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DUC
AÇÃOSU
PER
IOR
Professor Orientador
Nota de Aprovação
10,0 (Dez)
À Professora Marcia Roxana
1 INTRODUÇÃO.....--...................................................................................... 09
2 AS RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE............................................. 11
2.1 DEFINIÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE ........................................................... 11
2.2 A SUBJETIVIDADE NA PÓS-MODERNIDADE .................................................. 17
2.3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO ....................................................................... 24
3 O ARQUITETO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR NA MODERNIDADE E PÓS-
MODERNIDADE ................................................................................... 28
3.1 A MORADIA E SUA PRODUÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL .................................. 28
3.2 O ARQUITETO COMO PRODUTO E PRODUTOR DA PÓS-MODENIDADE ......... 34
3.3 O ARQUITETO NA PÓS-MODERNIDADE FRENTE AS EXPECTATIVAS DE SEUS
CLIENTES.................................................................................................... 37
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 40
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Denis (2000) ocorreram, ao longo do século XVIII, pelo menos
quatro transformações fundamentais na forma de organização industrial.
Foucault (2000) estudou e situou nos séculos XVIII e XIX o que denominou de
sociedades disciplinares, que atingiram seu apogeu no início do século XX. Nessas
sociedades os indivíduos (soldados, alunos, trabalhadores) eram fabricados como
sendo parte da engrenagem de uma máquina. Como explica Deleuze (1995, p. 24),
1
Termo usado para designar um conjunto de princípios desenvolvidos pelo empresário norte-americano Henry
Ford, em sua fábrica de automóveis.
O paradigma cultural dessa modernidade constituiu-se entre o século XVI e
finais do XVIII coincidindo, aproximadamente, com a emergência do capitalismo
enquanto modo de produção dominante nos países da Europa. Nesse processo
podem ser distinguidos três períodos: o primeiro, cobrindo todo o século XIX, é
denominado como capitalismo liberal. O segundo, que vai do fim do século XIX até o
período após à Segunda Guerra Mundial, caracteriza-se pelo capitalismo organizado.
E o terceiro, que se inicia no final da década de sessenta, observa-se o capitalismo
financeiro, também designado de capitalismo desorganizado (SANTOSa, 1995).
Segundo Harvey (1992, p.135) ―o período que vai de 1965 a 1975 tornou cada
vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo2 de conter as
contradições inerentes ao capitalismo‖, isto é, a chamada ―era de ouro‖ do
capitalismo estava em decadência. Esse período era caracterizado, pelo menos nos
países centrais, pelo pleno emprego, altos salários, desenvolvimento da indústria,
dentre outras características (HOBSBAWN, 1995).
2
Política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande capital.
por uma outra, o capitalismo multinacional, onde se fez necessário uma nova
―expansão global da forma mercadoria‖ (JAMESON, 1996, p.5).
São inúmeras as áreas nas quais o termo foi empregado para as mudanças
ocorridas: musica, artes plásticas, cinema, arquitetura, literatura, filosofia etc.
(...) São autores que, dentro da pós-modernidade, fazem uma análise estrutural
dessa condição, identificando na atualidade um movimento do capitalismo
revelador não só de sua permanência, como apontava o outro enfoque, mas
simultaneamente revelador de possibilidades de sua superação. Por esse
aspecto, diferenciam-se do enfoque anterior, pois reafirmam em vez de negar,
a historicidade permanente do desenvolvimento do capitalismo (p.60).
Bauman (Apud PALLARES- BURKE, 2003, p.7) chama esta nova condição do
mundo de ―modernidade líquida‖
Rolnik (1997, p.27) define a subjetividade como sendo ―o perfil de um modo de ser,
de pensar, de agir, de sonhar, de amar etc – que recorta o espaço, formando um
interior e um exterior‖.
A subjetividade pode então ser entendida como tudo aquilo que pertence ao
pensamento e ao desejo humano em composição dialética com o mundo físico, à
natureza dos objetos, o material, a objetividade. Com isso podemos observar o
homem e seu pensamento através do tempo reconhecendo o sujeito de cada
momento histórico e o mundo objetivo e material, através da história da
humanidade em um constante movimento dinâmico e dialético,
Como afirma Santos-b (1986) a filosofia que impera na cultura pós –moderna
é o hedonismo- moral ou a busca do prazer, resultando um sujeito narcisista,
preocupado consigo mesmo e com uma valorização exagerada da própria aparência.
Esta última tem papel significativo na vida do sujeito pós-moderno tendo na mídia e
os meios de informação a fonte de divulgação destes valores sociais.
Bauman (Apud PALLARES- BURKE, 2003, p.7) fala de seu estudo sobre ―Liquid
Love‖ que trata sobre as relações humanas e completa o pensamento de Sarti (2002)
Há ainda a droga oferecida pela literatura de auto –ajuda, que lota cada vez
mais as prateleiras das livrarias, ensinado a exorcizar os abalos das figuras em
vigência. Essa categoria inclui a literatura esotérica, o boom evangélico e as
terapias que prometem eliminar o desassossego, entre as quais a
neurolinguística, programação behaviorista de última geração.
Da mesma maneira que o povo é exaltado pela democracia, contanto que fique
por aí ( ou seja, que não intervenha na cena política e social), assim se
reconhece aos consumidores a soberania, com a condição de não tentarem
influenciar a cena social. O Povo são os trabalhadores, desde que sejam
desorganizados. O Público, a opinião pública são os consumidores, contanto
que se contentem em consumir (BAUDRILHARD, 1995, p.86).
3 O ARQUITETO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR NA
MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE
A casa tem grande importância para o homem, pois suas vidas estão ligadas a ela.
É nela que se busca a intimidade e o conforto. É onde se abriga das intempéries e
se descansa.
(...) a casa é nosso canto no mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso
primeiro universo ... abriga o devaneio, protege o sonhador, permite sonhar em
paz ... é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de
estabilidade ... é um ponto de referência de onde sempre partimos e para o
qual sempre desejamos retornar.
Dovey (Apud MALARD, 2002,p. 9-10) nos oferece uma maneira interessante
de distinguir entre os dois conceitos de casa e lar. ―Casa é um objeto e lar é uma
relação emocional e significativa entre as pessoas e suas casas. A casa é onde se dá
a experiência do lar‖. Então ela seria o resultado de um processo no qual os fatores
sociais, econômicos e técnicos determinam a sua configuração. Demarcando as
fronteiras do espaço, ela delimita o público e o privado. A casa relaciona-se
intimamente com o homem, pois sua configuração depende do modo de vida de seu
habitante, podendo incorporar uma dimensão simbólica quando este lhe dá
personalidade, transformando-a em algo próprio e pessoal. Já o lar é o reflexo de
seus habitantes, é um conjunto de ritos pessoais e rotinas quotidianas onde se
integram as memórias, imagens, passado e presente.
Os conceitos de casa e lar são distintos, mas sempre utiliza-se a palavra casa
para referir-se à habitação privada.
As mudanças nas atitudes para com as crianças foram importantes para que
este entrincheiramento acontecesse. Elas voltaram para suas casas, de onde eram
afastadas por volta de sete anos, para serem aprendizes com outras famílias. Isso veio
fortalecer o sentimento de família e de infância (ARIÉS, 1981).
Os holandeses adoravam suas casa. (...) ―Home‖ (lar) significava a casa, mas
também tudo o que estivesse dentro ou em torno dela, assim como as pessoas
e a sensação de satisfação e contentamento que emanava de tudo isto
(RYBCZYNSKI, p.73).
De acordo com este autor o conforto data deste momento histórico e estava
associado à idéia de intimidade, discrição e isolamento.
Assim também Henri Van de Velde (Apud PAIM, 2000) projetou uma casa para
sua família, incluindo a mobília, as luminárias, a louça os talheres e até mesmo as
roupas de sua esposa, ou seja, tudo dependia da concepção do artista e nada
poderia intervir na proposta estabelecida.
... Mas a maioria dos arquitetos não entendeu ou não quis aceitar, que o
advento da tecnologia doméstica e da administração do lar havia rebaixado
toda a questão do estilo arquitetônico a uma posição subordinada.
Houve então um desnudamento do interior, que ficou cada vez mais limpo,
branco e vazio. Com isso toda a idéia de aconchego foi eliminada juntamente com os
vestígios do passado de seus moradores. A casa, que deveria servir ao indivíduo que
nela vai viver não só o presente, pois segundo Bachelard (1989, p. 70) ―os
verdadeiros bem-estares têm um passado (...) e todo um passado vem viver, pelo
sonho, numa casa nova‖. Fica portanto distante e desconhecida para o seu morador.
Contra o estilo universal modernista, surge uma reação dos arquitetos ditos
pós-modernistas. Eles se voltam para o passado, o ornamento é recuperado, as
formas retas e limpas dão lugar às curvas, à fantasia e ao ecletismo.
Botta (Apud WAMBIER, 1998, P. 04), arquiteto suíço e uns dos maiores nomes
da arquitetura atual, defende que a arquitetura tem que ter um senso do passado,
que não pode nascer do ―nada‖ para um ―nada‖, existe uma história, defende que o
arquiteto trabalha com a memória, de um povo , de uma cultura, da civilização.
A palavra de ordem do moderno foi, por excelência, criar o novo. (...) Mas o
paradoxo ressurge: o que poderia ficar como valor autêntico do novo, na
idolatria moderna, envolvendo-a e forçando-a a uma constante renovação,
senão aquilo que Nietzsche — que atacava a modernidade chamando-a de
decadência — denominava o eterno retorno, isto é o retorno do mesmo que se
dá como um outro — a moda ou o kitsch? O conformismo do não-conformismo
é o círculo vicioso de toda vanguarda. O novo não é, porém, mais simples que
o moderno ou a modernidade: o culto melancólico que lhe dedicava Baudelaire
parece muito diferente do entusiasmo futurista das vanguardas. (...) O eterno
retorno do mesmo pode também acelerar seu ritmo, como no caso da moda,
que nunca se encontra muito longe do moderno. Hoje — mas Baudelaire já
constatava esse fenômeno — o moderno torna-se logo ultrapassado; opõe-se
menos ao clássico, como intemporal, que ao fora de moda, isto é o que passou
da moda, o moderno de ontem: o tempo acelerou-se‖ (BRANDÃO, 2003, p. 03)
Não são referências históricas diluídas o que faltam às casa das pessoas. O que se
precisa é de uma sensação de domesticidade, e não de mais dados; uma sensação
de privacidade, e não de janelas neopalladianas; um ambiente aconchegante, e
não capitéis de gesso. O pós-modernismo se interessa mais pela história (na maior
parte das vezes, obscura) da arquitetura do que pela evolução das noções culturais
que a história representa (RYBCZYNSKI, 1986, p.226).
A arquitetura parece hoje, procurar o seu tempo não sabe mais o que ela vai
mediar, pois ainda não criamos as formas que podem mediar as relações
virtuais, se é que elas podem ser criadas. Não sabemos, ainda, quais são as
espacializações da sociedade da informação. Não sabemos como ela se
espacializa, se é que ela se espacializa. (...) Diante da estupefação que nos
causam as maravilhas da tecnologia, criamos formas desespacializadas,
mimetizando um mundo virtual onde o espaço não mais importa. Nesse
processo, o espaço de nossa experiência, o espaço vivido, é substituído por
alegorias computadorizadas, primas irmãs dos simulacros do Século XIX. Espero
que, como aqueles, estejam prenunciando uma nova ordem arquitetônica, que
dará fim ao delírio e lugar para um mundo melhor.
―Não basta sair da escola como um bom arquiteto, importa também conhecer
o mundo em que vive‖ (NIEMEYER, 1995).
Certa vez uma amiga me disse: Realizadora de sonhos é o que você é! Desde
então esta frase me marcou… Realizar sonhos... Aprender a captar idéias,
vontades e ideais e transformá-los em realidade. Esse é o verdadeiro desafio do
arquiteto de interiores (PENTEADO, 2003, p.03).
Outro fator importante para que se tenha um bom projeto é a afinidade entre
cliente e profissional. Hábitos, gostos, hobbies e vontades são alguns dos elementos
que compõem o perfil do cliente e, neste momento, a receptividade e franqueza
proporcionam um relacionamento íntimo, capaz de tornar o cliente em amigo. Na
revista ―Arquitetura e Construção‖ identificou-se uma referência que identifica a
expectativa de um pessoa quando procura um arquiteto:
Lidam-se com os espaços dos clientes como se fossem uma geometria inerte
desconsiderando que esses lugares íntimos/privados são vivos, possuem história e
recriam a complexidade das relações sociais cotidianas.
ARGAN, Giulio Carlos. História da Arte como História da Cidade. São Paulo:
Martíns Fontes, 1998.
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Ed. LTC,
1981.
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1989.
_____. Folha de São Paulo . São Paulo, 2 de novembro de 2003, p.3. Caderno
Mais.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Contexto, 2001. Repensando a
Geografia.
DA MATTA, Roberto. A Casa & a Rua. São Paulo: Brasiliense S.A, 1985.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborara projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
1991.
GONÇALVES, Maria das Graças M.In: BOCK, Ana M. B., FURTADO, Odair,
GONÇALVES, M. das G. M. Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em
psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
HARVEY, David. Condição Pós Moderna: Uma pesquisa sobre a modernidade. São
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_____ A Era dos extremos: O breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia das
Letras, 1995.
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Paulo: Ed. Ática, 1996.
___Forma,Arquitetura.http://www.arquitetura.ufmg.br/ia/forma,%20arquitetura.malar
d/teste. 30 de abril de 2003.
RYBCZYNSKI, Witold. Casa: Pequena história de uma idéia. Rio de Janeiro: Ed.
Record, 1999.
SANTOSb, Jair Ferreira dos. O que é Pós-Moderno. São Paulo: Ed. Brasiliense,
1986.