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onni017 DIALOGOS: Marguerte Porte (________] 6+ | mais Préximo blog» Criar um blog Login PAGINAS Caminhos da Mistica 26/09/2010 contr liidese {do do Saber Rio - TERGA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 2010 tows 0 Marguerite Porete Imagens Oracées Interreligiosas Apresentacgao Diversos Debate sobre as religides no Censo de 2010 DIALOGOS uIDORE Seguidores (239) Prixima Bee Seguir ARQUIVO DO BLOG > 2017 (11) > 2016 (29) > 2015 (23) » 2014 (19) > 2013 (23) » 2012 (24) > 2011 (15) ¥ 2010 (129) hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer Faustino Teixeira PPCIR/UFIF © espelho das almas simples insere-se entre as mais singulares obras da literatura espiritual. € no sé © "mais antigo texto mistico da literatura francesa’, como igualmente a “auténtica obra prima da literatura mistice de todos os tempos"[1]. Despercebida pelos histéricos da heresia medieval, a obra velo até recentemente atribuida a uma beata dominicana e hungara, A descoberta de sua autorla ocorreu em 1944, por intermédio da estudiosa Italiana, Romana Guarnieri, que tornou publica a questo em artigo no L Osservatore Romano de 16 de junho de 1946. Sobre a autora da obra, Marguerite Porete, as informacées so escassas. No hé muita noticia sobre a sua vida, @ no ser pelos autos do processo inquisitério que a levou 4 morte, em 1310, condenada como “herética recidiva, ‘relapsa’ e impenitente”. Presume-se que tenha nascido por volta de 1260, no condado de Hainaut, pertencente & cidade de Valenciennes, nos atuais limites entre a Franga e Bélgica. Pela abordagem de sua obra, constata-se que Porete tinha uma inegivel cultura teolégica ¢ literdria, um Indicative de sua vinculagio 4 classe superior, au mesmo a aristocracia de seu tempo. Nao hé como efirmar com certeza que a autora tenha sido uma beguina, no sentido cléssico do termo, mas é correto dizer que ela manteve 20 longo da vida um “estilo de vida béguine, de mendicdncia ¢ erréncia"[21. Ha que situar Marguerite Porete no clima de efervescéncia religiosa de seu tempo, A espiritualidade cristé nos séculos XIII viveu um periodo singular de revificacdo religiosa, de busca intensiva de vide apostélica, Inimeres eram {as mulheres que buscavam insercdo na vida religiosa institucional, em tempos de crescente urbanizacéo da Idade Média, Os conventos femininos dos. cistercienses, premonstratenses, dominicanos © franciscanos nao conseguiam responder a tal demanda, nem abrigar todas as mulheres que buscavam uma vida religiosa regular. Tiveram que fechar suas portas para conter essa impressionante busca, Importantes niicleos de mulheres que no conseguiram Ingressar na vida religiosa, acabaram agrupando-se em comunidades pias, ganhando o reconhecimente de beguinas, em toro do ‘ano de 1230. Come assinale Michael Sells, as beguinas “ado eram nem monjas nem Viviam em residéncias privadas chamadas porete hil 19 on017 > Dezembro (2) > Novembro (1) > outubro (2) > Setembro (1) > Agosto (2) > Julho (3) > Maio (2) ¥ Abril (116) Marks of an Inter-Religious Mysticism, O mistério e 2 palavea Ecward Schillebeeckx: 0 tempo ne coracdo da colo, Apresentacdo: Nas telas d2 delicadeza ‘ume eclesiologia em ‘empos de pluralismo raligioso.. 0s 25 anos do pontificado de Jogo Paulo I Telogia da Uibertacéo: a contribuigo mais origina, Abertura & cortesia ¢ hospitalidade inter- religios Dominus Tesus: 0 temor do pluralismo religioso Congiuntura cattolica Internazionale: la relazione, Em torno da notificacio 62 ‘obra de Jacques Dupuis Didlogo Inter-Relii desafio da acolhida da Resenha do livro foreia Carisma e Poder, Leonarco Entrevista a Revista Comunita Italiana Inculturacio da fé ¢ pluralismo religioso ‘Teologia das Religiées Apresent live hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer DIALOGOS: Marguerite Porete beguinages € levavam uma vida de pobreza e contemplacéo, embora néo fizessem votos formais e eram lives para abandonar sua condicSo"[3]. A sedugdo do "estilo béguine” tocou Marguerite Porete, Ela era uma mulher de Intensa vida religiosa, de grande familiaridade com os textos biblicos © com vocacde profunda para a oraclo, a ascese e a contemplacdo. Néo se contentava, porém, com a vida teérica. Seu desejo mais profundo estava no dominio da prética. Daf ter se lancado de corpo © alma numa durissima ascese, em busca de uma mais radical experiéncia mistica. 0 livro do Miroir 6 uma expresso viva dessa busca, senda fruto de uma "experiéncia mistice pessoal de Marguerite”. Como sinaliza Romana Guarniere, 0 Miroir, “sob 0 travestimente de um tratado didétice ~ ou de um gula, uma ‘mistagogia'- esconde em realidade uma autodiografia mistica”[4]. E provével que 0 Miroir de Porete tenha sido escrito em meados de 1290, quando sua autora estava em plena atividade intelectual, Logo que se tomou piblico, 0 livro sofreu um primeiro processo, diocesano, par parte do bispo de Cambrai, Guy de Colmieu, entre os anos de 1290 e 1306, Apesar da condenagio, Porete continuou a pregar sua doutrina e a difundir sua obra, tendo enviado exemplares para a avaliaglo de trés autoridades teolégicas que 9 aprovaram, apesar de algumas ressalvas: Goftredo da Fontaines (faculdade teolégica da Sorbonne), Franco (um cisterciense da famosa abadia brabantina de Villers) e John di Querayn (um franciseano Inglés). Um segundo pracesso vem aberte pelo nave bispo de Cambrai, Philip de Marigny. A autora acabou sendo conduzida a Paris, ficando sob 2 custédia do famose inquisidor dominicano, Guglielmo Humbert de Paris, de Infame atuagio no processo contra os Templarios. Porete permaneceu na prisio parisiense par quase um ano e meio, sempre resistindo as investidas do tribunal eclesiéstico francés, que queria evitar novas condenacdes & fogueira. Para que houvesse um ato de cleméncia, 2 autora deveria confessar seus “erros” e “desvios”. Em estrita coeréncla com seu ensamento espiritual, Porete refuta radicalmente qualquer movimento de retratacdo. Segue fielmente o que esté escrito no Miroir sobre 2 liberdade da alma: A heranca dessa Alma é a perfeita liberdade, cada uma de suas partes tem o seu brasio de nobreza Ela no responde a ninguém a menos que queira, se ele ndo é de sua linhagem; pois um nobre no se digna a responder a um vildo que o chama ou 0 convida ao campo de batalha. Portanto, quem chama uma tal Alma nao a encontra; seus inimigos no conseguem dela nenhuma resposta.[5] No inicio de 1309, o inguisidor Guglielmo Humbert encaminha a obra para a avaliacdo de alguns consultores, que acabam indicando como probleméticas quinze praposigées presentes no texto, Segundo Romana Guarniere, as teses que constam nas ates do processo no soam assim to dissonantes: so teses defendidas por "inumerdvels misticos e misticas, entre os quais umerosos santos, € que hoje ninguém sonharia em enuncié-las como heréticas’[6]. Em abril do mesmo ano, as quinze proposicSes so julgacas condenadas por uma comisso de 21 tedlogos, entre os quais canonistas, bispos e representantes das Ordens mendicantes, Seis desses teélogos estardo presentes, anos depois, no Concillo de Viena (1311-1312), quando porete hil 29 on017 A teologia do pluralisme religioso em questo Histérla de fe vida nas ceBs| Vaticano Condena mais um teérico da teologia da i Uma chance para a pez: a viagem de Bento XVI na Ta A contribuicéo das religides: uma viso O ciel aprendizado do ‘pluralismo ‘Q episcopado latino americano diante do didlogo in, A liberdade religiosa num tempo de pés= tradicional Evangelizac5o em um mundo pluralist Le dialogue entre les religions A interpelacSo do dilogo Inter-religioso para at. A flama do coracéo: perspectivas dialogals em Rum © paradigma de Assis Uma cristologia provocada ‘pelo pluralismo: Roger Ha O grande siléncio: o filme de Philip Groning Muita reza e pouca missa Rumi: 2 mistica reconhecida pele literature Perfil Faustino Teixeira Rumi, 0 poeta da danca da vnidade Anarrativa de Deus ni Escola de Kyoto hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer DIALOGOS: Marguerite Porete sero condenados 8 erros dos begardos @ beguinos (DzH 891-899)[71. No dia 31 de maio de 1310, um domingo de Pentecostes, uma comissdo de canonistas-regentes declara Marguerite Porete herege relapsa e a entregam para o braco secular, que executa a sentenca de morte. Em sesso publica ¢ solene, realizada no dia 10 de junho de 1310, na praca de Gréve (Paris), Porete vem queimada na fogueira, e junto com ela o seu Miroir. Segundo @ posicéo do grande inquisidor, todos aqueles que tivessem o livro condenado, tinham a obrigacdo de entregé-lo as autoridades competentes no prazo de um més, sob pena de excomunhio. Apesar das ameacas da inquisicZo, 0 Miroir consegulu escepar 0 cerco ganhou uma difuséo internacional Inusitada, Diversos exemplares, tanto ne verso original francesa (picarda) como na versao latina foram salvos, mas @ autoria ficou desconhecida, até o século XX, Outras verses se seguiram, como a do italiano antigo © do inglés médio, fazendo do Miroir 0 “escrito de maior sucesso da mistica feminina mais antiga"[S]. Dentre as edicbes contempordneas, destacam-se 2 edicSo diplomatica, editada em 1965 por Romana Guarniere republicada no Corpus Christianorum, em edigio eritica sobre os culdades de Paul Verdeyen (1986). H8 também as tradugées Inglesa (Clare Kirchberger - 1927), alem& (L. Gnadinger - 1987), francesa (M. Huot de Longchamp 1984) e itallana (Giovanna Fozzer « 1994)(9), 0 Miroir & fundamentalmente um “trataée mistico", um livre de “instrugéo religiosa’. A obra tem um caréter inicltico, revelando uma experiéncia rmistica pessoal da autora. Sua linguagem é muitas vezes alusiva, traduzindo dimensies singulares de ume experiéncia que ¢ interior A exposicdo da autora deixe transparecer acenos velados, de uma mensagem revestida de alegorias peculiares, que rompem com as rotas conhecidas do conhecimento tradicional, 78 no prélogo vem indicado 0 necessério “entendimento interior sutil" para @ adequada percepsao da obra (M1:11). Através da personagem ‘Alma, Porete sinaliza que a compreenséo do livro sé acessivel para aqueles que esto regidos pelo Amor Cortés (M53:20-21), Assim como Jesus sé se revelou aos que a ele estavam mais intimamente vinculados, seus amigos specials (M75:24-25), também 0 Miroir escapa 8 compreensaa daqueles que agarrados & palha deixam perder gréo (M75:21). Os que estéo presos as formas @ mediagées, ao campo das determinacdes, no conseguem captar a cango da Alma (M122:85+94). © livro tem uma estrutura dialégica, com personagens que s80 centrals e outros que so secundérios, Os interlocutores principais so a dame Amor, a Alma e 2 Razdo, todas figuras femininas, H8 outros Interlocutores que aparecem: @ Santa Igreja a Grande e Santa Igreje 2 Pequena, 2 Fé, 0 Temor, a Cortesia, a Discrigéo, as Virtudes, a Tentacéo, Alguns deles aparecem uma tinica vez ou incidentalmente, Ocorre também Personagens que séo variagies daqueles principals: 0 Entendimento da Razio, a Alma estupefata, a Alma Iiberada. € também personalizacées da divindade: a Verdade, Deus o Pai, o Espirito SantoL10} Como indicado no prépri titulo[21], 0 tema central da obra gira em tomo do caminho gradual de libertacdo da alma e de sua unido mistica com Deus. A autora “junta a linguagem do amor cortés, transformada pelas béguines misticas do século XII] numa linguagem de éxtase, com os porete hil on017 ‘Q fundamentalismo em tempos de pluralismo religlos, Espiritualidades e reencantamento do mundo A seducéo fundamentalist Dom Luciano Mendes de Almeida uma neta fora do tom budismo eo siléncio sobre Deus (entrevista ny’ A natrativa de Deus nas religibes no monotelstas Is A étiea do culdado Q desatio do pluralismo religioso para a teologia © pluralisme rellgioso © a ‘ameaca fundamentalista AA conjuntura internacional ‘atdlica: a relacéo Fundamentos e Possibiidades do Didlogo Interreti ma cristologia que Incomoda: a notificacso de Jon. Entrevista na revista Ultimo Andar PUC/SP ROmf: a palxSo pela nidade Profisso Teélogo: Claude Geftré Perearines do didlosa Em torno da teologia ppluralista de John Hick O didlogo em tempos de fundamentalismo religioso karl Rahner eas religibes Ima declaragio de amor & entrev, Pever Berger e a religiie hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer DIALOGOS: Marguerite Porete paradoxos apoféticos da unigo mistica’[12). O itinerdrio espiritual da alma e © processo da apéfase do desejo so defendidos pelos do's personagens centrals, 0 Amor e a Alma, tenda como antagonista a Razo. Na abertura do livro, Porete adverte: Tedlogos e outros clérigos, Aqui nao tereis 0 entendimento Ainda que tenhais as idéias claras Se nao procederdes humildemente; E que o Amor e fé conjuntamente Vos facam suplantar a Razdo, Pois séo as damas da Mansdo[13. © Amor € 0 grande protagonists de obra, e 0 horizonte visado & 0 espojamento radical da Alma em seu processo de ruptura com todos os vinculos que impedem 0 exercicio da verdadeira humildade © de encontro com Deus. A riqueza maior da vida ndo esté em nenhuma posse, mas no exercicio do amar @ na conformidade com Deus. Tendo como referéncia 0 evangelho de Mateus (Mt 6,21), Porete sinaliza na voz da Alma um traco que & central em sua reflexdo: "L4 onde est 0 mais de meu amor, é onde est 0 mais de meu tesouro” (M32:20-21). No caminho gradual de sua libertacéo, 2 Alma deve passar por trés mortes: 2 morte do pecado, da natureza e do espirite, Nesse itinerarium, a Alma deve percorrer sete estados fundamentals, No primeiro, que corresponde & morte do pecado, @ Alma ver tocada pela graca de Deus e busca observar seus mandamentos, sobretudo o amor a Deus ¢ 20 préximo. Mas ainda vive segundo 0 Imperativo da Raz8o (M118:10-16), No segundo, que corresponde 8 morte da natureza, a Alma vive na dindmica de imitagao de Cristo © na observancia dos consethos evangélicos e das virtudes, visando luma vida espiritual de despojamento (M118:30-40). No terceiro estado, a Alma vern aquecida no seu desejo de puro amon Para tanto, faz-se necessério romper com a centralidade da vontade © radicalizar 0 despojamento do eu: “€ necessério pulverizar-se, rompendo-se e suprimindosse, para alargar © lugar onde Amor gostaria de estar, e aprisionar- 1¢ em varios estados, para liberar-se de si mesmo e aleancar 0 seu estado” (M118;65+68). No quarto estado, a Alma vive um momento de delicadeza especial, atenta aos toques do Amor dileto. Concentrasse agora no exercicio da meditagdo e contemplagio. € um momento de embriaguez spiritual, quando a visio vem embaralhada pela claridade do Amor (¥4118:70-90). No quinto estado se dé 2 mudanca mais essencial, que corresponde a tercelra morte. E sobre ele que mais fala o Miroir. A Alma vem agora "raptada” pela luz divina e toma consciéncia de que Deus é e que ela no é, Treta-se de uma experiéncia de “centelha” divina, que se abre e fecha, acenando para 2 Alma os mistérios do sexto estado. A obra da centelna “ndo & sendo 2 demonstracio da cléria da Alma. Isso no Permanece por muito tempo em nenhuma criatura, exceto somente no espago de seu movimento” (M58:32-34). A Alma alcanca o mistério da profundidade ¢ da humildade: "Agora essa Alma é nada, pols vé seu nada porete hil on017 2 Concilio Vaticano Ie as relighdes O pluralisme inclusive de Jacques Dupuis ma teologia de amor 20 ‘pluralismo A teologia pluralista de John Hick rere interpretar: Claude Geffré O cintico espiritual de Joo da Cruz Faces do catolicismo brasileiro Marguerite Porete ‘Sonhos e esperancas de cortesia espiritual A teologia do pluralisme ‘eligioso na América Lata ‘Teoloaia da libertacso: eixos e desafios O cidlogo entre as religibes Simone Well: uma paixio sem fronteiras ‘Thomas Merton: um uscador do diglogo lrrevogdvel desafi ‘pluralismo religioso. Pluralismo religioso e dindmica missionérla A lmitacio de Cristo Bento XVI na Terra Santa 0 desatio das teologias Jesus mestre e curador da vida O sentido mistico da consciéncia planevéria Afée seu poder Henri Le Saux:nas veredas do Real 0 real transfigurado! ntrevista na Rascunh A teologia no tempo nie Fuss Marcos de uma mistica Inter-religiosa hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer DIALOGOS: Marguerite Porete or meio da compreensio divina, que a faz nada © a coloca no nada” (118:136-138). £ 0 momento em que 2 Alma “descansa nas profundezas, onde ndo ha mais fundo, e por isso é profundo. Essa profundeza Ihe faz ver muito claramente o verdadeiro Sol da altissima bondade, pois ela ndo tem nada que Ihe impeca essa visdo” (M118:153-156). O sexto estado marca um momento de perfeico espiritual, quando a Alma deixa de ver a si mesma, mas € Deus mesmo "que se vé nela por sua majestade divina” (M118:184- 185). Tudo 0 que existe passa a ser percebido como diafania de Deus. A Alma esté agora “liberada de todas as coisas’, no consegue ver nada que nao seja Deus mesmo: “Aquele que & no qual todas as coisas séo” (¥4118:186-187), Mas essa alma “liberada" no é ainda a alma “glorficada”, A alma s6 vive sua glorificago no sétimo estado, que acontece na gléria eterna. € aqui que se coroa o grande itinersrio da alma: “A alma, tocada por Deus e despojada do pecado no primeiro estado de graga, é elevada pelas gracas divinas a0 sétimo estado de graca, no qual tem a plenitude de sua (MI:2-5). E possivel viver no tempo esse estado de gléria, que traduz 0 estado da vida divina da alma Unida a Deus. Isso se dé segundo um modo especifico de sua percepezo, que no é 0 da eternidade. A experiéncia da “centelha” ou “claro” revela 0 onto de contato entre o tempo e a eternidade. como um istmo que Vincula 0 criado e o incriado[ 14]. perfeigio pela fruigdo divina no pais da vida" N30 hé auténtico ardor amoroso para Porete sendo quando a Alma vem Inundada pela poténcia do Amor. E mediante a tercelra morte, a morte do espirito, que se rompem os limites que impedem o abraco amoroso da Divindade (M64:6-8). Em toda sua obra, Porete sublinha o embarago das mediagdes na trajetéria da Alma para Deus. As mediacdes so vinculos que lembacam 0 acesso ao Mistério. Esto sob o jugo desse limite todos aqueles que se delxam cominar pela Razdo, que ainda buscam a Deus nas criaturas, que tomam a palha e deixam 0 gréo. Na visdo de Porete, essa gente “tem és sem caminho, € maos sem obra, e tem boca sem palavras, ¢ olhos sem Claridade, ouvidos sem audicéo, e tem razBo sem razo, € corgos sem vida, © coracgo sem entendimento, no que concerne aos que tocam esse estado” (M86:9-12). Nao se dé acesso 20 amor interior quando ha fixacéo na razdo humana eno humana sentir (M119:19-20). Entre os que se encontram sob © dominio da Razio esté a Santa Igreja, a Pequena (§19:12-13). Enquanto instituigSo definida e delimitada, esta Igreja no aleanga o mistério das almas aniquiladas. NBo capta iqualmente @ medula que habita © fundo ¢a alma, pois all ndo pode entrar nada de determinado[15]. Daf o auxilio fundamental exercldo pela Santa Igrela, a Grande, que vem constituida pelas almas animadas e preenchidas pelo Amor: as almas aniquiladas. € essa Igreja que sustenta a fé da Santa lareja, a Pequena (M17:24-27). Essa posi¢do de Porete a respelto das duas Igrejas causou dificuldades e contflites, em razio de suas ressondncias gnésticas Joaquimistas. Mas como bem sublinhou Romana Guerniere, em nenhum momento Porete manifesta intencio de romper com a instituico, mas vem marcada pelo desejo de permanecer ligade a ela[16]. Mas é bem consclente dos limites que acompanham as mediac6es, incluindo a Igreja e a Escritura, Na visio de Porete, a Alma que bebe a lico divina capta @ riqueza que est fem seu préprio coracdo (M75:26-27). Mas para que isso ocorra é necessério um exercicio de grande humildade, que haure sua razio de ser na prépria porete hil 59 on017 Anoite escura de Jofo da cruz O peregrine ee ‘convertido: D.Hervieu- Léger CEBs e cidlogo inter- religioso SalvacSo entre e alm das religlbes canto da unidade Entrevista IHU O crande siléncio: o filme de Philip Groning © catolicismo no Brasil O desatio ce uma stistologia em chave pluralist Moisés de Frida Kahlo Enlacados no Mistério: o didlogo entre cristios ‘Teoloaia ¢ didlogo inter= religloso QUEM sou EU fltelxelra Professor no Programa de Pés- Gracuacdo em Ciéncia da Religiao da Universidade Federal ce Juiz de Fora Visualizar meu perfil completo hplitexcira-ialogos. blogspot.com br/2010/04imarguer DIALOGOS: Marguerite Porete divindade © que escapa ao dominio da vontade que busca as virtudes (34:13-17 © M88:18-21). Essa Alma vem radicalmente transformada em Deus, refletinde a simplicidade do Uno. A partir do momento que a Alma ver destacada de sua particularidade, ela toca o fundo, que é 0 divino mesmo. Nesse “espaco” opera-se uma fundamental “transformagio do Amor”, onde 0 amigo e 0 Amado perdem suas particularidades para dar lugar ao fogo do Amor. Envolvida no Uno a Alma nao conhece mals distingdo. A Alma, liberada em todos os seus aspectos, perde seu nome, pois se ergue em soberania. E portanto ela perde seu nome nele com o qual se funde e se dissolve por meio dele e nele e por ela mesma Assim ela seria como um corpo de dgua que flui do mar, que tem algum nome, como se poderia dizer Aise ou Sena, ou qualquer outro rio; e quando essa gua ou rio retorna ao mar, perde seu curso e 0 nome com qual flui em muitos paises realizando sua tarefa (M82:34-42). Ao entrar no afluente do Amor, a Alma ver revestida de um *mais", que ¢ irradiagdo daquele “Amor ultra-divino”. Para sinalizar esta transformagao, Porete faz recurso 8 imagem do ferro que, revestide pelo fogo, perde sua prépria forma, pols o "mais" do fogo transforma o ferro em si mesmo. Assim também acontece com a Alma, que vem revestida com 0 “mais” de Deus (MS2:7-22). Na perspectiva aberta pelo Miroir, a Alma se liquefaz no centro da medula do Divine Amor (M&0:38-39). Nao ha como atingir a medula do alto cedro sende pasando pelo alto mar e afogando em suas ondas 2 prépria vontade (M80:7-12). Essa profunda comunhéo com Deus por intercdmbio do amor néo Implica uma recusa criatural, come pode dar a entender o olhar superficial ‘Trata-se de um mergulho no Une que proporciona um brio singular ao canto das coisas. £ uma imersdo que suscita um nove olhar para a presenca de Deus em todas as coisas (26:5). Como bem sinalize Marco Vannini, @ ‘meta proposta pelo Miroir ndo & um “pais estrangeiro, um paraiso fora dest terra, um Deus ‘outro'e aistante, mas 20 contrério, @ nossa verdadeira morada (...)"[12]. A mistica de Porote desdobra-se num sentimento de “profunda unidade com todas as crlaturas". Ndo hé lugar desabitado pela presenca do Amor. Ele esta em toda parte e suscita admiraclo e acolhida @ todas as coisas (M30:8-11). No Miroir, Deus vem apresentando como Longeperto (Loingprés), como um amor simultaneamente distante e préximo (M1:24-25), ou também um claro que se abre e fecha (M58:26- 27). Mas esté sempre presente, é 0 sempre-jé-ai que oferece a todos @ “delicia de seu amor” (M122:82), Ele pode ser encontrado e adorado em todo lugar, e no apenas nas igrejes € nos mosteiros (M69: 39-46), A perspectiva espiritual de Marguerite Porete teré um influxo substantive na tradigo mistica posterior. Vale ressaltar a sua influéncia sobre Meister Eckhart, Tauler, Ruusbroec e outros[18]. Sua presenga na Cy on017 hiptitixsira-

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