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RESUMO
Este artigo pretende demonstrar que o problema da criminalidade, já muito deba-
tido, ainda não encontrou solução adequada. As pesquisas iniciais utilizadas pela
medicina tinham como objetivo criar um estereótipo para o criminoso, buscando
maior controle social, tendo como consequência, a exclusão do indivíduo. Diante
desse contexto, buscou-se, com o auxílio da Psiquiatria e a Psicologia, identiicar
a formação da população carcerária e os fatores de risco que a motiva a cometer
crimes. O estudo trouxeum novo olharpara concepção de uma visão sistêmica do
processo, permitindo identiicar a realidade existente sobre um tema tão sensível
e complexo. Tem por base teorias de vários estudiosos que analisam o criminoso
e os fatores relacionados à Criminologia, buscando subsídios necessários para im-
plementação de políticas públicas, objetivando controlar e reduzir a criminalidade,
proporcionando assim, benefícios para a sociedade.
Palavras-chave: Criminologia. Fatores de risco. Políticas públicas.
ABSTRACT
Much discussed theme of the utmost importance, the crime remains unsolved by
means of public policies. Well-established revealed by statistics. Many researches
seek scientiic explanation as a means of subsidizing measures for reduction of inci-
dences. he study brought a multidisciplinary vision into reality on a sensitive and
complex theme. It was considered the theories of scholars who analyze the criminal
and the risk factors that inluence the practice of crimes thus contributing to the
formation of their authors.
Keywords: Criminology. Risk factors. Public policy.
5 Aluno do Curso de Pós-Graduação em Direito Penal e Direito Processual – Faculdade Dom Bosco.
6 Orientadora. Professora da Disciplina de Metodologia Cientíica – Faculdade Dom Bosco.
1 INTRODUÇÃO
O problema da criminalidade vem, continuamente, sendo discutido. Através
das estatísticas constatam-se aumentos consideráveis da criminalidade e a ausência
de mecanismos de controle.
Um assunto da mais alta relevância para a sociedade não encontra nos órgãos
públicos responsáveis pela segurança, o empenho necessário e vontade política para
resolver o problema. Discute-se a super população carcerária, como justiicativa para
o problema da criminalidade existente no Brasil.
Políticas públicas são necessárias para nortear o trabalho de combate à cri-
minalidade. O próprio Estado cria o problema social através da ausência de uma
política eiciente de distribuição de renda e melhoria na educação, surgindo, assim,
a igura do cidadão excluído. Para justiicar sua ineiciência utilizam-se das institui-
ções legalmente constituídas para legitimar as diversas formas de violência, empre-
gadas contra a própria população, que o Estado tem o dever de proteger.
Mas, antes do crime, há algo muito mais importante a ser analisado, qual
seja a sua causa, a partir da qual se podem buscar medidas para reduzir sua incidên-
cia.
A pesquisa pretende demonstrar que um indivíduo não se torna criminoso
por uma simples opção, e ainda, que antes que ele “opte” por seguir tal caminho, há
inúmeras situações que inluenciam sua formação, fazendo dele um criminoso em
potencial, ou não.
A revolução tecnológica, aliada aos novos conceitos sociais e culturais, ofe-
rece grandes desaios para as famílias, considerando fatores como desemprego, falta
de informações, violência urbana, facilidades para uso de drogas, nível cultural de
seus membros, entre outros. Nesse sentido, a família tem um papel da mais alta im-
portância na formação do indivíduo. Saber lidar com os fatores de risco, oferecendo
proteção e orientação, deve começar dentro do sistema familiar, continuando na
escola, nos grupos e nas redes sociais.
Dependendo do contexto em que está inserida a família, atribuições básicas
de cuidado icam prejudicadas, surgindo um fenômeno conhecido como invisibi-
lidade familiar e social, dando margem para o surgimento de ambiente vulnerável,
favorecendo a marginalidade e exclusão social.
Esses aspectos são de grande relevância para o estudo da Criminologia, consideran-
do o Direito Penal, para a elaboração de Políticas Públicas de Segurança, buscando
assim, harmonizar a convivência na sociedade.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uma das preocupações do mundo atual é com o aumento da criminalidade
(ABREU; LOURENÇO, 2010, p.1). Lemos e Leal (2001) observam que as pesso-
as, cada vez mais, se trancam dentro de suas próprias casas, com medo da violência
que se instalou na sociedade.
Parte integrante dessas condições depende de políticas públicas sobre o mo-
derno Direito Penal. Alguma questão de violência justiica que o legislador, em um
Estado de Direito, prescreva uma pena à realização de determinado comportamen-
to. Dessa forma, atribui-se a qualidade de crime à conduta praticada. Porém, a rela-
ção do criminólogo com os conlitos violentos não ica compreendida apenas dessa
maneira: “as próprias prescrições realizadas pelo legislador contêm uma dose elevada
de violência” (ANITUA, 2008, p. 31-32).
De acordo com Anitua (2008, p. 160), a questão da violência deve ser vista
não apenas sob o enfoque das penas. Um estudo criminológico do indivíduo, bus-
cando os fatores que contribuem para a formação da pessoa criminosa teria resulta-
do mais efetivo na redução da criminalidade, visto que, o modelo punitivo existente
contém medidas violentas, sem soluções concretas para o problema.
Além da identiicação dos fatores que levam indivíduos a cometerem crimes,
devem ser associadas às políticas públicas como instrumento de inserção, de forma
justa e igualitária (BRENNER, 2009). Associado a isso, se faz necessária a elabora-
ção de legislações, doutrinas e jurisprudências que deem conta da realização de um
Direito, sempre mais célere e justo (ALBRECHT, 2010).
Os fatores determinantes para a prática de crimes podem estar relacionados,
tanto com fatores internos, quanto com fatores externos. Relacionados aos fatores
internos estão os de cunho biológico, psicológico e psiquiátrico (PRATA, 1980).
A Antropologia (Biologia Criminal) segue a escola positivista que tem como
seu precursor, o médico César Lombroso, classiicando o criminoso em seu aspecto
psicomotor.
José Taborda (et al., 2012) aduzem:
pela sua simples vontade. O indivíduo é produto também do meio a que está sub-
metido. Fatores como a pobreza, a falta de emprego, aliados à falta de educação, de
formação moral levam os indivíduos à falsa representação da realidade.
Todas as crianças apresentam algum distúrbio de comportamento em al-
guma fase da vida (BEE, 1984). Se forem desordens de conduta (agressividade,
delinquência), geralmente, estão inseridas em um meio familiar desequilibrado, no
qual os pais são desajustados ou inconsistentes à disciplina dos ilhose demonstram
hostilidade e rejeição. Como consequência, as crianças não estruturam de forma
saudável suas relações afetivas e autoestima, aprendem a ser agressivas e violentas
com os outros (BEE, 1984).
Todo indivíduo submetido durante seu desenvolvimento a pressões, violên-
cia e negligência desenvolve um comportamento distorcido e, conforme sua forma-
ção, por ter um comportamento vitimizado, antissocial ou resiliente (ANHTONY,
1980, apud ANAUT, 2005).
O Código Penal Brasileiro, Lei 7.209/1984, estabelece normas legais disci-
plinadoras sobre inimputabilidade, em seus Artigos 26, 27 e 28.
Conforme Anaut (2005, p. 43) “a resiliência é a capacidade de sair vencedor
de uma prova que poderia ter sido traumática, com uma força renovada”. A resili-
ência pode ser trabalhada para que alcance um desenvolvimento desejável em cada
indivíduo. Para isso, é necessário estimular a autoestima, a coniança, o sentimento
de esperança, a autonomia, a independência, a sociabilidade, as relações sociais, que
permitam enfrentar problemas e resolvê-los, adquirindo a capacidade de prever as
consequências.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto e de tantas considerações oriundas do presente
trabalho, veriicou-se que para compreender as consequências da criminalidade na
sociedade se faz “mister” estudar a formação e de que maneira o indivíduo se tor-
naum criminoso. Analisar os processos para sua educação é de suma importância
para identiicar os fatores determinantes para a prática do crime.
Para uma compreensão mais sistêmica do fenômeno da criminalidade deve-
-se considerar na análise todos os fatores: o crime, o criminoso e os motivos deter-
minantes. Portanto, para entender os aspectos da Criminologia e as consequências
na sociedade, é necessário conhecer todo o processo para que se tenha informações
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