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capiTULO 8 MANUSEIO DOS MATERIAIS ‘ntOnia Carlos Gitaco A sociedade mederma demanda uma ampla variedade de minersis em elevado ‘estado ce pureza ou concentracdo, mas, hoje, no mais se consegue extrair econo- micamente metais |v.g. fetto, cobre, aluminio etc.) de seus minérios, na forma brute ‘em que se encontram ne natureza, Torna-se, pois, necessario concentrer os minerais de valor econdmico, e isto & feito através de sucessives operacdes de tratamento de minérios, envolvendo diversas operagdes unitérias de fragmentagéo grosseire britagem), fragmentagio fina (moagem), classificagdes diversas, concentragées, separagdes sélido-iquido etc. O minério & transferido de uma operagdo para outra ‘subsequenterente, na forma de fragmentos, sem o acréscimo de agua (via seca) cu na forma de polpe (em meio aquoso). O minério é, assim, estocedo em pilhas e/ou silos, misturado, homogeneizado, transferido de ume secéo para outra em forma de solidos ou de polpa, ¢ este conjunto de operagdes costuma ser designado por manuseio dos materiais (materials handling}. Néo necessariamente as mineracdes se situam perto dos centros consumidores de seus concenttados e, assim, hé que se engendrar toda uma logistica para se transferir, de forma segura e barata, os produtos das mineragées de seus loceis de origem para 0s respectivos centros de consumo. Isto 6 efetivamente o que ocorre ‘com o¢ minérios de ferro do Quadrilatero Fertifero e da Provincia Mineral de Caraiés, que seguem por ferrovias {ou mineroduto) para portos do Atlantico. Nesses portos, 1s minérios so estocados em vérias pilhas de caracteristicas distintas e carregados ‘em navios, conforme programagdes bastante precisas. Os engenheiros de processos minerais devem conhecer muito bem 0 manuseio dos materiais, pois, caso essas operagdes néo sejam bern feitas a indistria nao fun- ciona a contento. Assim, na maioria das vezes nao se consegue ter uma operago ‘estével ¢ controlada, caso néo se proceda a uma estocagem intermediria, uma homogeneizagao ou mistura de minérios e, notadamente, caso haja entupimentos de chutes, interrupgdes no bombeamento de polpas etc. Cabe ressalter que o 16g mb case seamnde manuseio de minérios ocorre também externamente as instalagbes de tratamento, ‘como nos minerodutos, nas ferrovias, nas instalagées portusrias etc. O Brasil no seria um importante exportador de minério de ferro caso nao dispusesse de termineis portuérios bem concebidos, projetados, construidos e operados, pois 08 compradores intarnacionais exigem elevada eficiéncia dessas instelagées, e os portos incorrem em pesadas multas (demurrages) por atrasos nos carregamentos de navios. Os tépicos seguintes tratam apenas dos aspects conceituais gerais do manuseio dos materiais, ressaltando a importéncia do tema e remetendio oleitora uma ampla bibliogratia sobre @ questo, que ndo deve ser tratada com descaso. Em resumo, 0 ‘manuseio de materiais 6 um tema de enorme import8ncia, ¢ 6 engenhsiro de minas /processos minerais deveré estar muito bem preparado para enfrenté-o. io de Sélidos ¢ Empilhamento A movimentagdo de sélidos em instalagdes de tratamento de minérios (TMs) & uma operagao fundamental no processamento mineral @ 6, goralmente, confiada a transportadores de correias. Apés a determinacao dos requerimentos pare uma dada aplicacéo, a selegao e o dimensionemento do transportedor de correias S60 feitos através de tabelas @ formulas bem conhecidas @ comumente empregadas Por projetistas desses sistemas. Os transportadores de correias so normal- mente usados como um sistema continuo de transporte de minérios fragmentados, colaborando também com as importantes fungbes de estocagam e retomada de minérios a granel (transportador de correias 6 definido pola Conveyor Equipment Manufacturers Association - CEMA como um arranjo de componentes mecnicos que suportam & Possibilitam @ movimentagdo da correia transportadora que, por seu turno, carrega ‘0 material fragmentado de um determinade ponto para outro. transportador de correias ¢ uma méquina relativamente simples (Figura 8.1), ‘compreendendo cinco elementos principais: 1°)2 correia propriamente dit que consiste em uma superficie mével que suporta ‘0 material fragmentado 2 ser transportado; 28) 08 roletes que suportam ¢ correia © petmitem o seu deslizamento nos mov mentos de ida e retomo; 3) as polias que suportam, acionam e tencionam a correla; 4°) 0 acionamento que confere energia a todo o sistema: 5°) a estrutura que suporta os roletes, polias e acionamento do sistema, Chat de Mienenite porepacoe alate ee sires |165 Roletes de Contin Chutede Suporte ‘Tranmoradora Descarga Roletes Préximos uns doe ‘Outros Durante a ‘limentagao Poliamotors¢ ‘Acionamento Rolets de Retomo Figure 6.1 - Componentes tpices de um tansporador de coreias Os transportadores de correias sao projetados para um nimero muito grande de perfis © caminhamentos, incluindo horizontal, om aclive, em deciive, segundo formas convexas, cOncavas e combinagbes destas etc. (Figura 8.2). Cminhe horizontal eascendente, quando oexpago permits cura ‘eri e quando asistencia da Cone permitium nic lance eee FT Camino ascendentse horizontal, quando oespaco permits curva ‘Vertical e quando aresisténca da ome permit urn Gnico lance aa Caminhoascendente¢ horizontal, cuhorzontaledesendente, quando 2 resigténcia da conta perme ‘rvas eum nica corel for usada = = ale Posse confguraga horizontal vertical quando oespaco mio Fgura. 82. Geometiastipicas de um tans = a Camino ascendente «horizontal, ‘quando se desea usr dois lances Secor —=—e-f Possive caminho horizontal e ascendente, quando oespaco nto pert cuva vertical ma quando ona fr nucientemente =e Camino composto de ramos ascendentes, erzentis¢ ‘escendentes, com varias cuvas eee ( cxeregamento pode ter flto como smontrado em um pequene ance elinado, quer poctva quer negatvarente portador de cones 166 "Tmo er enn © projeto de um transportador de correias para um determinado fim especifico normaimente exige o conhecimento de: 2) As caracteristicas do material a ser transportado’ «= massa especifica (t/m") * distribuigso granulométrica + abrasividade « caractersticas fisicas diversas, se seco, mio, grudento, poeirento, oleoso etc. b) A capacidade requerida em tonelagem por hora: é essencial conhecer a capa- cidade de pico e néo sé a situaggo média. ©) A configuragéo do transportador de correias, se horizontal, inclinado ete. 4) 0 tipo de energia disponivel para o acionamento, em geral elétrica e) As condigées climéticas reinantes, incluindo as temperaturas vigentes. 2 pluviosidade, a eventual ocorréncia de neve, a velocidade dos ventos etc. Somente apés 2 apropriagSo e andlise de todos esses dados ¢ que se pode, efetivamente, projetar 0 transportador de correias. Foge do escope destas notas detalhar os procedimentos de dimensionamento, dada a sua extenséo. Remetemos, entretanto, 0 leitor @ textos especiaizados, entre eles, CEMA (1866), FACO (1982) @ PAA (1985), Empresas consultoras e fomecedoras especialzadas em menuseio de materigis costumam ter seus softwares para sistemas de transporte mais complexos. Indmeras tabelas costumam assinalar as capacidades de transporte das correies para os vérios tipos de materiais, as velocidades recomendadas, os espagementos entre roletes etc. Um parmetro de grande importéncia se reporta a poténcia do sistema, geralmente calculada pela expresso que segue, para transportadores acima de 600 pés de comprimento (cf. férmula da CEMA, amplamente aceite): Te xvelocidade correia note oF

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