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UEFS-UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RESENHA SOBRE ARTIGO – BIOPIRATARIA: OCASO DO


MURUMURU X INDÚSTRIA COSMÉTICA
Débora Maria Marchesine de Almeida

FEIRA DE SANTANA/BA
JULHO DE 2010
OBRA

REZENDE, Enio Antunes. Biopirataria: o caso do murumuru X indústria


cosmética. Disponível em: <http://cienciaevida.atarde.com.br/?p=3526>.
Acesso em 12 jan. 2010.

CREDENCIAIS DA AUTORIA

Enio Antunes Rezende é brasileiro, possui graduação em Engenharia


Agronômica pela Universidade Federal de Lavras, (1999). Pós-Doutorado em
Administração com ênfase na área de Tecnologia Inovação e Competitividade
pela Universidade Federal da Bahia, (2009). Atualmente é Professor Visitante -
em regime de dedicação exclusiva - do Departamento de Ciências Biológicas
da Universidade Estadual de Feira de Santana (DCBIO-UEFS), atuando no
Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), no Programa de
Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais (PPG-RGV) e no Núcleo de
Inovação Tecnológica (NIT). É pesquisador integrante do grupo de pesquisa
Ambiente Sociedade e Sustentabilidade da UEFS. É pesquisador integrante do
grupo de pesquisa Tecnologia, Inovação e Competitividade e do LABMUNDO -
UFBA. É membro fundador do Grupo de Estudos em Ecologia Política (GEEP)
- UEFS. Possui experiência nas áreas de Administração, Desenvolvimento e
Meio Ambiente com ênfase em Ecologia Política, Economia da Inovação,
Propriedade Intelectual e Etnobiologia.

CONHECIMENTO DA OBRA LIDA

A grande procura por cosméticos e fármacos de origem natural, pela


biodiversidade brasileira, incluindo também, as dificuldades de fiscalização nas
fronteiras do Brasil, são alguns dos principais fatores que delineiam a prática
da biopirataria por estrangeiros.
Já no início do século XX, Sir Henry Wickham, botânico inglês, tinha
encaminhando para a Inglaterra quantidades não permitidas de sementes de
seringueiras, dando oportunidade para o cultivo comercial dessa árvore no
sudeste da Ásia.
Não faz muito tempo, a empresa japonesa Asahi Foods patenteou os
recursos genéticos do cupuaçu, um caso de biopirataria de espécies
amazônicas, altamente desrespeitoso e de grande repercussão nacional.
Entretanto, graças a ações comandadas por ONGs amazônicas, a marca e
algumas patentes foram canceladas.
O cupuaçu não foi a única espécie amazônica a sofrer com a
biopirataria. O açaí, a andiroba, a copaíba e muitos outros recursos genéticos e
saberes indígenas da biodiversidade brasileira foram patenteados
indevidamente não só pelos estrangeiros, mas também por empresas
nacionais.
O que os biopiratas querem é garantir o monopólio de comercialização
de produtos da sócio-biodiversidade brasileira, utilizando os direitos de
propriedade intelectual, tais como as patentes.

CONCLUSÕES DA AUTORIA

A opinião dos brasileiros quanto à biopirataria é um tanto xenofóbica,


afirma o autor. Há, dessa maneira, uma tentativa de defensão dos interesses
nacionais nesses casos de biopirataria pelos estrangeiros. Essa xenofobia é
algo compreensível, na opinião do autor, já que o colonialismo deixou grandes
marcas no que se diz respeito à biopirataria.
O autor questiona os casos em que os biopiratas são nacionais e se as
leis que controlam o acesso aos recursos naturais se fazem valer na prática.
O Ministério Público Federal (MPF) está tratando essas problemáticas
em uma ação civil contra empresas do grupo Chemyunion, Natura, Tawaya e
até mesmo o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), contestando o
contato e o uso impróprio dos saberes dos índios acreanos Ashaninka,
referente à palmeira murumuru. O Ministério visa a invalidação de patentes
requeridas pela Tawaya no INPI.
As empresas recusam-se a indenizar os índios, afirmando que deles não
foi obtido nenhum conhecimento à cerca do murumuru.
Para o autor, é preciso “estabelecer limites éticos e comerciais para o
avanço da propriedade intelectual”. Pois ele questiona a liberdade de
apropriação de bens materiais de valor cultural, e afirma que o que resta para o
poder judiciário, é então, garantir eticamente tanto a sustentabilidade ambiental
quanto justiça social.
APRECIAÇÃO DA RESENHISTA

Trata-se de uma obra de caráter informativo, que explora, de maneira


articulada, os casos de biopirataria praticados no Brasil e o que a justiça
brasileira tem feito para coibir essa deletéria pratica.
Mais especificamente, o que o autor deseja destacar na obra lida, são os
casos de biopirataria praticados pelas próprias empresas brasileiras e a
conseqüente reação dos brasileiros e do Ministério Público Federal quanto à
defesa da biodiversidade brasileira.
Os fatos apresentados são expostos de maneira simples e clara,
caracterizando a objetividade com que o autor trata o assunto em sua obra,
tornando possível a compreensão a cerca do tema, inclusive instigando o leitor
a refletir sobre as questões propostas.

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