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Doutrina =e ‘A DISCIPLINA DO DIREITO DE EMPRESA NO NOVO CODIGO CIVIL BRASILEIRO! Lut Gastio Pats De Barros Li “Lo studio strico ¢ complemento dello studio dogmatico; il quale se ci mostra quali sono + prinipi della seienza del diritto privat, desidera © vuole poi che #1 ichiamino alle loro origin’ di ragione e di fatto perché siano intesi bene e tenuti nei propri confini stimati nel giuso valore (Pederigo Del Rosio,Alcuni Cent sulla Logica del DirttoPrivato Civile, Pisa, 1836, p. 68) 1A unificagao da maiéra obrigacional ¢ 0 Direito de Empresa. 2. 0 Ciigo Civil como lei basica e 0 fendmeno da decodificacao. 3. A atv dade negocial eo Direito dz Empresa. 4. 0 Direto de Empresa 1. A unificagao da matéria obrigacional 0 Direito de Empresa O novo Cédigo Civil brasileiro intro- dduziu, na sua parte especial, e logo apés 0 Livro dedicado ao Direito das Obrigagoes, sem solugo de continuidade, dispositivos relativos a0 que denomina de Direito de Empresa (atts, 966 a 1.195), que eram des- conhecidos do Cédigo anterior. Confessa- + damente inspirado no Cédigo Civil italia- no de 1942, a ponto de repetir alguns art ‘20s do Codigo peninsular relativos & disci plina da empresa (inserida no Capitulo re- Iativo ao Direito do Trabalho), 0 nove Cé- 1, Comanicago feta no “Colloguo Tnterna- tionale” sobre “Tl nuovo Codice Civile del Basile e iV sistema giuridico latinoamericano, realizado em Rom ene os dias 23-25 de janeiro de 2003, no Into talo-Latino Americano (ILA), Pala20 San tacroce, patrcinado pela Universi deg Studi di Roma "Tor Vergata digo mostra-se fiel & longa tradigéo do Di- reito brasileiro, consagrando a idéia da uni- ficagio da matéria obrigacional e inscr vendo no ambito do Direito das Obrigagies, a disciplina do Direito das Empresas, con- siderado como um desdabramento imedia- toe natural daquele. De fato, a unificagio das obrigagdes no Direito brasileiro ja se mostrava prati ‘camente instaurada em nosso meio, em ple~ no Império, desde o seu primeiro monumen- to legislativo, ou seja, 0 Cédigo Comercial de 1850, cujo art. 121 estabelecia, faz mais de 150 anos, que, salvo modificagbes e res- trigGes nele estabelecidas, “as regras ¢ dis posigdes do Direito Civil para os contratos ‘em geral sio aplicaveis a0 contratos comer- ciais”. J4 entfo, portanto, a matriz da ma- éria obrigacional era a lei civil, composta, nna época, por um cipoal de regras a que faltava o fio ordenador que s6 viria a se introduzir no Direito brasileiro — se abs- 8 REVISTA DE DIREITO MERCANTIL-128 twairmos a Consolidagdo das Leis Civis, de 1858, de Teixeira de Freitas — com 0 Cé- digo Civil de 1916.0 proposito unificador, ‘ora consagrado pelo novo Cédigo, nao era, pois, uma novidade no Direito nacional, tanto que o mesmo Teixeira de Freitas, in cumbido em 1859 pelo Governo Imperial de elaborar um Esboco de Cédigo Civil, centregue um lustro depois, mas antecipado em folhetins, ja propusera pionciramente a unificagdo do Direito Privado das Obri- acces, 1900, na comissio revisora do Codigo Civil de Clovis Bevildqua, Bulhies de Carvalho voltow a aventar a mesma idgia de unificagio, que foi, ainda uma vez mais, © ao arrepio da vocagio brasileira, consi dderada prematura, Em 1912, Inglés de Sou- za, incumbido de elaborar um Projeto de Cédigo Comercial, entendew igualmente que no devia limitar-se a esse Cédigo, ¢ apresentou emendas ¢ aditivos que o tans formariam em um Cédigo de Direito Pri vado. Nos anos que se seguem, esse movi- :mento uniformizador das relagies privadas ‘do esmoreceu. Assim como 0 Cédigo Ci Villtaliano de 1942 foi precedido por varias tentativas frustadas de elaborar um Cédigo as Obrigagdes de cunho unitério (como as ldéias langadas por Cesare Vivante em al- guns escritos no fim do século XIX, princi- palmente na introducio de seu Trattato, de 1893, por Vittorio Scialoja, jd no infeio da Primeira Guerra Mundial, em 1916, numa legislagao que seria comum aos paises eu- ropeus, e pelo projeto unificado franco-ita liano de Codigo das Obrigagbes o dos Con: tratos, de 1927),! 0 nove Cédigo Civil bra 2. Cesare Vivante, Per ant Codice Uni dele Obbtigacion, in Arch, Gite, XXIX, 1888, pp. 407 58,6 Franaie di Ditto Commerciale, Mild, 1893 (objeto de retratagSo na inrodugto da Sed. de 1593), Vitorio Seialoja,Perwn Alleanca Legisturve fra gh Sua det Tnera, in Nuova Antlogis, O16 1.430; Progeta di Codie delle Obligation e dei Contant definitive aprovatoaParg nell to bye 1927, anno VL Projet de Cone des Obligations af des Contra, texte deliv approavs Pars en ‘octobre 1927, Roma, 1928, anno VL Sileiro também foi precedido de projetos de eddigos unificados da matéria obriga ional. Em 1941, a comissio composta de Orozimbo Nonato, Philadelpho Azevedo e Hahnemann Guimaraes, elaborou um Pro- eto de Cédigo das Obrigagdes, orientado no sentido de “reduzir a dualidade de prin Cipios aplicaveis aos negécios civis e m: cantis, em prol da unificagao de pre que devem reer todas as relagées de or dem privada”. Em 1965, nova comissiio de juristas, tomando como ponto de partida 0 anteprojeto elaborado por Caio Mario da Silva Pereira, volta a apresentar um Proje: to de Codigo das Obrigagbes, desta Feita ‘com a incluso no sistema unificado de uma terceira parte inovadora dedicada aos ent presdirios € as sociedades, fato que 0 pro jeto anterior desconhecia, Frustradas essas tentativas de codifi 1, Separada e unitariamente, a matéria obrigacional, em projetos que ni prospe- raram, eis que 0 assunto foi retomado em 1969, com a constituigao de uma comissao presidida por Miguel Reale, e composta por José Carlos Moreira Alves, Agostinho Al- vim, Sylvio Marcondes, Clovis do Couto e Silva, Herbert Chamoun e Torquato Cas- tro, A ela foi dada a orientacio pelo Go- vyerno de nao mais cuidar apenas da unifi- cago da matéria obrigacional, para valet a0 lado dos Cédigos Civil e Comercial, mas, sim, de elaborar um projeto de Cédigo Ci vil, entendido como lei biisica — mas no global — do Direito Civil, conservando,em. seu Ambito, o Direito das Obrigagdes, sem dicotomia, com a inclusdo de regras relati- vas ao Direito das Empresas. A comisso apresentou em 1972 o respective antepro- Jeto, que viria, em 1975, a converter-se no Projeto de Lei do Poder Executivo 634-B, cenviado & Camara dos Deputados. csse Projeto que, apés longa tram tayo pelas duas Casas do Congresso bra sileiro, seria convertido na Lei 10.406, de 3. Rubens Requido, Nous sobre Prieta do Cialigo de Obrigactes, Universidade Federal do Pa ran, 1966. 10 de janeiro « digo Civil ora em vigor em 1 um ano apés a cial (art, 2.044) o prazo de mai géncia, paraqu bes do novo ¢ 2. 0 Codigo C € 0 fendme: Ao contra onovo Codigo sito de promo Direito Privade do Direito con Bes; assim co) (do de abrange “lei bdsica, ma vado, conserva todas obrigaco gagdes civis en hha exposigao d vertido em lei Dav que o do Cédigo Civ de janeiro de I ra do Cédigo ( de 1850), man vado dividido indo 0 Cod contendo apen: ccio maritimo ( adicional de qu trério, “aplicar sociedades emy lei nio revogad tes acomercian ciais, bem con (art. 2.087). Da exposigao de m Sinwagav Atwale se Paulo, 1986, pp. 7 DOUTRINA 10 de janeiro de 2002, que instivuin 0 C6- digo Civil ora em discussio, ¢ que entrou em vigor em 11 de janeiro titimo, ou seja, um ano apés a sua publicaco no érgio ofi- cial (art. 2.044). Ademais, alei em tela abriu © prazo de mais um ano, a partir de sua vi- sgéncia, para que os empresérios, individuais ‘ou sociais, viessem a se adaptar as disposi {gOes do novo Cédigo (art. 2.031) 2. O Cédigo Civil como lei basica €0 fendmeno da decodificagao Ao contrario do Cédigo Civil italiano, o novo Cédigo brasileiro nio teve o prop6. sito de promover a unificagao de todo 0 Direito Privado, mas, apenas, a unificagio do Direito comam em matéria de obriga g6es; assim como nio alimentavag ambi- (a0 de abranger todas as relacGes privadas, mas to-somente a de se constituir como “lei bésica, mas ndo global, do direito pri- vado, conservando, em seu ambito, o direi- to das obrigagdes, sem distingfio entre obri- -zagGes civis e mercantis”, como se adverte na exposi¢ao de motivos do projeto con- vertido em lei Daf que 0 novo Cédigo revoga, além do Cédigo Civil anterior (Lei 3.071, de 1° de janeiro de 1916), apenas a parte primei- ra do Cédigo Comercial, relativa a0 “co mércio em geral” (Lei 556, de 25 de junho 4e 1850), mantendo, assim, o Direito Pri- vado dividido em dois cédigos, permane- cendo 0 Cédigo Comercial emasculado, contendo apenas a parte relativa ao comér- cio maritimo (art. 2.045), com a ressalva adicional de que, salvo disposigo em con- \wério, “aplicam-se aos empresirios e as soviedades empresérias as disposicdes de lei ndo revogadas por este Cédigo, referen- tesa comerciantes, ov a sociedades comer- ciais, bem como a atividades mercantis” (art. 2.037), Daf também porque enfatiza a exposigo de motivos que o projeta “no 4, Miguel Reale, O Projetn de Cédigo Civ Simmago Atal e seus Problema Fundamentals, S60 Paul, 1986, pp. 715s. global”, como ressaltamos, ficando, destar- te, exclufdas “as matérias que reclamam isciplina especial autOnoma, tais como as de faléncia, letras de cambio, e outras que pesquisa doutrinéria ou os imperativos da politica legislativa assim o exijam © Cédigo acompanha, portanto, a tese da autonomia substancial do Direito Mer- cant e adota 0 processo de unificagdo par- cial do Direito Privado, na parte relativa 1 Direito das Obrigagées, deixando para leis esparsas as matérias que reclamam dis- ciplina especial aut6noma (in primis, falén- cia, concorréncia etc.), certo de que os ins titutos do chamado Direito Comercial, es tejam normatizados em um Cédigo tinico, conjuntamente com 0s de Direito Civil, ou incorporados a legislagdes extravagantes, sempre sero substancialmente distintos dos de Direito Civil, posto que informados por princfpios préprios. Como salientou Sylvio Marcondes em notavel Conferéncia produ ida na Camara dos Deputados, ao discor- rer sobre a parte do projeto a seu encargo, as razes expostas por Vivante na sua fa ‘mosa retratagio para sustentar a autonomia do Direito Mercantil continuam validas “mas nem por isso excluem a coordenago unitéria de atos jurfdicos concernentes a0 fen6meno econdmico” > ‘Ainda segundo a referida exposigdo de ‘motivos, 0 escopo que prevaleceu na reda- 40 do projeto foi ode imprimir a0 Cédigo ovo a sua caracterizagdo como lei basica, “no dando guarida sendo aos institutos © solugdes normativas jd dotados de certa sedimentagao.e estabilidade, deixando para 5. "Fonte sistemica de instiutos aequados a0 desenvolvimento deste (do fendmeno econémi- 0), 0 direto comercial pode conviver com o direito civil num eédigo unificado, tal como convive como fzcito penal, nas leis de repessio aos deltas co rmereiais, com éireitojudicitio nos processos ecu liars & ctividade mercen, om o dieto adminis- teativo na fortuna do mar. Um esdigo nio necesita ser polémico para regular, na unidade de um diet objetivo, as diversificagoes de Faoldadescabjetvas (Splvio Marcondes, ‘Diet mercantile alvidade egocial no projeto de Cédigo Civil”, in Quester de Direto Mercantil, S40 Paslo, 1977, p. 28) ‘0 REVISTA DEDIREITO MERCANTIL-128 a legislagio aditiva a disciplina de ques: tes objeto de fortes diividas e contraste cem vistude de mutagfes sociais em curse, ‘ou na dependéncia de mais claras coloca bes doutrindrias, ou ainda quando fossem previsiveis alteragées sucessivas para adap. da lei a experi ond cia social Observando-se 0 que sucedeu nos ses: senta anos de vigéncia do Codigo Civil ita iano, Fonte de inspiragio da presente co- dificagdo brasileira, verifiea-se que © mes ‘mo passou por constantes ¢ extensas modi- ficagdes, no s6 internamente, no corpo do Cédigo, vom a ab-rogagiio de dispositives © a ingrodugio de normas novas, mas, s bretudo, externamente, com a edigiio de leis especiais, destinadas a inovar profunda: mente setores especificos daordenamento privado. Em balangos feitos principalmen: te por oeasido da celebracio do cinguen: tenrio do Cédigo italiano,” foi verificado que o texto anual estd muito distante do texto de 1942, mormente em matéria de Dirsito de Fatniia, de Propriedade e de Direito de “Trabalho (que passou a ser olgjeto de am. plarea ‘no Brasil), Ja no setor das obrigagées e das lugio fora do Cédigo, como ocoere empresas, porsm, sofreu menores a Ties, Sendo de se assinalar a constante re (0-operada no Direito Contratual © no gislagio ‘alo mo- Direito Sociexirio, com um: aditiva volumosa relativa ao me bildio, adiseiplina da coneoreBncia, & pro: tegiio a6 consumidor ete Esse eresconte process Ue edigio latere de leis especiais levou os juristas pe- rinsulares a indugar se tal fenémeno no estaria gerando a perda pelo Cédigo Civil da posigao central que ocupava na discipli- na das relagdes privadas, emprestando a este uma fungiin meramente resiua no sis tema de fontes do Direito comum. Scgur: do a opinid de muitos, esse proceso cen: wifugo de “decouificagao”, para usarmos Ke Civ le, Mil, 6, Pro Rescigno, “Riletura del in F Cinquant’Avnt del Codice C dacxpressio de Natalino Inti’ estaria erian- do microssistemas normativos, com auto nomia légica, comprometendo a posicao do Cédigo Civil como sede dos prinespics rais e como nicleo das garantias ¢ direitos, dos particulares, que passaria a ser assumi do exelusivamente pela Constituigao. © modelo adotado pelo Cédigo Ci brasileiro procura passat ileso a esas teas © perealgos, optando, como linh: twiz, pela adogio de regeas juridicas dotadas de estabilidade, objetivando com por, repita-se, uma “lei isica, m: bal, dodireito privada”, que admitisse a edi .¢i0 concomitante de leis especiais em maté rigs candentes, sujitas a transforma vitiveis, que reclamam disciplina autGnoma A roforgar essa linha reguladora, introdiz © Cédigo una Parte Geral, de longa tradigao no Diteito brasileiro, tal como existia no Cédigo de Clovis Bevikiqua ¢ na Consoli- dagiio das Leis Civis de ‘Teixeira de F desconhecida do modelo it posigbes peliminaves abordamn to-somen teas fontes ¢ 0s critérios de interpreta, A estrutura sistemtiea adotada pelo Cédigo brasileiro é, assim, distinta do mo: elo italiano, procurando disciplinar ape nas aquilo que € nuclear na disciplina das relagdes privadas, evitando ser ommnicon preensiva, Sobes proliferagio da | feito Privado até retorga a centralida Cédigo, que se torna, destarte, o por referéncia obrigalsrio para o desate de eventuais contradigbes entre as leis, dado © prisma, o fendmeno da slags especial de Di ode ia de coordenay ‘Tendo por eseopo compor uma lei be sicu do Dirsito Privado, natural, também, q as suas normas se afeigoem aos Princ in dos como fundamentos de todo © ordena: tuaimente beisicos da Lei Maior, en mento juridieo, razdo pela quat o presente Cédigo pressupse © admite « chamada 2, Naalina ti, 1 de i979 ph Devwificacione ee “const cou seja titucio dung). de nor do Cd do Dit integra Dinreito tudo. dito v3 perigne mas sul dinami Pi unifica Codig apelo do Dir do Dir italian Comut ticaad 2 Cédl esse pl ‘gio da vilea po obr simila BAG eo Cats Lean i384 Mitte DOUTRINA ‘onsttucionalizagdo do Direito Privade couseja, aaplicagao diretada normativa co titucional as relagSes privadas (Dritnwir- kung). De onde também o grande nimero ée normas basicas fixadas na Parte Geral do Cédigo, de larga aplicagao nos dominios do Direito Pablico, dada a progressiva integragio no campo do Direito Publico do Direito Civil. Essa integracdo se opera, con tudo, sem descaracterizé-lo, pois, como dito na Exposigio de Motives, © Cédigo toma 0 Direito Privado e o Direito Piblica como duas perspectivas ordenadoras da ex petiéncia juriica, considerando-os distintos, thas substancialmente complementares, até dinamicamente reversiveis,¢ no duas cae gotias absolutas e estanques Por fim cabe dizer que, ao promover a unificagao apenas do Direito Obrigacionsl, e nao do Direito Privado como um todo, 0 Cidigo brasileiro se antecipa a esse.govo apelo de divisdo do Direito Privado que c mega a delinear-se na Italia, sob 0 influxo do Direito Comunitario, entze 0 Direit como se sabe, uma peculiaridade do Direito italiano, conservando os demais paises Comunidade Européia de tradigao romani. tica adivisio tradicional entre Cédigo Civil Codigo Comercial, 0 se pleito de nova separagio. A preserva elo da dicotomia formal entre a matéria ci- ville a matéria mercantil, a nio ser no cam- po obrigacional, manters o Direito brasil -ntual demanda similar, no &mbito do Mercosul. 3. A atividade negocial ¢ 0 Direito de Empresa No ps parte rel laboragio da va‘ao Direito de Empresas, inse- 8 Francesco Galgano, If Dirito Priutn tra Coice « Cosiaziune, Botonta, 1986; Frances. Lace, Divn Cv Is Private, Pda, 1984, pp 3 38. 8° Guido Alpa, Tatar di D Milo, 2000, p. 195 Cite vA rida como desdobramento da disciplina do Direito Obrigacional unificado, foi confia- da ao Professor Sylvio Marcondes, que ja celaborara a parte terceira do Projeto de C6. digo das Obrigagdes de 1965 dedicada aos emprestirios eas sociedades. Reformulando o texto anterior, deu o redator ao corpo do Cédigo que disciplina as sociedades e 0 xercfcio da atividade profissional adeno: minagiio de atividade negocial, denomina- fo essa que seria substituida, no Congres $0, por atividade empresarial e, a0 depois, por Direito de Empresa, que iia prevale Cer no projeto aprovado pela Camara dos Deputados e no cédigo sancionado. A subs: tituigdo da denominacao “atividade nego ea.liminacao do artigo inaugural do livro dedicado aos empresérios e 3s socie- es tiraram do anteprojet buigdo a mais original, ou seja, a nogio de atividade negocial — embora esse concei- ose mantenha tacitamente preservado co- ‘mo elemento informativo fundamental, per- ando os demais dispositivos do Cédigo tivos a0 Direito de Empresa." Com efeito, em face da adestio do C6 A doutrina do Rechtsgeschafr, 0 con ‘ato juridico, restrito, na concep- 40 adotada pelo antigo Codigo Civil, 20 ue fem por fim adquirir, resguardar, trans- ferir, modificar ou extinguir direitos (ar. 81), se amplia como fonte formal de todo comportamento apto a construir direitos subjetivos, compreendendo toda declaragao de vontade, seja individual ou coletiva, seja dos rgios jurisdicionais ou do Poder Le gislativo, seja das autoridades administra tivas ou do particular, constituindo género, do qual a declaragdo de vontade do parti- cular, dirigida no sentido da obtenclo de ‘um resultado, seria espécic, denominada de wegécio juridico, Daf inscrever-se 0 neg6- clo juridico —e nao o ato juridico —como 0 Titulo I do Livro Terceiro da Parte Geral do Cédigo (art. 104 ss.) 10, Sylvio Mareondes, “Dieta mercanti ati vidade negoial no projto Civil in Que tes de Direito Mercatl 2 REVISTA DEDIREITO MERCANTIL-128 (ra, 2 prética, quando continuamente reiterada, de negécios juridicos, de modo rpanizado e estavel, por um mesmo sujei- to, na busca de uma finalidade unitéria e permanente, cria, em torno desta, uma sé rie de relagdes interdependentes que, con- jugando o exerefcio coordenado dos atos ou negécios jurfdicos, 0 transubstancia em atividade negocial. Como observou Hegel em sua Ciéncia da Légica, os aumentos quantitativos redundam, muitas vezes, em modificagées qualitativas. Contraposta 20s negécios juridicos, encarados como atos jsolados, sem nenhum sentido de habitua- lidade, continuidade finalistica e coordena- a cial, dota da de todas as caracter(sticas acima, € eri- ‘ida no Cédigo em categoria juridica dife ciada, sujeita a um regime legal distin- {o, no que concemne, desde & capacidade para a sua pratica, até o sistema de valida dee de efeitos juridicos que prgsidem o seu ‘Cumpre observar que, no artigo inau- gural, fixado no capitulo relativo & “ativi- dade negocial”, que seria posteriormente climinado, o anteprojeto estabelecia que 0 ‘exercicio dessa atividade, nos termos acima descritos, poderia ser desempenhado “por ‘empresérios, ou sociedades, renham estas ‘ou ndo, por objeto, 0 exercicio de ativida- de organizada de empresa”. Quer dizer, © cexercicio da atividade negocial poderia ser

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