No so raras as vezes que nos sentimos fracos, desgastados
pelos cuidados da vida, rodeados de pequenos obstculos impostos cotidianamente emergncia da nossa f. Ah, essas agigantadas muralhas protetoras de nossa inescrupulosa racionalidade, as indecorosos e vigorosos seus arrimos, e que impeditivas essas mesquinhezes rotineiras ao nosso contato com o Cu. Pequenos labores cotidianos; Grandes saqueadores de nossa elevao espiritual. No so, contudo, to elevadas as dificuldades cotidianas quanto aquelas, extraordinrias, que nos fazem sucumbir por inteiro. Nestes momentos milagrosamente conseguimos derribar os muros da frieza espiritual, e, como filhos ingratos que se voltam famlia apenas quando da maior adversidade, inclinamos nossos joelhos, prostramos as cabeas, e balbuciamos palavras de petio ntima ao Deus de todo o universo. Graas a Deus, antes de mais, pela extraordinariedade das dificuldades mais extremadas! Por certo, porm, que nestas amargas horas sobrepujamos as barreiras da f. No por nossas prprias foras, mas pela graa inaudita da Providncia que, como Amor Maior, insiste em apontar a direo certa para as almas de seus eleitos, mesmo ainda marcados pela insistente inclinao do pecado. A empreita do Amor divino edificado para sempre no se esquecer dos seus amados, e lhes incidir como alvio certo na hora da maior angstia. Se pudssemos viver hoje a buscar a saciedade de nosso ser no caudaloso rio da Virtude, a certeza da finitude destes corpos cados nos faria compreender que somos sombras e sopro: no duramos. Mas Cristo dura por ns, a Rocha Eterna fortaleza para o depsito de nossa f, e todo sapiente o Senhor de que precisamos da angstia para nos lembrar de Seu refrigrio. Graas a Deus por nossas mais intensas amarguras e pela precariedade de nossas razes: Ah, sim! Ele lembra-se de ns, e tambm nas mais abissais tristezas da vida, quando gritamos pedindo Seu auxlio conscientes da singularidade e brevidade de nossa vida, Ele est no controle: Tem em Suas mos nossa durao.