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O princpio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) exige que do fato
praticado ocorra leso ou perigo de leso ao bem jurdico tutelado. Explicam ALICE BIANCHINI,
ANTONIO MOLINA e LUIZ FILVIO GOMES que o princpio da ofensividade:
"Est atrelado concepo dualista da norma penal, isto , a norma pode ser primria
(delimita o mbito do proibido) ou secundria (cuida do castigo, do mbito da
sancionabilidade). A norma primria, por seu turno, possui dois aspectos: (A) ela valorativa
(existe para a proteo de um valor); e (B) tambm imperativa (impe uma determinada pauta
de conduta). O aspecto valorativo da norma fundamenta o injusto penal, isto , s existe crime
quando h ofensa concreta a esse bem jurdico. Da se conclui que o crime exige, sempre,
desvalor da ao (a realizao de uma conduta) assim como desvalor do resultado (afetao
concreta de um bem jurdico). Sem ambos os desvalores no h injusto penal (no h
crime)"105
Uma vez reconhecido este princpio, parcela da doutrina questiona a constitucionalidade dos
delitos de perigo abstrato (ou presumido), casos em que da conduta o legislador presume, de
forma absoluta, o perigo para o bem jurdico. PAULO DE SouZA QuEIROZ assinala:
"Uma objeo a fazer aos crimes de perigo abstrato que, ao se presumir, prvia e
abstratamente, o perigo, resulta que, em ltima anlise, perigo no existe, de modo que se
acaba por criminalizar a simples atividade, afrontando-se o princpio da lesividade, bem assim
o carter de extremtl ratio (subsidirio) do direiro penal. Por isso h quem considere, inclusive,
no sem razo, inconstitucional toda sorte de presuno legal de perigo" '"r,.
A tese no seduziu os Tribunais Superiores, para quem a criao de crimes de perigo abstrato
no representa, por si s, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal.