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MICHEL FOUCAULT [BIBLIOTECA DE FILOSOFIA E'MISTORIA DAS CIENCIAS 1.4 Galan de Alboquergue obero Machads MICROFISICA DO PODER Organizacao, Introducao e Revisao Técnica de Roberto Machado 13° Edigdo Ei copyrigt ty Michel Foul dicho com bseem ets de Foucalorganzada por Robert Machado Capa: ceo Wilmer ‘Cisina Grmert Producdo Grae: (Orlando Fernandes 17 eit: 1979 cW-rasi, Catlogagio-asfome Sindcalo Nacional dos Eatores de Livos, RJ. Foucault, Michel ‘Fi6m "" Micofises do pode / Michel Foucault ‘gama eadiia de Roberto Nach Ro de Jane: Eades Graal, 1979 (Biota de fos hitdria das itn. 7). Bibogaf 1. Poder (Citas soci) — Teoria 1 Machado, Roberto Tl Tu it. Sie ‘cop — 320.101 ro08s Sou — aa Difiosadauirdes por EDICOES GRAAL LDA, Tel (1) 224582 ipso 20 Bia Printed no Bret 1998, Indice Introducio: Por uma genealogia do poder 1. Verdade ¢ poder I. Nietzsche, a genealogia e a historia ML, Sobre a justica popular 1. Os intelectuais 0 poder Y. O nascimento da medicina social VL. 0 nascimento do hospital VIL 4 easados loucos VIL. Sobre a prisdo IX. Poder-corpo X. Sobre a geografia XI. Genealogia e Poder XL. Soberanta e Disciplina XII. A politica da saide no séewo XVIII XIV. 0 lho do poder XV. Nao ao sexo rei XVI Sabre a histéria da sexualidade XVII. 4 governamentalidade v0 Is o 99 13 ry as 153 167 1 193 29 INTRODUCAO. Por uma genealogia do poder Roberto Machado ‘A questo do poder nlo &0 mais veho desi formulado plas analises de Foucault. Surpu em determinado momento de suas ps ‘Quist, assnalando uma teformulagdo de objtivos tebrvose poi os que seo estavam ausentes dos primeits livros, ao menes no ‘ram expictamentecolocados, complementando oexercico de uma “rqueologia do saber pelo projeto de uma geneslogia do poder ‘Qual a grande inovacdo metodologicaasinlada, em 196, pela Histina da Loucurd A tesolugio de estudat~ em diferente Epocas€ Sem selmitar a nenhuma dscplina~ossaberes sobre a loucuta para ‘Stabeleer o momento exato eas condiGes de possbiidade do mas- ‘mento da psiguiatra, Projeto este que dexou de considera aist6- ‘ha de uma cgnca somo 0 desenvolvimento linear e continuo a partir ‘ealipic. Agora. obietve ¢explisiar,aguem do ve ox cone 2 Sunt Poi, p 1943. Xx tox, dos objets terisos« dos métodos, 0 que pode explicar no 46 ‘Smo, que ao prosurado no primer camino. mas fundamental teens forge ee Cencan humanas apareeram. ‘Uma grande novidade que esa pesquisa ata endo procrat ax condies de possbilidade bi ‘Eas humanas nas reaps de producto, na infaestrut Standoras como na realm supereutura. um epeadmena, Sim ceo idotogico A Quetio ndo€s de laionr o saber = cons Arado come iia, pensumento, fendmeno de conscitncia - dreta- mente com a economia, situando «conscincia Jos homens como r= Meco eure dar condigesecondmicasO que fas genesloia€ Comidr aberomprendid como materi, como Pity {2como scontesiment= como pia de um dispositive polio que, craven dpestiv. atl com a eartra ceonomica, Os, nas epesficamente » queso tem sido a de como se formaram dominios de saber ~ Geen ‘chamados de ciéncias humanas - a ir de pris pleas dsipinares erOatetimporume novidade dese invetgaSes€ no conside- tar perinene prs as andlaes a dstingdo eae cecia delogia Fai ostamente a opeio de nfo etabelecer ou procurar ei emarcgio ene uma eoutra gue fer Foucault desde sua fas investigagoes situa a arqueoogia como ume istéria do saber. Gobjeive ¢neurlza ade que far du cine um conhesimento, fn que sujet vnce as limiages de suas condiespurtclares de isténc inalando-se na netraldede obeiva do unveral eG ideologia um conbecment0 em que o sujet tem sua tlagdo com a ‘rade prturbads, bsewecida velada peas condgdes de extn Sir Todo conhecimento, sj ele entific ov tecgicn, 6 pode ‘Sur prude sondigds plas que slo axcondgbes para gue SE former tanto o sujet quanto os dominios de saber A invesia- io do saber no deve meter sum sujet de conhecimento ques fi un orgem, mass rlages de pode qu he constituem. No M ‘ber nett. Todo saber politico. Eso ndo porque cl ras malhas ‘Go Estado, Capropriag por de, que dee seserve como imtruments ‘Ge dominsco, devcaractrzand seu ncleoesencal. Mas porque to taber tern ta gonese om rapes de pode. ‘OTondamental Sa snl ster poder se pli mu tuamerte no ha elago de poet sem constigao de um campo de Saber como também, reciprocamente, todo saber constitu novas = ingdes de poder. Todo pono e exerci do pode, foam lugar de frmagio de ser assim que oop dp €ape- xx nas local de cura, “miquina de cura”, mas também insirumento de Produrdo, acumuloe transmissio do saber. Do mesmo modo que & ‘scola esti na ocigem da pedagogia, x prislo da criminologia, © hospicio da psiquiatria. E, em contrapartda, odo saber assepura 0 cricio de um poder. Cada vee mi especficamente, a partir do stculo XIX, todo agente do Poder va ser um agente de consituiclo de saber, devendo enviar 408 ‘gue Ihe delegaram um poder, um determinado saber correlative 40 Poder que exerce. E assim que se forma um saber experimental 8 ‘Sbservacional. Masa rlagio ainda € mals inrinseca:€ saber en- ‘quanto la que se encontra dotado estatutaramente, insttucional- mente, de determinado poder. saber funciona na sociedade dotado dd pour. € enguanto € saber que tem poder Estes so, gfss0 modo, alguns resultados provsirios da genes logia dos poderes que Michel Fourault tem realizado nestes de ‘mos anos” Pento ter bastante insistido no caster potetico, expec 69 €transformdvel da andlise, para que no se tome esas investiga ‘Bes como palavea final, um caminho definitive, um método unives at De fato andlise genealogicajéencontra novos rummos, Mudan- ‘ou complementagdo que tveram ifeo com a propria hstéra da Senualidadee que foram tematizadas no dkimo capitulo de A ont: desde Saber & que 0 dinpostivos de sewlidade nfo so apenas de Tipo discipinar, ito , mio atuam soicamente para format © trans formar o indivi, plo controle do tempo, do espag, da sividade «pela llizacio de istrumentos como a vgilinciae 0 exame, Els {também se realizam pela regulagio das populagies, por um bio oder que age sabre a especie humana, que considera 0 conjunto, om o objetivo de assegurar sua existncia, Quesides como a8 do na ‘mento ¢ ds mortaidade, do nivel de vida, da duragdo de vida estho ligadas edo apenas a um poder discipinar, mas a um tipo de poder deterinade que se exese wo nivel da especie, du populagdo com 0 ‘objetivo de ger vida do corpo socal, O quendo aignfica que ase tralegase tticas de poder substtvam 0 indviduo pela populagio, ‘Mais ou menos na mesma época, ada um fo alvo\de mecanismos heterogéneos, mas complementares, que os iesituiram como objeto de saber e de poder. Neste sentido, as ciéncias humanas tem como ‘eandiqao de possibildade politica a diciplina, 0 momento atval da 'analise parece sugerir que 0 "bio-poder”, a "repulagio” 05 “dispost- x tivos de seguranga” estdo na origem de cigncas scits como a e esografia, ee ub grnde imp Srojeto de exper gene do Estado ap ova pesto goveramental, ou ‘papi Sex shen conor sae ma pore © ov dapontves de eparang seus mecaismos bios, Nest sen {nso uumo texto deta coeinen, segundo ume deco diferente ove far vslumbrar ex novos herzntes da feneslogl poder xxl ‘oui DESHoHEITO00 ky BIBLIOTECA VERDADE E PODER “Alexandre Fontana: Voct poderiaexdogat breverente otrjeto que © levou de seu trabalho sobre a foucura a idadeelissca 40 estudo ‘da criminalidade e da dlingbénc reenter eee teeter eee es eae eee re ere tee See eaten eee rere eee eet es Sater eee er eee eae peneceea ee aeccmrn ners ieee ier nmmeen cet Ui ater como a paiulari, nfo serd a questdo muito mais fall de ser resoivida poraue o pei epistemolipio da psiquatria € pouco efnid, e porque a praca psiquitrica esti igada a uma strie de Insituiges, de exigencias econdmicas imediatas e de urgéncias pol teas, de regulamentagbessocais? No caso de uma ciénea tio "duvi- ‘dosa como a psiguatria, nfo poderiamos apreender de forma mals preciso enrelacamento dos estos de poder ede abe? No Nas ‘ment da line, 0a esta queso de qu cola a ropeto da ‘edicing Ha eramente pos uma eruiuramuto mas oso ‘wear es un ocean rotamer inure sc ° um pou, a oc, 10 fet de que esta questi que cu me coloiva nfo niece et It agueles pars quem eu 8 olocara Congest gus easy prcbis police sem impordnc, ¢epacmolicens evo qc havi ts rants par isto. A primeira é que oproble tna dos intlectuas mrss na Panga - eso doepnkvam Papel ques era preset plo PCE, ea dew net reconheos Felsina untertitel enalsbmen porante feo Coloar as mesnasquetes qu len tetas memos probes dos memos dominos. "Apear de sermon martina, Ho eames Alcor ao qe vor preocops; prem, somos on tics ‘elas preocupacten slur moves O marnione gueta eet deer como rover da trait liberal, universities de ‘Bodo mais amplo, na mesma fpoce,or comune se wpa imo os inieos soos derma eregur tadeionecon lista). Da no dominio qu atamos, o at de rem que ee. ‘mar o prabemas mas académione mals “obra de str dat Glncian A medica pig no cram mem mute nobes at Imi sérias nf tava tara as grande formas So coal mm stint, ‘A segunda arto ¢ que o ela it, ecuindo ‘do discurso marxista tudo 0 que néo fosse oatenend ‘ue i nha oto. lo permit a sbodage Se caminos sade Petcortdos No haa oncstos formation voesulae vat ado par ata de questbes como # dos eftion de poder da pig ‘cnt nsnamena pli da medina Engen ake mame vi oss daham ori dene Mart até a poco, pasa so por Enges Linn ne or univers em marty eae ‘mentando ods umn tai Je docu sobre a ene he Sat ogc he ere dado no soulo XIX,» mars agora sa fie ide 20 vino pstvamn som ma ures adel som losis a Seat dean pe: Pn en mer pr a ve, «pigs como pees, ‘ndo eram coisas hones. “Aula que eu havin tentado fazer neste dominio fi rectida com um grande siénco por prt da enue iter fran 2 {oi somente por vo de 68, apesar da tradigto marxntaeapesr do FC ae to a gue agian Uae poles Scena easels aos watarslepaterde ees meses Some Seater asia Sas viedcueaeretentatereemter {ora politic reaizada nagucls anor, am divide eu no teria bd ‘oragem para retomar oo dstes problema continuar mia pes «usa no dominio da penaldade, des prisdes «das cicpinas. "Eni, lve haje uma teria azo, mas no etou em abso to seguro de qu tenha deerpenbado um papel Eniteanto me per trunte se nlo hava por pare dos inteletuis do PC, ou des gus In exaram promos, uma recut em colocar © problema dared so da uta polica da psiquitia ou, deforma mais geal, do ‘squidrnhamento discipina da socedads. Sem divide, por vote dot anos 5840, poucostinham sonhecimente de ample real Jo Ging, mas creio que muitos a presentam, miitortaham a ene. ‘ho de que sobre ete coisas methor era nko falar: 2 prigona tal vemetho, & claro que ¢ del avalarreospectivamente 0 eu frau de conscinca. Mas de qualguer forma voes bem sabem com fue facade a dieqzo do Pari, que no ignorava ad, posta linear palaces de ordem, impair gue se flase ist ou dag, esquiar os que falavam. ‘Uma eigto do Pet Laroute que acaba de sir dx: “Foucault: fidsoto que funda sa tora da hari na descontineiade” ato tee dea pasmede, Som, Ghvida ce expligest de fore insoicome fm di Palaras ear Cost se bem que tena falado muito serea ‘li. Pareceosme que em certs formas de saber emplrico como bioloia, a economia police, «piquara, a medicina et rtm ‘Gas triniformagtesndo obedeca aos equeras suave © contnusas de desenvolvimento que aormalmene se sdmte. A prande imagem bola de uma maturagdo da cénca sind alimenta mata an ses hsricas ela nfo te parece historcamente pertinent. Numa Siena como a medicina, por exemplo, ate o fim de scslo RVI, te ‘mos un cero tip de daturo cj lena transormagdes~ 25,30 Ws tmmpersmni somente com ns proposer verdad ae IMG entde puderam ser formslads, max, ai profendamente, com fst mance de falar ede ver, com todo conjunto des prices que ‘erviam de wuporte & medicina, Nio so simplesmente novasdeo- ‘tag Cum nv regime no duno no tbr, io cre on Poucos ans algo que noe pode negara part do momento em {selon extor sm seni, he prblens oe scams: tee dizer viva a dscontmidade estamos nelae nla camos tas 3 de colocar a questio: como posivel que etenha em certor momen- tos €em eeras ordens de saber, estas mudangas brcas estas preci pitagdes de evoluglo estas transformagBes que no correspondem Imagem tangUila e continusta que normalmente se faz? Mas oim- Dortantc em ais mudanyas nose serdo r4pidas ou de grande am plitude, ou melhor, esta rapide esta amplitude s8o apenas osinal Se outras coisas uma modifcagto nas regrat de formagio dos enun- ‘iados que sto acetos como cientificamente verdadeiros, N4o € por tanto uma mudanga de conteddo (refvtago de eros antigo, nasci- ‘mento de novas verdades), nem tampouso uma alteragao ds forma {circa (renovago do paradigma, modificaglo dos conjuntos siste- titios). O queestd em questi € que rege os enunciado e forma, ‘Como estes se regem ent s para consituir um conjunto de proposi- (es accitves cenifcamentee, consegdentemente, susceptives de se- ‘em Veriicadas ou infirmadas por proelimenton cntiion, Em aie ‘a, problema de regime, de politica do enunciado centifice. Neste nivel nio se tata de saber qual 60 poder que age do exterior sobre & Gfcit.mas que fos de pode cela entre on nunca cnt cos, qua é seu regime interior de poder, como ¢ por que em certos ‘momentos ele se modifica de forma global Sto estes regimes diferentes que tentel delimiter e desrever em At Palavas¢ as Cosas, escarecendo que n0 momento no tentava fxplciclose que seria preciso tetarfazé-Lo num trabalho posterior Mas que faltava no meu trabalho era este problema do “regime dis cursive", dos efeitos de poder préprios do Jogo enunciativo. Eu o confundia demas com a sistematiidade, « forma tecrica ou algo ‘como o paradigma. No ponto de confluéncia da Hisdria da Lowewra ©s Palavras eas Coisas, hava, sob dois aspectos muito diverson, ‘te problema central do poder que eu hava wolade de urna forma finds muito deficient A.F: Devese entio recolocar 0 conceito de descontinuidade no seu ‘devido lugar. Talvez baja um outro conceito mas importame, mais ‘central no seu pensamento: 0 concito de acontecimentn, Ora, tod acontsimeio, une seat feou duane mito tengo ‘Bum impasse, pos, depois dos trabalho dos etnélogos e mesmo dos ‘andes etndlogos,estabelecev-se uma dicotomia ene as estuturas (Gullo que ¢ pense) € 0 acontecimento, que seria o lugar do itra- sional, do impensavel, aquilo que nlo entra e lo pode entrar na ‘ecinica e no jogo da andise, pelo menos na forma que tomaram 0 interior do estrutralismo. z AcE: Namie eo mtn ei nid o froma i tenitio pars cnr, to apenas da talaga mas Se una Ocrrscnciest aito canna decotees. Bano ‘jo quem pss ser ma antretturalita do que eu. Mas oinpo Tint niu fazer com lao ao acortcmentoo ues fe com {Glacio ft estrturs, Nao strata de colocr tudo num certo plano, {ursera odo acontedimenta, mas J consdcar que exe todo un Eicoramento de tipo de acontesimentos diferentes que nfo tm 0 ‘Besmo cance mexa amplitadecronolgiea nem s mesma capa Sade de produc tos ( problema ¢ so mesmo tempo ditingur os acontecimentos, de fit are ¢ sven ge prc cts ons oc gam ¢ que fazom som que seengendren, uns a partir dos ob {for Das recon das ands ques eferem a0 campo simbolico ou fo campo das ertrtaras significance o recurso as andes que se fizem em termos de geealoga das relies de fra, de deseavobi- mentor estratgicos ¢ de ites. Creo que aqulo que se deve ter Como referencia no grande model da lingua © dos sgios, mas im daguetrae da betas. A hitoredade que nos domina «nos de- tering ébelcosa eno linghstica Relagho de poder. ne racto de sentido. A histérs nfo tem "sentido", o que nfo quer dizer que sei Sheurds ou incorene- Ao contro, €intligive «deve poder ser Snalsada em seus menores detahes, mas segundo a iateligibiidade as latas, das etratepias, das Utica. Nem a daltca (como logica {de coniradigd), nem a semidtica (Como estrutura da comunicagio) ‘io poderiam dar conta do que ¢ a intelgibiidageinrinseca dos ‘ontonton, Ailes” ¢ uma mancradecvitaeareaigad lato ‘Sr bert desta ntlgbiidae redusndo-s so eaueletehegelan; a “uemiologa”& uma mancia de evar seu cardi violet sa srentove mort redurindo-sh forma apaiguadnepatGnica de ln- fuapem ¢ do dialogs A. F: Creo que se pode dizer tranguilamente que voc foo primero ‘clos no ncnge» questi do poder colon no momento em {Qe reinava um tipo deandlise que pastava pelo concito de texto, eo texto com a melodolois que oacompanka, isto 6a semiologa, Destrtualismo ete [M. F: No acho que ful o primero a colocar esta queso, Pelocon- ttirio, me espanta a difesldade que tive para formuld-la: Quando ‘agora penso nsto,pergunto-me de que posi ter flado, na Histria s ss Loucara ou n0 asim da Clinica, eno do poet. Or, = ‘heer conssénc dent er pratcamente vss pias e de no fer eo ewe campo de anise h minbn Sapondo. Pomo Suet {oe cenamente hou una neapacdage qe ena sem Soi is 20, Sango pots em gue non achavamon Nao nga quem —ee {iret on me querda~ poser er clocado ee probleme dopo. des us cra twtova sent colocade orn consti, ds soterann sas porano en eran jurices seo marta fm terme dh aparco do Eta, Ning preosapars cou © {rm como ot oo exten conccmente «om tube com sun somone, us encase sa aca. Conlentavase enn. adverse uma manera so mesmo frp pols «i per ewan ov aaa ot ‘ean aversion de fotaliarames no captatsmo cent er -nunciado pelos ma rae oil eid poser nan Sttho depo de 196 nto part et ate cones eresliadan ‘aba com agules gue iam qc ve debaters albus mai ‘mental dos indivduos, as institugdes penas ifm, em duvida, uma ‘importincia muito limitada se se procura somenie sua sgnificaglo condmica. Em contrapartida, no funcionamento gral das engrena- tens do poder, cles sho sem divida ewenciis. Enquunto se colocara ‘questo do poder subordinando-o dinstincia econdmica cao siste- mma de interesse que garantia, se dava pouca importincia estes problemas AF: Serk que um cero marnismo ¢ uma ceria fenomenologia nto sm um obsticulo objetivo & formulagio desta problemi CF Sim, & pose na medi om que verdad qe st peous de iit geracto foram almentadn,guando exodsie, por eat dons formas de and: una que femeia a0 sujet conus en ‘ura que remetn ao econdmico mim stn: tiesloga 80 Jono das speresatras eda raestuturs A. Sempre neste quadro metodolbgico, como voc situaria enthon ‘ sordgem snelne? Qua 4 nei como anions stent ea je pda dar moat ens me ds Schone dor dmn gue vo! em aad ACE: Queria ver como estes problemas de constitu podiam ser ‘holvidos no interior de uma trama hstrica, em vez deremeit-iosa ‘Gm sujeto constitute, € preciso se livrar do suet consttuint, I rare do proprio sjlt, isto chegar a uma anise que ssa Zonta de constituigdo do sujeito na trama histric, f fsto que ev ‘Rimaria de geneslogia isto & uma forma de histria que dé conta ‘Gconstivigto dos sberes, dos discursos, dos dominios de objeto, (de, em ter que se referr a um sujlto, sei ele ranscendente com re- {ldo wo campo de acontecimento, sea perseguindo sua identidade ‘aria ao longo da histria, ALE! A fenomenologia marxst um certo marxismo, representaramn Suammente um obstdlo; ha dots conceitos que hoje continuam a ser tim obrtculo:ideologia repressio AGE: posto deideologia me parece difcilmenteuizivel por tts ‘tebes, A’primeta que, querese ou ado, ela etl sempreem opos (ho virtual slguma coisa que seria a verdade. Ora, erio ave 0 [problema nda é dese fazer a partha entre o que num discurso releva 1G cientfiidade e da verdade eo que relevarit de outra coisa; mas de ‘ec historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior {Ge iseursos que. lo sfo em si nem verdadeiros nem falsos.Segur- do momen relat ncearamen ig oe oo ‘Sjato. Enfim, a ieologia etd em posilo vcundéria com relasdo a “iguma coisa que deve funciona pera cla como infra-estruturs ou de- ‘Ghminagio econdmisa, material ee. Por estas rts razSexerio que € lima nogio que no deve ser uilzada sem precaucbes, ‘A nosto de represito por sua ver mais pérfida; em todo caso, tive mais difiuldade em me livra dela na medida em que parece se !daptar bem a uma sire de fendmenos que dizem respeito nos efeitos do poder, Quando escrevi a Histria da Lowcura use, pelo menos in plictamente, esta nogdo de - Acredito que entio supunha Uma espete de loucura viva, vollvel eansiosa que a mecnica do po- ‘der tinha consepuido reprimir reduit uo silnci. Ora, me parese ‘que 4 nogdo de Fepress¥o¢ totalmente inadequads para dar conta do {Gus eniste justamente de produtor 10 poder. Quando se define 08 tfeitos do poder pela repress, tem-se uma concepeio puramente 7 jmidica dete mesmo pote, atiienes » por 8 wn gue ‘ic, © fundamental si fread probit, Or, cele sr eta flee extra cin “dO ue far com que poder e manteahse que areata sim: Plesmente ue ele nfo pes como ume forea queda mio, mas que Aefato ele perma produz cosa indus uo przt, forma ser, ro: dz dscuro, Devese conidertio como ta rede produtiva que Stravess todo o corp stl mito mai do que uma nsdn nega: tiva que tem por fungi reprmi. Em Viglar¢ Puro que eu quis ona ca ar eve XV mente um desblouet teeaoighc da progutvdade do poder. At carguas Epos Canes nfo o donavoleram grant ape Thos de Estado ~exrcto, pola, admintragdo local = mas insta. sma ques poderiachamar uma nova “economia do pode, ato ents qu permite fae circular os ets de poder de forma ao mesmo tempo continu, ninterruta,adaptada¢ "indivi Aaland” em todo Soro sca. Estas nova eicas 80 ao me mo tempo mut mais efeazs e mito menos dpendions (menos ais cogncmicameate, ewes elie en st esalieds eee Sosceiets de escapaterias ou de rensténcas) do ue a tenis até tio ursdes © que repoanevam sobre uma matara de tlerncias tas ou menos fread (desde oprivlporeconheido ate rim ‘alia endemica) de car otemardo intervengbes expetacalres ‘deacontiniat do poder cia forma mais violent ea © castign "e emplar” plo fat de ser exepcoaal, 4.F: Para termina, uma pergunte que Ihe Ream: eu trabal ‘us prescupasBe, oe etadoe soe quae vee chegn, come ul ‘or nor lar cotidanar? Qual € hoje o pape do ntectual? MF: Durante muito tempo o intelectual dito "de esquerds” tomou ‘a palara evi reconbecido o seu dteito de falar enquanto dono de Verdade ede justge. As pestous o ouviam, ou ele pretendia se fazer {elettal, pea sua escotha moral, tebricee politica, que ser portador ‘esta universalidade, masem sua forma consciente e elaborada. Oin- ® wg cn ec inte sian eaten ont inne no mr oe aerate etrntcertment a Frees icone oe ea Srcer egomarc sors deme Pl rn Senmora enn ee ean et Se Sha otra mg on Coma stcneoa imac nn psn ose, ne ca P Soe ae sin saa sae ans Se —— ian pene ae sean erie em ets pernecioncenn tere cetera mee ante te sous ance a Seeaneteast eee seer Stes pet a cece ag Fe se aon Ge ero: Domne Ts teat ae er ae nc ar a ae Si cn inerees ae ona en ne eer sito ua eo ooo pe lene in ce ta eet mente Blt eee ar 4 = See reg Aeon omnes rena eather a Eero metartooe apes aera nae fam anole on manatee Seaman eee rare ‘eferem. Toda a teorizago exasperada da escritura que se assis no ‘ecénio 60, sem davida ndo pastava de canto do cise: o exeritornela se debatia pela manutencdo de seu privilégio politico, Mas 0 fato de {Que tena se tratado ustamente de uma “teoria™, que ele tena presi Sado de caugdes cientifias, apoiadas na inghiia, na semiolog a pscandise, que esta tora tenha tido suas referencias em Saussu- ou Chomski, et. que tenha produzido obrs terdrias tho medio- ‘re, tudo ito prova que «aividade do ecritor nora mais o lugar de acho, Pareceme que esta figura do intelectual “expecfico” se dsen- volveu a partir da Segunda Grande Guerra. Tver fico atOmico — digamos em uma palavra, ou melhor, com um nome: Oppeahemet {ena sido quem fra artiulagio entre intelectual universal intel ‘wal especiio. & porque taka uma relagde dirt elocalzada com a institute ¢o saber cieatfico queo fsicoat6mico intervinha; mas ja {que #ameaga atdmica concrnia todo 0 ginero humano e o destino 440 mundo, sev discurso podia ser 20 mesmo tempo 0 dscurso do “universal. Sob a protego deste protesto que dizi respeito a todos, 0 Cientistaatémico desenvolveu uma poscio especifica na ordem do iter Eee prinea vezi fo peeuio plop polico, nio mals em. seu disurso eral mas por cau- ‘a do saber que detinha ¢ neste nivel que ele se consul como um Derg police, Ni lo au somes don inertan otras. © ‘gue Se assou na Unido Sovitica foi certamente andlogo em alguns fontaine dire enone Heese ee aa Feta sobre 0 Dien ciemtifico no Ocidente eos paises socialists desde 1985, Pode-s supor que intelectual “universal, tal come funcionou no steulo XIX e no comego do séeulo XX. detivou de ato de uma {ura histérica bem particular 0 homem da justica,o homem da lei, faguete que opde a universidade da justiga a eqlidade de uma lei ideal ao poder, ao despouismo, ao abuso, aarrogincia da riqueza. AS trandes lutas polias no século XVIII se asram em toro da lel, do io, da consttuigdo,daquilo que € justo por taro pot nature, Saquilo que pode e deve valer universalmeate. O que hoje se cham: intelectual” (quero dizer 0 intelectual no tentido poi, © no socioldgico ou profssional da palavra ou sje, aguele que faz uso de seu saber, de sua competénia, de sua relaclo com a verdade nas lu- 'as politicas)nasceu, ero, do jurist; ou em todo caso, do homem {que revindicava a universilidade da ll justa,eventualmente contra (9s profisionas do direito (na Franga, Voltie ¢ 0 prottipo destes 10 sin, © intel “iver dria do juin ¢ inten tei empleta ne sco, portador de ugnie er oe ae poker nel Soc Et OT coe durmue ese ee Sei’ St tt pc ur oncom ete gs comeou caro posto, De a es rite Sa i es mee foto IX Eve Sin elcome tan erinmgerdematn A ie emp nee So ae aro ovals setts bastante ambiguos do «v0 Sa ee lag sincogn te inane or emp van o moma tmponan em ei, emer) a et porinponane xs Sa ee cepa sli ano erate ear teat tin pata ope ee, ae tect saan ene poms ge Seige Fo po tcc unreal par Se a ats simran comune eae ae mca cach Ts er acon ores poe Se a etc, See code no pr mr ee a Se Sci meriniaee 1 ee sence oe Pile tirana mn tor rf pn toga ficafonm, emer oa en ce ame ea ans eiorcenc arm trometer errata 6c Sat ors po ee Dro Serra ata cadre dcenenu snl le mae de. ua ein ers eon get ote Se cre eee SEGRE TSS ere aes sda oe sourt ie ve gus dom nore ou a hanson Nip ascae decease men eae Sota eS Ycoos tame 9 doves Soames sue Te a man peri iment ere ‘mento das estruturas conto cientifiess na sociedade contemport- rane pin spn cyto lg 7 rap ean cert ete movin ed 1.0 ictal pects cacontr Saco weap peripon Pogo juts deconuntrs, evindeayoe otras, Rico dese Sar por pets poticor os for spars ats Soe eae Timitados. 25 rola ree oe eae Saeco eee eee Sarees moet ees Soccer eee eas iene emeecen ra eater nanan Polenta oa eeeeaee Sassen See elena Suse ceaeemecemnieas Seema cemmerer eee era Soecenaeneneemaeers eee ee eee Sraaeamonmeaey aie iorenrcneenemeenote eonareeee ‘important, rio, ¢ ques verdade nko exitefrs do poder ou sem poe (nto €~ no oblate un mit, de Gu seria exe ex tlarecer astra ca fangbes = recompenss dos expr ives 0 Tih des ones sides o priv daqules que souberam bet {an A verde dete nd; ela progsion ne grasa «ma ls coegie ele produ econ reulamentadon ce pode. Cada ‘Schndctem sen ropme de verdad va “pllca gra” de verde ia tipo de cra au ase a union oo ‘erdadeire; or mecanimon¢ at nstdncies qo permite ‘coun verdes os fos met Cant ence Uns outon a tsniea eo procedmenton qu ato vlorizadon {obi verde’ 9 ensato daqeles qe tém oncargo ded ze'0 que funciona como verdadero 2 nas soxeaen “cman otic” fn nt en npren 4c a sng arin ie cor mnmmintir u0a so a icc Pin tee nai eae pn trode corona ne ie ar rmuduceeS Pane ryee tn cnn iel on peas de nes Fae eo nc sn oe sal senna se ter on ane eo ee, Fa ear sence ened, Fan hh eno Se cl a te “ee oer ane cite Ss E ent a A a petite ane oati dee rere mre Pena eu enc doprcaraay Sm oP gta conto eo an na abort Rea ear no co Bi pts oe ce tne Serre ne hp npn eng a PBioans ou setorais. Ele funciona os Tuta wo nivel gral deste rege peegeterdade, que ido extencial para a estrturas © pars 0 fencic, famento de nossa socedade. Hum combate“ ancl i nie etengendose al um VO en ere rg’ "o conn ds coma vrai See eer mano ceoninto reas seunde a eh aera tae unc renee Soha nse poarentendend-e moe gun ain ene cre rd rend muscmrmo do sat Ter erdeicopoce qc core EDS Tale tpt nanos tal etre ta dcacomaratyae: re tas = Serer cence al ee Seance ciara eee 1 eee ede 1 produzem ¢ apdlam, ea eletios de poder que ela induz € que a Saracen ae opener creme seca ae ere SEmieoac eae timate nee oti Sore Sapa eetarion oe SS Ghai gee compas cute neat maior simone anid aoe eee mnenon ae Sao ene e Se Em suma, a questio politica no ¢o ero, ailusdo, aconsiéncia sed Ag a 1 NIETZSCHE, ‘A GENEALOGIA E A HISTORIA 1 ‘A genenogia & cinz; el €mtiulsa¢ pasentemente doc snendr gis ath com pergamishos erbaralnados, reno, Vir exes reesenito. eRe angana, como os iglns, no decrver beet I neat rien por eempo, tobe asia Ga mora nrg rans acm paws reser ard 3 St dpa ys ue eS ‘undo e eas cave queria nfo tive conbecio inv sac dtrce, estan, Dal para a eneloga, un inden: ‘Gravorarae marca a snglardude do acontecinento, 00g Bln montana peti nde neon he nagllo que ido como ano possundobstria os etine TES Smmrs Soasctncn os insuos, aprender seu retomo n8o to aa cores lena duns evolugl, mas para reencOnr 88 Bier raat ce onde les desempenharam papeis distintos: att Je fint erponte de sua lacuna, © momento em que eles sho aconteceram (Patio em fo se tranaformou em Maomé). "A genealogia exge, portanto, a minGcia do saber, um grande rimero de materats acumulados, exige pacienia. Ela deve costro- 1s

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