização na seção da armadura
propiciando uma ruptura frágil. Com isso, deve-se ter maiores cuidados com as
armaduras de protensão deixando-as bem protegidas (VERÍSSIMO, CÉSAR
JR,1998, P.16).

O concreto protendido também exige melhor controle na execução. A


colocação dos cabos de protensão necessita-se de maior precisão, de modo a
garantir as posições admitidas nos cálculos. Como a força de protensão possui
alto valor corre-se o risco de desvio nos cabos, com isso um pequeno desvio
de posição de projetos desses cabos já é suficiente para produzir esforços não
previstos (VERÍSSIMO, CÉSAR JR,1998, P.16).
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Além disso, a utilização de concreto protendido requer mão-de-obra


especializada e um controle permanente com relação aos esforços nos cabos e
alongamento destes (VERÍSSIMO, CÉSAR JR,1998, P.16).

No entanto, as construções em concreto protendido exigem atenção e cuidados


mais elevados se comparando com o concreto armado convencional
(VERÍSSIMO, CÉSAR JR,1998, P.16).

4. CONCLUSÃO

No estudo feito ficou evidenciado que surgiram ideias inovadoras que


acrescentaram características ao concreto melhorando o seu desempenho. Em
harmonia com outros materiais, principalmente o aço, obteve-se um
significativo ganho de resistência nas estruturas.

Notou-se também que com a adição de armaduras de aço ao concreto, a


carência de resistência à tração foi significativamente amenizada, formando o
concreto armado, aumentando a flexibilidade das estruturas. Embora a
armadura proporcionasse uma elevada resistência ao concreto, as estruturas
ficaram limitadas pela fissuração do mesmo. Com o objetivo de minimizar ou
eliminar totalmente as fissuras, desenvolveu-se a técnica de protensão da
armadura, denominada de armadura ativa, formando então o concreto
protendido.

Portanto o concreto protendido pode ser entendido como uma evolução do


concreto armado, ou seja, possui cordoalhas que são pré-alongadas (armadura
ativa). Quando esta armadura é tensionada o concreto tende-se a comprimir,
aumentando sua capacidade de resistência aos esforços a que for submetido.
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Ao comparar o concreto protendido com o concreto armado, percebe-se que a


técnica de protensão possibilita construções mais esbeltas e de maiores vãos,
promove uma redução de custo, por meio da redução de materiais utilizados, e
possibilitam às construções, terem maior leveza estrutural e alto nível de
resistência. Porém, de forma geral essa técnica exige maiores cuidados de
execução, como mão-de-obra especializada, cuidados com a proteção da
armadura ativa devido a corrosão, etc.

Apesar das vantagens chamativas da técnica de protensão, não significa que é


compensável aplicá-la em qualquer tipo de construção. Se utilizada em
construções de pequeno porte o custo pode sair caro, pelo fato dessa técnica
necessitar de atenção e controles superiores aos necessários para o concreto
armado comum. Torna-se mais vantajoso utilizar o concreto protendido em
construções de grandes portes como no caso de pontes, viadutos, barragens,
em ambientes onde se precisa de maior liberdade arquitetônica, etc. Enfim,
locais estes em que os custos e exigências necessárias para se fazer o
trabalho de protensão, sejam recompensados posteriormente pelos benefícios
adquiridos.

5. REFERÊNCIAS

ALVES, V. Estrutura de concreto armado. Slideshare, 2015. Disponível em:


http://pt.slideshare.net/ValdirAlves/estrutural, acesso: Dezembro 2014.

BASTOS, P.S.S. Sistemas Estruturais I. Fundamentos do Concreto


Armado, UNESP Faculdade de Engenharia, Departamento de Engenharia
Civil, Campus de Bauru/SP, 2006.
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BASTOS, P.S.S. Estruturas de Concreto I. Fundamentos do Concreto


Armado, UNESP Faculdade de Engenharia, Departamento de Engenharia
Civil, Campus de Bauru/SP, 2011.

CARMONA FILHO, A.; CARMONA, T. G. Fissuração nas estruturas de


concreto, Boletim Técnico, México, 2013.

CEST-Colégio educacional de suplência e técnico. Apostia de Concreto


Armardo, 2014.

EMERICK, A. A. Projeto e execução de lajes protendidas, Brasília, 2002.

GIUGLIANI, E. Sistemas Estruturais II. Propriedades e Características dos


Materiais Concreto e Aço, PUCRS, Rio Grande do Sul, 2014.

ISHITANI, H; LEOPOLDO, R; FRANÇA, S. Conceitos básicos do concreto


protendido, Escola Politécnica-USP, Departamento de Engenharia de
Estruturas e Fundações, 2002.

PINHEIRO, L. M.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Estruturas de Concreto,


capitulo 1, 2004.

VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR, K.M.L. Concreto Protendido. Fundamentos


Básicos, Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Exatas e
Tecnológicas Departamento de Engenharia Civil, 4ª Edição,1998.

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